Resumo Protozoologia Farm - BL1 PDF

Summary

This document provides a summary of protozoology, focusing on Entamoeba histolytica, Giardia Lamblia, and Trichomonas vaginalis. It details their characteristics, habitats, and the role of microbiota in their adaptation and parasitism.

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1. Entamoeba histolytica Entamoeba histolytica. Protozoários cavitários. Protozoários que habitam cavidades, as quais apresentam baixa tensão de oxigênio. Entamoeba histolytica é a mais patogênica. Giardia Lamblia, ou G. intestinalis, bem como Trichomonas vaginalis são protozoários cavit...

1. Entamoeba histolytica Entamoeba histolytica. Protozoários cavitários. Protozoários que habitam cavidades, as quais apresentam baixa tensão de oxigênio. Entamoeba histolytica é a mais patogênica. Giardia Lamblia, ou G. intestinalis, bem como Trichomonas vaginalis são protozoários cavitários, mas sem serem semelhantes filogeneticamente, mas com semelhantes em termos de metabolismo, pois habitam as cavidades com baixa tensão de oxigênio. Entamoeba e Giardia habitam intestino e Trichomonas habitam trato genito- urinário. E tais regiões apresentam microbiota e isso é fator relevante na adaptação desses protozoários nessas regiões. Os produtos do metabolismo da microbiota podem influenciar no parasitismo desses protozoários. Entamoeba habita intestino grosso, enquanto que Giardia habita regiões mais proximais do intestino. São indivíduos amitocondriados, não possuindo mitocôndrias típicas, não apresentando o aparato biossintético clássico do metabolismo energético. Os protozoários são procariontes. A Entamoeba se locomove através da projeção de sua membrana através da formação de pseudópodes. Entamoeba e Giardia apresentam a capacidade de formação de cistos, a qual não está presente nas Trichomonas. Dos amebídeos, a espécie mais importante é a Entamoeba histolytica, cujo nome é dado em função à capacidade de lise tecidual. Há diferentes gêneros de amebídeos, mas eles são todos componentes de uma família que compõe os amebídeos, porém um único grupo dessa família (Entamebidae) que é patogênica é a Entamoeba histolytica. Entamoeba coli e Entamoeba artmani, também podem aparecer nas fezes de pacientes. E.coli é bem maior, com maior numero de núcleos, diferindo da E. histolytica, propiciando diagnóstico diferencial. A maioria dos amebídeos são comensais, habitando os mesmos habitats que a E. histolytica, mas sem serem capazes de estabelecer a doença. Existem formas trofozoítas, os quais são pleomórficos, adotando diferentes formas de acordo com o estímulo que recebem como migração, invasão. Há a forma de cisto, a qual tem uma parede que confina a membrana plasmática, a qual aparece ao MO redonda. A parede cística confere uma forma de resistente à forma cística. A amebíase causada pela E. histolytica é a terceira causa de morte por parasito no mundo, precedida de leishmaniose e malária, acometendo em todas as faixas etárias. Isso se justifica por ser uma infecção oral fecal, variando a estatística da prevalência conforme a estrutura profilática prevalente. A infecção é acompanha de colite, com sintoma inicial a disenteria amebiana, o que em crianças pequenas, pessoas debilitadas e pessoas com outras infecções, inclusive parasitoses como helmintíase leva a óbito em poucos dias. Na amebíase extra intestinal pode ir para fígado, pulmão, cérebro e pele, os quais são casos mais graves. Os cistos são formas de latência e resistência que caem no ambiente, sem replicar, enquanto que os trofozoítos, ambas as formas evolutivas, é a forma evolutiva metabolicamente ativa, que coloniza, se replica. Os cistos podem apresentar de 1 a 4 núcleos dependendo da maturação, apresentam corpo cromatóide. A parede é composta de quitina que é polímero de N-acetil glicosamina, sendo uma estrutura redonda. Os trofozoítas tem forma irregular. O corpo cromatóide tem forma de bastão, com pontas arredondadas, o que auxilia no diagnóstico, E.coli, apresenta corpo cromatóide em forma de agulha. Esses corpos são agregados de ribossomos e RNAm, o que permite a passagem ao trofozoíta e possibilita a rápida síntese protéica durante a colonização do intestino. E. coli apresenta de 1 a 8 núcleos, com maior tamanho do que E. histolytica. A parede dos cistos não é tão resistente ao pH ácido do estômago, se rompendo e formando o trofozoíto, o qual se locomove através de projeção de seus pseudópodes, permitindo sua alimentação e a infecção de outros sítios além do intestinal. Há diferença de densidade do citoplasma, onde a região que apresenta o pseudópode é mais clara, que é justificado pela presença de receptores na membrana do parasito que reconhecem moléculas do hospedeiro e isso desencadeia cascata de sinalização que leva a polimerização de filamentos de actina que se estendem e encurtam conferindo o movimento. Os trofozoítos apresentam apenas 1 núcleo. E. díspar e E. histolytica são extremamente semelhantes, que acharam que eram dois tipos patogênicos de Entamoeba, só sendo possível diferenciar através de análises moleculares, com cultura de células, etc. São idênticas morfologicamente, mas diferentes geneticamente, e E. díspar não é patogênica. A infecção é através de cistos maduros, que ao caírem no estomago e por ação do HCl e do pH baixo, há o desencistamento, com o rompimento da parece cística com saída do trofozoíto. O trofozoíto vai passar do jejuno-íleo, chegando ao intestino grosso, o qual é seu habitat, podendo se ligar à mucosa, replicando e colonizando o intestino grosso. O trofozoíto pode se replicar e ficar no intestino, ou pode migrar e infectar fígado, cérebro, pulmão, podendo também chegar a peritôneo, pericárdio, pele e baço. Como o intestino grosso é mais pobre em água, pode se encistar e tais cistos podem sair nas fezes e voltar ao ambiente. Essas fezes contendo cistos podem chegar à água e contaminar alimentos. Cada cisto geram em torno de 8 trofozoítos, os quais podem ficar na luz intestinal, ou colonizar a mucosa intestinal. Se os trofozoítos permanecerem no intestino podem se replicar, morrer ou virar cistos, em diarreias mais aquosas, nem há tempo de encistar, sendo eliminados trofozoítos, os quais não resistem no ambiente. A colonização do intestino está vinculado com lectina N-acetil galactosamina, que apresenta várias cópias na membrana do parasito, interagindo com as mucinas das células intestinais. Essas lectinas permitem a adesão, mas também dispara uma cascata de sinalização. A adesão é muito importante, pois leva a penetração e disparam uma serie de cascatas de sinalização que promovem no parasito a replicação, a produção de fatores de virulência. A adesão dos trofozoítos é importante para que o bolo fecal, bem como a diarreia característica da infecção não carreie o trofozoíto para fora do intestino. Trofozoítos são capazes de fazer projeções que estão envolvidos na locomoção, na alimentação, mas também na adesão. Quando mais os trofozoítos