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Cicatrização de Feridas

• Após uma ferida num animal, inicia-se o processo de cicatrização.
• A hemostase forma um coágulo com plaquetas e fatores de coagulação.
• A fase inflamatória envolve linfócitos e macrófagos que controlam bactérias e removem resíduos.
• A epitelização ocorre quando as células da epiderme replicam e avançam para o centro da ferida.
• Durante a epitelização, ocorre a neovascularização, que é a formação de novos vasos sanguíneos.
• A remodelação da cicatrização pode levar semanas ou meses, enquanto todos os processos ocorrem simultaneamente.

Tipos de Cicatrização

• Primeira intenção: Feridas sem perda de tecido, infeção ou desvitalização, com pouco tecido de granulação, comum em cirurgias.
• Segunda intenção: Feridas abertas com infeção, necrose ou corpos estranhos, exigindo desbridamento para remover tecido necrótico.
• Terceira intenção: Feridas crónicas com tecido de granulação, geralmente infetadas, requerem remoção do excesso de tecido, revitalização das margens e controlo da infeção.

Fatores que Influenciam a Cicatrização

• Infeção, corpos estranhos, sujidade, necrose do tecido ou hemorragias intensas.
• Tipo de tecido lesionado e quantidade de tecido perdido.
• Doenças, estado de saúde e idade do animal.

Suturas

• Classificação por origem: natural (seda, catgut, linho) ou sintético (nylon).
• Classificação por absorção: absorvível (catgut, ácido poliglicólico) ou não absorvível (nylon, polipropileno, seda, algodão, poliéster).
• Classificação por estrutura: monofilamentar ou multifilamentar.

Características das Suturas

• Suturas monofilamentares são menos traumáticas, difíceis de contaminar, causam menos reação tecidular e são fáceis de remover, mas mais difíceis de manusear e menos seguras.
• Suturas multifilamentares podem ser revestidas para reduzir a capilaridade e danos nos tecidos.
• Suturas absorvíveis são utilizadas internamente e absorvidas por ação enzimática ou hidrólise.
• Suturas não absorvíveis são usadas na pele para remoção posterior.
• A espessura das suturas é medida pelo sistema USP, variando de 10/0 (mais fino) a 7.
• Agulhas triangulares são mais traumáticas ao entrar no tecido do que agulhas cônicas.

Técnicas de Sutura

• Independente da técnica, é preciso limpar a ferida, desinfetar e eliminar tecido necrótico.
• O ponto de entrada da agulha deve estar a 3mm da borda da ferida.
• Todos pontos devem ser equidistantes.
• Evitar tensão excessiva na sutura.
• As pontas dos nós devem ser curtas.
• Suturar cada tipo de tecido separadamente (músculo, subcutâneo e pele).

Tipos de Sutura Descontínuas

• Criam um ponto isoladamente antes de avançar para o próximo.
• Simples: Cruza os bordos da ferida, um de cada vez, de fora para dentro.
• Simples Invertido: Cruza os bordos da ferida, um de cada vez, de dentro para fora, deixando o nó sob a pele.
• Em Cruz: Dois pontos simples, consecutivos e perpendiculares à ferida, une a ponta do fim do segundo ponto à ponta do início do primeiro ponto.
• Em "U" Horizontal: São dois pontos simples em que o segundo ponto começa pelo lado da ferida em que saiu o primeiro.
• Em "8": Entrecruza ponto simples

Tipos de Sutura Contínuas

• Permitem suturar usando menos fio.
• Simples: Pontos simples com nó no primeiro e último ponto.
• Ancorada: Semelhante à contínua simples, mas o fio é passado por baixo do ponto anterior em cada ponto.
• Colchoeiro: Sucessão de pontos em U.
• Bolsa de Tabaco: Ponto simples ao redor da abertura do órgão.

Pensos

• Utilizados para eliminar focos de infeção e promover a cicatrização.
• Materiais: ligaduras de gaze, algodão, adesivos, Petflex, talas, gesso, compressas, tesouras.

Tipos de Pensos e Ligaduras

• O penso não deve estar excessivamente apertado ou largo, deve ser mantido seco e o animal não the deve conseguir aceder.
• Robert Jones: Aplicação de adesivo, camada de ligadura de gaze e algodão, finalizando com ligadura de gaze.
• Velpeau: Acolchoar carpo e tórax com algodão, flexionar membro anterior junto ao tórax para imobilizar o ombro.
• Ehmer: Acolchoar tarso, dobrar extremidade do membro posterior unindo a zona do tarso ao fémur para imobilizar a anca.

Sala de Cirurgia

• O material cirúrgico é feito de aço inoxidável.

• A conservação é fundamental; usar detergentes não corrosivos, escova não metálica e lavar imediatamente; esterilizar após lavar e usar autoclave ou estufa.

• Deve-se escovar os instrumentos com as articulações abertas.

• Evitar lixívia.

• Instrumentos comuns: pinça de Backhaus, cabos de bisturi descartáveis, tesouras, pinças para tecidos, clamps, pinças hemostáticas, afastadores, porta-agulhas.

• Materiais adicionais: compressas esterilizadas, lâminas de bisturi, fios de sutura.

Equipamentos da Sala de Cirurgia

• Mesa cirúrgica, iluminação, aparelhos de monitorização.
• Equipamento de anestesia inalatória, gerador de oxigénio, ventilador automático.
• Bisturi elétrico (cauteriza capilares ao cortar), bisturi a laser (corta sem hemorragia/inflamação).
• Bomba de infusão e aspirador cirúrgico.

