Psicologia da Saúde - Cognições de Doença - 1 PDF
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This document discusses the concept of disease cognition in the context of health psychology. It explores the dimensions associated with beliefs about health and illness, including physiological, psychological, and behavioral aspects. The document also presents the Leventhal model of self-regulation in the context of disease.
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Psicologia da Saúde - 2ª frequência 1. Cognições de Doença 1.1. Ser Saudável / Ser Doente 1.2. Conceito de Cognições de Doença 1.3. Modelo de Autorregulação de Leventha 1.3.1. Fase 1: Interpretação 1...
Psicologia da Saúde - 2ª frequência 1. Cognições de Doença 1.1. Ser Saudável / Ser Doente 1.2. Conceito de Cognições de Doença 1.3. Modelo de Autorregulação de Leventha 1.3.1. Fase 1: Interpretação 1.3.2. Fase 2: Coping O que significa ser saudável? Norma: ser saudável a maior parte do tempo; OMS (1947) definiu como “estado de completo bem-estar físico, mental e social e nao somente a ausência de doença”.; Lau (1995) sugeriu cinco dimensões associadas a crenças de ser saudável: o Fisiológica / física: “boa condição física, ter energia”; o Psicológica: “feliz; energético; sentir-se bem psicologicamente”; o Comportamental: “comer e dormir bem”; o Consequências futuras: “viver mais tempo”; o A ausência de: “não estar doente; nenhuma doença; sem sintomas”. O que significa estar doente? Lau (1995) sugeriu também seis dimensões associadas a crenças ou representações de doenças/estar doente: o Não se sentir normal: “não me estou a sentir bem”; o Sintomas específicos: “fisiológicos ou psicológicos”; o Doenças específicas: “cancro; constipação; depressão”; o Consequências da doença: “não consigo fazer o que costumava fazer”; o Dimensão temporal: “quando tempo vão durar os sintomas?”; o A ausência de saúde: “não se sentir saudável”. O que são Cognições de Doença? Leventhal et al. (1980, 1997; Leventhal & Nerenz, 1985) definiram como “as crenças implícitas de senso comum que o paciente tem sobre as suas doenças”; “Proporcionaram aos pacientes o apoio de um esquema para: o coping (lidar) com; a compreensão da sua doença; e lhes dizer o que devem ter em atenção, no caso de estarem a ficar doentes; Através de entrevistas com pacientes que sofriam de diversas doenças, identificaram cinco dimensões cognitivas dessas crenças: Identidade: “O que é que tenho?” o Etiqueta dada à doença e aos sintomas: “tenho uma constipação (diagnóstico) e o nariz a pingar (sintomas). Causa percecionada da doença: “Qual é a causa?” o Biológicas (vírus, lesões) ou psicossociais (stress, comportamentos de saúde): “a minha constipação foi causada por um vírus.” / “a minha constipação foi causada pelo cansaço.” Dimensão temporal: “Quanto tempo durará?” o Crenças do paciente relativas ao tempo de duração de doença, aguda (curta duração) ou crónica /longa duração: “a minha constipação vai passar dentro de poucos dias.” Consequências: “Qual será o resultado?” o Perceção do paciente acerca dos efeitos da doença na sua vida: fatores físicos (dor, falta de mobilidade), emocionais (isolamento social), ou ambos: “a minha constipação irá impossibilitar-me de jogar futebol, o que impedirá a que eu esteja com os meus amigos” Cura e controlo da doença: “O que poderá melhorar isto?” o Crença do paciente no tratamento e na cura da doença, e como ela pode ser controlada pelo próprio ou por tratamento médico: “se eu descansar, a minha constipação desaparecerá.” / “Se eu tomar os medicamentos receitados pelo médico, a minha constipação desaparecerá”. Importância das Cognições de Doença: Crenças consistentes dos indivíduos sobre a doença; Utilizadas para atribuir significado às suas doenças e ajudar a perceber sintomas em desenvolvimento; Incorporadas num Modelo de Comportamento de Doença: “analisar a relação entre a representação cognitiva de doença do indivíduo e o seu consequente comportamento de coping”. Modelo de Autorregulação do Comportamento de Doença de Leventhal Modelo de Autorregulação de Leventhal Baseado em abordagens/modelos de resolução de outos problemas; o Problema Motivação para resolução Restabelecer normalidade Modelos tradicionais (resolução em 3 