eram capazes de fagocitar bactérias e eritrócitos, confere maior virulência. Os trofozoítos não apresentam mitocôndrias, mas apresentam agregados de proteínas mitocondriais pelo citoplasma que são os mitossomos. Há também agregados similares a ribossomos. O endereçamento de proteínas mitocondriais é para os mitossomos, mas isso não configura uma mitocôndria organizada, são apenas vesículas que agregam proteínas mitocondriais. A formação dos pseudópodes está do lado contrário a região do uróide, a qual promove a liberação de moléculas que não são mais úteis ao parasito, para se livrar de moléculas que podem se ligar a sua membrana, como anticorpos e ptns do sistema complemento. É através do uróide, que é “posterior”, que há o escape do sistema imune liberando complexo atg-ab e atg-sistema complemento. Essa liberação de moléculas parasitária pode estimular o sistema imune, o que é interessante, pois o parasito é adaptado ao hospedeiro, sem mata-lo de primeira, permitindo sua replicação e infectando outros hospedeiros. Os trofozoítos penetram a mucosa intestinal, com o rompimento da matriz extracelular caindo na submucosa e caindo na veia porta, a qual é a principal porta de entrada para outros órgãos. Uma vez na submucosa, pode entrar na cavidade peritoneal. A principal molécula de adesão é a lectina, que reconhece as mucinas do hospedeiro. Essa lectina tem duas formas, onde tem um domínio transmembrana e uma ancorada a GP1, ancorando galactose e N-acetil galactosamina, o que dispara uma cascata de sinal, que levam a rearranjo de actina do parasita favorecendo a adesão e a ação de pseudópodes. Há também a secreção de proteínas formadoras de poros (ameboporo). Há secreção também de cisteíno proteases, fosfatases, neuroaminidases as quais vão fazer um grande estrago na superfície celular do hospedeiro, e desta proteína tem a capacidade histolítica. A E. Histolytica, secreta pela região da uróide um dímero de peptídeo, que penetra na bicamada lipídica, que tem várias cópias, formando poros na membrana do hospedeiro. Com os poros inseridos na célula do hospedeiro há perda de conteúdo citoplasmático, e ativação de cascata que sinaliza apoptose e também cascata que sinaliza necrose, destruindo o tecido, pois acontece em várias células deste tecido ao mesmo tempo. Essa destruição do tecido tem causa de morte celular causada pelo parasito, mas também tem ação do sistema imune, principalmente via neutrófilos. Há liberação de pró IL-1β que é clivada por cisteíno proteases, e a IL-1β vai se difundir e ativar NFκB, o qual faz com que as células intestinais produzam IL-8, a qual é quimioatratora de neutrófilos, os quais atingem a luz intestinal. Todos esses fatores levam a rompimento da mucosa, que permitem que a E. histolytica invada outros sítios. Uma vez que a E. histolytica alcance algum tecido é capaz de se mover e disparar processo inflamatório. A grande maioria dos infectados se restringe a infecções com colite e disenteria, e raros casos são invasivos. Doença aguda infecciosa, com fezes com presença de sangue, com presença de úlceras características da colite amebiana. Há destruição das vilosidades, sem invasão e se restringindo a esse ponto da mucosa. Em caso de invasão, são encontrados diversos trofozoítos vivos nesses tecidos, resultando em uma liquefação do parênquima em função da ação dos trofozoítos e do sistema imune, sendo chamado de abcesso hepático. O abcesso hepático contém material hepático liquefeito, debris celulares, trofozoítos, neutrófilos recobertos por TC. Há hepatomegalia. IFNγ e a ação da iNOS são importantes no controle da infecção amebiana. A E. histolytica é uma espécie praticamente específica ao homem, mas os protozoários, dentro de uma mesma espécie, que apresentam grupos genéticos que parasitam outros vertebrados, mas mesmo assim há ainda um grupo genético que é mais específico para parasitar o homem. Uma forma de escape do sistema imune é impedindo a deposição do complexo C5b-C9 formador de poro. C9 é semelhante à porina da Entamoeba. A lectina importante para a adesão é tão rica na superfície da ameba, que as proteínas do complemento têm dificuldade de entrar em contato com a membrana da Entamoeba e se inserir formando o complexo do poro. Os trofozoítos inibem a migração de macrófagos, reduzem oxigênio. As cisteíno proteases clivam anticorpos e proteínas do complemento. Os cistos resistem muito tempo, resistem bastante tempo embaixo da unha, a qual é um modo de contaminar alimentos após entrar em contato com as fezes. Os cistos são capazes de resistir na água, viáveis, por 10 dias. Os cistos perdem a viabilidade com solução de iodo 3g/L por 15 minutos. Em resumo, a profilaxia está relacionada com a educação sanitária, com ações governamentais pró-saneamento básico. Diagnóstico clínico por análise dos sintomas, análise de fezes, materiais obtidos por retossigmoscopia, cultura e/ou observação direta ao MO. Parasitológico de fezes formadas e diarreicas, iodo é bom corante para ver cistos de E. Histolytica, hematoxilina férrica também para trofozoítos e cistos. Coleta única de fezes não é interessante para diagnóstico de giardíase e amebíase, por isso é interessante realização da coleta de fezes por MIF, onde o frasco de coleta contém mercúrio, iodo e formol, coletando dia sim dia não por um período de tempo, a fim de evitar proliferação de bactérias e fungos. Podem se realizar técnicas de concentração, onde se mistura as fezes com sulfato de zinco, o qual tem alta densidade, fazendo os cistos menos densos subirem, pois a liberação de cistos nas fezes não é regular. Diagnósticos sorológicos como ELISA, IF, hemaglutinação indireta (hemácias acopladas com anticorpos). Tratamento com metronidazol, além de fármacos com ação mais luminal, cloridrato de emetina, cloroquina, sendo mais ativos nos tecidos. Os mais eficazes são os derivados de nitroimidazóis, como o próprio metronidazol, o qual também tem ação para bactérias anaeróbias. 