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Summary
Este documento resume conceitos-chave de Economia, abordando temas como crescimento económico, emprego, estabilização de preços e desenvolvimento sustentável, incluindo as suas dimensões económica, social e ambiental. Aborda também os conceitos de PIB, PNB e a relação entre a economia e os recursos naturais.
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Ponto 3: Crescimento económico, emprego e estabilização de preços Agregado interno bruto - PIB é o valor agregador de todos os bens e serviços produzidos num território num dado período de tempo. Agregado nacional bruto - PNB (é diferente de PIB) é o valor agregado de todos os bens e serviços produz...
Ponto 3: Crescimento económico, emprego e estabilização de preços Agregado interno bruto - PIB é o valor agregador de todos os bens e serviços produzidos num território num dado período de tempo. Agregado nacional bruto - PNB (é diferente de PIB) é o valor agregado de todos os bens e serviços produzidos por residentes num dado período de tempo. TEMA 4. CRESCIMENTO ECONÓMICO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Para além do produto: o fim e as dimensões do desenvolvimento O grande objetivo do desenvolvimento (económico, social, sustentável, etc.) é a criação de um ambiente que permita que as pessoas desfrutem de vidas longas e saudáveis. O crescimento económico pode ser um meio para que o desenvolvimento (e, por consequência, o bem-estar das pessoas) aconteça, no entanto, não garante que alguns problemas sociais (que impedem o bem-estar das pessoas) sejam resolvidos. Tudo isto depende da forma como o crescimento económico é aproveitado. Alguns países com baixos rendimentos têm mostrado que é possível atingir níveis elevados de desenvolvimento humano (bem-estar) se os recursos disponíveis forem utilizados de forma inteligente. Assim, o principal objetivo do desenvolvimento deve ser sempre o bem-estar das pessoas, e não o crescimento económico. O bem-estar das pessoas depende dos usos dos rendimentos, e não do nível dos rendimentos (o rendimento pode ser utilizado para medicamentos essenciais ou para drogas ilícitas, por exemplo. Enquanto a primeira opção promove o bem-estar das pessoas, a segunda não.). Podemos definir o desenvolvimento humano como a crescente capacidade de dar mais opções e uma maior qualidade de vida às pessoas. As pessoas devem ter a opção de terem uma vida longa e saudável, de terem uma educação e de terem um nível de vida aceitável. Um PIB per capita elevado nem sempre é sinónimo de bem-estar económico de um país. Mesmo nos países com elevados graus de PIB per capita, existem situações de pobreza. Além disso, o tempo de lazer que as pessoas têm e a sua qualidade de vida não estão diretamente relacionados aos seus rendimentos (uma pessoa pode ter elevados rendimentos com um emprego que consome todo o seu tempo, deixando de ter tempo de lazer, o que prejudica o seu bem-estar). Outra grande ameaça ao bem-estar das pessoas é a qualidade do meio ambiente e o esgotamento de recursos: as pessoas até podem ter rendimentos elevados, mas os recursos de que necessitam para o seu bem-estar são cada vez mais escassos. No entanto, o PIB per capita não deixa de estar relacionado ao bem-estar económico. É ele que indica o acesso que as pessoas têm a bens e serviços como a saúde e a educação. Estes bens e serviços melhoram o bem-estar das pessoas. O desenvolvimento sustentável é definido como aquele que permite satisfazer as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Isto significa que estamos perante um desenvolvimento sustentável quando o facto de as pessoas satisfazerem as suas necessidades não afeta os recursos disponíveis de uma forma tão significativa que impeça as gerações futuras de fazerem o mesmo. O desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano englobam três outros tipos de desenvolvimento: - o desenvolvimento económico, - o desenvolvimento ambiental - o desenvolvimento social. Interação entre os limites