Aprendizagem e Controle Motor PDF
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Profª. Doutora Michele Caroline de Souza
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Apresenta técnicas de aprendizagem e controle motor, incluindo tópicos como organização, programação, foco, ansiedade, e tipos de prática. O documento também fornece referências.
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Aprendizagem e Controle Motor ü Organização e programação da experiência de aprendizagem Docente responsável Profª. Doutora Michele Caroline de Souza Antes de oferecer auxílio de instrução é importante: 1. Familiarizar o aprendiz com...
Aprendizagem e Controle Motor ü Organização e programação da experiência de aprendizagem Docente responsável Profª. Doutora Michele Caroline de Souza Antes de oferecer auxílio de instrução é importante: 1. Familiarizar o aprendiz com o ambiente da prática; 2. Desenvolver um diálogo aberto; 3. Dirigir a atenção do aprendiz para fontes de informação importante relacionadas à tarefa, diminuindo a ansiedade; 4. Equilibrar períodos de prática e de repouso. 1) FAMILIARIZANDO OS APRENDIZES Alertar os aprendizes para o que podem esperar durante as sessões de aprendizagem pode diminuir suas incertezas e aliviar suas preocupações. Oferecer uma instrução verbal junto com uma demonstração visual? Pode ser demais O aprendiz pode, algumas vezes, ser a melhor pessoa para determinar quanto de informação é informação demais. 2) DIRECIONANDO A ATENÇÃO Foco de atenção: Informação para qual a atenção do executante está direcionada. Foco externo: foco na informação que é a consequência da ação que está sendo produzida (voo da bola). Foco interno: foco na informação associada com o movimento do corpo na produção da ação (o quanto o cotovelo está flexionado). Foco estreito: foco em uma esfera estreita de fontes de informações. Foco amplo: foco em uma esfera larga de fontes de informações. 2) DIRECIONANDO A ATENÇÃO 2) DIRECIONANDO A ATENÇÃO O desafio é determinar um foco ótimo para cada aprendiz e tarefa. Habilidades abertas: Instrutores direcionam a atenção dos alunos para informações ambientais importantes (foco externo). Habilidades fechadas: Benefício pode ser maior direcionando a atenção no próprio movimento (foco interno). 3) ADMINISTRANDO A ATIVAÇÃO Quando a ansiedade é alta, e o aprendiz sente que está sendo avaliado, movimentos ineficientes podem ocorrer. – Ansiedade – apreensão ou aflição em relação a incertezas futuras; uma percepção de ameaça a si próprio. – Ativação – nível de ativação ou excitação do sistema nervoso central. Para superar a ansiedade e a ativação, o profissional do movimento pode enfatizar METAS DE PROCESSO (melhora da performance com base na qualidade do movimento) em vez de METAS DE RESULTADO (resultado da atividade). 3) ADMINISTRANDO A ATIVAÇÃO Os profissionais do movimento podem encorajar o aprendiz a estabelecer metas realistas, mas devem entender que o que é realista para um executante pode não ser para outro. Se os aprendizes sentirem que as demandas da tarefa são atingíveis e realistas, é menos provável que quando estiverem realizando o movimento estejam ativados demais. Iniciantes devem focar um único aspecto da tarefa de cada vez (primeiro quicar a bola, depois driblar). 4) EQUILIBRANDO PRÁTICA E REPOUSO Como você determina a escala de prática (dias, hora e duração)? Geralmente, nos esportes organizados, as escalas são pré-determinadas. A pesquisa sugere que a prática breve e mais distribuída é mais eficiente do que a prática agrupada e muito longa. 4) EQUILIBRANDO PRÁTICA E REPOUSO Prática maciça – o repouso entre rodadas de performance é mais curto do que a quantidade de tempo gasto praticando. Prática distribuída – a quantidade de repouso entre rodadas de prática é mais longa do que a quantidade de tempo gasto praticando. Efeitos na fadiga mental e física nos processos de aprendizagem. 4) EQUILIBRANDO PRÁTICA E REPOUSO As implicações práticas para os profissionais do movimento planejarem a prática são as seguintes: – Para rodadas de prática que duram pouco tempo e não são afetadas pela fadiga, os aprendizes podem executar muitas repetições da tarefa. – Para tarefas contínuas, que são potencialmente afetadas pela fadiga, a prática deve ser acompanhada por períodos de repouso suficientes. Para tarefas discretas, reduzir o tempo de repouso entre as tentativas tem pouca influência na performance ou na aprendizagem, e, em alguns casos, menos repouso pode até ser benéfico. Essas habilidades têm tempos de movimento muito pequenos; assim, a fadiga provavelmente não se acumula em um grau forte com a prática maciça. Para habilidades contínuas é mais provável que estados de fadiga se desenvolvam dentro de um período de performance; desse modo diminuir o repouso pode ter impacto negativo. Para habilidades que contêm um elemento de risco físico, a fadiga pode ser um problema, podendo causar acidentes ou aprendizagem reduzida. Nessas situações, os instrutores precisam assegurar que seja oferecido repouso suficiente entre as tentativas de prática. Ø Técnicas de Apresentação de Habilidade Introduzir os aprendizes à situação e auxiliá-los a adquirirem uma ideia do movimento desejado requer o seguinte: – Instruções – Demonstrações – Orientação Instruções São apresentadas verbalmente e oferecem informações gerais sobre os aspectos básicos da habilidade (como, quando e dicas). São claras e concisas. Incluem expressões que o aluno entenda. Importante dar instruções por meio de apenas alguns pontos-chave. Instruções As instruções também podem oferecer aos aprendizes informações sobre as sensações que eles podem experimentar quando estiverem realizando a aprendizagem. Os professores podem relacioná-las a coisas que os aprendizes tenham vivenciado anteriormente e possam prontamente transferir para a nova habilidade. Foco externo também pode ser gerado por instrução: “escute o som que o taco faz”. Demonstrações A informação é mais facilmente transmitida pela demonstração visual do que por dicas verbais. Os profissionais do movimento precisam modelar a performance desejada e fornecer aprendizagem observacional. As demonstrações auxiliam o aprendiz na detecção de erros. Demonstrações Os movimentos de demonstração e modelagem devem ser úteis e do interesse do aprendiz. As demonstrações devem direcionar a atenção do aprendiz para as dicas desejáveis e relevantes. A pesquisa revela que os iniciantes aprendem mais rápido quando observam executantes habilidosos antes da prática. Orientação Procedimento utilizado para direcionar (física, verbal e/ou visualmente) os aprendizes na performance da tarefa, e um esforço de reduzir os erros ou o medo. ORIENTAÇÃO ATIVA ORIENTAÇÃO PASSIVA Orientação Ativa Um tipo de procedimento de orientação que envolve movimento ativo do executante, o que tende a preservar os padrões de organização temporal relativa e a sensação da habilidade- alvo. Os profissionais do movimento manipulam o ambiente da performance de uma maneira que permite aos aprendizes assumir controle ativo do movimento em uma outra forma independente. Orientação Passiva Um tipo de procedimento de orientação que envolve movimento passivo do aprendiz (ex: o instrutor move o membro do aprendiz) o que pode alterar a natureza e a sensação da habilidade-alvo. Ex: situações de reabilitação, como quando um paciente manipula os membros de um paciente de derrame cerebral para ajudá-lo a sentar na cadeira. Problemas da orientação passiva: Ela modifica a sensação da tarefa, de forma que o movimento é diferente quando o aprendiz o tenta sem assistência; Pode diminuir a experiência do aprendiz de erros de performance e a oportunidade de corrigir erros; Importante lembrar que a orientação passiva não estará sempre disponível durante a performance no contexto-alvo. Pode ser útil inicialmente quando os aprendizes estão desenvolvendo suas ideias mais básicas da tarefa, mas deve ser removido o mais rapidamente possível. Ø Formas de Prática ØA prática planejada de forma eficiente leva a perfeição. o Técnicas: – Prática de simulador – Prática parcial – Prática em câmera lenta – Prática de detecção de erro – Técnicas de prática mental Prática de Simulador Imita tarefas do mundo real. Eficiente quando a tarefa-alvo é cara e perigosa, as instalações são limitadas ou a prática normal não é possível. Deve ser realista e ter tantos elementos motores, perceptivos e conceituais na habilidade-alvo quanto for possível. Transfere a aprendizagem para a habilidade-alvo. A quantidade de transferência, o custo de um simulador, a disponibilidade de instalações e a segurança do aprendiz podem influenciar o uso de um simulador. Prática Parcial A repetição inicial para habilidades complexas ocorre em três fases: 1.Fracionalização – as partes de uma habilidade complexa são praticadas separadamente. 2.Segmentação – parte da habilidade é praticada, então uma segunda parte é adicionada até que toda a habilidade-alvo seja praticada. 3.Simplificação – a dificuldade da tarefa-alvo é reduzida de alguma maneira. Prática Parcial O tempo gasto praticando uma parte depende da habilidade que está sendo aprendida. A prática parcial funciona melhor para tarefas seriadas e de longa duração, em que as ações (ou erros) de uma parte não influenciam muito as ações envolvidas na parte seguinte Prática em Câmera Lenta Utilizada algumas vezes para simplificar a prática de uma habilidade-alvo. Ao praticarem o movimento em câmera lenta, os aprendizes deveriam ser capazes de controlá-lo mais efetivamente, reduzindo, assim, erros no padrão fundamental, embora pratiquem a mesma estrutura da organização temporal relativa da versão rápida. Cuidado: quando reduz demais a velocidade (ex arremesso) aprendizes modificam as dinâmicas essenciais do movimento, talvez controlando-o com um programa totalmente diferente. Prática de Detecção de Erro Os aprendizes devem ser sensíveis à informação produzida pelo movimento e competentes na interpretação do feedback proveniente dos movimentos; a consciência deve ser cinestésica, visual ou auditiva. Aprender a detectar erros é simplesmente igual a outros tipos de aprendizagem: requer prática. Os profissionais do movimento devem ser capazes de auxiliar o aprendiz no desenvolvimento da capacidade de detectar e corrigir erros na performance. O foco deve ser as dicas relacionadas à performance, bem como na noção de eficiência de movimento. Prática Mental A pessoa pensa no movimento ou que o está realizando na