Enfermagem - Conceitos, Cuidados, e Manutenção da Vida | PDF
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ESEL - Escola Superior de Enfermagem de Lisboa
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Este documento aborda os fundamentos da enfermagem, incluindo conceitos essenciais sobre cuidados de saúde e manutenção da vida. O foco é a importância da enfermagem na assistência individualizada para manter e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, juntamente com o uso de instrumentos básicos e evitando perigos para a saúde.
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Índice: Índice: 1. Conceitos Fundamentais no cuidado de ajuda na Manutenção de vida........................................................................................................2 2. Instrumentos básicos de Enfermagem............................................................................
Índice: Índice: 1. Conceitos Fundamentais no cuidado de ajuda na Manutenção de vida........................................................................................................2 2. Instrumentos básicos de Enfermagem................................................................................................................................................................................6 2.1. A documentação em enfermagem................................................................................................................................................................................6 2.2. Habilidade Instrumental em Enfermagem (HIE).................................................................................................................................................9 3. Ajudar a Evitar Perigos................................................................................................................................................................................................................ 12 3.1. Ajudar a evitar perigos no ambiente e evitar magoar os outros............................................................................................................ 12 3.1.1. Prevenção e controlo das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS)................................................................. 12 3.1.2. A promoção da adaptação do recém-nascido (RN) ao meio extrauterino:............................................................................. 35 3.1.3. A Promoção de um ambiente seguro e prevenção dos acidentes na criança...................................................................... 45 3.1.4. A promoção de um ambiente seguro e prevenção dos acidentes na pessoa idosa......................................................... 61 3.2. Ajudar a Respirar normalmente.................................................................................................................................................................................. 72 3.2.1. AULA TP – Respiração Diafragmática e Ensino da Tosse................................................................................................................... 79 3.2.2. AULA TP – Aspiração de Secreções.................................................................................................................................................................. 85 3.3. Ajudar a Mover-se e a manter uma postura adequada................................................................................................................................ 89 3.3.1. Consequências da imobilidade............................................................................................................................................................................ 89 3.3.2. Ergonomia – Mecânica Corporal......................................................................................................................................................................... 99 3.3.3. AULA TP – Alternância de decúbitos (posicionamentos):............................................................................................................... 113 3.3.4. AULA TP – Levante e Transferências:........................................................................................................................................................... 