Leishmania e Leishmaniose

Leishmania

• A Leishmania é um parasito que causa a Leishmaniose.
• A leishmaniose é uma doença parasitária que afeta os humanos e outros animais.
• Os parasitas são transmitidos por flebotomíneos, também conhecidos como mosquitos-palha.
• Os parasitas vivem no intestino do mosquito.
• Os flebotomineos picam os humanos e animais, infectando-os com o parasito.
• O parasito Leishmania tem duas formas principais:
  • Amastigotas: São a forma imóvel do parasito que vive em células do hospedeiro vertebrado.
  • Promastigotas: São a forma móvel do parasito que vive no intestino do vetor.
• Os promastigotas metacíclicos são a forma infectante do parasito para os humanos e animais.
• O ciclo de vida do parasito inclui dois hospedeiros: um hospedeiro vertebrado (homem ou animal) e um hospedeiro invertebrado (vetor).
• A Leishmania é classificada como:
  • Reino: Protista
  • Subreino: Protozoa
  • Filo: Sarcomastigophora
  • Subfilo: Mastigophora
  • Classe: Zoomastigophorea
  • Ordem: Kinetoplastida
  • Subordem: Trypanosomatina
  • Familia: Trypanosomatidae
  • Gênero: Leishmania

Leishmaniose Visceral ou Kala-azar

• Leishmaniose visceral ou Kala-azar é uma doença fatal se não tratada.
• A mortalidade é inferior a 10% com tratamento adequado.
• O parasita se prolifera, a partir da lesão cutânea inicial, para o baço, fígado e medula óssea.
• O período de incubação é de 2 a 6 meses (mas pode ter até anos).
• O início dos sintomas é insidioso com progressão lenta.
• Os sintomas da leishmaniose visceral incluem:
  • Febre irregular
  • Perda de peso substancial
  • Astenia
  • Hepatoesplenomegalia
  • Anemia
  • Leucopénia
  • Trombocitopénia

Leishmaniose dérmica pós-kala-azar ou PKDL

• A Leishmaniose dérmica pós-kala-azar é uma manifestação cutânea secundária.
• Surge de 1 a 20 anos após a recuperação da leishmaniose visceral.
• O agente etiológico é L. donovani.
• A doença é progressiva e severa.
• Ocorre principalmente no Sudão e na Índia (5-30% de prevalência).
• Os sintomas da PKDL incluem:
  • Proliferação de parasitas na pele: rash, lesões nodulares, papulares ou maculopapulosas
  • Os nódulos contêm parasitas

Leishmaniose Cutânea

• A leishmaniose cutânea é uma doença que afeta a pele.
• Existem diferentes tipos de leishmaniose cutânea, classificadas de acordo com o agente causador:
  • Velho Mundo:
    • L. tropica: ocorre nas regiões áridas da África e da Ásia. Pode ser antroponose (Síria, Afeganistão, Marrocos, Tunísia, Turquia, Iraque, Líbano, Israel, ex-URSS, Grécia) ou zoonose (Jordânia e Israel).
    • L. major: ocorre na Líbia, Marrocos, Tunísia, Argélia, Turquia, Irão e ex-URSS. É uma zoonose com reservatórios em roedores como Rhombomys opimus e Psammomys obesus.
    • L. infantum: ocorre no Norte da África e Sul da Europa.
    • L. aethiopica: ocorre na Etiópia e tem como reservatório hiraxes.
  • Novo Mundo:
    • L. braziliensis: causa mais comum e mais grave de leishmaniose cutânea e leishmaniose mucocutânea. Ocorre na América Central e do Sul. É uma zoonose com reservatório urbano (cães e cavalos) e silvático (roedores).
    • L. guyanensis: zoonose que ocorre na Guiana Francesa e no Brasil.
    • L. peruviana: ocorre no Peru e na Argentina e é uma zoonose com reservatórios em preguiças.
    • L. mexicana: ocorre no México (Yucatan), Guatemala, Honduras, Panamá, Colômbia.
    • L. amazonensis: ocorre na Floresta Amazônica do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana Francesa e Venezuela. É uma zoonose com reservatórios em roedores como Cuniculus paca.

