Primeiros Socorros - Curso de Treinadores G1 - PDF
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Celso Silva
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Este documento apresenta um curso sobre primeiros socorros, com foco em lesões de tecidos moles, traumatismos (como entorses no joelho e tornozelo) e hemorragias. São abordados fatores intrínsecos e extrínsecos que podem influenciar na ocorrência de lesões desportivas. O texto descreve procedimentos de primeiros socorros e como agir em diferentes situações, incluindo as fases de reparação dos tecidos.
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Curso de Treinadores G1 Primeiros Socorros Celso Silva Licenciado em Fisioterapia Mestre em Desporto - Exercício e Saúde Lesões dos Tecidos Moles Lesão / Lesão Desportiva Fatores que podem ter influência no aparecimento de lesões: Fatores Intrinsecos A - Anatómicos B - Idade C...
Curso de Treinadores G1 Primeiros Socorros Celso Silva Licenciado em Fisioterapia Mestre em Desporto - Exercício e Saúde Lesões dos Tecidos Moles Lesão / Lesão Desportiva Fatores que podem ter influência no aparecimento de lesões: Fatores Intrinsecos A - Anatómicos B - Idade C - Sexo D - Hereditários E - Condição Física e Domínio da Tarefa F - Factores Psicológicos e Sociológicos Fatores Extrinsecos A - Condições Atmosféricas B - Equipamento C - Local de Treino e Instalações Desportivas D - Planeamento de Treino E - Higiene Física F - Aspectos relacionados com a actividade especifica Lesões Traumáticas + Frequente em desportos de contacto Diagnóstico geralmente é fácil devido à observação do mecanismo de lesão Dor e Edema aparecem quase por imediato mas demoram horas a chegar ao máximo Altura ideal para avaliar a lesão (edema e dor ainda relativamente pequenos) - Lesões de Sobrecarga (Overuse) Diagnóstico difícil devido à não identificação imediata do mecanismo da lesão + difíceis de tratar Cada vez + frequentes devido ao aumento nº de praticantes e competitividade e aumento da intensidade e duração dos treinos 80% das lesões de sobrecarga ocorrem em desportos de endurance/resistência ou em desportos individuais que requerem movimentos muito especializados e muito repetidos Evolução Natural Fisiológica Lesão - Dor - Resposta Inflamatória - Cicatrização Fases de Reparação Tecidular 1ª - FASE INFLAMATÓRIA (até 72 horas) 2ª - FASE DE REPARAÇÃO (até 10 a 11 semanas) 3ª - FASE DE REMODELAÇÃO (3 ou + meses) Fase Inflamatória INFLAMAÇÃO Processo complexo de reacções sequenciais a nível tecidular, em resposta a uma lesão, que pode ser desencadeada por agentes traumáticos, bacterianos, químicos, calor, etc....... ▪ Vasoconstrição que dura 5 a 10 min. seguida duma Vasodilatação ▪ Aumento da temperatura local (calor) e aparecimento do (rubor) ▪ Extravasamento de plasma e leucócitos formando o edema (tumor) ▪ Formação de tecido cicatricial (liquido intersticial e proteínas) Procedimentos a ter na Fase Inflamatória Em 1978, o Drº Mirkin referiu a sigla RICE como o procedimento mais adequado na fase inflamatória das lesões dos tecidos moles. - R de Rest / Repouso que deve ser seletivo das estruturas lesadas. - I corresponde a Ice / Gelo provoca uma vasoconstrição e tem um efeito analgésico e antiinflamatório - C de Compression / Compressão que tem como função controlar o derrame. Se se verificar alteração de coloração das extremidades, sensação de formigueiro ou dormência nas extremidades devemos aliviar a compressão - E corresponde a Elevation / Elevação que favorece o retorno venoso, sendo para isso necessário que a zona da lesão seja colocada acima do nível do coração Posteriormente outros autores incluíram a esta sigla o P de Protection / Proteção que indicava a necessidade de uma proteção seletiva da estrutura lesada, passando a sigla a denominar-se de PRICE. Mais tarde foi incluido o M de Movimento Seletivo Precoce por outros autores que defendiam a necessidade de implementar precocemente