119 3.3.5. AULA TP – Exercícios de amplitude de movimento:........................................................................................................................... 136 3.3.6. AULA TP – Meios auxiliares de marcha:..................................................................................................................................................... 143 3.6. Ajudar a Manter o corpo Limpo, com boa aparência e a proteger os tegumentos................................................................. 150 3.6.1. AULA TP – Assistir o recém nascido/ lactente no banho de água, de loção e substituir a roupa do berço.. 157 3.8. Ajudar a Dormir e a Descansar................................................................................................................................................................................. 169 3.8.1. AULA TP - Massagem de Relaxamento....................................................................................................................................................... 172 1 1. Conceitos Fundamentais no cuidado de ajuda na Manutenção de vida Enfermagem – O que faz a enfermagem pelas pessoas? → A função singular da enfermagem é assistir o individuo doente ou são, na realização daquelas atividades que contribuem para a saúde ou a sua recuperação (ou para uma morte tranquila) e que ele realizaria sem auxílio se tal tivesse a força, força a vontade ou o conhecimento necessários e fazer isto de tal modo que o ajude a adquirir independência o mais rapidamente possível (Virginia Henderson). → A enfermagem assiste, assiste supre o que falta, complementa o cliente. Tem em vista a satisfação das NHF, NHF a independência ou uma morte tranquila. tranquila → Enfermagem é um serviço individualizado e altamente pessoal. Assiste Pessoa/ Enfermagem cliente (centro dos cuidados) Ajuda na Manutenção de Vida Resultados segundo V. Henderson Satisfação das Morte tranquila Independência NHF Ajuda na Manutenção de vida: → Segundo Collière, a ajuda é a compensação de uma capacidade defeituosa ou de uma incapacidade parcial ou total, temporária ou definitiva, m um ou vários domínios. → Esta compensação é indispensável para todas as atividades que a pessoa, ou família, não pode suprir, ela exige, nesse caso, cuidados de manutenção de vida. → Cuidados de manutenção da vida como os cuidados quotidianos e habituais ou cuidados de sustento e manutenção da vida: CARE, CARE representa todos estes cuidados permanentes e quotidianos que não têm outra função para além de sustentar a vida, restabelecendo-a em energia. Em enfermagem existem cuidados de manutenção da vida e cuidados de reparação. Sendo que, quando ocorre doença os cuidados de reparação não são suficientes. Sem o acompanhamento concomitante dos cuidados correntes (alimentação, higiene, etc.), com o seu suporte relacional, assiste-se à estabilização ou agravamento do processo de degenerescência. 2 É necessária uma conjugação dos dois tipos de cuidados para que a recuperação possa ocorrer. Collière desdobra a tipologia dos cuidados de enfermagem de uma forma diferente, não existem apenas cuidados de manutenção e cuidados de reparação. Evoluiu o seu pensamento e subdividiu os cuidados em cuidados de: Estimulação Confortação Manutenção de vida (sentido estrito): de sustentação e manutenção de capacidades adquiridas para fazer face às necessidades da vida quotidiana, permitem estar atento para evitar as perdas das aquisições realizadas assegurando a sua manutenção e o seu reforço na criança. Na pessoa idosa, permitem, devem manter as capacidades, discernindo as reais capacidades da pessoa para as aproveitar/ usar em proveito da sua manutenção. A sua razão de ser (dos cuidados) é acompanhar, acompanhar confortar, confortar tudo o que permite existir. Do parecer Compensação Apaziguamento O Cliente – Quem é o cliente de enfermagem? → A Pessoa/ cliente é o centro dos nossos cuidados, é um todo complexo com 14 NHF concretizadas em necessidades particulares. É um ser individual, individual único e uno. Ser que usa a sua força, conhecimento e vontade para conduzir a sua vida quotidiana. Pessoa autónoma (tem vontade própria) e que