fases): 1. Interpretação (tomar o problema compreensível); 2. Coping (lidar com o problema para voltar ao estado de equilíbrio); 3. Avaliação (estimar quanto a fase de coping foi bem sucedida). Saúde e Doença: início de uma doença interpretado como o problema e estará motivado para restabelecer o seu estado de saúde (doente = não normal). Interações entre fases: Perceção dos sintomas pode resultar numa mudança emocional, exacerbando essa mesma perceção: o “sinto uma dor no peito. Então fico ansioso, agora sinto mais dor quando toda a minha atenção está para aí focalizada.” A negação como estratégia de coping pode resultar numa redução da perceção dos sintomas, na diminuição das emoções negativas e na mudança da cognição da doença: o “esta dor é muito forte” (negação). “agora sinto-me menos ansiosa” (emoção). “esta dor não vai durar muito” (dimensão temporal). “esta dor não vai ter consequências no meu estilo de vida” (consequências) Fase 1: Interpretação Perceção de sintomas Estudo com estudantes de Medicina Humor: ficam bastante ansiosos devido à sua carga de trabalho. Esta ansiedade pode aumentar a perceção de quaisquer alterações fisiológicas, tornando-os mais atentos aos estados internos. Cognição: encaram os sintomas como parte do curso, o que pode resultar numa focalização nos próprios estados internos. Social: quando um estudante começa a percecionar sintomas, é possível que outros colegas sofram a modelagem do seu comportamento. “A perceção dos sintomas influencia a forma como o indivíduo interpreta o problema da doença” Fase 1: Interpretação Mensagens Sociais Informação sobre a doença pode surgir através Sintomas percebidos Exames de rastreio Diagnósticos Formal (Profissional de Saúde) Suporte social: família, amigos Estudo sobre prestadores de cuidados primários: Scambler et al. (1981) sugere que mais de 75% das pessoas aconselharam-se com família e amigos antes de procurar ajuda profissional Fase 2: Coping I. Coping com um diagnóstico (doença grave) - Shontz (1975) Choque: estupefação e desorientações iniciais; sentimentos de indiferença; Reação de defrontar: fase de defrontar; pensamento desorganizado; sentimento de perda, luto, desamparo e desespero; Retraimento: lidar com o diagnóstico; negação do problema e das implicações; retraimento no self para si mesmo. “Centra-se nas mudanças imediatas ao diagnóstico, sugerindo que o resultado desejado do processo de coping é enfrentar a realidade, e que a orientação para a realidade é um mecanismo adaptativo de coping”. II. Coping com uma crise de doença (doença física) - Moos e Schaefer (1984) Mudanças conceptualizadas como crise: Identidade: prestador de cuidados a paciente; ganha-pão da família a doente; Localização: novos contextos; estar hospitalizado ou acamado; Papel: adulto independente a dependente e passivo (surgir após a doença); Apoio Social: isolamento de familiares e amigos; Futuro: incerteza no futuro que envolva filhos, carreira profissional ou viagem. “Qualquer crise é autolimitadora, uma vez que o indivíduo irá ter de encontrar forma de voltar a o seu estado de estabilidade; assim os indivíduos são vistos como autorreguladores.” III. Adaptação à doença física e a teoria da adaptação cognitiva – Taylor et al. (1984) Procura de significado: “Porque é que isto aconteceu?”; “Que efeito teve a doença na minha vida?”; Procura do domínio: “Como poderei impedir que isto aconteça de novo?”; “O que posso fazer para controlar este acontecimento?” Procura de autoaperfeiçoamento: “Pelo menos tive cancro só uma vez” (sentido descendente); “Porque o meu tumor é maligno e o dela é apenas um quisto?” (sentido ascendente). “Taylor et al. (1984) sugerem que os pacientes selecionam um critério de comparação que lhes permita melhorar a sua autoestima, como parte do processo de autoaperfeiçoamento” Porquê modelo autorregulador? Inter-relação dos 3 componentes (interpretação, coping e ponderação) de modo dinâmico e contínuo para manter o status que (regulam o self); “Se o estado normal de um indivíduo (saúde) é perturbado (pela doença), o modelo propõe que há motivação para voltar ao equilíbrio, à normalidade”; Implica que os 3 processos de interrelacionem de um modo dinâmico e contínuo, ocorrendo interações entre as diferentes fases.