2. Giardia lamblia e Trichomonas vaginalis Trichomonas vaginalis Nunca isolou Trichomonas vaginalis ou encontrou em qualquer outro hospedeiro que não o homem, podendo se dizer que é espécie – específica. Trichomonas não forma cistos, em situações de estresse formam pseudocistos, isso quer dizer que a transmissão e o estabelecimento da infecção são através dos trofozoítos. Giardia e Trichomonas apresentam metabolismo semelhante, mas sem semelhança filogenética. Há família Trichomonadidae, mas os demais membros dessa família não há parasitas humanos. Trichomonas tenax é presente na cavidade oral, mas é comensal. O ciclo de vida do Trichomonas se inicia com a transmissão do trofozoíto de pessoa a pessoa por contato sexual, colonizando o trato genito – urinário. Outra forma de passar de um hospedeiro a outro, que não na relação sexual é pelo compartilhamento de roupa íntima, pois o Trichomonas apresenta uma série de moléculas de adesão que permitem sua adesão à mucosa, e com a descamação e o muco vaginal há a saída de trofozoítos o que possibilita a transmissão. Infecção em banheiras e piscinas, pois dependendo do nível de cloração da água o trofozoíta pode sobreviver, contato com vaso sanitário. Bicos de pato ginecológico devem ser descartáveis. Esse conjunto de objetos são os fômites, os quais permitem a transmissão dos trofozoítos do Trichomonas. Contaminação pela passagem no canal vaginal durante o parto. Há 4 flagelos livres que saem da região anterior e o flagelo recorrente que “cola” no corpo, mesmo saindo da região anterior. Há proteínas do citoesqueleto que percorrem o corpo formando protuberância que permite a adesão do trofozoíto a mucosa, sendo muito útil para diagnóstico, seu nome é axóstilo. A Trichomonas pode se confundir no esfregado vaginal, pois perde sua forma piriforme devido ação do etanol, podendo ser confundida com células epiteliais que descamaram. Membrana ondulante, o flagelo bate e parece que ela bate junto. O parasita perde a forma de piriforme para se fixar a mucosa, expandindo sua membrana, para emitir projeções para se aderir à mucosa. Normalmente a região de adesão é oposta a região de saída. Muitos falsos positivos e falsos negativos podem ser atribuídos devido essa ação da Trichomonas, sendo confundidas com células descamando. Trichomonas tem uma série de glicoproteínas e proteínas, que podem se movimentar no plano da membrana, pois tem ligações com proteínas do citoesqueleto, as quais por cascata de sinalização se movimentando a membrana. Também a presenta a capacidade de liberar moléculas que não são mais úteis. Apresenta lectina like que reconhece acido siálico, apresenta glicoconjugados, apresentam proteínas que reconhecem a galectina presente nas células do hospedeiro. A presença de adesinas como AP65 e AP51, as quais na presença de ferro são mais expressas e especula-se que a presença de ferro favoreceria a proliferação e adesão dos parasitas, o que pode acontecer com destaque na menstruação. Há presença de cisteíno proteases. A presença de fibronectina e lamina nas células epiteliais genitais estão envolvidas na adesão da Trichomonas. A AP65 é secretada pelo parasito, estando solúvel, e com isso realiza seu papel de adesão, pois parte dela se liga a proteínas do parasita formando dímeros e também se ligam aos receptores na superfície das células da mucosa genital, formando uma ponte. Grande parte das pessoas infectadas não apresenta sintomatologia ou sintomas inespecíficos. A maior parte das mulheres apresenta sintomas, o que não acontece com os homens, pois os mesmos apresentam maior resistência ao estabelecimento da infecção (vai que está relacionado com o ferro, que tá disponível na menstruação), e há certa resistência do homem em se tratar criando reservatório de parasito, que está o tempo todo repassando a parceira. Apresenta gradação de sintomas desde assintomático desde vaginite chegando até o colo do útero, e a severidade depende da resposta imune do individuo e da cepa do parasito. Odor fétido no corrimento, prurido, leucorreia, dor no ato sexual são sintomas que aparecem de 1 a 4 semanas, podendo prevalecer por até 6 meses. Na leucorreia há parasitos mortos e parasitos vivos, bem como microbiota. Quebra do equilíbrio da microbiota, em função do estabelecimento do Trichomonas, há mudança de pH, ficando mais básico, oferecendo oportunidade de outros microorganismos se instalarem, e esses fatores alteram na cor, no odor e na presença de bolhas na leucorreia. Há também sangramento. No homem pode acontecer infecção de próstata, na uretra com corrimento purulento. Essa infecção pode não ficar contida na região de vagina e colo de útero, podendo ascender até ovários, levando a infertilidade e aborto, geralmente em associação com outros microorganismos. Pode ter como consequência câncer cérvico uterino e favorecimento de infecção por HPV e HIV. O câncer pode acontecer pelo fato da mucosa estar buscando proliferar a fim de debelar a descamação promovida pelo parasito e pela resposta imune. Diagnóstico na mulher é feito por colpocitologia e no homem pela análise do sedimento urinário. Pode haver análise na leucorreia. A presença de Zn na secreção prostática, o que parece conferir a resistência à colonização e a proliferação do Trichomonas, no homem. O hidrogenossomo é uma organela especial que só aparece na família Trichomonadidae, e aparece em grande número. É apenas nessa organela que o Metronidazol é ativado, entrando como pró-fármaco sendo ativado dentro do hidrogenossomo. Como controle e profilaxia, temos o uso de preservativos, uma vez que uma DST usar material de exame ginecológico descartável, não usar roupa intima emprestada, cuidado com banheiras, piscinas e vasos sanitários. Tratamento dos dois parceiros Giardia lamblia Giardia lamblia apresenta 4 pares de flagelo, nadando e apresentando movimento de folha. Apresentam diversidade de espécies de Giardia, que infectam em grupos diferentes de animais, sendo a Giardia lamblia infectando humanos, mas ainda assim há grupos genéticos que infectam outros animais. Apresentam formar de cisto e trofozoíto. Seu cisto é ovalado, e adquirido em alimentos mal lavados e cozidos. Uma vez ingeridos, a parede cística é digerida no estômago, e com o rompimento da parede cística há a saída do trofozoíto, saindo de um mesmo cisto 4 parasitas, em função de seus 2 núcleos. Os trofozoítos vão se fixar no jejuno-íleo, diferentemente da E. histolytica que habita intestino grosso. Após a saída do cisto, os trofozoítas se replicam e aderem à mucosa intestinal, e alguma parte da população de trofozoítos que não foram eliminados com a diarreia, encista e sai nas fezes apta a infectar novos hospedeiros. Transmissão oral – fecal. Trofozoítas apresentam forma piriforme e são os únicos que apresentam 2 núcleos, ambos ativos. Nem sempre em um esfregaço de fezes é possível ver todas as estruturas, mas os 2 núcleos sempre serão visíveis, bem como o flagelo (mais fortemente corado) são fáceis de diagnosticar. É mais difícil visualizar os cistos no esfregaço de fezes, mas é possível ver a parede refringente e sua forma elíptica. Os trofozoítos formam tapete na mucosa intestinal, o que é responsável pela grande perda de peso visualizada na giardíase. Único protozoário com simetria bilateral, e único que é ventral e dorsalmente achatado, parecendo uma folha. Na porção ventral há uma membrana que é muito importante na adesão. O citoesqueleto apresenta principalmente tubulina e giardina, sendo as mais abundantes que formam fibrilas e flagelos, bem como o disco adesivo (localizado ventralmente), o qual ocupa dois terços do tamanho da giárdia. A projeção lateral de membrana chamada de flange, que apresenta actina e miosina. O fato de a giardia lamblia formar tapete é algo fundamental na patogenia da giardíase. A giárdia faz interação muito íntima com a mucosa impedindo a absorção de vários nutrientes. A formação do tapete, com diversos trofozoítos aderidos, está relacionada à