do planeta e o bem-estar humano (the “lifebelt”) Círculo de fora são os nove processos críticos do sistema terrestre (a ideia de não exceder os limites críticos do planeta, como as alterações climáticas, acidificação do oceano, poluição química, carga de nitrogénio e fósforo, retiradas de água doce, conservação da terra, poluição do ar, perda de biodiversidade e destruição da camada de ozono) Círculos de dentro são os alicerces sociais do Bem Estar – (água, comer, saúde, educação, energia, habitação, igualdade de género, equidade social, voz política, paz e justiça, redes e rendimento e trabalho.) Pegada ecológica é um indicador da quantidade de recursos consumidos. A pegada ecológica total é uma medida da área de terra biologicamente produtiva e de água que a população necessita para satisfazer o consumo, num dado momento, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos. A explosão demográfica mundial contribuiu, naturalmente, para aumentar a pegada ecológica global. Atualmente, a nossa pegada ecológica global é significativamente maior do que a biocapacidade do nosso planeta. OS PILARES E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: - erradicação da pobreza; - fome Zero - boa saúde e bem estar - educação de qualidade - igualdade de género - água limpa e saneamento - energia acessível e limpa - emprego digno e crescimento económico - indústria, inovação e infraestrutura - redução das desigualdades - cidades e comunidades sustentáveis - consumo e produção responsáveis - combate às alterações climáticas - vida debaixo d’água - paz, justiça e instituições fortes - vida sobre a terra - parcerias em prol das metas Que têm como objetivo garantir o desenvolvimento sustentável. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável O desenvolvimento sustentável pode ser definido com base em diferentes indicadores: Com base no PIB: Genuine Progress Indicator Este indicador baseia-se no cálculo do PIB, mas tem também em conta alguns fatores que o podem influenciar, como: - Distribuição da receita: mede a percentagem do PIB que vai para as classes menos favorecidas; - Trabalho doméstico e voluntário: Para o GPI, todos os trabalhos, mesmo que não-remunerados, contam, assim como o trabalho voluntário. - Nível educacional: Quanto maior o nível educacional da população, maior o índice GPI. - Custo do crime: A violência contra o homem, a natureza e a propriedade privada é um grande desperdício de recursos de uma sociedade. Por isso, esse custo deve ser diminuído. - Exaustão de recursos: Ligado diretamente à questão ambiental, contabiliza as perdas de recursos naturais ocorridas em casos como o do desmatamento. - Poluição: Fumo nas cidades, rios cheios de poluentes, barulho. Tudo isso gera custo, que vai impactar negativamente o índice. - Degradação ambiental a longo prazo: Mudanças climáticas, lixo nuclear, buraco na camada de ozono. Os custos desses problemas contemporâneos são contabilizados. - Diminuição do tempo de lazer: Nas cidades grandes, o tempo para descansar e se divertir é cada vez mais escasso, ou seja, é importante saber o quanto a falta desse tempo de lazer impacta o bem-estar das pessoas. - Gastos defensivos: Esse item mede os custos de se defender contra vários problemas de ambientais ou sociais, seja a perda de terras aráveis ou um acidente de carro. - Tempo de vida útil dos bens de consumo e da infraestrutura pública: Os índices tradicionais medem o investimento em infraestrutura e os gastos com consumo, mas não estimam o desgaste e a manutenção desses produtos. O GPI, sim. - Dependência de ativos externos: Nos cálculos tradicionais, como no PIB, a maioria dos empréstimos internacionais são considerados positivos. Já no GPI, quando o empréstimo é para investimentos, ele pode ser considerado positivo. Se o empréstimo é para o consumo, torna-se negativo. Índice de Desenvolvimento Humano O IDH combina três dimensões: - A esperança média de vida; - O índice de educação (média de anos de escolaridade de uma população); - O PIB per capita. Índice de