Modelos de Cognição Social da Saúde PDF
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This document presents different models of health behavior, including the social cognition model, rational action model, planned behavior model, and the health motivation theory. It explores the factors that influence health-related behaviors and the process of adopting protective behaviors. The content discusses attitudes, norms, perceived control, self-efficacy, and the impact of prior experiences on health behaviors.
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1. Modelo da Cognição Social da Saúde - Analisam os fatores que predizem os comportamentos / intenções comportamentais e as razões pelas quais os indivíduos falham na manutenção de um comportamento que se comprometeram a implementar (fatores emocionais – stress, ansiedade; sociais – falta de apoio,...
1. Modelo da Cognição Social da Saúde - Analisam os fatores que predizem os comportamentos / intenções comportamentais e as razões pelas quais os indivíduos falham na manutenção de um comportamento que se comprometeram a implementar (fatores emocionais – stress, ansiedade; sociais – falta de apoio, pressão; contextuais – mudança de trabalho, problemas pessoais) - As cognições sociais (crenças, influências) são uma componente central na implementação de comportamentos relativos à saúde - Pessoas como processadores de informação, mas inclui as representações individuais (crenças), do mundo social (normas, valores) e crenças normativas (o que é aceite ou esperado num contexto social) - Decorre da aprendizagem social de Bandura, o comportamento é determinado pelas expectativas em relação ao resultado da situação, da ação, auto-eficácia, incentivos e consequências 2. Modelo da Ação Racional - Para realizar um comportamento é necessária uma intenção para realizá-lo - As intenções de implementar comportamentos relacionados à saúde são influenciadas por atitudes sobre o comportamento (se for benéfico, + prob de fazê-lo) e normas subjetivas sobre o mesmo (pressão social e aprovação) - Atitudes: produto de crenças sobre o comportamento e avaliação dos resultados - Normas subjetivas: crenças relativas à perspetiva dos outros e motivação para a adesão - Werdt: variáveis de personalidade seriam pré-requisitos para a formação de intenções de comportamentos de saúde, como ansiedade face à doença (se sentir +, tanto pode evitar k como motivar para a ação), conhecimento sobre a doença (+ conhecimento, + motivação), locus de controlo (crença de que pode influenciar os resultados -> + adesão) e variáveis sócio-demográficas - Baixo nível de ansiedade, conhecimento razoável e a crença elevada no locus de controlo são condições / pré-requisitos para uma atitude e normas subjetivas positivas e adesão - Adequado para explicar os mecanismos subjacentes ao comportamento de adesão a regimes terapêuticos - Deve-se focar na promoção de conhecimentos pelos pacientes, diminuição da ansiedade, criação de um locus de controlo interno, criação de uma atitude positiva face ao tratamento e estabelecimento de normas subjetivas positivas 3. Modelo do Comportamento Planeado - Representa uma evolução do modelo da ação racional, acrescenta dois componentes: perceção do controlo do comportamento e perceção de barreiras - Os determinantes imediatos do comportamento são a intenção de agir e a perceção de controlo sobre o comportamento - Destaca intenções (tentar realizar) do comportamento e há uma combinação de crenças - Planos de ação para atingir objetivos comportamentais - Componentes: Intenções: 1. Atitudes em relação ao comportamento: avaliação pessoal positiva ou negativa de um k específico 2. Normas subjetivas: perceção de normas sociais e pressões para realizar ou não, avaliação da motivação (ou não) para submeter à pressão 3. Controlo comportamental percebido: crença de que consegue realizar o comportamento, baseado no controlo interno (competências, aptidões) ou externo (barreiras, oportunidades), tem influência direta na intenção e indireta sobre o comportamento - Estes 3 fatores têm um efeito direto no comportamento (se sente que tem total controlo sobre um k, + prob de executar) e permitem o aumento da capacidade de predição (se a pessoa conseguirá executar ou não) - Utilizada na investigação de comportamentos relativos à saúde e estudos sobre a adesão terapêutica - A intenção comportamental é influenciada pelas normas subjetivas e pelas atitudes, já a relação entre intenção e comportamento varia consoante os estudos e comportamentos Críticas ao modelo: - O modelo é limitado ao ignorar como o tempo e experiências prévias podem alterar os fatores que levam ao comportamento - Não considera o tempo entre ter a intenção e executar o comportamento -> as intenções podem mudar - O modelo assume que atitudes, normas subjetivas e perceção de controlo causam a intenção e depois o comportamento, mas pode acontecer o contrário, comportamentos prévios podem influenciar atitudes e perceções 4. Teoria da Motivação Protetora (Rogers) - O comportamento (adaptativo ou desadaptativo) é resultado de dois processos de avaliação: - Avaliação de ameaça é baseada na perceção de vulnerabilidade face à doença (risco percebido de ser afetado) e na gravidade de ameaça à saúde - Avaliação das aptidões de confronto inclui dois componentes: - Eficácia ação-resultado: expectativas pessoais de que uma ação remove a ameaça - Auto-eficácia: crença na capacidade pessoal em executar essa ação com sucesso “Fazer exercício reduz o risco de doença (eficácia) e ela é capaz de incorporar na sua rotina (autoeficácia)” - Estes dois processos em conjunto dão origem a uma intenção de realizar um comportamento adaptativo -> motivação protetora - O medo de sofrer de uma doença ou dano predispõe a ação em função da perceção de gravidade, perceção de suscetibilidade e benefícios intrínsecos - É uma evolução do modelo de crenças da saúde e do modelo do comportamento planeado e tem influência da teoria da aprendizagem social - Lazarus e Leventhal descrevem as estratégias (adaptativas ou desadaptativas) de enfrentamento da doença como o resultado da avaliação de ameaça (ansiedade, medo) e da resposta de enfrentamento (coping) - Num primeiro momento procura explicar a importância das emoções (medo) -> pode influenciar crenças, intenções e comportamentos, impulso para a motivação/ação; se a informação for securizante, evita/diminui o medo - Se a concretização dos comportamentos reduz o medo, a resposta é reforçada e a repetição vai aumentar; se não reduzir o medo, gera negação e evitamento (estratégias de confronto inadaptativas) - O medo provém de duas fontes de informação: ambientais (media, observação, conversas) e internas (experiências pessoais) - Respostas desadaptativas: colocam a saúde em risco, consequências negativas, ausência de comportamentos protetores (não adesão) - Respostas adaptativas: seguir concelhos de ação, implementar estratégias protetoras -> reduzir a ameaça (adesão) - Numa segunda fase aborda a teoria da comunicação persuasiva -> informações sobre a ameaça, estratégias de enfrentamento e apelo ao medo para motivar comportamentos protetores; enfatizando o papel dos fatores cognitivos (crenças) na regulação e mudança do comportamento - Coping: esforços cognitivos e comportamentais contínuos para lidar situações internas ou externas percebidas como ameaçadoras; inclui mecanismos defensivos, comportamentos emocionais e racionais para enfrentar problemas; vários tipos de estratégias como: - Aptidões instrumentais de confronto – centram na alteração da relação pessoa-ambiente - Regulação emocional – centram no controlo das emoções e da ativação fisiológica - Aptidões paliativas de confronto – competências como distração, negação, expressão de afetos - Estratégias de controlo primárias / ativas: focadas na modificação objetiva do problema, podem ser comportamentais ou cognitivas - Estratégias de controlo secundárias: aumentar os recursos pessoais para lidar com o problema - Estratégias evitantes: negação, afastamento do problema, distração, minimizar, aliviar a tensão - Existe uma relação não-linear entre medo e resposta (U invertido) -> no início o medo aumenta e é motivador para dotar comportamentos protetores; quando atinge um pico (moderado/alto) há um efeito oposto, reduzindo a probabilidade de comportamentos protetores - Baixo nível de medo: não motiva ações protetoras - Médio nível de medo: resposta máxima de ativação cognitiva e adoção de k protetores - Elevado nível de medo: pode levar a respostas desadaptativas como evitamento e negação “Fumar faz mal, mas isso não me afeta” “Fumar aumenta em 50% o risco de cancro, se parar agora posso reverter esse risco” “Já fumo há anos, já estou condenado” - Custos ou desvantagens de adotar k desadaptativos -> + prob de resposta desadaptativa -> limitam a motivação protetora - Motivação protetora: variável moderadora cuja função é ativar, manter e dirigir comportamentos protetores da saúde e facilita a adoção de k adaptativos A motivação para que alguém se proteja do perigo é uma função de quatro crenças: 1. A ameaça é grave 2. Existe uma vulnerabilidade pessoal 3. Tem a capacidade de efetuar a resposta de coping 4. A resposta de coping é eficaz para reduzir a ameaça Principais pesquisas: promoção de estilos de vida saudáveis (- álcool) e adesão a