síndrome da má absorção, onde muitos nutrientes como lipídeos deixam de ser absorvidos, promovendo uma diarreia com esteatorreia. Promove também aumento da permeabilidade do epitélio, através do rompimento de junções ocludentes, onde a giardia lamblia secreta alguma molécula que interfere a expressão de proteínas que constituem as junções ocludentes, como a claudina 1. Com isso há perda de água e de íons cloreto, promovendo diarreia. Isso tudo resulta em destruição do tecido das vilosidades intestinais. A presença de sais biliares, níveis baixos de água são fatores preponderantes de encistamento da giárdia. CWP1, CWP2, CWP3 são componentes da parede cística, há lectinas, N-acetil glicosaminas, as quais estão em vesículas se fundem com a membrana do parasito e são liberadas sobre estímulo de aumento de Ca++ irão polimerizar e formar a parede cística. A parede cística é refringente ao M.O. o encistamento ocorre nas porções finais do intestino. Há recolhimento do flagelo, duplicação dos núcleos no processo de encistamento. Incidência maior em crianças do que adultos, preferentemente em regiões de clima tropical. Período de incubação é de 2 semanas, com período de doença de 6 semanas, geralmente com eliminação do parasita. Sintomas são náuseas, diarreia (até 6 episódios/dia), anorexia, esteatorreia, perda de vitaminas do complexo B12. Esses sintomas comprometem o sistema imune, enfraquecendo-o. Devido a esses sintomas a giardíase pode ser porta de entrada para outras infecções oportunistas, podendo também coexistir previamente com outras doenças de base, dependendo das condições socioeconômicas, a giardíase pode apresentar alta morbidade. O diagnóstico é a busca por cistos nas fezes formadas, busca por trofozoítos nas fezes diarreicas. Pode-se realizar o enriquecimento com sulfato de zinco, fazendo com que os cistos, menos densos, flutuem favorecendo a identificação. O tratamento é realizado com derivados de nitroimidazóis. A profilaxia é basicamente saneamento, cuidado com os locais em que se constroem poços artesianos, cuidado com higiene, uso de preservativo, apesar de não ser DST, cuidado com fezes de animais, pois G. lamblia pode se encontrar também nesses animais como castores, cachorros. 3. Tripanosoma cruzi Faz parte da subdivisão Kinetoplastida, e da Ordem Tripanosomatidae. Esses protozoários apresentam cinetoplasto, a qual é uma região da mitocôndria (única e ramifica pelo corpo celular) que apresenta do DNA mitocondrial (kDNA). A forma do cinetoplasto permite a identificação da fase evolutiva do T.cruzi. A forma do cinetoplasto é de bastão. T.cruzi é unicelular e eucarioto, apresenta núcleo, Golgi, RE, mas estruturas especiais como citóstoma, o qual é responsável pela captação dos nutrientes para o metabolismo celular. T.cruzi é uniflagelado, sendo que o flagelo é derivado de evaginação de membrana que é chamada de bolsa flagelar. Ácido calcissomo, relacionado com a homeostase de cálcio. Logo abaixo da membrana há microtúbulos subpericulares que percorrem toda a célula conferindo resistência a choques osmóticos, dentre outras agressões. T.cruzi é heteróxeno (necessita de dois tipos de hospedeiros para realizar seu ciclo de vida) e é protozoário intracelular obrigatório. Sua célula é polarizada, sendo a região anterior a que apresenta o flagelo livre, sendo também importante na identificação das formas evolutivas. Forma epimastigota, apresenta cinetoplasto anterior ao núcleo e não é infectiva, presente no vetor. A forma Tripomastigota apresenta cinetoplasto posterior ao núcleo e o flagelo está bem colado com a membrana, parecendo membrana ondulante, é forma infectiva. Forma Amastigota acreditava-se que não tinha flagelo, mas sua forma arredondada tem flagelo, mas pequeno e que não emerge da bolsa flagelar. A forma epimastigota tem forma fusiforme e alongada, com cinetoplasto em forma de bastão, se multiplicando por divisão binária. A forma amastigota apresenta forma arredondada, com cinetoplasto em forma de bastão, com bolsa flagelar e flagelo (mas não sai da bolsa flagelar) bem pequeno. A forma amastigota é intracelular e infectiva, e realiza divisão binária. Ninho de amastigotas é um aglomerado de amastigotas após sua replicação na célula hospedeira. A forma tripomastigota é infectiva, mas sem realizar multiplicação. Os tripomastigotos apresentam cinetoplasto mais arredondado e núcleo alongado. O vetor apresenta várias espécies, sendo estes hemípteros da subfamília Triatoma. A fêmea triatomínea é hematófaga obrigatória, necessitando realizar o repaste sanguíneo. Os triatomíneos são os hospedeiros invertebrados. Triatoma infestans é a principal espécie. Há espécies estritamente silvestres, infectando apenas animais silvestres ou quando o homem invade floresta. Mantém os focos naturais. Há espécies semi-domiciliares, estão em habitat silvestres, mas invadem casas e anexos próximas da floresta. Há espécies predominantemente domésticas, sendo totalmente adaptados ao domicílio, sendo as principais efetoras na transmissão de Chagas, sendo o Triatoma infestans um representante. T.cruzi pode infectar animais domésticos e/ou silvestres (tatu, porco, gambá e rato), sendo reservatórios, podendo transmitir a doença a outros triatomíneos, mas sem desenvolver a doença. Quando o triatomíneo faz o repaste sanguíneo capta formas tripomastigotas, chegando ao estômago há a diferenciação para epimastigotas. No intestino as formas epimastigotas realizam uma série de divisões binárias e se aderem à parede do intestino. No reto, há intensa multiplicação das epimastigotas, com diferenciação em tripomastigotas. Quando o triatomíneo for picar um hospedeiro, faz o repaste sanguíneo e defeca cujas fezes estão tripomastigotas, e o prurido causado pela picada oferece a porta de entrada para o tripomastigoto no hospedeiro. Atentar que o triatomíneo não injeta o parasito. Tripomastigotos infecta uma gama de tipos células (macrófagos, fibroblastos, miócitos), se diferencia em amastigotas, há intensa multiplicação e diferenciação em tripomastigotos, os quais promovem o rompimento da célula infectada e estão aptos a infectar outras células. No momento da ruptura da célula há liberação de tripomastigotas, mas também de amastigotas. Não há formas epimastigotas no hospedeiro humano. Os tripomastigotos podem infectar uma célula por penetração ativa ou por fagocitose. A interação que permite a adesão envolve transcialidase presente na membrana do parasito, retirando resíduo do ácido siálico da célula hospedeira e inserindo em sua membrana, e essa enzima torna o T.cruzi mais infectivo. GP82 é essencial para adesão do tripomastigoto à célula hospedeira. GP35/50 aumenta moléculas que realizam a sinalização celular. Durante o processo de invasão há recrutamento de lisossomos para o local, ou o T.cruzi pode se instalar em vacúolo parasitóforo, no qual se fundirão lisossomos. Quando os lisossomos se fundem há acidificação do vacúolo, e há ativação da TCtox, a qual é proteína