Preparação da Sala de Cirurgia

• Limpeza, seleção de material de acordo com a cirurgia e tamanho do animal.
• Preparar manta elétrica, colchão, bisturi elétrico, anestesia inalatória, monitor e equipamentos.
• Ligar raios UV para esterilização.

Preparação dos Recursos Humanos

• Os humanos presentes na cirurgia devem colocar touca e máscara
• Seguir os seguintes passos:
• Lavar as mãos e braços, secando com toalha esterilizada
• Vestir bata cirúrgica esterilizada e luvas

Preparação do Paciente

• Avaliação pré-cirúrgica com base na condição, espécie, raça, idade, tipo de cirurgia e anestesia.
• Exames: jovens - análise sanguínea básica; idosos - radiografias torácicas e eletrocardiograma.

Classificação de Risco Anestésico (ASA)

• ASA I: saudável, sem risco.
• ASA II: doença sistémica ligeira, controlada, risco ligeiro.
• ASA III: doença grave, não compensada, maior risco.
• ASA IV: doença grave que ameaça a vida, alto risco.
• ASA V: Doente terminal, expectativa de vida <24h, risco altíssimo.

Preparação Pré-Cirúrgica

• Jejum de 12 horas para comida e 6 horas para água.

• Tosquiar e limpar a área de incisão com água/sabão antisséptico.

• Posicionar e fixar o animal à mesa, limpar novamente a área com antisséptico, cobrir com campos esterilizados.

Anestesia e Monitorização

• Fases da anestesia:
  • Pré-medicação: Reduzir stress e analgesia
  • Indução: Deprime o sistema nervoso central e permite entubar o animal
  • Manutenção: Manter o plano anestésico e a analgesia durante toda a cirurgia
  • Recuperação: Fase de eliminação da anestesia

Complicações Comuns

• Erros na entubação, bradicardia, apneias, hipotensão, dor ou anestesia superficial.
• Correção: Retirar/reinserir tubo se necessário, ajustar fluxo/dose da anestesia.

Cirurgias Comuns

• Castração (felídeos/canídeos), ovariohisterectomia (OVH), mastectomia.

Área de Hospitalização

• Local para animais em recuperação ou aguardando procedimentos.
  • Recuperação pós-cirúrgica, observação, suporte vital, aguardo de procedimentos.
• Características: isolada, fácil de limpar (chão e paredes), com jaulas de tamanhos diversos, zona de tratamentos e área para limpeza.
• Temperatura: Ampla, aproximadamente 25°C (usar mantas/aquecimento se necessário).

Isolamento de Doenças Infeciosas

• Sala separada é ideal, ou isolar o animal numa jaula/caixa de transporte.
• Limpar e desinfetar rigorosamente a área afetada e o material utilizado.

Ficha de Hospitalização

• Identificação e dados do dono devem estar acessíveis.
• Dados na ficha: nome, espécie, raça, idade, sexo, contacto do dono, motivo da hospitalização, procedimentos, horários e doses de medicamentos, observações detalhadas, resultados de exames e procedimentos agendados.
• Identificar a pessoa responsável por cada procedimento.

Regras Gerais

• Orçamento prévio aprovado, preparar jaula com necessidades específicas.
• Anotar dados do paciente, cliente e hospitalização.
• Escolher jaula adequada ao animal (isolar fêmeas no cio, animais incompatíveis).
• Usar luvas para cada animal.
• Passeio e limpeza da jaula (mínimo 3x/dia).
• Verificar sistemas de soros, bombas de infusão, jaula termorreguladora e monitores.
• Monitorizar e anotar dados dos pacientes (temperatura, defecação, vómito, etc.).
• Oferecer comida/bebida apropriada e alimentar com seringa/sonda se necessário.
• Administrar tratamentos veterinários, mudar ligadouros, etc.

Cuidados Especiais

• Evitar medicamentos orais durante a fluidoterapia; usar via endovenosa se possível.
• Cateter endovenoso para animais que requerem análises frequentes.

Fluidoterapia

• Administrar fluidos para corrigir/prevenir desidratação, indicada para animais hipovolémicos ou com hemorragias.

• Plano detalhado deve incluir tipo de soro, quantidade, velocidade, via de administração e suplementos.

• Calcular a quantidade somando volume a repor, perdas contínuas e volume de manutenção.

• Desidratação <4% não causa sintomas, 10% é urgência e 15% é incompatível com a vida.

Cálculo do Volume a Administrar

• % Desidratação x Peso Vivo (kg) x 1000 = ml necessários
• Preferir via endovenosa (rápida, volémia), com via SC ou oral para casos menos urgentes.
• Dividir o volume diário por 24 horas para obter ml/hora.

Tipos de Fluidos

• Cristalóides: água e eletrólitos para hidratar os tecidos.
• Colóides: proteínas/polissacáridos, permanecem nos vasos (albumina, plasma, sangue total, gelatinas, dextranos).
• Suplementos: potássio, fósforo, cálcio, magnésio, vitaminas, bicarbonato de sódio (acidose), glucose, manitol.

Reabilitação

• Ajuda a tratar lesões musculoesqueléticas, nervosas e melhorar sintomas.

• Objetivos:

  • Diminuir a dor e inflamação
  • Reeducar a locomoção
  • Recuperar a mobilidade das articulações
  • Aumentar a velocidade de cicatrização
  • Remodelação de tecidos cicatriciais
  • Atraso da atrofia muscular
  • Aumentar a força e resistência muscular
  • Redução dos espasmos musculares
  • Melhoria da função e a independência das atividades diárias.
  • Aumento da resistência cardiovascular

• Reabilitação passiva (veterinário) e ativa (animal).

  • As passivas são: aplicação de frio ou calor, massagens, electroestimulação e ultrassons.
  • As ativas são: cinesioterapia e hidroterapia.