pobreza multidimensional Este índice providência 3 grandes dimensões, sendo elas: - Saúde - Indicador: nutrição e mortalidade infantil; - Educação - indicador: anos de escolaridade e frequência escolar; - Padrão de vida - Indicador: óleo de cozinha, saneamento, água potável, eletricidade e habitação. Índice de Felicidade Interna Bruta Este índice combina quatro dimensões: - Bem-estar (o quanto as pessoas de um país estão satisfeitas com a sua vida numa escala de 0 a 10); - Esperança média de vida; - Desigualdades (entre o bem-estar e a esperança média de vida da população); - Pegada Ecológica (a média de impacto que cada cidadão de um país tem no ambiente). TEMA 5. CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO Famílias, função consumo e função poupança O Rendimento Disponível das Famílias é o rendimento que as famílias recebem (por trabalharem) mais as prestações sociais e transferências recebidas, menos os impostos, contribuições para a segurança social e transferências realizadas. A poupança das famílias é a parte do rendimento das famílias que não é gasta em consumo. O consumo privado é a despesa das famílias em bens e serviços com vista à satisfação de necessidades e desejos. A poupança das famílias é a parte do seu rendimento disponível que não é gasta, ou seja, é a diferença entre o rendimento disponível e o consumo privado. Devido ao crescimento económico, o rendimento disponível e o consumo das famílias portuguesas têm aumentado ao longo dos anos. O consumo privado depende de fatores como o rendimento disponível, o rendimento permanente, a riqueza e outros fatores, como a inflação. O rendimento disponível é o fator central na determinação de consumo de um país. O rendimento permanente é o rendimento que os indivíduos tiveram ao longo dos anos tendo em conta as suas condições económicas de longo prazo (os consumidores escolhem os seus níveis de consumo tendo em conta as suas expectativas de rendimento a longo prazo). A função consumo descreve a relação entre a despesa total que as famílias tiveram com o consumo privado e as variáveis que determinam essa despesa. A função consumo Keynesiana descreve a relação entre a despesa total que as famílias tiveram com o consumo e o rendimento disponível corrente (um dos fatores que determinam a despesa). De acordo com a função consumo Keynesiana, o consumo tem duas componentes: o consumo autónomo e o consumo induzido. - O consumo autónomo é independente do rendimento, ou seja, é o nível do consumo privado das famílias caso o rendimento disponível seja nulo. Mesmo sem quaisquer rendimentos, as famílias ainda precisam de consumir um valor mínimo para sobreviverem (principalmente de bens alimentares). Este consumo mínimo pode ser financiado a partir das poupanças das famílias ou por empréstimos, e designa-se por consumo autónomo. - O consumo induzido é a porção do consumo privado das famílias que varia consoante o seu rendimento disponível. Quando uma mudança no rendimento leva a uma mudança no consumo de bens e serviços, então esse consumo alterado designa-se por consumo induzido. Outro componente importante da função consumo Keynesiana é a propensão marginal a consumir. Isto mede o aumento no consumo privado das famílias quando há um acréscimo no seu rendimento disponível. A função poupança relaciona a poupança com o rendimento disponível. Assim: Rendimento Disponível – Consumo = Poupança O rendimento disponível é uma determinante central do consumo nacional. Empresas, investimento e formação de capital O investimento é uma grande componente da despesa. Grandes mudanças nos investimentos das empresas (em equipamentos ou trabalhadores, por exemplo) afetam a procura dos produtos que produzem (por exemplo, se aumentarem ou diminuírem a qualidade e os preços), a produção e o emprego. Além disso, conduz à acumulação de capital, porque faz com que o produto potencial aumente, aumentando também o crescimento económico a longo prazo. As empresas só investem quando esperam vir a lucrar mais do que gastaram no investimento. Assim, o