porina, presente na membrana de T.cruzi, promovendo a ruptura do vacúolo parasitóforo, promovendo o escape do tripomastigoto para o citoplasma e realizando seu ciclo intracelular. Outra forma de transmissão é por transfusão sanguínea, nem todos os bancos de sangue fazem triagem. Utiliza-se Violeta Gentamicina, a qual deve estar em contato com o sangue por 48h para eliminar os tripomastigotos. Transplante de órgãos é outra forma de transmissão, e o uso de imunossupressores permite que haja uma infecção mais agressiva por T.cruzi, caso o órgão transplantado esteja contaminado. Há transmissão transplacentária, em casos em que há ruptura da placenta, que não se sabe se o rompimento é causado por T.cruzi ou por outras causas prévias. Acidentes de laboratório que trabalham com T.cruzi. Transmissão oral, por caldo de cana, açaí. Existem duas fases na doença de Chagas: a fase aguda e a fase crônica. De 4 a 14 dias depois da picada do triatomíneo há a fase aguda com a presença de febre, náuseas, vômitos, diarreia, conjuntivite, irritação meninges, hepatoesplenomegalia. Passando esses dias há a fase crônica, a qual pode ser assintomática, onde há desaparecimento dos sintomas, mas com continua replicação do T.cruzi. A infecção crônica sintomática apresenta cardiopatia e síndrome dos megas. O principal sinal inicial da fase aguda é a presença do Chagoma de inoculação ou sinal de Romaña. Na fase crônica há anticorpos anti-T. cruzi, com parasitemia presente ou ausente, podendo ou não infectar o triatomíneo. Na fase crônica assintomática o eletrocardiograma e exames radiológicos estão normais. Na fase crônica sintomática há miocardite chagásica aguda, que se explica pela inflamação derivada da intensa multiplicação de T.cruzi. Nessa fase há substituição dos cardiomiócitos por tecidos conjuntivos, o que leva a redução da força de contração e mecanismos compensatórios como a dilatação das cavidades ventriculares, aumento do coração para tentar manter a eficiência de bombeamento de sangue, mas não é bem sucedido levando a insuficiência cardíaca. Alguns parasitos podem ser encontrados na musculatura lisa, afetando o sistema digestivo gerando megacólon e megaesôfago, pois cólon e esôfago se encontram dilatados. Há diagnóstico parasitológico, diagnóstico clínico com anamnese buscando a história do paciente. Há diagnósticos que são mais eficientes em pacientes com parasitemia. Há a gota espessa a fresco com observação ao M.O, onde se observa as formas tripomastigotas, bem como esfregaço corado com Giemsa, sendo este que é mais útil durante a parasitemia. IFI, ELISA, PCR. 4. Leishmania spp Protozoário eucarionte, do filo Mastigophora e da Ordem Kinetoplastida, apresentando como T.cruzi cinetoplasto, pertence à família Tripanosomatidae, gênero Leishmania. É protozoário flagelado, heteróxeno. No hospedeiro invertebrado fica no lúmen do intestino do vetor, e no hospedeiro vertebrado fica em macrófagos. Há dois subgêneros, Leishmania, no qual a forma amastigota é maior, as lesões são ricas em parasitos e o que vai determinar se é Leishmania ou Viannia é aonde vai se localizar no intestino do vetor. No subgênero Leishmania o parasito habita as 3 partes do intestino do vetor, enquanto que no Viannia habita apenas nas partes mais proximais. As formas amastigotas do Viannia são menores. A transmissão se dá pela picada do inseto vetor podendo ser do gênero Phlebotomus (Velho Mundo – flebotomíneo) ou Lutzomyia (Novo Mundo). Quando o inseto para suas asas ficam abertas, as quais são transparentes. Uma variedade de mamíferos como roedores, canídeos, primatas, tatus, gambás e marsupiais são hospedeiros vertebrados. O homem se insere nessa classe devido a sua invasão a habitats silvestres. Em áreas na orla de floresta, animais domésticos como cachorros podem adentrar a floresta, serem picados pelo vetor, e pode transmitir ao homem. Existem 30 espécies no gênero Leishmania e 21 causam doenças, a qual se manifesta de formas diferentes de acordo com o status imunológico do hospedeiro, sendo bastante difícil a reversão da doença. Doença negligenciada. A forma da doença é mais grave em pacientes imunodeprimidos. 12 espécies causam a leishmaniose cutânea e uma espécie causa a leishmaniose visceral, que é a forma da doença que mais mata quando não tratada, e o tratamento é emergencial. O comprometimento das mucosas, com sua destruição, é característico da leishmaniose mucocutânea, sendo muitas vezes confundida com hanseníase, mas a leishmaniose mucocutânea afeta apenas mucosas, o que difere da hanseníase. Leishmaniose cutânea, mucocutânea, visceral, e cutânea difusa. Há também leishmaniose dérmica pós – kalazar, kalazar é a forma visceral, a qual foi tratada e tempos depois do tratamento há retorno da doença na forma cutânea, e em imunodeprimidos, pode retornar na forma visceral novamente. A lesão tem borda elevada, pode ulcerar ou não, e indolor, podendo sofrer coinfecções, principalmente bacterianas. Para buscar o parasito da lesão, deve aspirar da borda da lesão. O tratamento comum não é compatível com a leishmaniose cutânea difusa, a qual prevalece em pacientes com baixa imunidade. A forma cutânea disseminada tem menos lesões que a cutânea difusa, com o aspecto da lesão semelhante a espinhas. Na forma mucocutânea há destruição da mucosa nasal e oral. Na leishmaniose visceral o parasito apresenta tropismo por macrófagos do fígado (células de Kupffer) e do baço, e a intensa multiplicação leva a hipertrofia desses órgãos. A fêmea hematófaga realiza o repaste sanguíneo, suga o parasito. No trato digestivo do inseto há a diferenciação em promastigotos pró-cíclica, que é parecida com a forma epimastigota do T.cruzi, onde o cinetoplasto do promastigoto se localiza anteriormente. A forma promastigota pró-cíclica não é infectiva, mas é a forma replicativa no inseto. Os promastigotos pró-cíclicos migram para a porção anterior do intestino sofrendo o processo de metaciclogênese sendo diferenciada em promastigota metacíclica, a qual é não replicativa, mas é infectiva. Os promastigostos metacíclicos vão migrar para o aparelho bucal e na hora no repaste sanguíneo irá regurgitar o parasito junto com sua saliva que apresenta imunomoduladores. No ser humano quem adentra é o promastigoto metacíclico, sendo fagocitado pelos macrófagos. Após a fagocitose o parasito vai para o fagolisossomo – vacúolo parasitóforo, onde o parasito resiste por algum tempo a ação das enzimas lisossômicas e se diferencia na forma amastigota, a qual é a forma resiste do parasita e proliferativa. Os amastigotos se replicam por divisão binária de modo intenso no vacúolo parasitóforo, promovendo o rompimento tanto do vacúolo quanto da célula, entrando na microcirculação. Esses amastigotos podem encontrar novos macrófagos e, como esta também e infectiva, vai repetir o processo acima nesse novo macrófago e assim sucessivamente. Um vetor pode picar esse individuo infectado e pegar esses macrófagos infectados, e uma vez no intestino do