Desafio Cético - Filosofia 11º ano - PDF

Summary

Este documento apresenta um resumo da atividade cognoscitiva segundo a teoria tripartida do conhecimento, incluindo ceticismo radical, absoluto ou global e ceticismo moderado. Fornece proposições e argumentos sobre a possibilidade do conhecimento, descrevendo o ceticismo radical (pirrónico), seus argumentos contra o conhecimento e as divergências entre as opiniões.

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O que é a filosofia? 1 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva [Filosofia do Conhecimento] Segundo a teoria tripartida do conhecimento, só temos conhecimento efetivo, quando estiverem reunidas três condições: a crença, a verdade e a justificação. O desafio cético...

O que é a filosofia? 1 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva [Filosofia do Conhecimento] Segundo a teoria tripartida do conhecimento, só temos conhecimento efetivo, quando estiverem reunidas três condições: a crença, a verdade e a justificação. O desafio cético Será que o conhecimento é possível? Será possível ter uma crença não só verdadeira como satisfatória e suficientemente justificada acerca de alguma realidade? O desafio cético Será que o conhecimento é possível? Ceticismo radical, Nega a possibilidade do conhecimento. absoluto ou global Considera que o conhecimento é possível, mas que há Ceticismo moderado limites nele e/ou que o saber é apenas provável. Um cético moderado pode, por exemplo, duvidar que haja conhecimento na Ética e na Estética, mas não na Física e na Matemática. Pirro de Élis (c. 365-275 a. C.) foi o fundador do ceticismo radical (ceticismo pirrónico). Esse estado de espírito conduz o sábio à ataraxia ou ausência de Não há justificações suficientes para as nossas crenças. perturbação. As justificações são sempre falíveis e insuficientes. Nem a razão[pensamento] nem a experiência proporcionam A tranquilidade e a serenidade boas justificações para as nossas crenças. conduzem o Logo, à falta de justificação adequada, nenhuma das nossas indivíduo à crenças pode ser considerada conhecimento. felicidade. O mais sensato é, portanto, suspender o juízo em vez de dizermos que sabemos seja lá o que for. Não sabemos aquilo que pensamos saber. Ceticismo radical (ceticismo pirrónico) defende que… Não existe realmente conhecimento e que aquilo a que chamamos conhecimento não passa de uma ilusão. Pode suceder que certas crenças que consideramos verdadeiras sejam, afinal, falsas. E, nesse caso, não serão conhecimentos. Mas, mesmo que algumas das nossas crenças sejam verdadeiras, não estão justificadas. E, por isso, não serão também conhecimentos. O desafio cético Raposo, S.; Pires, C. (2022) Dúvida Metódica. Filosofia 11ºano. Texto Editora Texto 2_ página 21 Argumento principal dos céticos radicais Se há conhecimento, então há crenças justificadas. Não há crenças justificadas. O ceticismo radical é Logo, não há conhecimento. autorrefutante, Este argumento apresenta uma contraditório forma lógica válida. Qual? Modus Tollens Ao afirmar que não temos O argumento é válido. Será sólido? crenças verdadeiras justificadas, já exprime a crença verdadeira justificada de que não há Sendo a primeira premissa bastante consensual, o crenças verdadeiras cético radical terá de mostrar que a segunda premissa justificadas. também é verdadeira, ou seja, que não temos qualquer crença que esteja justificada. Argumentos contra a possibilidade do conhecimento Erros e ilusões dos sentidos Os erros e ilusões dos sentidos mostram que nenhuma crença neles baseada está devidamente justificada. Ilusão de E. B. Titchener Ilusão de Müller-Lyer Argumentos contra a possibilidade do conhecimento Erros e ilusões dos Discordância e sentidos divergência de opiniões As divergências de opiniões mostram que nenhuma delas está devidamente justificada. processo de justificação não Argumentos contra a possibilidade do conhecimento justificação mostra que o A regressão infinita da Erros e ilusões dos Discordância e Regressão infinita da Exemplo sentidos