investimento é determinado pelas receitas, pelos custos e pelas expectativas. Relativamente às receitas (ou seja, os lucros), um investimento apenas trará receitas adicionais a uma empresa se lhe permitir produzir em maior quantidade ou vender a preços mais baixos. Relativamente aos custos, os custos de um investimento tendem a ser pagos através de empréstimos, que sofrem taxas de juro. Além disso, um investimento também sofre o poder dos impostos, o que significa que o Estado exige receber uma parte dos lucros desse investimento. Por vezes, isto pode significar que o investimento não trará assim tantos lucros para a empresa e que, por isso, não deve ser feito. Relativamente às expectativas, isto diz respeito à confiança existente no mundo dos negócios. Se as previsões do mercado de um certo produto indicam que pode vir a degradar-se e a perder valor, as empresas estarão mais relutantes em investir nele. A curva da procura de investimento Quanto maior forem as taxas de juro relativas ao investimento, menor será o valor investido. O rendimento de equilíbrio e o efeito multiplicador Geralmente, a lógica de um investimento é poupar (consumir menos) com a intenção de, um dia mais tarde, poderem consumir mais. A razão para existirem flutuações na economia é o facto de a poupança e o investimento não estarem sempre ligados. Por vezes, a ligação entre ambos é quebrada quando as empresas não investem as suas poupanças. A poupança pode ser feita apenas por hábito ou para prevenir o futuro. O facto de as poupanças não serem imediatamente aplicadas em investimentos pode resultar numa produção bastante inferior à potencial e em acréscimos dos preços (devido à pouca oferta). O PRINCÍPIO DO MULTIPLICADOR O multiplicador é o número pelo qual a variação no investimento tem de ser multiplicada de modo a determinar a variação resultante no produto total. Neste caso, para qualquer aumento no investimento o rendimento de equilíbrio iria aumentar por um fator de 2,5. O valor do multiplicador depende do valor da propensão marginal a consumir. TEMA 6. FINANÇAS PÚBLICAS E POLÍTICA ORÇAMENTAL O que é o orçamento de estado? É o documento que prevê as receitas e despesas de um país num determinado período de tempo (geralmente, durante um ano). Para atingir os objetivos do Orçamento de Estado são necessárias políticas orçamentais, que orientem as receitas e as despesas. O Orçamento de Estado tem algumas funções específicas: - Gerir a eficiência da afetação de recursos; - Controlar a distribuição de rendimento (promovendo a equidade); - Promover a estabilidade económica do país e o crescimento económico. O que são as despesas públicas? São a parte das despesas de um país que servem para garantir os serviços públicos para a população e para a realização de investimentos, para satisfazerem necessidades públicas. As despesas públicas podem ser: - Despesas correntes: - Consumo Intermédio (o consumo de bens e serviços utilizados na produção de outros bens e serviços, por exemplo, matérias primas, ferramentas, etc.); - Subsídios; - Despesas com os trabalhadores (remunerações); - Juros da dívida pública (a dívida pública representa o capital que o Estado deve, tanto a organismos internos como externos. Essa dívida vem com juros). - Despesas de capital: - Dinheiro usado pelo Estado para adquirir, atualizar e manter meios de produção como propriedades, edifícios industriais e máquinas industriais; - Concessão de empréstimos. As despesas públicas têm efeitos na economia do país. Por exemplo, um aumento nas despesas públicas terá uma repercussão positiva na procura (consumo e investimento), porque terá um impacto no consumo das famílias (que terão maiores rendimentos), no consumo público e no investimento das empresas. No entanto, os efeitos variam consoante o tipo de despesa pública realizada. O aumento dos gastos com pessoal, subsídios e pensões tem efeitos na distribuição de rendimentos e no consumo privado, enquanto que um aumento nas despesas de capital tem consequências no investimento e na