Summary

Este documento aborda o controle da pressão arterial, detalhando os conceitos fundamentais de débito cardíaco e resistência periférica total, bem como os mecanismos de regulação da pressão arterial, incluindo o reflexo barorreceptor arterial e o reflexo receptor de volume atrial. Abrangem os diferentes mecanismos fisiológicos envolvidos no controle da pressão sanguínea e as respostas do sistema cardiovascular a alterações na pressão.

Full Transcript

**CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL**[^1^](#fn1){#fnref1.footnote-ref} O fluxo sanguíneo, para os tecidos, é impulsionado pela diferença de pressão entre o lado arterial e venoso da circulação. A pressão arterial média (PAM) é a força impulsionadora do fluxo sanguíneo a todos os órgãos e deve ser mantid...

**CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL**[^1^](#fn1){#fnref1.footnote-ref} O fluxo sanguíneo, para os tecidos, é impulsionado pela diferença de pressão entre o lado arterial e venoso da circulação. A pressão arterial média (PAM) é a força impulsionadora do fluxo sanguíneo a todos os órgãos e deve ser mantida em nível elevado e constante, aproximadamente, 100 mmHg. A ejeção de sangue pelo ventrículo esquerdo na aorta causa distensão da artéria e a sua pressão aumenta até um valor chamado de pressão sistólica (tipicamente 120 mmHg). Entre as ejeções o sangue continua a sair da aorta para as artérias de menor calibre. Essa saída de sangue da aorta causa uma diminuição na pressão aórtica. O valor mínimo da pressão aórtica, imediatamente antes da próxima ejeção cardíaca, é chamado de pressão diastólica (tipicamente 80 mmHg). A pressão aórtica média representa a energia potencial para levar o sangue através da circulação sistêmica. A pressão arterial sistêmica média é o produto aritmético de dois fatores: (1) **o débito cardíaco** e (2) a **resistência periférica total (RPT)**, que é a resistência combinada ao fluxo de todos os vasos sanguíneos sistêmicos. O débito cardíaco e a resistência periférica total estabelecem a pressão arterial (Pa) sistêmica média, pois eles determinam o volume de sangue nas artérias sistêmicas e é este volume de sangue que produz a pressão. Nunca é demais enfatizar essa relação: ***todas as alterações da pressão arterial média devem resultar de alterações do débito cardíaco e/ou da resistência periférica total.*** Existem mecanismos que são responsáveis pela manutenção de um valor constante para a pressão arterial, pois comparam a Pa com o valor prefixado de 100 mmHg. Se a Pa aumenta acima desse valor ou diminui abaixo dele, o sistema cardiovascular faz ajustes do DC, na RPT, ou em ambos, na tentativa de retornar a Pa para o valor estabelecido. A resistência total da circulação sistêmica é conhecida como resistência periférica total (RPT). Ocorre grande redução de pressão quando o sangue é forçado a fluir pelas arteríolas. A vasoconstricção arteriolar em um órgão aumenta a resistência e diminui o fluxo sanguíneo daquele órgão. Se um ou mais órgãos estiverem vasoconstritos a resistência periférica total aumenta e ocorre um aumento na pressão sanguínea arterial. O aumento da pressão arterial aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos que não estão em vasoconstricção. A distribuição do fluxo sanguíneo para os diversos órgãos, para qualquer valor da pressão arterial, depende principalmente dos raios das arteríolas em cada rede vascular. A pressão arterial e a resistência arteriolar não são variáveis independentes - a resistência arteriolar é um dos principais fatores determinantes da pressão arterial*.* Caso ocorra vasoconstricção em uma rede arteriolar o sangue encontra dificuldade em fluir e se acumula na rede anterior de vasos que são as artérias. A Pa é regulada por dois sistemas principais. O primeiro sistema é neuro mediado e conhecido como REFLEXO BARORRECEPTOR. O reflexo barorreceptor tenta restaurar a Pa para seu valor prefixado em questão de segundos. O segundo sistema, **O REFLEXO RECEPTOR DE VOLUME ATRIAL,** é hormonalmente mediado e inclui o sistema renina-angiotensina-aldosterona, que regula a Pa mais lentamente, principalmente, pelo seu efeito sobre o volume de sangue. **As influências do sistema nervoso e dos hormônios sobre o sistema cardiovascular são coletivamente referidas como mecanismos neuro-humorais de controle cardiovascular.