movimento seletivo na estrutura lesada no sentido de prevenir a formação de aderências e define de mobilidade dos tecidos lesados. Neste caso a sigla passou a denominar-se de PRICEM. Mais recentemente em 2019, Dubois e Escolier surgem com a sigla PEACE & LOVE que vem por em questão as siglas anteriores: - P (Protection / Proteção): Evitar actividades e movimentos que aumentem a dor durante os primeiros dias após a lesão - E (Elevation / Elevação): Elevar o membro lesado acima do coração o maior numero de vezes possível - A (Avoid anti-inflammatories / Evitar anti-inflamatorios): Evitar tomar medicação anti-anti- inflamatória porque interfere com a reparação tecidular e evitar gelo) - C (Compression / Compressão): Com banda elástica ou tape para reduzir o edema - E (Education / Educação): O Vosso corpo sabe o que é melhor para ele. Evitem tratamentos passivos desnecessários e investigações medicas e deixem a natureza comandar - L (Load / Carga): Deixe a dor guiar o seu retorno gradual às atividades normais. O seu corpo dirá quando é seguro aumentar a carga - O (Optimism / Otimismo): Condicione o seu cérebro para uma omita recuperação sendo confiante e positivo - V (Vascularisation / Vascularizzação): Escolha atividades cardiovasculares sem dor para aumentar o aporte sanguíneo e assim reparar o tecido - E (Exercise / Exercício): Restabele a mobiliadde, força e propriocepção adoptando abordagens ativas na recuperação Procedimentos a não ter na Fase Inflamatória Heat / Calor Alcohol / Alcool Run / Atividade Massage / Massagem Todos estes procedimentos vão aumentar o metabolismo, provocar uma vasodilatação e consequentemente aumentar o edema e hematoma Joelho Entorse do joelho com lesão das estruturas de estabilidade nomeadamente ligamentos laterais, meniscos, LCA e LCP Tibio-Társica Entorse com mecanismo de lesão em inversão ou em eversão e lesão dos feixes anterior, medio e/ou posterior do LLE ou o LLI Lesões Musculares Tendinopatias Lesões da Bolsa Serosa Lesões Ósseas Disfunção Vertebral Causas: Traumatismo, “muscular Imbalance”, bloqueio articular, espasmo muscular, alterações posturais Importante: Despiste de fratura, despiste de lesão fiscal Disfunção da Bacia Hemorragias Classificação Relativamente ao vaso lesionado Arteriais, Venosos ou Capilares Relativamente á forma de apresentação Externa: o sangue sai por uma ferida na pele, sendo assim visível; Interna Invisível: o sangue fica retido no interior do corpo; Interna Visível: o sangue sai por um orifício natural do corpo (boca, nariz, ouvidos, etc) Sinais e Sintomas Visualização da saída de sangue Hemorragia grave ou interna invisível Dor local ou irradiante Sede (sempre que há perda de liquido orgânico em quantidades) Zumbidos e dificuldade gradual de visão Pulso progressivamente rápido e fraco Ventilação progressivamente mais rápida e superficial Pupilas progressivamente dilatadas Outros sinais e sintomas de choque Primeiros Socorros (atuação geral) Arejar o local para a vitima poder ventilar de forma mais eficaz Desapertar as roupas no pescoço, tórax e abdómen Animar e moralizar Consciente: instalar a vitima numa posição de conforto, movimentando-a o menos possível Inconsciente: PLS Manter a temperatura corporal NÃO DAR NADA DE BEBER Promover a evacuação para o Hospital Hemorragia Interna Visível Hemoptise Sangue vermelho vivo e espumoso que sai através da boca e provém dos pulmões, acompanhado de tosse e falta de ar (dispneia) Intervenção Fazer tudo o que é preconizado como actuação geral Consciente: recomendar que a vitima ventile pausadamente para evitar tossir Hematemese Sangue de cor difusa que sai através da boca e provém do tubo digestivo, acompanhado de vómito e geralmente de dor abdominal Intervenção: Fazer tudo o que é preconizado como actuação geral Consciente: colocar a vitima deitada sobre o lado esquerdo Colocar um saco de gelo envolvido com um pano sobre o abdomen Epistaxis Sangue que sai pelo