produção. O que são as receitas públicas? A receita pública é o montante total (impostos, taxas, contribuições e outras fontes de recursos) em dinheiro recolhido pelo Estado, que serve para financiar as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos. As receitas públicas podem ser: - Receitas patrimoniais ou voluntárias, resultam de uma negociação: - rendimentos de propriedade, é o estabelecimento de uma renda para poderem fazer por exemplo uma festa numa propriedade patrimonial; - Vendas de bens e serviços ou de bens de investimento, alguns são vendidos a preços de mercado; - Venda de ativos financeiros, - Receitas coercivas ou obrigatórias, resultam de uma imposição: - Impostos; (mais importante, onde o estado vai buscar mais dinheiro) - Taxas cobradas pela prestação de serviços de caráter bilateral, o estado exerce um determinado serviço e o Estado determina uma taxa, este valor será mais baixo do que custaria o serviço normal, podemos comparar as propinas de uma universidade pública com a privada, porque a propina que se paga numa universidade pública é muito inferior ao serviço (está melhor explicado no áudio 18.11) - Multas, coimas, o q temos eu pagar quando fazemos algo que não deveríamos; - Contribuições para a segurança social, esta contra prestação existe mas é incerta pq posso nunca ser desempregada, ser mãe, ficar doente ou chegar à idade da reforma, mas estas serão garantidas através da nossa garantia com a contribuição de taxas como a segurança social. Os impostos, relativamente à base de incidência, podem ser: - Diretos, aqui: - Incidem sobre o rendimento ou património das pessoas (IRS, IRC). - Indiretos, aqui: - Incidem sobre os consumos, a produção, a venda, a compra e a utilização de bens e serviços (IVA, impostos sobre combustíveis, veículos, tabaco, bebidas alcoólicas, etc.), tem como objetivo para alem de angariar a receita, como reduzir a diferença entre o rendimento dos que tem rendimento mais elevado e os que tem rendimento mais baixo, corrigir as externalidades, etc. Relativamente à incidência redistributiva, podem ser: - Progressivos (a taxa do imposto aumenta com o rendimento), ou seja, quem recebe 1000 paga 100, quem recebe 2000 paga 300 e quem recebe 3000 paga 600; - Proporcionais (a taxa do imposto não se altera com o rendimento), ou seja, quem tem mais rendimento paga mais, p.e. Uma pessoa que ganha 1000 euros paga 100, que recebe 2000 paga 200, quem recebe 3000 paga 300; - Regressivos (a taxa do imposto diminui com o rendimento). Diferenças na Fiscalidade: Nível e Estrutura A fiscalidade refere-se ao conjunto de políticas relacionadas com a arrecadação de impostos. Dois aspectos principais diferenciam os sistemas fiscais: 1. Nível da Fiscalidade: Representa a carga tributária total de um país, geralmente expressa como a proporção da arrecadação de impostos em relação ao PIB. ○ Países com cargas tributárias altas (ex.: países escandinavos) tendem a financiar serviços públicos extensos, como saúde e educação gratuita. ○ Países com cargas tributárias baixas (ex.: Estados Unidos) possuem sistemas de proteção social menos abrangentes e uma maior dependência de serviços privados. 2. Estrutura da Fiscalidade: Refere-se à composição dos impostos arrecadados. Os principais tipos incluem: ○ Impostos diretos: Incidente sobre a renda ou riqueza (ex.: imposto de renda). ○ Impostos indiretos: Incidente sobre o consumo (ex.: IVA ou ICMS). ○ Contribuições sociais: Financiamento de segurança social (ex.: previdência). Diferenças na estrutura fiscal refletem escolhas políticas e sociais. Países com maior ênfase em impostos diretos tendem a ter sistemas fiscais mais progressivos, diminuindo desigualdades, enquanto sistemas baseados em impostos indiretos podem ser regressivos, afetando mais as populações de baixa renda. Política Orçamental: Natureza Discricionária A política orçamental refere-se às decisões do governo sobre gastos públicos e impostos, sendo usada para estabilizar a economia. Pode ser pacífico como: 1. Expansiva: ○ O governo aumenta os gastos ou reduz os impostos para estimular a economia, aumentando o consumo e o investimento. ○ Exemplo: Durante uma recessão, o governo pode investir em infraestrutura ou reduzir a carga tributária para aumentar a renda disponível das famílias. 