vetor as formas amastigotas formam um ninho e rapidamente se diferenciam em promastigoto pró- cíclica, reiniciando o ciclo. A forma promastigota é encontrada no vetor é móvel, apresenta flagelo longo, é alongada e elíptica. Já a amastigota é intracelular obrigatória, sendo ovóide e apresenta flagelo curto, sendo encontrada nos hospedeiros vertebrados. A forma promastigota apresenta o flagelo saindo da parte anterior, sendo ai localizado cinetoplasto. aqui o flagelo está longe do núcleo, diferentemente das epimastigotas de T.cruzi que está mais próximo ao núcleo. O tamanho do flagelo e do corpo celular difere nas formas pro e metacíclica, na pró-cíclica o corpo é longo e o flagelo é menor, já a forma metacíclica tem corpo menor e flagelo maior, sendo esse flagelo maior muito importante na infectividade, pois permite que se desloque até o aparelho bucal do vetor. Como T.cruzi apresenta mitocôndria única e bem ramificada, sendo o DNA mitocondrial compactado no cinetoplasto, o qual está bem próximo ao flagelo. A glicólise acontece em glicossomos, como também acontece com T.cruzi. Nos amastigotos o flagelo está bem restrito a bolsa flagelar. Os amastigotos apresentam megassomo, que é semelhante a lisossomo. Promastigotas apresentam lipofosfoglicano (LPG) e glicoproteína GP63 que estão envolvidos no reconhecimento da Leishmania com o macrófago. O LPG é expresso em altos níveis por espécies patogênicas e funciona como proteção contra o sistema imune, pois impede ação das proteínas do complemento e da ação de hidrolases. O LPG é diferente nas espécies de Leishmania. GP63 é uma metaloprotease muito importante na adesão aos macrófagos. Proteofosfoglicanas (PPG) é secretada pela Leishmania, estando presente perto do LPG e atuam depletando as proteínas do complemento. As formas amastigotas apresentam poucas proteínas em sua membrana, sendo uma forma de evadir o sistema imune, mas apresenta GP63, glicoinositol fosfolipídeo (GILP). Os principais receptores presentes no macrófago são do sistema complemento e receptores de fibronectina. Diagnóstico clínico, com história clínica/ epidemiológica e o quadro clínico do paciente. Diagnóstico parasitológico, com pesquisa do parasito direto da lesão, podendo cultivar o paciente ou amplificar o DNA via PCR para identificar a espécie. Mas não importa muito identificar a espécie, pois o tratamento é comum a todas as espécies. O tratamento é baseado em antimoniais pentavalentes, os quais são primeira escolha de tratamento, mas há resistência muito alta a esses medicamentos, pois são utilizados há muito tempo. Pentamidina e Anfotericina B são a segunda escolha de tratamento. A Anfotericina B atua nos esteróis de membrana da Leishmania, que neste caso é o ergosterol, o qual se liga a Anfotericina e há formação de poros na membrana do parasito levando a lise osmótica. No entanto, a Anfotericina é nefrotóxica, pois também se liga ao colesterol, com destaque para o colesterol das células renais. Há também a Anfotericina lipossomal, que reduz a toxicidade, no entanto é muito cara. Miltefozina era utilizada como antitumoral, mas apresenta potente efeito contra a forma visceral, sendo a primeira escolha de tratamento na Índia, onde os antimoniais pentavalente apresentam resistência. 5. Plasmodium spp Plasmodium são intracelulares em determinado momento do ciclo de vida. A malária apresenta grande morbidade, mas há recente redução de infecção e morte, por controle do vetor e de programas relacionados com o tratamento. No entanto, ainda assim é a maior causa de morte por parasito. Países do hemisfério Norte, Austrália, dentre outros conseguiram eliminar o vetor, sendo denominadas áreas livres de malária. O Brasil está presente em zona de transmissão e risco, mais ainda assim a África é a responsável pela maioria dos casos. O tratamento é baseado em alcalóides da Cinchona, sendo a Quinina a pioneira. As espécies presentes no Brasil são Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax. Na maioria das infecções há a cura parasitológica, com completa eliminação do parasito, diferente do acontece com T.cruzi e Leishmania. Os sintomas são febre intermitente, calafrios, dores de cabeça, vômitos e etc, aparecendo de 10 a 15 dias após a picada pelo vetor. População suscetível Parasitemia assintomática Cura Parasitológica Parasitemia sintomática Acidose Anemia severa Malária Cerebral P. falciparum Febre terça maligna São espécies que possuem especificidade para o ser P. vivax Febre terça benigna humano, mas há espécies de Plasmodium que P. ovale Febre terça benigna evoluíram para infectar outros hospedeiros. P. malarie Febre quartã benigna O Plasmodium se encontra no sangue e a forma mais rápida de diagnostico é através de esfregaço sanguíneo e observação ao M.O. O P. falciparum apresenta forma de foice e é a espécie associada ao maior numero de mortes. A febre causada por P. falciparum é acima de 42ºC em ciclos de 48h, por isso é chamada de terçã. Já P. vivax apresenta ciclos de febre de 60 h e P.malarie de 72 h, por isso é chamada de febre quartã. A desnutrição é um importante fator de complicação, principalmente em infecção por P. falciparum. Fígado, baço, olhos e cérebro ficam impregnados de pigmento malárico, o qual é derivado do metabolismo do grupo Heme, e devido a essa impregnação os tecidos tendem a ficar fibróticos, pois o pigmento malárico é dificilmente removido, sendo a fibrose o máximo que se pode ser feito. Na malária congênita os eritrócitos infectados se acumulam na placenta impedindo a passagem de nutrientes. No entanto, o Plasmodium não atravessa a barreira transplacentária. O resultado da ação do Plasmodium é a prematuridade e aborto. O vetor da malária é o mosquito do gênero Anopheles, das espécies A. aquasalis e A. darlingi, sendo um díptero. As fêmeas são hematófagas e realizando o repaste sanguíneo inoculam o Plasmodium no hospedeiro. Há maior circulação do vetor em áreas como o Brasil, mas o número de casos não acompanha, em função da existência de zonas livres de malária, sendo que a circulação do vetor nessas áreas extremamente perigosa para o retorno da incidência da doença. Com o repaste sanguíneo o Anopheles inocula as formas esporozoítas, as quais encontram os vasos linfáticos e sanguíneos. Após 15 minutos já não há mais esporozoítas no sangue, pois os mesmos já se direcionaram aos hepatócitos. Nos hepatócitos há a esquizogonia, onde o Plasmodium se replica sucessivamente e após esse processo de replicação que leva 48, 60 ou 72 h há a liberação de parasitas através do rompimento dos hepatócitos, agora na forma de merozoítos, os quais estão aptos a invadirem as hemácias. Os merozoítos vão realizar nas hemácias o ciclo eritrocítico, nas quais irão se replicar e destruí-las ao final da replicação, a fim de serem liberados para infectar novas hemácias. Quando são liberados das hemácias os merozoítos, além de infectar nova, podem ir parar no baço onde serão destruídos. Os merozoítas são capazes de infectar