Resumo Prova Silvía PDF
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Este documento aborda o papel dos coordenadores em um contexto psicológico grupal. Explora conceitos como mediação, escuta qualificada e a importância da compreensão do contexto social na atuação do coordenador e no desenvolvimento dos membros do grupo. O texto discute diferentes perspectivas teóricas.
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O Papel dos Coordenadores Não nomeiam o coordenador de “mediador” por ser um conceito muito importante na Teoria Sócio-Histórica, em que seria equivocado dizer que apenas um sujeito é o responsável por mediatizar o processo, sendo apenas uma de suas responsabilidades. Optam...
O Papel dos Coordenadores Não nomeiam o coordenador de “mediador” por ser um conceito muito importante na Teoria Sócio-Histórica, em que seria equivocado dizer que apenas um sujeito é o responsável por mediatizar o processo, sendo apenas uma de suas responsabilidades. Optam por chamar de “coordenador”, mas não que seja seu papel dar coordenadas a serem seguidas. Coordenar exige uma intencionalidade em relação ao processo, cujo fim é imaginado, mas não necessariamente se concretiza como na imaginação. Para Zimmerman, há 16 características fundamentais para um coordenador, entre elas está: acreditar em grupos e gostar deles, respeito pelas características dos participantes, paciência e empatia. Entretanto, a autora pensa de forma diferente, para ela, ao pensar assim é como se a pessoa tivesse ou não competência para trabalhar em grupos. Para ela, ser coordenador exige: EscutarCOM: Foucault defende que podemos falar de modo útil, inútil e nocivo, do mesmo jeito que escutar, em que podemos escutar de modo inconveniente e causar uma escuta nociva. É preciso aprender a fazer uma escuta qualificada, sendo que, para escutar é preciso primeiro silêncio e depois uma atitude ativa. Mas não apenas isso, é necessário ao escutar sentir a fala do outro, se apropriar do conteúdo, pensar com o outro. Segundo Bakhtin, a prática grupal deve ser uma atividade estética com dois momentos, que não se sucedem cronologicamente mas que estão ligados se fundem: 1) Compenetração: Nos colocamos no lugar do outro ao identificar sua dor, entendendo seus motivos; 2) Momento em que retornamos a nós mesmos, dando um final ao material da compenetração. Mediar o diálogo: O manejo dialógico acontece no “espaço de ressignificação”, sendo isso o que Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento iminente: para ele, esse era um local que deveria auxiliar no desenvolvimento da criança, em que deveriam ser propostas tarefas que a façam sair dos seus limites intelectuais para aprender. O grupo deve ser a zona de desenvolvimento de modo que o papel do coordenador é promover situações de real interação (promovendo o diálogo, etc…), ele deve produzir zonas de desenvolvimento iminente, oportunizando reflexões em que o sujeito seja produtor de sua aprendizagem, e não apresentando modelos certos ou errados de como se pensar, ou definir o percurso no qual caminhar. Para construir um local de ressignificação é necessário a horizontalidade em todas as relações, seja na do coordenador com o grupo, em que ele não queira exercer seu saber e se coloque no plano da igualdade das inteligências, seja na relação entre os membros do grupo, cabendo ao coordenador fazer com que todos sejam ouvidos. Toda ressignificação se dá em um processo de mediação, e mediação é toda a interferência de um elemento externo, que possibilita a interação entre outros elementos. O coordenador escolhe instrumentos de mediação, definindo que tipos de interferências serão utilizadas para permitir apropriações de cultura. Ele também media quando propõe perguntas que ampliem as possibilidades reflexivas e auxiliam o diálogo. Para as autoras, a boa pergunta é aquela que tira o terapeuta do lugar do saber e se torna um perguntador reflexivo. Rancière acredita que o perguntador deve questionar a partir do que se ignora, não esperando que venha acompanhado da resposta. Ter uma visão crítica do contexto social: O sujeito se constitui a partir de condições materiais, que cria possibilidades e necessidades. É fundamental que o psicólogo compreenda as condições de possibilidades que os sujeitos do grupo vivenciam, seu contexto concreto, para que possa fazer reflexões a respeito do quanto o sofrimento individual é na verdade produto do contexto, e precisa ser ressignificado para o sofrimento ser amenizado. No trabalho com grupos, compreender o contexto macro e micro é fundamental para que a escuta não se perca na queixa, deve-se escutar as histórias que constituem os sujeitos e compreender que os sofrimentos objetivados são construídos socialmente, e não na interação direta e concreta do eu-outro, mas na relação social que constitui o eu e o outro, os lugares sociais do eu e do outro. No processo grupal, o analista deve compreender o contexto social a qual o grupo se constitui, com suas determinações econômicas, institucionais e ideológicas. É papel do coordenador investigar o que está presumido no presente, para compreender o momento, o discurso e a ação: “Quem são os sujeitos dessa relação? Como vivem? Que ideologias defendem? Qual a multiplicidade que constitui esse contexto?” É preciso dar visibilidade aos acontecimentos para promover cuidado. Os Membros do Grupo O sujeito só se desenvolve ativamente ao singularizar o social, o que exige, primeiramente, um processo de reorganização qualitativa do sistema. Além disso, o desenvolvimento só é possível pelas contradições dialéticas. O processo de tornar-se sujeito de cada membro no processo grupal, ou seja, a emancipação do espectador acontece quando questiona a oposição entre olhar e agir. O espectador também age, ele observa, seleciona, compara, interpreta, relaciona cenas do presente com cenas passadas, etc… O poder da emancipação não está no grupo, mas no sujeito e em sua ativa produção de sentidos. É no poder de associar e dissociar que reside a emancipação do espectador, sendo essa situação do espectador uma situação normal, que não deve ser convertida em atividade. Ao sermos espectadores, aprendemos, ensinamos, agimos e conhecemos, não devemos transformar os espectadores em atores e os ignorantes em intelectuais, temos de reconhecer o saber em ação no ignorante e a atividade própria ao espectador.