2. Restritiva: ○ O governo reduz os gastos ou aumenta impostos para controlar a inflação ou diminuir déficits Como se relacionam as despesas e as receitas públicas? O Saldo Orçamental é a diferença entre as receitas e as despesas do Estado num determinado ano. Receitas – Despesas = Saldo Orçamental Se o Saldo Orçamental for superior a 0, temos um excedente (superavit). Se for inferior, temos um défice. O Saldo Orçamental pode ser: - Saldo Corrente: diferença entre as receitas correntes e as despesas correntes; - Saldo Global: diferença entre a receita efetiva e a despesa efetiva; - Saldo Orçamental Primário: diferença entre a receita efetiva e a despesa primária (despesa efetiva sem os gastos em juros da dívida pública). Assim, o saldo orçamental corresponde à poupança do Estado. Se o saldo orçamental (ou seja, a poupança do Estado) for negativo (inferior a 0), o Estado tem de pedir um financiamento, pois existe um défice. Se for superior a 0 significa que a poupança do Estado é positiva. TEMA 7. RELAÇÕES COM O EXTERIOR E BALANÇA DE PAGAMENTOS A internacionalização das economias Não existem, atualmente, economias fechadas (ou seja, em autarcia). Todas as economias mundiais realizam importações e exportações. Os países trocam entre si mercadorias, serviços, capitais, etc. O comércio internacional é cada vez mais importante devido à globalização dos mercados e à concorrência internacional. Atualmente, as maiores economias do mundo são os EUA e o Japão. No entanto, a União Europeia constitui a maior economia atual (por ser uma junção de vários países), ultrapassando os EUA e o Japão. A EU tem vindo a crescer significativamente (atualmente, é constituída por 27 países). Isto é um grande desafio na medida em que se torna difícil definir políticas comuns para tantos países e regiões com necessidades diferentes. As economias estão cada vez mais interconectadas, com aumento no comércio internacional e nos fluxos de capital. Exemplos incluem a expansão de mercados globais e o papel crescente de países emergentes como os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Exportações e Importações As exportações são os bens e serviços produzidos dentro de um país que são comercializados e transacionados fora dele, nos mercados externos. As exportações são determinadas pelo nível económico dos países que compram esses bens e serviços (países importadores) e pela competitividade de outros produtores dos mesmos produtos. As importações são os bens e serviços produzidos no exterior que são comercializados e transacionados dentro de outro país. Têm os mesmos determinantes que as exportações, mas neste caso somos nós os países importadores. Alguns indicadores de exportações e importações são: - Exportações Líquidas = Exportações – Importações - Coeficiente de Cobertura = (Exportações a dividir pelas importações) x 100 - Grau de Abertura = (Valor das exportações + importações) a dividir pelo PIB x 100 Balança de Pagamentos e as suas sub-balanças A balança de pagamentos é o registo das transações económicas entre residentes (internos) e não residentes (externos). O saldo da balança de pagamentos estabelece o que um país deve a outros e o que outros países devem a esse país. A balança de pagamentos é constituída por: - Balança corrente (transações de bens, serviços, rendimentos e transferências correntes); - Balança de capital (investimentos que os países estrangeiros fazem no nosso país e vice-versa) - Balança financeira (créditos concedidos e recebidos ao/do estrangeiro). Por definição, o saldo da balança de pagamentos é nulo. Taxas de Câmbio A Taxa de Câmbio nominal é o “preço” de uma moeda em relação a outra moeda. Permite converter preços em moeda estrangeira para preços em moeda nacional e vice-versa. Por exemplo: 1 Euro (EUR) = 1,35 