valoriza a independência (capaz de realizar as suas necessidades por si). → O beneficiário de cuidados é a pessoa em qualquer fase do ciclo de vida (e família), em qualquer condição de saúde – doença, situada num contexto sociocultural e familiar próprio, que age de acordo com as suas crenças e que preserva a sua independência e autonomia. → O papel de participante ativo ativo do cliente na relação de cuidados, papel de troca com o profissional é importante para a evolução da relação terapêutica, valorizando a autonomia do cliente. Em enfermagem, independência quer dizer “satisfazer sozinho as suas necessidades”, ou seja, satisfazê-las sem depender de ninguém. Independência A capacidade de realizar algo com os seus próprios meios. A capacidade para realizar funções relacionadas com a vida diária, isto é, a capacidade de viver com independência na comunidade sem ajuda ou com pequena ajuda de outrem. A capacidade percebida para controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre Autonomia a vida do dia a dia, de acordo com as próprias regras e preferências. É um dos princípios éticos. Curva de evolução do recurso aos cuidados (necessidade de ajuda) em função da idade: 3 Curva da evolução da capacidade para o cuidado em função da idade: Envelhecimento – vulnerabilidade e fragilidade da pessoa pessoa idosa: → Nesta etapa existem perdas insidiosas aos níveis biológico, social, psicológico e cognitivo, que se acumulam e potenciam. → Estado de crescente vulnerabilidade física, cognitiva e psicossocial, sendo independente de doença, determina a fragilidade da pessoa. → Faz emergir progressivas dificuldades de adaptação ao meio, com consequente aumento da vulnerabilidade à doença e à limitação funcional. Parceria: A parceria pressupõe um processo de negociação em que a autonomia da pessoa é respeitada acima de tudo. Uma noção que é comum em todas as definições é o respeito pela individualidade e subjetividade do doente enquanto pessoa o que pressupõe uma ação comum negociada no processo de cuidados. Individualização dos cuidados: Os cuidados básicos de enfermagem são compostos pelos mesmo componente indispensáveis, mas esses devem ser modificados e prestados de várias maneiras de acordo com as necessidades de cada pessoa. A individualização é o grau de personalização do cuidado pela enfermeira de acordo com os sentimentos e preferências do paciente e o nível de envolvimento no cuidado desejado por ele, sendo esta personalização uma forma de ajustamento das ações de enfermagem a cada paciente. Resultados desejados em enfermagem – Quais são os resultados desejados? desejados? → A enfermeira age com intencionalidade, intencionalidade ao dirigir os seus pensamentos e ação a fins determinados ou a resultados desejados. Age pela vontade e intencionalidade. A intencionalidade… Pensamento Ação Resultado desejado 4 → Os resultados/ consequências desejadas para o cuidado de enfermagem são os desejados pela enfermagem e os desejados pelo cliente. cliente 1. Resultados desejados segundo Virginia Henderson: Satisfação das NHF Independência Morte tranquila → Para Henderson os resultados desejados são, a curto prazo, prazo a satisfação das necessidades do utente; a médio e a longo prazo, prazo eles são a recuperação da independência, através dessa satisfação ou, em determinadas situações, uma morte tranquila. 2. Resultados desejados segundo a Ordem dos Enfermeiros – Padrões de qualidade dos cuidados em enfermagem: Satisfação do cliente Promoção da saúde Prevenção de complicações Bem-estar e autocuidado Readaptação funcional Organização dos cuidados de enfermagem 3. Resultados sensíveis ao cuidado de enfermagem: → Como os clientes e as suas condições são afetadas pelas suas interações com os enfermeiros. Aspetos que revelam o impacto do cuidado de enfermagem na pessoa e na sua saúde. → São eles: Autocuidado Gestão de sintomas Satisfação Ausência de incidentes e complicações Conforto Relações das 3 perspetivas: V. Henderson Satisfação das NHF Padrões de qualidade dos CE: Resultados sensíveis CE: Satisfação do cliente Satisfação do cliente Bem-estar e autocuidado Gestão de sintomas (conforto) Promoção de saúde Autocuidado Prevenção de complicações Ausência de acidentes e complicações Readaptação funcional 