ausência de movimento real. A prática mental pode produzir resultados similares àqueles encontrados na prática física e é sempre melhor do que a ausência de prática. A prática mental é a repetição mental na qual o participante pensa sobre os elementos cognitivos e simbólicos da habilidade. Prática Mental Na psicologia do esporte, a imagem mental tem sido vista como um método de preparação dos movimentos. Por exemplo, os músculos são preparados para a ação durante a imagem mental, e o quanto essa preparação beneficia a performance física depende da quantidade de prática física ou de experiência. O desafio para os profissionais do movimento é descobrir os métodos mais eficientes para conectar prática mental e prática física. Estrutura da prática Ø PRATICANDO VÁRIAS HABILIDADES O objetivo do instrutor é ensinar várias habilidades durante um período fixo de tempo. Como organizar ou colocar em sequência a prática de uma variedade de tarefas dentro de uma sessão, a fim de maximizar a aprendizagem? Praticando Várias Tarefas Duas variações de sequenciamento, ou escala de prática: Prática em bloco – sequência de prática na qual uma significativa quantidade de tempo gasto em uma tarefa, então o aluno passa para uma próxima tarefa. Prática randômica – variação na ordem da prática; tarefas são misturadas ou fazem rotação contínua. Ø Prática em blocos Uma parte substancial do tempo do aprendiz é gasta em uma tarefa antes de ele começar a praticar a seguinte. É tipicamente vista durante os exercícios educativos com as pessoas tentando o mesmo movimento várias vezes. O indivíduo vai refinar cada habilidade antes de avançar para a seguinte. Número maior de repetição. Ø Prática randômica Consiste em uma maior variação de repetição dentro de uma única sessão de prática. A repetição de diferentes tarefas é interligada ou combinada, durante o período de prática. Os aprendizes alternam continuamente as tarefas, e, em casos mais extremos, não executam a mesma tarefa duas vezes seguidas. Prática em Bloco x Randômica Prática em bloco (repetição) produz melhores resultados na aprendizagem momentânea, mas prática randômica produz melhor performance ou retenção. Prática em bloco torna-se mais automática, faz pouco para promover comparações de semelhanças e de diferenças e não produz efeitos duradouros. Por que a Randômica é mais eficiente? Torna a prática mais significativa e distinta. “Força os aprendizes a reaprenderem cada uma das repetições. A hipótese de elaboração é uma explicação para a interferência contextual que afirma que a prática randômica faz com que as pessoas apreciem a distinção das diferentes tarefas melhor, enquanto a prática em bloco permite que as pessoas desviem tais comparações. Por que a Randômica é mais eficiente? Hipótese do Esquecimento O aprendiz esquece a tarefa A para fazer a tarefa B e então tem que reaprender ou replanejar a tarefa na próxima vez. A prática randômica envolve a prática de recuperação- necessidade de recuperar repetidamente movimentos apropriados e seus parâmetros de programas motores guardados na memória de longo prazo. Ø Implicações práticas da Prática em Bloco e Randômica Repetição na prática é essencial para a performance altamente habilidosa, mas a repetitividade pode não ser tão eficiente. Prática em bloco pode contribuir para a performance consistente, mas não cria aprendizagem duradoura. Falsa sensação de realização. Ø Implicações práticas da Prática em Bloco e Randômica Durante a prática em bloco, o aprendiz falha em praticar a habilidade-alvo, ou o contexto é diferente daquele para a performance-meta. Especificidade de aprendizagem sugere que as melhores escalas de prática são aquelas que aproximam o aprendiz o máximo possível da performance real ou da habilidade-alvo/ contexto-alvo. Ø Prática Constante e Variada Prática constante – semelhante à prática em bloco; as pessoas repetem uma variação de uma única tarefa durante a sessão (p. ex., arremessar um dardo). Prática variada – as pessoas praticam diferentes versões da mesma ação; a repetição combina com a performance real (p. ex., arremessar uma bola de tênis). Programa motor generalizado com características variantes e adaptação de parâmetros. Ø Prática randômica ou em blocos versus prática variada e constante Prática randômica e variada tem o mesmo significado? Prática em blocos e constante tem o mesmo significado? Randômica e em Variada e constante blocos Prática de VÁRIAS habilidades. Prática da MESMA habilidade (e a variação de seus parâmetros). Melhor Prática Uma combinação de prática variada e randômica propicia melhores resultados. Engajar aprendizes em uma combinação correta de prática randômica e variada pode propiciar melhores ganhos de performance. Prática randômica: soluções de tarefa de tentativa para tentativa; aprendizagem do programa motor generalizado. Prática variada: promove o desenvolvimento de um conjunto de regras do movimento (um esquema) para determinar os parâmetros necessários para produzir variações nas habilidades. Referências Magill, R. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgar Blucher, 2000. Schmidt, R., Wrisberg, C. Aprendizagem e Performance Motora. Uma abordagem da Aprendizagem baseada na situação. Porto Alegre: Artmed, 2010.