Dólar EUA (USD) = 1 Dólar EUA = 0.74 Euro As variações nesta taxa ocorrem devido a dois fatores: - Depreciação ou desvalorização da moeda nacional: - De 1 Euro (EUR) = 1,35 Dólar EUA (USD) passa para 1 Euro (EUR) = 1,20 Dólar EUA (USD); - Com o mesmo euro compro menos dólares - a moeda nacional perde valor. Antes para obter um dólar necessitava de 0,74 euros, com a nova taxa necessito de 0,83 euros. - Apreciação ou revalorização da moeda nacional: - De 1 Euro (EUR) = 1,35 Dólar EUA (USD) passa para 1 Euro (EUR) = 1,50 Dólar EUA (USD); - Com o mesmo euro compro mais dólares - a moeda nacional ganha valor. Antes para obter um dólar necessitava de 0,74 euros, com a nova taxa necessito de 0,67 euros. Estas taxas de câmbio vão alterando. Existe contudo uma teoria que tenta prever a variação da taxa de câmbio e de acordo com esta teorias Teoria da Paridade do Poder de Compra das Taxas de Câmbio De acordo com esta teoria, a taxa de câmbio de um país tenderá a igualar o custo de compra de bens no interior do seu país com o custo de comprar esses bens no estrangeiro, ou seja, elas vão variando para tentar igualar os preços e competitividade, não se aplica à realidade devido às barreiras do comércio; custos de transportes;… TEMA 8. MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA A Moeda: funções, características e formas monetárias A moeda é o meio pelo qual as transações monetárias (de dinheiro) são feitas. É emitida pelo governo de um país, que é o único que pode controlar o seu valor. Tem diversas funções: - Meio de troca: é um meio de pagamento. É recebida quando cessamos um bem e entregue na aquisição de outro bem; - Unidade de conta: permite contabilizar (exprimir numericamente) as possessões e as dívidas; - Reserva de valor: pode ser utilizada para acumular poder de aquisição (o poder de comprarmos algo) a utilizar no futuro. Algumas das principais características da moeda são: - Aceitabilidade geral: todos aceitam a moeda como o instrumento para transações monetárias; - Trocabilidade: é aceite em troca de qualquer bem ou serviço; - Disponibilidade: é usada de forma rápida e imediata; - Divisibilidade: possui múltiplos e submúltiplos (euros, cêntimos) o que possibilita que tanto transações grandes como pequenas possam ser feitas sem dificuldade; - Durabilidade: não se destrói nem se deteriora à medida que é utilizada em transações; - Dificilmente falsificável; - Fácil de movimentar e transportar; - Tem reduzida procura não-monetária: a moeda não pode ser um bem de consumo porque isso levaria à sua escassez e haveria falta de moeda. O nosso sistema monetário compreende três formas de moeda: a moeda metálica, o papel-moeda (notas) e a moeda bancária (que não é física). A oferta de moeda A oferta de moeda é o valor total de moeda disponível numa economia num momento específico. A oferta de moeda é gerida pelo banco central. A criação de moeda é o processo pelo qual a oferta de moeda de um país é aumentada. Isto é feito pelos bancos comerciais através da produção da moeda (em papel ou metálica) e de débitos e empréstimos. A procura de moeda A procura de moeda pode definir-se como a quantidade de moeda que os agentes de uma economia desejam ter, sob a forma de moeda. Multiplicador de Crédito O multiplicador de crédito descreve como os bancos comerciais criam moeda no sistema bancário por meio do processo de intermediação financeira. Ele se baseia no sistema de reservas fracionárias , onde os bancos são obrigados a manter uma parte dos depósitos como reservas (legais ou excedentárias) e podem emprestar o restante. Como funciona: 1. Um depósito inicial é feito em um banco (por exemplo, $1.000). 2. O banco guarda uma parte desse valor como reserva (digamos 20%, ou $200) e empresta o restante ($800). 3. O montante emprestado é depositado em outro banco, que também guarda 20% como reserva ($160) e empresta o restante ($640). 