Manifestações Clínicas da Leishmaniose Cutânea

• A leishmaniose cutânea pode ter formas simples ou graves.
• Forma simples: localizada.
• Formas graves: difusa, recidivante.
• As lesões podem ser únicas ou múltiplas.
• O tempo de incubação é de semanas a meses.
• A cura geralmente é espontânea (meses a anos). Nos casos difusos, o tratamento pode ser moroso.
• Sinais e sintomas da leishmaniose cutânea:
  • Lesão papular no local da picada, não ulcerativa, que se transforma em úlcera com limites duros.
  • Podem ocorrer várias lesões limitadas a múltiplas lesões nodulares em diferentes localizações.
  • Zonas mais afetadas: face, pescoço, braços e pernas.
  • Aumento dos nodos linfáticos próximo às lesões.
  • Leishmaniose cutânea recidivante: após a lesão inicial, novas pápulas surgem em volta da cicatriz inicial (espécie responsável: L. tropica).

Leishmaniose Mucocutânea

• A leishmaniose mucocutânea é uma extensão das lesões cutâneas para as mucosas, meses ou anos após a resolução da lesão cutânea primária.
• As lesões são mutilantes e desfigurantes.
• A infeção é crônica, com destruição da mucosa – nariz, boca e nasofaringe e pálpebras (dificuldades respiratórias).
• A doença é refratária ao tratamento.
• Causa estigma nas pessoas afetadas.

Vetores da Leishmaniose

• Os flebotomíneos (Diptera: Psychodidae, Phlebotominae) são pequenos mosquitos, de 2 a 4 mm de comprimento, responsáveis pela transmissão da leishmaniose.
• Existem cerca de 70 espécies de flebotomíneos que são vetores comprovados de Leishmania sp.
• Velho Mundo:
  • Phlebotomus. Exemplos:
    • P. argentipes: transmissor de L. donovani.
    • P. perniciosus, P. ariasi: transmissores de L. infantum.
    • P. sergenti: transmissor de L. tropica.
    • P. papatasi: transmissor de L. major.
• Novo Mundo:
  • Lutzomyia. Exemplos:
    • Lu. longipalpis: transmissor de L. infantum.
    • Lu. witmani: transmissor de L. braziliensis.

Fatores de Risco para Leishmaniose

• Imunossupressão/ co-infeção por HIV.
• Ineficácia ou ausência de planos de controle da doença.
• Resistência dos parasitas e vetores aos fármacos e inseticidas.
• Alterações ecológicas e demográficas:
  • Migração de populações.
  • Condições sociais.
  • Desflorestação.
  • Urbanização.
  • Malnutrição.

Diagnóstico Laboratorial da Leishmaniose

• Os métodos de diagnóstico laboratorial da leishmaniose podem ser divididos em 3 categorias:
  • Técnicas parasitológicas: detecção direta do parasita.
  • Técnicas serológicas: detecção de anticorpos contra o parasita no sangue do paciente.
  • Técnicas moleculares: deteção do DNA do parasita.

Técnicas Parasitológicas de Diagnóstico

• Exame microscópico direto em lâminas coradas:
  • Amastigotas podem ser encontrados em esfregaços de sangue, medula óssea, aspirado de gânglio linfático ou biópsias de pele.
• Cultura:
  • permite o crescimento e identificação do parasita.
  • O meio NNN é o meio padrão para isolamento de Leishmania.
  • Meios líquidos (ex: M199, Schneider, RPMI, MEM) podem ser usados, mas são menos frequentes para isolamento.

Técnicas Serologicas de Diagnóstico

• Imunofluorescência indireta (IFI): detecção de anticorpos contra o parasita.
• Teste de aglutinação direto (DAT): detecção de anticorpos contra o parasita.
• Teste rápido rk39: detecção de anticorpos contra o parasita.
• Contra-imunoelectroforese (CIE): detecção de anticorpos contra o parasita.
• Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA): detecção de anticorpos contra o parasita.
• Western blot (Immunoblot): detecção de anticorpos contra o parasita.

Técnicas Moleculares de Diagnóstico

• PCR: detecção do DNA parasitário.
• qPCR: detecção quantitativa do DNA parasitário.

Tratamento da Leishmaniose

• Não existem vacinas para a leishmaniose humana. Existem duas vacinas caninas com eficácia limitada.
• O tratamento é baseado em medicamentos:
  • A terapêutica é limitada, onerosa e de alta tocixidade.
  • Alguns dos fármacos existentes têm falta de eficácia.
  • Pode surgir resistência aos fármacos.
• Os medicamentos principais utilizados no tratamento da leishmaniose visceral são:
  • Anfotericina B liposomica (1ª linha)
  • Antimoniais pentavalentes (estibogluconato de sódio)
  • Miltefosina
  • Pentamidina

Neste quiz, você irá aprender sobre o parasita Leishmania e a doença que ele causa, a leishmaniose. Descubra como a transmissão ocorre através dos flebotomíneos e as diferentes formas do parasita. Explore também o ciclo de vida do Leishmania e sua classificação científica.