** A função total dos mecanismos de controle neuro-humoral é controlar a pressão e o volume sanguíneos de tal forma que possa ser liberado um fluxo sanguíneo adequado para todos os órgãos corpóreos, ou pelo menos para os órgãos críticos. A fim de fornecer fluxo sanguíneo adequado para órgãos críticos, os mecanismos neuro-humorais podem reduzir temporariamente o fluxo sanguíneo para órgãos não críticos abaixo de um nível normal ou ideal. **O REFLEXO BARORRECEPTOR ARTERIAL** A pressão sanguínea é monitorada por terminações nervosas sensíveis à pressão conhecidas como barorreceptores. Os barorreceptores enviam impulsos aferentes para o sistema nervoso central, o qual, reflexamente, altera o débito cardíaco ou a RPT para conservar a pressão sanguínea em nível normal. O reflexo barorreceptor arterial se inicia pela ativação de terminações nervosas especializadas que estão embutidas nas paredes das artérias carótidas e do arco aórtico. Essas terminações são sensíveis à distensão ou ao alargamento da parede arterial. A pressão arterial é a força natural que as distende. A frequência dos potenciais de ação (impulsos nervosos) iniciados pelo barorreceptores é proporcional à pressão arterial. Os neurônios aferentes dos barorreceptores do arco aórtico correm nos nervos vagos (X par de nervo craniano) e os do seio carotídeo pelo nervo de Hering, que se juntam ao nervo glossofaríngeo (IX par craniano). Por meio destes nervos aferentes, o cérebro recebe informação contínua sobre a pressão arterial. O centro integrador primário dos reflexos barorreceptores consiste em uma rede difusa de neurônios altamente interconectados, denominados **centro cardiovascular bulbar,** localizado no bulbo. As fibras deste centro fazem sinapse com os neurônios autonômicos simpáticos e parassimpáticos e exercem influência dominante sobre eles. O cérebro responde à diminuição na atividade aferente dos barorreceptores reduzindo a atividade parassimpática e aumentando a atividade simpática. A atividade simpática está aumentada para as arteríolas de todos os órgãos, mas particularmente para arteríolas de órgãos não-críticos (rins, órgãos da cavidade abdominal e musculatura esquelética em repouso). A ativação simpática provoca a vasoconstricção dessas arteríolas, o que aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo nesses órgãos e, portanto, aumenta a RPT. O aumento na resistência periférica auxilia a restaurar a pressão sanguínea arterial de volta ao seu nível normal. A atividade simpática para o coração também está aumentada. Isto resulta em maior **contratilidade cardíaca**, que aumenta o volume de ejeção e também o débito cardíaco. A ativação simpática também aumenta a **frequência cardíaca**, que aumenta ainda mais o débito cardíaco. O aumento no débito cardíaco auxilia na restauração da pressão sanguínea ao normal. A maior descarga simpática também influencia o sistema venoso. O músculo liso das veias se contraem sobre influência simpática, aumentando o tônus venoso e pressão venosa **o que favorece o retorno venoso e o enchimento ventricular.** Como consequência teremos um maior volume diastólico final e maior volume sistólico o que também aumenta o débito cardíaco. **O REFLEXO RECEPTOR DE VOLUME ATRIAL** O reflexo receptor de volume atrial é iniciado por terminações nervosas sensoriais especializadas, localizadas principalmente nas paredes do átrio direito e esquerdo. Estas terminações nervosas são ativadas por estiramento, mas são denominadas receptores de volume, pois o volume de sangue de cada átrio determina o quanto a parede de cada átrio é estirada. Quando o volume atrial diminui, a pressão do átrio também se reduz, e o mesmo ocorre com o estiramento da parede do átrio. Isto leva a redução na frequência de potenciais de ação gerados nos receptores de estiramento atrial. O SNC responde, de forma reflexa, a diminuição na atividade aferente dos receptores de volume atrial, aumentando a atividade eferente para o coração e as arteríolas sistêmicas e reduzindo a atividade parassimpática eferente para o coração. Neste aspecto o reflexo barorreceptor e de volume atrial exercem efeitos sinérgicos. Na realidade, o reflexo barorreceptor de volume atrial exacerba a eficácia do reflexo barorreceptor como regulador da pressão sanguínea. **No entanto, o reflexo receptor de volume atrial atua em três modos adicionais para auxiliar no restabelecimento do volume sanguíneo.** 1. Primeiro, o reflexo atua por meio do hipotálamo para aumentar a sensação de sede. Isto fornece o líquido necessário para aumentar o volume sanguíneo em direção ao normal. 2. Segundo, o hipotálamo e a glândula hipófise atuam para aumentar a liberação do hormônio anti-diurético (ADH). O ADH age sobre os rins para diminuir a produção de urina. 3. O terceiro modo, é estimular a liberação do hormônio renina a partir dos rins, a renina atua elevando a produção de angiotensina II, que aumenta a produção do hormônio aldosterona, o qual age para diminuir a quantidade de sódio excretada pelos rins, que resulta em uma maior absorção de água nas partes distais dos néfrons. ![](media/image2.png) ::: {.section.footnotes} ------------------------------------------------------------------------ 1. ::: {#fn1} Texto elaborado a partir dos livros Tratado de Fisiologia Veterinária. James G. Cunningham; Bradley G. Klein. Quarta Edição. 2008 ; Fisiologia. Linda S. Constanzo. Quarta edição. Elsevier, 2011.[↩](#fnref1){.footnote-back} ::: :::

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