divergência de opiniões justificação pág. 24 tem fim. Pássaros A tentativa de justificar uma crença envolve sempre uma regressão infinita da justificação; cada crença precisa de uma justificação e a justificação de uma nova justificação, numa regressão sem fim. Desse modo, parece que nem a primeira nem qualquer uma das outras crenças está justificada. Por isso, dizem os céticos radicais, nunca conseguimos justificações adequadas. Argumentos contra a possibilidade do conhecimento Erros e ilusões dos Discordância e Regressão infinita da sentidos divergência de opiniões justificação Não temos crenças justificadas. Por isso, não temos conhecimento. Tudo isto conduz à dúvida A suspensão do juízo conduz à ataraxia (imperturbabilidade). e à suspensão do juízo. Em verificação_pág.24 A resposta do Fundacionalismo A resposta do fundacionalismo Se, negando o ceticismo radical, admitirmos que algum conhecimento é possível, então podemos colocar a pergunta: Qual é o fundamento dessa possibilidade? Fundacionalismo Perspetiva segundo a qual o conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue a partir de fundamentos certos, seguros e indubitáveis. A resposta do fundacionalismo «O propósito último de Descartes é descobrir proposições indubitáveis, sólidas como a rocha, que possam (…) fornecer fundamentos inabaláveis sobre os quais erigir o edifício do conhecimento.» Bryan Magee, Os grandes Filósofos, Presença, Lisboa 1989 Na demanda por esse fundamento, Descartes tentou encontrar pelo menos uma crença que fosse indubitável e básica. Uma crença será básica se a sua verdade for completamente evidente e não necessitar de uma justificação exterior, pois autojustifica-se devido a essa enorme evidência. Essa crença poderá justificar outras crenças sem ela própria precisar de ser justificada por outra crença. A sua identificação permitirá refutar o argumento cético da regressão ao infinito. Paulo acredita que Crença A está a ver um extraterrestre. Paulo acredita que J Crença B está a ver uma criatura com olhos grandes. U S Paulo acredita que Crença C a sua visão não o engana. T I F Paulo acredita que Crença D é uma pessoa saudável. I C A Crença E Ç Há crenças básicas: Fundacionalismo à elas são o fundamento do conhecimento. O Crença F Não há crenças básicas: Ceticismo radical há uma regressão infinita da justificação. … Texto 3_ página 26 Não são autoevidentes e são justificadas por outras. não-básicas Justificação inferencial Crenças básicas São autoevidentes e justificam-se a si mesmas. Justificação não inferencial As crenças básicas são crenças fundacionais, sendo infalíveis, irrefutáveis e indubitáveis. Elas suportam o sistema do saber. Não podem ser postas em causa. Não podem ser provadas Não podem estar erradas. Não admitem dúvidas. erradas — nenhum argumento Se uma crença é infalível, então é Evidentes. Qualquer tentativa de ou evidência consegue refutá- impossível que seja falsa. duvidar dessas crenças é inútil las. Em verificação_pág.27 ou contraditória. Fontes de conhecimento Perguntar pelos Quais são as fontes de justificação das nossas crenças? fundamentos é perguntar pelas fontes de O facto de haver diferentes formas de justificar as crenças que temos por justificação das verdadeiras remete-nos para o problema das fontes de conhecimento. nossas crenças ou pela justificação que apresentamos para mostrar que as nossas crenças Fontes de conhecimento são verdadeiras. Razão Experiência (pensamento) (sentidos) Proposição Proposição a priori a posteriori Proposição que pode ser Proposição que só pode ser conhecida sem recorrer à conhecida recorrendo à experiência. experiência. Exemplos: Exemplos: A neve é fria. Nenhum solteiro é casado. A língua oficial da Região Autónoma 23 + 5 = 28. da Madeira é o Português. Modos de conhecimento Conhecimento Conhecimento a priori a posteriori Conhecimento que não pode ser obtido Conhecimento que pode ser obtido independentemente da experiência sensível, independentemente da experiência sensível, ou seja, ou seja, é necessário recorrer aos sentidos