nariz Intervenção: Colocar a vitima com a cabeça direita, no alinhamento do corpo. Não inclinar para a frente (aumento de fluxo sanguíneo) nem para trás (prevenir a aspiração de sangue) Fazer compressão com os dedos polegar e indicador em pinça, apertando as extremidades das narinas durante 10 min. Aplicar gelo local (não colocar directamente sobre a pele) olocar a vitima com a cabeça direita, no alinhamento do corpo. Não inclinar para a frente (aumento de fluxo sanguíneo) nem para trás (prevenir a aspiração de sangue) Fazer compressão com os dedos polegar e indicador em pinça, apertando as extremidades das narinas durante 10 min. Aplicar gelo local (não colocar directamente sobre a pele) Em ultimo caso, se a compressão digital e o arrefecimento nasal se revelarem insuficientes Em ultimo caso, se a compressão digital e o arrefecimento nasal se revelarem insuficientes Tamponamento das duas narinas MAS…. Sempre que haja suspeita de TC não tamponar nem comprimir Hemorragia externa Compressão manual direta ou Compressão manual indireta associado a elevação do membro acima do nível do coração Compressão Manual Directa Colocar uma compressa sobre a zona da hemorragia e fazer compressão Quando a compressa ensopar de sangue, não retirar e colocar outra por cima (influência o processo de coagulação sanguínea) Não aplicar se no local existir um corpo estranho ou fractura Compressão Manual Indirecta UMERAL (hemorragia no membro superior) FEMORAL (hemorragia no membro inferior) Feridas Conceito Ponto de descontinuidade na pele Classificação SUPERFICIAIS Simples: não necessitam tratamento médico ou diferenciado Complicadas: necessitam tratamento médico ou diferenciado PROFUNDAS OU PENETRANTES Requerem sempre tratamento médico ou diferenciado (podem associar-se a lesões nos orgãos internos) Primeiros Socorros Feridas que não requerem tratamento médico ou diferenciado Acalmar a vítima, saber como se feriu e se tem em dia a vacina do tétano Expor a zona da ferida para se poder observar cuidadosamente Nunca falar, tossir, espirrar ou fumar para cima de uma ferida ou penso Ter as mãos e unhas lavadas com água e sabão. Colocar luvas esterilizadas Lavar/desinfectar a ferida com água e sabão ou solução anti-séptica Colocar um penso e fazer a sua fixação com uma cobertura Limpeza 1º) Lavagem da zona da pele intacta, na periferia da ferida, partindo dos seus bordos para a região mais afastada 2º) Lavagem da ferida propriamente dita, a qual deverá ser feita do centro para a periferia, utilizando compressas Nota: Não usar álcool ou soluções corantes (mercurocromo, tintura de iodo). Usar soluções aquosas e não alcoolicas Penso Feridas incisas, contusas e inciso-contusas, aplicar compressa esterilizada sobre a ferida, fixando com ligadura elástica ou adesivo. Feridas erosivas libertam um “soro” nas 1ªas horas, pelo que não devemos utilizar penso com compressa seca, pois o referido soro ao secar, a ferida adere à compressa, recidivando a mesma ao retirar a compressa. Não devem levar penso, penso com compressa gorda ou “spray penso” pois o isolamento da ferida com acumulação de soro favorece a infeção Complicações Infecção; Hemorragia; Choque; Lesões de nervos e tendões; Lesões nos orgãos internos Contaminação – doença (ex:tétano, raiva, etc) Traumatismo craneo encefálico TCE é provocado por um traumatismo externo que origina lesões a nível do encéfalo, que podem consequências neurológicas graves ou provocar a morte por destruição das zonas vitais Sinais e Sintomas (podem não se revelar após o acidente. Importante as 1ªas 72 horas após o TCE) - Dores de cabeça e Sonolência - Alterações da consciência e do comportamento - Diminuição da lucidez - Alterações do equilíbrio - Náuseas / Vómitos - Hemorragias ext. ou int. (sangue pode sair pelo nariz ou ouvidos – nunca tentar estancar ou tamponar) - Pupila dilatada (lado da lesão encefálica que pode ou não coincidir com o lado do trauma) - Mascara equimótica - Perda de sensibilidade ou paralisia do corpo do lado contrário à lesão encefálica Primeiros Socorros Rigoroso exame geral da vítima Se houver ferida, colocar penso ou cobertura Se houver #, proteger a zona (compressas e capacete) Não dar nada de beber Prevenir o choque Colocar a vitima de acordo com o seu grau de consciência Vigiar as funções vitais Promover o transporte ao hospital Mas se…inconsciente, então PLS Traumatismo na Face Despiste de # Descontinuidade da pele (vaselina esterilizada) No final da competição (desinfecta e sutura/penso) Para finalizar, gostaríamos de salientar que, perante um situação onde haja necessidade da intervenção do treinador em termos de primeiros socorros e Hipoglicémia se o mesmo tiver dúvidas do que deve fazer, mais vale uma atitude passiva, Definição: utilizando Diminuição de sempre taxa de o bom senso glicose e acionando os adequados meios para socor- no sangue rer o praticante desportivo. Sinais eQuando Sintomas:surge uma lesão desportiva ou uma doença, é fundamental que o atletaSensação de fraqueza recorra a uma consultae médica fome; onde possa ser realizado um diagnóstico Palidez acentuada; correto e prescrito um tratamento adequado, que pode passar pela prescri- Apresentar uma sudorese abundante e fria; ção de medicamentos ou de meios e métodos terapêuticos executados por Pele pegajosa outros profissionais de saúde (fisioterapeutas, enfermeiros, entre outros). A Pulso “rápido” e “cheio” realidade é, no entanto, Ventilação diminuídabem diferente pois há uma tendência para o atleta subestimar Parestesiasa doença ou aelesão no rosto mãosdesportiva, não recorrendo a uma consulta médica. Coma A falta de cuidados terapêuticos adequados faz com que uma lesão aguda (rotura Primeiros Socorros:muscular ou entorse articular, por exemplo) de fácil tratamen- Pedirpara to evolua ajuda, umaligar para lesão o 112; com todos os malefícios que daí podem crónica Vitima consciente – água com açúcar; advir. O recurso a pseudo-profissionais de saúde é também frequente e gera Vitima inconsciente – pacote de açúcar debaixo da língua; geralmente situações de difícil resolução. Envolver a vitima num cobertor; As seguintes situações necessitam de observação imediata e urgente de Promover o transporte da vitima para o hospital; um médico e, por isso, o recurso a uma urgência hospitalar ou ao Instituto Nacional de Emergência Médica. Em caso de dúvida, e nos seguintes casos, DEVEM CHAMAR O 112 em que situações? acionar sempre o 112: perda de consciência, cefaleias violentas, náuseas, vómitos, vertigens, perdas de memória, «formigueiros» ou perda de força nos membros após um traumatismo craniano; problemas respiratórios após uma pancada na cabeça, pescoço ou caixa torácica; traumatismos da coluna vertebral com ponto doloroso sobre a mesma, «formigueiros» ou perda de força nos membros; dores abdominais intensas; presença de sangue na urina; fraturas ou suspeita de fraturas; lesões articulares, ligamentares, musculares e tendinosas graves; lesões oculares; feridas profundas com hemorragias; hemorragia grave; qualquer tipo de lesão cuja gravidade ou atitude a tomar se duvide. De qualquer forma, um praticante desportivo deve ser sempre observado por um médico nas 24 horas após qualquer outro tipo de lesão cujos sinto- Mala de Primeiros Socorros Soro fisiológico Alcool Solução dermica Compressas Adesivo Algodão Pensos rápidos Ligaduras elásticas não adesivas Ligaduras elásticas adesivas Tapes Pré tape Tesoura Giletes dentadas Talas para Imobilização # (Tala Zimmer) Sling (Dispositivo para suspensão braço) Luvas esterilizadas Pacote açúcar Espátulas Mascara reanimação Agulha Lanterna Exame de Avaliação Médico Desportiva Peso Estatura Massa Gorda Corporal Massa Muscular Corporal Alterações morfológicas do sistemas osteoarticular e musculotendinoso Exame da visão e audição Exame estomatológico [email protected] celsosilvatherapyconcept @celsosilvatherapyconcept