hemácias, mas não são capazes de retornar ao fígado. Além de infectar hemácias, os merozoítas podem se diferenciar em gametócitos, os quais irão morrer a menos que sejam captados pelo Anopheles em nova picada e repaste sanguíneo. Os gametócitos captados pelo Anopheles irão para o intestino, no qual há diferente temperatura, pH e enzimas em relação ao hospedeiro vertebrado, condições estas que permitem a diferenciação em gametas feminino e masculino. Cada gametócito pode formar até 8 gametas, os quais parecem 8 flagelos ligados a um corpo central que é o gametócito. Há então a formação do zigoto, o qual atravessa a mucosa intestinal do Anopheles, se instalando na região da membrana basal, passando a se chamar de oocisto. Os oocistos realizam uma série de divisões esquizogônicas que darão origem aos esporozoítos, os quais se destinarão as glândulas salivares do Anophles reiniciando o ciclo. A cisteíno protease ECP1 promove a separação dos esporozoítas do oocisto. Os esporozoítos ativam as células TCD8+ antes de chegarem ao fígado, como uma forma de iniciar a resposta imune logo no inicio da infecção, a fim de que o organismo se “adapte” ao parasito, promovendo o desenvolvimento deste antes da morte do hospedeiro. Hipnozoítas são formas dormentes presentes em P.vivax e P. ovale, podendo explicar as infecções em indivíduos que já se contaminaram com malária em zonas malarígenas, foram curados e apresentaram reincidência da doença anos depois e fora das zonas malarígenas. O Plasmodium deixa uma “trilha” de moléculas chamadas AMA, que também estão envolvidas na ativação do sistema imune. O Plasmodium se replica (esquizogonia) nas hemácias e nos hepatócitos em vacúolo parasitóforo, e tal vacúolo se rompe aos poucos, liberando parasitas paulatinamente em “pacotes” chamados merossomos. Uma família de cisteíno proteases, chamada SERA está envolvida na liberação dos merozoítos do vacúolo parasitóforo. O Plasmodium altera a forma dos eritrócitos passando a expressar moléculas suas na superfície destes, possibilitando a adesão dos eritrócitos na parede dos vasos sanguíneos, em um fenômeno chamado de citoaderência ou sequestro/marginação de eritrócitos. Esta citoaderência pode ocasionar a formação de trombos. É na porção apical dos merozoítos que acontece a adesão, uma vez que ali se encontram moléculas que permitem a penetração ativa nos eritrócitos. Quando o eritrócito se rompe saem parasitos, mas também moléculas oriundas do metabolismo deste, como cristais de hemozoína, os quais são o pigmento malárico, chamado assim após de depositar nos tecidos. O excesso de cristais de hemozoína e de moléculas oriundas do metabolismo dos merozoítas, as quais são pirogênicas, são os responsáveis pela febre característica da malária. Os merozoítos captam HB através de vesículas de captação, a qual é direcionada ao vacúolo de digestão, onde se formam os cristais de hemozoína. P. falciparum infecta eritrócitos em qualquer fase de maturação, enquanto que P. vivax infecta apenas reticulócitos, os quais estão em menor proporção no sangue, o que implica em certa dificuldade em desenvolver a infecção. Indivíduos Duffy negativos (sistema Duffy é um sistema de glicoproteínas like a ABO e Rh) são mais resistentes a P.vivax, o que indica que P.vivax penetra nos eritrócitos através do reconhecimento de Duffy. A proteína EBA140 do Plasmodium interage com Glicoforina C do hospedeiro, o mesmo acontece com a ligação de EBA175 a Glicoforina A. A proteína EMP1 é a principal molécula do parasita que é expressa na membrana da hemácia. Os merozoítas ainda jovens, antes de se replicarem, já expressão proteínas na membrana do eritrócito, como KNOBS, as quais são expressas principalmente em P. falciparum, estando envolvidas em citoaderência. KNOB do P. falciparum é composta por várias moléculas que se entremeiam entre as moléculas do eritrócito. Tem destaque a proteínas EMP1, 2 e 3. EMP1 é a proteína que faz a conexão entre o eritrócito e o endotélio do vaso ou do trofoblasto. EMP1 realiza essa conexão por se ligar a proteínas de adesão presentes no endotélio como ICAM, VCAM, E-Selectina, as quais estão presentes no endotélio de qualquer vaso, mas também se ligam a CSA (condroitim sulfato) e HA (ácido hialurônico) presentes na placenta. A aderência dos eritrócitos aos vasos é uma forma de continuar o ciclo de vida do Plasmodium e impedir a sua destruição no balo. Anticorpos do hospedeiro reconhecem EMP1, mas esta sofre variação antigênica, trocando de antígeno a fim de burlar o sistema imune. Isso promove ondas de parasitemia, onde há produção de anticorpos para determinado antígeno da EMP1, promovendo redução da parasitemia, para em seguida EMP1 trocar de antígeno e aumentar a parasitemia novamente. A Cloroquina altera a permeabilidade do vacúolo de digestão, se acumulando no mesmo e promovendo o rompimento do eritrócito antes do tempo, controlando a infecção. O Plasmodium expande a membrana de seu vacúolo formando cisternas membranosas, as quais são chamadas de Fendas de Maurer, importantes na patogenia de P. falciparum, pois formam redes de antígenos que se aglomeram na superfície do eritrócito, também estando envolvidas com o forte reconhecimento pelo endotélio dos vasos sanguíneos. O diagnóstico é realizado por esfregaço sanguíneo ou gota espessa com observação ao M.O. Ao M.O A forma inicial de esquizonte apresenta a forma de anel. Pode-se realizar sorologia por ELISA, hemaglutinação, IF, imunoprecipitação, usados para identificar a espécie. A profilaxia consiste no controle do vetor com utilização de inseticidas, de repelente, de telas nas janelas e camas, melhoria nas condições de habitação, etc. 6. Toxoplasma gondii Pertence ao filo Apicomplexa, no qual também está inserido o Plasmodium. É um filo caracterizado por células polarizadas, com a parte central ocupada geralmente pelo núcleo, e a porção anterior interage com a célula hospedeira, sendo chamada de porção apical. É na porção apical que se localiza o complexo apical, o qual consiste nas proteínas de adesão. T.gondii está na natureza em vários animais de sangue quente. É muito presente na população humana, onde a maior parte desta já apresentou contato algum dia. A população humana imunocompetente geralmente consegue debelar a infecção e o parasita irá se encontrar na forma encistada intracelularmente. T.gondii não apresenta especificidade de célula hospedeira a ser infectada, como acontece na Leishmania. É um parasito que atravessa a barreira transplacentária, desencadeando a toxoplasmose congênita, a qual promove lesões no SN e de retina, retardo no desenvolvimento, microcefalia e hidrocefalia. Como sintomas há febre, adenopatia, miocardite, meningite e encefalomielite. Em imunocompetentes estes sintomas são debelados, mas ainda assim há o encistamento do parasito, diferentemente dos imunodeprimidos que poder ir a óbito. A forma mais comum de toxoplasmose é a ocular, com lesão pontual que aumenta e apresenta áreas de necrose e