5 Independência Morte Tranquila 2. Instrumentos básicos de Enfermagem 2.1. A documentação em enfermagem O que é a documentação em enfermagem? Documentar: comprovar por meio de documentos; explicar. Um registo é uma comunicação escrita, legal e definitiva (Verba volant, scripta manent – “palavras faladas voam, palavras escritas permanecem”) que inclui informações sobre os cuidados de saúde prestados a um dado cliente é um relato contínuo do estado de saúde do cliente e pode ser consultado por qualquer elemento da equipa. Documentar (escrever) é parte integrante do cuidado. É uma ferramenta básica, um instrumento básico em enfermagem. Uma intervenção de enfermagem só está concluída quando é registada. A documentação na prática de cuidados é muito importante importante para o cliente, para o enfermeiro, para a organização e para a própria enfermagem. a) Os propósitos internos (finalidades da documentação): → Permite o desenvolvimento de uma linguagem comum (importante entre profissionais); → Facilita a comunicação (possibilidade de acesso à informação escrita) entre os membros da equipa de saúde (cooperação interprofissional); → Possibilita a planificação (decisão) e a avaliação de cuidados de enfermagem (permite uma individualização dos cuidados mais eficaz); → Possibilita a continuidade dos cuidados de enfermagem (contribui para evitar omissões ou repetições desnecessárias na prestação de cuidados); → Constitui um documento jurídico-legal (responsabilidade profissional; responder pelo documentado e não documentado; o que não está está escrito não foi feito) feito sobre os cuidados de enfermagem prestados; → Proporcionar uma apreciação da qualidade e da efetividade dos cuidados prestados; → Fornece dados para cálculo de custos associados aos cuidados e calculo de dotação necessária; → Fornece dados para a formação/ desenvolvimento de competências e a investigação em enfermagem; A documentação é essencial na transmissão de informação e na segurança do doente. Transmissão de informação: comunicação (eficaz) entre profissionais de saúde e entre instituições prestadoras de cuidados, sobre identificação e informações do estado de saúde do doente, sempre que existe transferências, temporária ou permanente da responsabilidade de prestação de cuidados. Técnica ISBAR e ferramenta ISBAR: ferramenta de padronização de comunicação em saúde que é reconhecida por promover a segurança do doente em situações de transição de cuidados. É constituída por: Identificação (identificação precisa e localização precisa dos intervenientes na comunicação- emissor e recetor- bem como do doente); Situação atual (descrição do motivo atual de necessidade de cuidados de saúde); Antecedentes (descrição de factos clínicos, de enfermagem e outros relevantes, diretivas antecipadas de vontade); Avaliação (informações sobre o estado do doente, terapêutica medicamentosa e não- medicamentosa instituída, estratégias de tratamento, alterações de estado de saúde significativas); Recomendações (descrição de atitudes e plano terapêutico adequados à situação clínica do doente). 6 Existem diversos tipos tipos de registos: Registo de admissão. Registo de evolução ou Registo (carta) de diário de enfermagem Apreciação inicial (AE AE) AE transferências ou alta (AMV AMV) AMV Tempo Registo de evolução ou diário de enfermagem: Registos de toda a informação de que o enfermeiro dispõe acerca da pessoa e referente a cada turno (ou período de interação de cuidados completa). São registos contínuos (internamento) ou em continuidade (outros) que: → Descrevem o estado e a evolução do cliente; → Relatam as experiências vividas com o utente ao longo do turno. → Descrevem os cuidados prestados: as intervenções interdependentes e autónomas do enfermeiro. → Descrevem a evolução/resposta evolução/resposta (avaliação do cliente às intervenções e acontecimentos). Princípios da documentação em enfermagem: 1. Rigor: → Ser exato (verídico, fiel) → Ser identificável (autoria e alvo) → Ser correta (terminologia, sintaxe) → Ser datada (dimensão temporal exata) 2. Objetividade: → Ser inequívoco (quantificada, discurso direto) → Ser legível → Ser organizado (com sentido logico, facilitar a perceção) 3. Relevância: → Ser concisa (dispensar palavras/ideias