para o obter apenas através da razão ou do pensamento. (conhecimento empírico). A justificação das crenças tem por base A justificação das crenças tem por base unicamente a razão ou o pensamento. a experiência sensível. Em análise_ Excerto da CRP_Immanuel Kant Em verificação_pág.30 Vídeo_ Racionalismo e Empirismo_EV A origem do conhecimento Vídeo_ Racionalismo e Empirismo_EV Racionalismo Empirismo A origem de todo o conhecimento é a razão A principal fonte de conhecimento provém dos sentidos | da experiência sensível Características Características Não rejeitam a importância do pensamento, apenas afirmam que a experiência sensível é a mais importante Os seres humanos possuem ideias inatas que estão Não há nada no pensamento que não tenha passado na base dos princípios fundamentais do pelos sentidos conhecimento O pensamento é uma espécie de tela vazia, em que os Os sentidos podem ser enganadores e não são fonte dados da experiência vão escrevendo, pintando o que segura de aquisição de conhecimento chega através dos sentidos O raciocínio [o que nos separa dos restantes animais] As ideias ou pensamentos não são mais que lógico-dedutivo VS experiência prática representações das impressões sensíveis As ideias derivam das impressões Cabe ao pensamento organizar| separar as informações que chegam dos sentidos Vídeo_ Racionalismo e Empirismo_EV Racionalismo Empirismo (próximo do) DOGMATISMO (próximo do) CETICISMO Consideram que o conhecimento é possível, Falam apenas em conhecimentos mais ou menos depositando grande confiança na razão prováveis, negando verdades absolutas e ideias humana. Crença de que é possível alcançar a verdade inatas. Não podemos alcançar verdades absolutas absoluta no conhecimento. Acreditam que existem verdades sobre o mundo. O conhecimento do mundo é baseado em inquestionávais que podem ser conhecidas pela experiências e essas experiências não nos dão razão. certezas absolutas. O racionalismo e o empirismo Racionalismo Empirismo Destaca a importância da razão Destaca a importância da experiência e considera que temos algum conhecimento e considera que não temos conhecimento do mundo do mundo sem recurso à experiência sem recorrer a ela – conhecimento a priori acerca do mundo. – não há conhecimento a priori acerca do mundo. O racionalismo e o empirismo Análise da informação da pág. 31 Racionalismo A razão (entendimento) Só através da razão é que se pode encontrar um é a fonte ou a origem principal conhecimento seguro, apoiado em princípios evidentes e do conhecimento. totalmente independente da experiência sensível (a priori). Conhecimento de verdades necessárias (exemplo: 4 + 5 = 9). O modelo do conhecimento encontra-se na matemática. Conhecimento a priori O conhecimento a priori é obtido pela intuição e pelo raciocínio. Existe conhecimento a priori acerca do mundo. Inatismo Perspetiva segundo a qual algum do nosso conhecimento é inato. Empirismo A experiência é a fonte principal de conhecimento. Não existem ideias, conhecimentos e princípios inatos. Todo o conhecimento do mundo tem de ser adquirido através da experiência. É na experiência que o conhecimento tem o seu fundamento e os seus limites. Para os empiristas, algumas verdades podem ser conhecidas a priori. Mas elas são desinteressantes, triviais, não-instrutivas, tautológicas e nada nos dizem acerca do mundo. Qualquer conhecimento substancial, ou acerca do mundo, tem de ser adquirido através da experiência. As ideias presentes no conhecimento a priori também derivam da experiência. Racionalismo Empirismo A razão é a fonte principal de conhecimento. A experiência é a fonte principal de conhecimento. Existem conhecimentos a priori acerca do mundo. Não existem conhecimentos a priori acerca do mundo. Há conhecimento inato Nenhum conhecimento é inato. (mas apenas para alguns racionalistas). As ideias fundamentais O conhecimento do mundo descobrem-se por intuição intelectual. obtém-se através de impressões sensoriais. Vídeo_ Racionalismo e Empirismo_EV

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