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José Esteves & Raul Oliveira

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anatomia articulação temporomandibular cabeça ossos

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Este documento descreve a artrologia da cabeça, focando-se na articulação temporomandibular. Analisa as suas superfícies articulares, meios de união e movimentos da mandíbula. Os autores são José Esteves e Raul Oliveira.

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Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 7. ARTROLOGIA DA CABEÇA As articulações que se consideram na cabeça são as suturas cranianas, que fazem a ligação entre os ossos da cabeça, a articulação atlanto-oc...

Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 7. ARTROLOGIA DA CABEÇA As articulações que se consideram na cabeça são as suturas cranianas, que fazem a ligação entre os ossos da cabeça, a articulação atlanto-occipital, que faz a ligação da cabeça à coluna cervical, e a articulação temporo-mandibular. A articulação atlanto- occipital já foi descrita num outro capítulo. As suturas cranianas são uma forma especial de articulação que não serão descritas. Assim, neste capítulo será apenas descrita a articulação temporo-mandibular. 7.1. Articulação temporo-mandibular É a ligação entre a mandíbula e o osso temporal (Figura 160). A mandíbula apesar de ser um osso ímpar articula lateralmente com os dois temporais pelo que existem duas articulações, uma à direita e outra à esquerda, que são interdependentes do ponto de vista funcional. Figura 160 - Articulação temporo-mandibular 226 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 Classificação: Bi-condilo-meniscartrose conjugada Superfícies articulares: Temporal A superfície articular temporal é constituída, à frente, pelo tubérculo articular e, atrás, pela fossa mandibular (Figura 161). Figura 161 - Vista lateral de corte sagital da articulação temporo-mandibular esquerda: superfícies articulares O tubérculo articular [côndilo temporal], que corresponde à raiz transversa do processo zigomático, constitui uma superfície com convexidade ântero- posterior (Figura 162). 227 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 A fossa mandibular [cavidade glenóide do temporal] apresenta uma morfologia côncava e encontra-se posterior ao tubérculo articular. No entanto, só a sua porção mais anterior, situada adiante da fissura petro-timpânica [cisura de Glasser], é que se encontra revestida de cartilagem e é articular (Figura 162). A superfície articular temporal, na sua globalidade, apresenta uma morfologia côncava posteriormente (fossa mandibular), e convexa anteriormente (tubérculo articular). Figura 162 - Vista inferior da superfície articular temporal esquerda de peça cadavérica Mandíbula A superfície articular da mandíbula é constituída pelo côndilo da mandíbula, que é revestido por cartilagem hialina. Tem uma morfologia muito convexa e apresenta uma forma elíptica com um eixo que se dirige obliquamente para dentro e para trás (Figura 161 e Figura 163). 228 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 Figura 163 - Vista ântero-lateral das superfícies articulares da mandíbula Disco inter-articular (menisco) Uma vez que as superfícies articulares não são congruentes entre si, para melhorar a congruência articular existe um disco inter-articular (menisco) que apresenta uma forma bicôncava e elíptica transversalmente, diminuindo a sua espessura da periferia para o centro, onde em casos excepcionais pode ser perfurado (Figura 161). Posteriormente o disco apresenta uma maior espessura do que a sua região anterior. A sua face superior, também com uma orientação mais anterior, contacta com o tubérculo articular do temporal e com a região anterior da fossa mandibular, enquanto a sua face inferior apresenta uma orientação mais posterior e ajusta-se ao côndilo da mandíbula. Meios de união: Cápsula articular: a cápsula articular é fina e elástica. Inferiormente, insere-se, no colo da mandíbula. Superiormente, tem a sua inserção no contorno da superfície articular temporal, isto é, anteriormente, na margem anterior do 229 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 tubérculo articular do temporal, posteriormente, no lábio anterior da fissura petro-timpânica, medialmente, na base da espinha do esfenóide, e lateralmente, no tubérculo zigomático anterior e na raiz longitudinal do processo zigomático (Figura 165 e Figura 166). A face interna da cápsula articular adere à porção periférica do disco inter- articular em toda a sua extensão, dividindo a cavidade intra-articular em duas, uma superior, a têmporo-discal, e outra inferior, a disco-mandibular. Estas duas cavidades podem comunicar entre si quando existe um orifício no disco inter- articular. As fibras posteriores da cápsula que se inserem na margem posterior do disco inter-articular formam o freio têmporo-discal posterior, também denominada de lâmina retro-discal, que tem uma função importante na manutenção da posição do disco durante abertura e fecho da boca (Figura 164). A cápsula encontra-se reforçada, medial e lateralmente, por dois ligamentos capsulares. Figura 164 - Vista lateral de corte sagital da articulação temporo-mandibular: disco inter-articular e lâmina retro-discal 230 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 Ligamentos: Ligamento lateral – é um ligamento capsular que reforça a cápsula lateralmente. Insere-se, em cima, no tubérculo zigomático anterior e na raiz longitudinal do processo zigomático, estendendo-se obliquamente, para baixo e para trás, até à porção póstero-lateral do colo da mandíbula (Figura 165). Ligamento medial – também é um ligamento capsular e está situado na porção medial da cápsula, mas é mais fino e menos resistente que o ligamento lateral. Insere-se no rebordo medial da fossa mandibular, dirigindo depois os seus feixes para baixo e para trás, para se inserirem na porção póstero-medial do colo da mandíbula (Figura 166). Figura 165 - Vista lateral da articulação temporo-mandibular esquerda: cápsula articular e ligamentos 231 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 Figura 166 - Vista medial de corte sagital da articulação temporo-mandibular esquerda: cápsula articular e ligamentos Esta articulação também tem assegurada a estabilidade das suas superfícies articulares através de vários ligamentos à distância, que também se denominam de ligamentos acessórios. Ligamento esfeno-mandibular – insere-se na espinha do esfenóide e na língula da mandíbula [espinha de Spix] (Figura 165 e Figura 166). Ligamento estilo-mandibular – insere-se no processo estilóide do temporal e na margem posterior do ramo da mandíbula, acima do ângulo da mandíbula (Figura 165 e Figura 166). Ligamento ptérigo-mandibular – insere-se na lâmina medial do processo pterigóide e na porção mais recuada do lado medial da margem alveolar da mandíbula, posteriormente ao último dente molar (Figura 166). 232 Sebenta de Anatomia – Articulações  José Esteves & Raul Oliveira 2012 Membrana sinovial: O disco inter-articular divide a cavidade articular em duas sub-cavidades, uma têmporo-discal e outra disco-mandibular, existindo em cada uma delas uma membrana sinovial, que reveste internamente a respectiva porção da cápsula articular. Movimentos: Os movimentos que ocorrem na articulação temporo-mandibular reflectem os movimentos realizados pela mandíbula com a consequente implicação nos movimentos da boca. − Depressão da mandíbula / Elevação da mandíbula − Antepulsão ou protracção da mandíbula / Retropulsão ou retracção da mandíbula − Deslocamentos laterais da mandíbula, para a esquerda e para a direita, ou didução 233

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