desnecessárias) → Ser abrangente (exaustividade/ ser completa) 4. Segurança: Segurança: → Não é alterável, ser legalmente válida. Regras para a elaboração de Documentação: a) Tipos de dados: → Observáveis e mensuráveis (ex.: débito urinário) 7 → Observáveis e não mensuráveis (ex.: dados comportamentais) → Não observáveis nem mensuráveis (ex.: sentimentos) b) A linguagem: Linguagem valorativa Linguagem descritiva Períodos de tempo indefinidos. Períodos de tempo mensuráveis. Quantidades indefinidas. Quantidades mensuráveis. Qualidades sem base objetiva. Qualidade com base objetiva. NÃO utilizada. Utilizada Utilizada na documentação em enfermagem! Aspetos a ter em conta na linguagem descritiva: → Tempo, periodicidade (ex.: uma vez, há 48h, quatro vezes numa hora, etc.) → Quantidades Mensuráveis (ex.: 200 ml de urina, 500 cc de conteúdo gástrico, etc.) Só em casos em que não se pode ou não é importante medir objetivamente se utiliza as expressões: pequena quantidade, moderada quantidade e grande quantidade. Só devem ser utilizadas as siglas internacionais e, eventualmente, as aprovadas na organização de saúde. Verbos: → Para descrever dados observacionais: observacionais Mantém, possui, evidencia, manifesta, apresenta, etc. → Para descrever dados subjetivos: subjetivos Refere, relata, descreve, etc. Tempos verbais: → Passado: se o problema já não se mantém aquando da documentação dos cuidados. → Presente: Se o problema se mantém aquando da documentação dos cuidados. Linguagem valorativa vs. Descritiva: Interpretação subjetiva: O Sr. António Silva esteva agitado durante a noite. Factos objetivos/ observações comportamentais: Tentou remover a ligadura da perna esquerda e colocou os membros inferiores por cima das grades de proteção. → A interpretação subjetiva precisa de ser complementada com os factos objetivos. c) As fontes de informação: Fazer referência às fontes de informação quando os dados não são avaliados/presenciados pelo enfermeiro. d) A organização: Cada vez que se faz a avaliação ao corpo da pessoa a sequência deve ser Céfalo- Céfalo-caudal (cabeça – tronco – membros), fazendo uma sistematização de todas as situações da pessoa, e numa sequenciação cronológica cronológica (12:00… 12:45… 15:00) para situações que exigem vigilância constante ou havendo intercorrência. Deve-se utilizar estas duas sequenciações de forma mista, mista ao mesmo tempo. 8 e) O formato para a documentação: Formato FOCUS DAR. DAR O formato FOCUS é centrado num aspeto do cliente que é alvo de atenção do enfermeiro. O DAR: DAR D – Dados objetivos e subjetivos. A – Ações de enfermagem realizadas. R – Resultado alcançado/ reação observada. 2.2. Habilidade Instrumental em Enfermagem (HIE) Habilidade que necessitamos de desenvolver em nós quando estamos a realizar cuidados de enfermagem. São considerados: 1. Intervenções que requerem habilidade instrumental (prática) constituem uma função nuclear da profissão. 2. O cliente, geralmente, valoriza o conforto físico e as intervenções manuais da enfermeira – Bons cuidados. 3. As intervenções de enfermagem devem ser seguras, seguras efetivas e respeitando os direitos e a dignidade do cliente, ou seja, têm de ser promotoras de individualização e de resultados relevantes para o cliente (satisfação, conforto, gestão de sintomas, independência, autocuidado, etc.). A intervenção de enfermagem deve contribuir para: → A segurança → A efetividade → A demonstração de respeito Por isso exige: exige → Conhecimento → Valores → Habilidade (treinada e adaptada ao cuidado de enfermagem) Habilidade Prática em enfermagem (HPE): Definição: as habilidades práticas em enfermagem são entendidas como ações complexas envolvendo habilidades de movimento, intenç intenções de cuidado, conhecimento teórico e pratico e deliberação ética e moral. O Modelo de Desempenho de Habilidades Práticas: Na interação de cuidado o Cliente tem as suas NHF particulares e o Enfermeiro é portador de conhecimentos científicos, técnicos, clínicos (sobre o cliente) e éticos que drenam para os valores (determinam a intencionalidade da ação) que quer transmitir nos cuidados que realiza. O enfermeiro é também portador das suas habilidades práticas, práticas que terá desenvolvido durante a sua vida profissional. 