destruição tecidual. O tipo de lesão e sua progressão dependem da resposta do hospedeiro e da cepa de T.gondii. Pacientes com toxoplasmose ocular apresentam visão de pontos escuros como queixa e o diagnóstico deve ser dado por exame de fundo de olho e sorologia. T.gondii não apresenta flagelo ou cílios, sua célula é polarizada, apresentando na porção apical róptrias e micronemas, os quais são específicos a T.gondii. Tais estruturas atuam na secreção de moléculas que permitem a adesão e invasão da célula hospedeira. Apresenta amilopectina. Quando T.gondii se espalha pelo organismo está na forma de taquizoíto e nesta forma se prepara para encistar começando a síntese de moléculas que comporão a parede cística. Tanto taquizoítos quanto bradizoítos apresentam apicoplasto, apresentando 4 membranas, e a existência dessa estrutura é explicada pelo englobamento de plastídeo de algas. Dentro do apicoplasto há DNA, sendo o 3º DNA do T.gondii, juntamente com o presenta na mitocôndria e o nuclear. A maquinaria de replicação do DNA do apicoplasto é de origem procarionte, por isso que o uso de antibióticos juntamente com sulfadiazina e pirimetamina é recomendado no tratamento de toxoplasmose. Gatos e felídeos em geral são os hospedeiros definitivos, apresentando gametas e zigoto, o qual dará origem aos oocistos, os quais são liberados para o ambiente através das fezes. Os oocistos infectam outros animais, como animais de corte, os quais apresentarão os oocistos em sua carne, transmitindo assim para outros animais e para o homem através da predação. Qualquer animal em contato com os oocistos é potencial transmissor, podendo chegar ao homem, mas não há transmissão entre os seres humanos, já que não é convencional praticarmos canibalismo. Inicialmente T.gondii adere fracamente a celula hospedeira, se reorganizando e liberando o conteúdo de róptrias e micronemas, e com isso adere e invade entrando em vacúolo parasitóforo, onde se multiplica e promove o rompimento do vacúolo promovendo sua liberação. Podem usar linfócitos e monócitos, onde atuam como cavalo de troia. No intestino dos gatos há a liberação dos taquizoítos dos oocistos e há multiplicação dos mesmos em vacúolo parasitóforo, que não é fusogênico, já que não há fusão de lisossomos. Com esta multiplicação pode ocorrer à formação de gametócito, os quais irão dar origem aos gametas que irão formar o zigoto e posteriormente oocistos. Os oocistos serão liberados nas fezes, mas ainda estão imaturos, levando de 1 a 5 dias para amadurecer. O T.gondii pode penetrar nas células hospedeiras por fagocitose ou penetração ativa. Através de fagocitose há a formação de fagolisossomo, e com a redução de pH e ativação de enzimas lisossômicas há inicio da resposta de imune e a infecção é debelada. Já a penetração ativa apresenta o vacúolo não fusogênico, já que não há fusão com os lisossomos, além de promover a inibição da formação de ROS e NO nas células fagocíticas. A prima infecção apresenta penetração ativa do parasita, e o mesmo irá se replicar até o sistema imune reconhecer e debelar a infecção, mas sem conseguir impedir o encistamento. O perigo da toxoplasmose na gravidez não é a gestante apresentar sorologia positiva para T.gondii e sim realizar a prima infecção durante a gestação. T. gondii na prima infecção (fase aguda) forma algo similar a uma junção ocludente transitória, o que explica porque o vacúolo é não fusogênico. T.gondii secreta moléculas oriundas da róptria e de micronemas, respectivamente RON e AMA, as quais se inserem na membrana do hospedeiro e servirão como receptores para RON2 e AMA1, levando a conexão que promoverá a invasão. No oocisto há 8 esporozoítos, os quais irão adentrar a célula hospedeira. Nos cistos presentas na carne de animais de corte há presença de bradizoítos. Em ambos os casos, dentro do vacúolo parasitóforo há a replicação e a secreção de moléculas que levarão a formação de rede túbulo vesicular (nessa etapa já é taquizoíto), a qual ajuda na organização do parasito e na expressão de moléculas transportadoras que podem estar envolvidas na captação de nutrientes. A replicação acontece por endodigenia, na qual há o crescimento da célula mãe e dentro desta há a formação de duas células filhas. As organelas da célula hospedeira se localizam próximas à membrana do vacúolo parasitóforo em função da alteração no centro organizador de microtúbulos. Isso faz com que os ácidos graxos, purinas, ferro, glicose, arginina e triptofano sejam captados pelo parasito. O parasito aumenta a expressão de receptores de LDL na célula infectada a fim de aumentar a sua captação. Antes mesmo do parasito se inserir na membrana da célula hospedeira há a secreção de moléculas da róptria e de micronemas que irão atuar no citoplasma da célula hospedeira, mas também em seu núcleo, como ROP116, PP2C, as quais atuam alterando a transcrição gênica da célula hospedeira. Após todos estes processos os taquizoítos, que caracterizam a fase aguda da infecção, se diferenciam em bradizoítos que se preparam para encistar e caracterizam a fase crônica da infecção. Após a montagem da resposta imune via IFNγ, TNFα e IL-12 há a conversão em bradizoítos e a secreção de proteínas que sintetizarão a parede cística. O processo de reativação da infecção consiste na conversão de bradizoítos em taquizoítos em função de baixa no sistema imune, caracterizando a toxoplasmose como doença oportunista. No processo de conversão de taquizoítos em bradizoítos há a redução da expressão de SAG 1 e 2, a célula hospedeira fica em G 0 e o metabolismo fica mais lento Laboratorialmente isso pode acontecer através de choque de pH e de inibição da atividade mitocondrial. O cozimento de carne acima de 60ºC por 10 minutos mata o parasito, bem como o congelamento a -20ºC durante 48h. Deve-se evitar o contato de gestantes com felinos, as quais devem realizar durante o pré-natal a sorologia para toxoplasmose. Além do cozimento acima retratado deve-se higienizar adequadamente os alimentos, principalmente os que serão ingeridos crus. Deve-se limpar diariamente a área onde os gatos defecam. Se a gestante apresenta IgM positiva e IgG positiva significa que está na fase aguda da infecção, devendo-se iniciar imediatamente o tratamento com Espiramicina. Deve-se realizar após 2 semanas nova sorologia, e se mantiver o mesmo perfil das imunoglobulinas deve-se iniciar o tratamento com sulfodiazina e pirimetamina e com acompanhamento rigoroso, em função da toxicidade desses fármacos, principalmente durante o primeiro trimestre de gestação. De a gestante apresenta IgM negativa e IgG positiva não precisa realizar tratamento, pois apresenta a fase crônica da infecção, devendo manter acompanhamento a fim de observar possível reativação da infecção. Se a gestante apresenta IgM e IgG negativas há possibilidade de realizar a prima infecção durante a gravidez, devendo-se realizar rigorosamente as medidas profiláticas.

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