rastreios e prevenção Principais resultados: apelos de medo apenas focados na ameaça (gravidade e vulnerabilidade) não são tão eficazes, para serem mais eficientes têm de incluir informações sobre a resposta de enfrentamento (como lidar) Críticas - Linearidade contínua na resposta ao medo: o modelo simplifica a relação entre medo e comportamento, ignorando que respostas adaptativas dependem de outros fatores além da perceção de ameaça, por isso, o medo por si só nem sempre motiva ações protetoras de forma linear 5. Teoria da Auto-Regulação da Saúde (Levanthal) - Abordagem específica que explora como é que os indivíduos gerem a sua saúde de forma consciente e inconsciente, combina conceitos de biologia, psicologia e sociologia para compreender os processos pelos quais as pessoas mantêm, recuperam ou melhoram a saúde Origens: - Teorias cognitivas de auto-regulação do comportamento (+ ampla que esta), investigações sobre o impacto das mensagens ameaçadoras no comportamento de promoção da saúde (TMP) e teoria de Bandura - Baseia-se na intencionalidade do comportamento e ser orientado por determinados objetivos - As teorias cognitivas de auto-regulação focam em como os processos cognitivos (avaliar, planear) ajudam as pessoas a atingir objetivos em vários domínios (trabalho, relações) acentuam o papel ativo e intencional do indivíduo na implementação de estratégias cognitivas e de comportamentos com a intenção de atingir um objetivo desejado Auto-regulação - Segundo Maes e Gebhardt é a tentativa individual para guiar o comportamento ao longo do tempo para alcançar objetivos específicos - Processos internos e/ou transacionais que permitem ao indivíduo guiar as suas atividades para alcançar os seus objetivos ao longo do tempo e contextos (está a chover, em vez de ir correr posso ir ao ginásio ou ver tv) -> resolver situações de adversidade, modulação do pensamento, sentimentos, ações através do uso automático ou intencional (planear, escolher) dos mecanismos específicos e meta-competências de apoio - Este processo inicia-se quando uma atividade quotidiana é contrariada perante uma adversidade ou quando o esforço/motivação para alcançar os objetivos se torna determinante - Processo de 3/5 fases: 1. Definição e seleção de objetivos pessoais 2. Planeamento de estratégias para os alcançar 3. Implementação e manutenção dos comportamentos (auto-monitorização) 4. Mudança direcional ou redefinição de prioridades (se necessário) 5. Finalização (analisar a relação entre produto e plano) - Os objetivos são hierarquizados - Nível superior: ser saudável - Nível inferior: praticar atividade física, comer bem - Estruturados segundo metas pessoais - O indivíduo estipula, para si, um conjunto de objetivos em diversos contextos e procura a sua concretização, pode haver uma necessidade de priorizar / hierarquizar; podem competir entre si e gerar conflitos -> obstáculo à mudança comportamental Subfunções do sistema de auto-regulação do comportamento 1. A auto-observação - Perceções que o próprio individuo tem a respeito do seu desempenho nas atividades que realiza; permitem ao indivíduo identificar o seu próprio comportamento (monitoramento) - Dimensões do desempenho: qualidade, quantidade, originalidade, sociabilidade, moralidade e desvio 2. Processos de julgamento - Ações e escolhas são julgadas e avaliadas, considerando o próprio comportamento, circunstâncias, valor da atividade, padrões pessoais, desempenho, normas, objetivos, experiências anteriores, comparação com outros 3. Processo de auto-reação - O individuo pode ficar satisfeito com o seu desempenho e procurar alguma recompensa, ou pode ficar insatisfeito, desmotivado, e procurar autopunição Leventhal (“Common sense model”) - Considera que o indivíduo é um cientista do senso comum, que tenta compreender e gerir a sua doença - O diagnóstico e a doença são interpretados como um problema/ameaça que o indivíduo estará motivado para resolver ou controlar e diminuir a ameaça, voltando a um estado de equilíbrio normal - As ameaças à saúde e as doenças são percebidas como um problema e o comportamento do paciente é percebido como um esforço ou tentativa para resolver, respondem a partir das suas interpretações ou perceções dos sintomas Premissa fundamental: sujeito como um solucionador ativo de problemas de saúde, o comportamento relativo à saúde é uma tentativa de estabelecer ligação entre o estado de saúde presente (estar doente) e um objetivo futuro (ser saudável) - Perante um problema de saúde a pessoa tenta reduzir a angústia e recuperar o estado de equilíbrio anterior, implementando estratégias de enfrentamento (mecanismos de coping) - Importância de um plano de ação (instruções precisas) na promoção de mudanças comportamentais - Baseia-se nos modelos de resolução de problemas: - Treino de resolução de problemas aplicado à saúde e à doença: implementar comportamentos que perduram muito mais que qualquer medo desencadeado por uma ameaça -> o medo extingue-se - Como a pessoa interpreta e vivencia a sua condição influencia diretamente a forma como decide lidar com ela (escolher uma estratégia de confronto) - A adesão comportamental é o padrão comportamental adotado para lidar com a doença (é influenciada por crenças) - Combina a perceção de ameaça (doença, sintoma) com um plano de ação para lidar com ela, mas também a análise da eficácia dos planos de ação, de forma a manter o estatuto do self - Os indivíduos criam representações da sua doença com base na sua experiência, informação recolhida da interação com outros e dados somáticos e sintomáticos, de forma a darem significado ao problema - As representações de doença são cognitivas ou emocionais - São processadas paralelamente em 3 etapas: 1. Elaboração de representações da doença - Receção da informação (sintomas ou diagnóstico) - Interpretação que vamos fazer com base nos sintomas e possível diagnóstico - A interpretação é a base para tentativas de compreensão e ação e qual a nossa reação emocional, o objetivo é compreender o problema (doença) - A partir do confronto com o problema há uma motivação para a sua resolução, necessidade de dar sentido ao problema - A interpretação é feita a partir da associação com a morte, experiências vivenciadas por si ou por um membro próximo e informações - Uma doença envolve noções de: - Identidade: crenças sobre a definição da doença, a partir da perceção dos sintomas e/ou mensagens sociais - Causa: fatores responsáveis pelo aparecimento (internos, externos) - Duração: tipo de doença (aguda, crónica, terminal), tempo - Consequências: impacto da doença na vida e capacidade funcional (físico, social, emocional) - Cura/controlo: capacidade para o desempenho dos comportamentos de coping e eficácia do tratamento, possibilidade de controlo (mudar ações) - Envolve também aspetos emocionais (medo, ansiedade, depressão) - Perante o problema, a pessoa vai desenvolver e implementar estratégias para lidar com ele - Representações cognitivas -> estratégias de coping -> resultados mais ou menos adaptativos - Evitamento/negação - Reavaliação cognitiva - Expressão emocional - Coping focado no problema - Procura de apoio social - Representações emocionais -> estratégias de coping -> lidar com a reação emocional relativa ao estado de doença 2. Implementação de estratégias de enfrentamento Coping: - Adaptar às circunstâncias adversas - Estratégias com potencial de impactar (+ ou -) a saúde física e mental - Capacidade de mudar a evolução do stress (evitar ou confrontar) - Estratégias cognitivas e comportamentais para lidar com exigências internas ou externas - Estão relacionadas com o bem-estar psicológico pois podem reduzir o sofrimento Modelo de coping de Lazarus e Folkman 1. Ambiente: estímulos stressores e seleção dos estímulos / informações 2. Avaliação primária: interpretação dos stressores (positivo, perigoso, irrelevante) 3. Avaliação secundária: se for perigoso, analisar os recursos disponíveis (suficientes, insuficientes -> gera stress) 4. Coping: ultrapassar o stress, focar no problema (mudar a situação) ou focar na emoção 5. Reavaliação e aprendizagem - Estratégias de aproximação - Estratégias de evitamento - Estratégias focadas no problema -> reduzir o stress através de ações - Estratégias focadas na regulação emocional -> controlo ou redução de emoções negativas 3. Avaliação da eficácia das estratégias implementadas - Manutenção ou modificação destas (adoção de novos mecanismos) - Processo de feedback contínuo que depende da evolução da doença (auto-cuidado, ambiente) > Indivíduos que têm uma alta perceção de cura/controlo -> identificar menos com a doença, menos consequências e menos crónica > Indivíduos que se identificam fortemente com a doença e percebem consequências severas -> adotar estratégias de coping de evitação/negação e expressão emocional > Indivíduos que percebem a doença como controlável tendem a utilizar estratégias de coping voltadas para a reavaliação cognitiva, enfrentamento focado no problema e procura de apoio social > Indivíduos com uma elevada perceção de consequências, forte identidade e progressão crónica tendem a relatar menor bem-estar psicológico e social, - funcionamento entre os papéis pessoais e vitalidade, e maior distresse psicológico > Indivíduos com uma elevada perceção de controlo relatam consistentemente bem estar psicológico e vitalidade