9 Segundo este modelo, a Habilidade prática tem três dimensões/ características essenciais: 1. Compreensão disciplinar 2. Intenção 3. Eficiência/ desempenho Concretizam-se em três componentes: componentes Gestos (movimentos produzidos com determinado fim) Estas componentes devem acontecer Informações (Material partilhado que aumenta com determinadas qualidades/ qualidades o conhecimento e a compreensão do cliente elementos/ elementos categorias: sobre o que se passa com ele, tento esta mais controle sobre o seu cognitivo, afetivo, exerce a Substância sua autonomia e a sua capacidade Sequência instrumental para o seu autocuidado ) Rigor Instruções (orientações diretas, no momento Fluência adequado, sobre o momento e como participar, Integração ajuda o cliente a interiorizar informação, a Comportamento cuidador participar e aumenta a sua obtenção de resultados) (NÃO NÃO são só gestos) As três dimensões/ características essenciais mais concretamente: Compreensão disciplinar: Intenção: O cuidado; cuidado Eficiência/ Desempenho: Intenção de assistir, O cliente: cliente um todo Individualizar sem cuidar o cliente em independente e autónomo. prejudicar a segurança. necessidade, de forma a Vemos o cuidado como a atingir certos resultados. resultados Ter em conta a enfermagem o vê. Quando nos individualidade da Ação motora → Ação de formarmos iremos saber fazer pessoa cuidada para cuidados as ações e teremos obter os melhores conhecimento sobre elas. resultados possíveis. HP → HPE 10 Os elementos/ categorias mais concretamente: A apropriada, correta e harmoniosa utilização dos gestos, gestos da informação e da instrução, instrução através da combinação de: Substância – Relevante Sequência – Ordem lógica Rigor – Correções/ exatidão Fluência – Destreza e fluidez dos gestos Integração – Perspetiva “do todo” Comportamento cuidador – Atmosfera de respeito e cuidado Todas estas dimensões, componentes e elementos corroboram objetivos da própria enfermagem: promover e melhorar a independência e o autocuidado do cliente, procura da individualização dos cuidado na habilidade prática. O modelo adequa-se à disciplina/ profissão (no cuidar – promover a individualização) e à função do enfermeiro (promover a independência e outros resultados sensíveis – autocuidado, satisfação, conforto). 11 3. Ajudar a Evitar Perigos 3.1. Ajudar a evitar perigos no ambiente e evitar magoar os outros 3.1.1 3.1.1. Prevenção e controlo das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) O programa de prevenção e controlo de infeção e de resistência aos antimicrobianos tem 3 pilares: 1. Programa Nacional de Prevenção e Controlo de infeção- Promoção de boas práticas de prevenção e controlo de infeção reduzem a transmissão e a incidência de infeção 2. Programa Nacional de prevenção de resistência aos antimicrobianos - reduzir a emergência de resistências aos antimicrobianos, o que se pode conseguir reduzindo o seu consumo 3. Vigilância epidemiológica – permite monitorizar as boas práticas, as IACS e as RAM e aplicar planos de melhoria Definição Definição e dimensões da NHF Evitar os perigos no ambiente e evitar magoar os outros: Definição da necessidade Dimensões Proteção contra as agressões internas ou externas, com Biofisiológica o fim de manter a sua integridade física e mental Psicológica Sociológica Cultural/ Espiritual Fatores que podem influenciar a sua satisfação: Dimensões Fatores que podem influenciar a sua satisfação Limites sensoriais Biofisiológica Imunidade/inflamação Infeção/contaminação Prevenção da Doença e dos Acidentes Predisposição para acidentes Psicológica Falta de atenção Ansiedade/medo Perturbações do pensamento Regulamentação para prevenir os perigos e preservar a Sociológica saúde do trabalhador Medidas de segurança no trabalho Medidas para prevenção e controlo das doenças Exposição aos perigos em consequência de certas Cultural/espiritual ideologias Disciplina de vida para manter o equilíbrio físico e mental Faz parte dos cuidados básicos de enfermagem ajudar os doentes a proteger-se contra traumatismos, como as quedas; de perigos físicos, como o fogo; de perigos químicos, como tóxicos; de animais e insetos nocivos, de microrganismos patogénicos, sempre presentes no ambiente. As enfermeiras devem compreender e conhecer os métodos de controlo das infeções. 