4. Esse processo continua, com cada novo depósito gerando novos empréstimos, mas em valores progressivamente menores. Fórmula do multiplicador: O valor máximo do multiplicador de crédito é dado por1r\frac{1}{r}r1, onderrré a taxa de reserva obrigatória. Exemplo: com uma taxa de reserva de 20% (r=0,2r = 0,2r=0 ,2), o multiplicador máximo é10,2=5\frac{1}{0,2} = 50 , 21=5. Isso significa que um depósito inicial pode gerar até 5 vezes esse valor na oferta total de moeda. Limitações práticas: Algumas pessoas preferem manter dinheiro em espécie, variável o montante depositado nos bancos. Os bancos podem manter reservas excedentárias, limitando a sua capacidade de emprestar. Base Monetária e Massa Monetária Base Monetária (M0): Refere-se ao dinheiro físico em circulação (moedas e cédulas) e às reservas mantidas pelos bancos comerciais no Banco Central. É uma base a partir da qual a moeda escritural (moeda criada pelos bancos comerciais) é expandida. Massa Monetária (M1, M2, M3): Representa os diferentes níveis de moeda em circulação na economia, classificados pelos graus de liquidez. Agregados Monetários (M2) M2 (moeda em sentido amplo): É uma ampliação do M1, adicionando depósitos a prazo e outros investimentos financeiros que podem ser rapidamente convertidos em dinheiro, embora com menos liquidez do que os componentes do M1. Fórmula:M2=M1+EPM2 = M1 + DPM2=M1+D P ○ EPDPD P: Depósitos a prazo e poupanças. Exemplo prático: M1 inclui o dinheiro que você pode usar diretamente no seu cartão de débito ou em espécie. M2 inclui o saldo da sua conta de poupança, que precisa ser transferido para a conta corrente antes de ser usado. O Eurosistema define três agregados principais: 1. M1: Moeda em circulação e depósitos à ordem. 2. M2: Inclui M1 + depósitos de poupança e prazo. 3. M3: Inclui M2 + instrumentos financeiros menos líquidos (como títulos de curto prazo). Relação com o Banco Central: O Banco Central utiliza esses indicadores para monitorar a oferta de moeda e controlar a inflação, ajustando as políticas monetárias. Existem duas fontes de procura de moeda: - Procura de dinheiro para transações: para servir como meio de troca, ou seja, para efetuar pagamentos de bens e serviços; - Procura como ativo (reserva de valor): os depósitos à ordem e as próprias notas e moedas constituem ativos financeiros de elevada liquidez e de baixo risco, podendo ser utilizados como reserva de valor para transferência de consumo para o futuro. Há dois fatores principais que determinam a procura de moeda: - Rendimento; - Nível geral de preços; - Taxa de juro nominal (o custo de oportunidade de possuir moeda, como o custo de um empréstimo). O Banco Central e a Política Monetária O Banco Central Europeu, em conjunto com os bancos comerciais dos diferentes países, forma o Eurosistema. A função do Eurosistema é definir e implementar a política monetária do Euro, ou seja, manter a estabilidade de preços (manter as taxas de inflação abaixo de 2%). Uma inflação elevada implica que, ao longo do tempo, as pessoas não possam comprar os mesmos bens e serviços com o mesmo dinheiro (precisarão de mais dinheiro ao longo do tempo). O Eurosistema dispõe de vários instrumentos de política monetária para garantir a estabilidade de preços: - Tomada de decisões sobre as taxas de juro aplicadas aos empréstimos pedidos ao Banco Central (que influenciam a economia e os níveis de preços na área do euro); - Operações de mercado aberto (compra e venda de títulos da dívida pública entre o banco central e os bancos comerciais); - Taxa de reserva legal. As decisões importantes relativas a este assunto são tomadas pelo conselho do Banco Central Europeu. Este órgão é composto pelos governadores dos bancos centrais nacionais dos países da área do Euro e pelos membros da comissão executiva do Banco Central Europeu. Cada membro do conselho tem direito ao voto sobre as medidas. O BCE também tem a função de assegurar o bom funcionamento dos sistemas de pagamentos. Além disso, é ele quem autoriza a emissão de notas O Mercado Monetário: Oferta, Procura e Equilíbrio Na taxa de juro de equilíbrio no mercado monetário, a quantidade procurada de moeda iguala a quantidade total oferecida.