12 A segurança do doente: é uma componente da qualidade da prestação de cuidados de saúde que visa a redução do risco de danos desnecessários e preveníveis. Assenta na identificação dos riscos, na gestão e prevenção dos incidentes e eventos adversos, admitindo e aceitando que os mesmos podem ocorrer, mas também que são, na maioria dos casos, evitáveis. Incidente de segurança do doente: é um evento ou circunstância que poderia resultar, ou resultou em dano desnecessário para o doente. Evento adverso: incidente que resulta em dano para o doente. A Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS IACS) IACS é considerada um Acidente ou Evento Adverso. Adverso Metas Internacionais para a Segurança do Doente: Meta 1 – Identificação Meta 2 – Comunicação Meta 3 – Segurança do medicamento Meta 4 – Cirurgia/ procedimento/ cliente certo Meta 5 – Redução do risco de infeção Meta 6 – Redução do risco de queda Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015- 2015-2020 (objetivos estratégicos): 1. Aumentar a cultura de segurança do ambiente interno 2. Aumentar a segurança da comunicação 3. Aumentar a segurança cirúrgica 4. Aumentar a segurança na utilização da medicação 5. Assegurar a identificação inequívoca dos doentes 6. Prevenir a ocorrência de quedas 7. Prevenir a ocorrência de úlceras de pressão 8. Assegurar a prática sistemática de notificação, análise e prevenção de incidentes 9. Prevenir e controlar as infeções e as resistências aos antimicrobianos Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS): Definição: É uma infeção adquirida pelos doentes em consequência dos cuidados e procedimentos de saúde prestados e pode também afetar os profissionais de saúde durante o exercício da sua atividade. Conceito alargado de infeção associada à prestação de cuidados, cuidados onde quer que estes sejam prestados, independentemente do nível de cuidados (agudos, reabilitação, ambulatório, continuados, domiciliário). Podem ser manifestadas não só durante o internamento, mas também após a alta do doente. As IACS podiam ser evitadas, não sendo, causando dano à pessoa. 13 Prevenção e controlo das IACS – Conceitos: Ambiente Seguro: Refere-se ao espaço que nos rodeia e no qual as pessoas (doentes, visitas e profissionais) não correm risco de infeção ou outros riscos. No contexto das Unidades de Saúde refere-se às práticas ou processos de eliminação, remoção ou destruição da contaminação existente no ambiente e que pode atingir o hospedeiro suscetível. Infeção: Presença e multiplicação de microrganismos em locais do corpo humano normalmente estéreis, ou de microrganismos que não se encontram normalmente presentes nos locais do corpo humano com flora própria havendo, por parte do hospedeiro, uma resposta clínica e / ou imunitária à presença desses organismos. Quanto à origem a infeção pode ser: Endógena → Tem origem na própria flora do doente por quebra de barreiras naturais, por alteração da virulência da própria flora ou alterações dos mecanismos de defesa do próprio (microrganismos que existem na pele, nas vias respiratórias superiores, no trato gastrointestinal e no trato génito-urinários). Exógena → Tem origem numa flora externa ao doente. Pode ocorrer por infeção cruzada (transmissão de um indivíduo para o outro, através de um intermediário que ficou contaminado). Risco de infeção: Probabilidade de ocorrer, condição ou situação que predispõe à infeção. Agente Infecioso: Microrganismo capaz de produzir infeção/ doença infeciosa. Microrganismo: Organismo vivo, com dimensões de micra µ (não visíveis a olho nu). São patogénicos os que, em determinadas condições, são capazes de provocar doenças. São responsáveis pelas infeções nos seres vivos. Bactérias, parasitas, fungos, vírus e priões. Fatores que afetam o risco de transmissão de MO nas Cadeia epidemiológica de infeção infeção unidades de saúde Presença de grande número de microrganismos (inóculo). Mesmo com baixo inóculo, pode causar infeção. Alta patogenicidade/ virulência. Transmissão por via aérea. Agentes Infeciosos Capacidade de sobrevivência no ambiente. Capacidade de colonizar os dispositivos médicos. Capacidade de se manter num hospedeiro assintomático (portador). Incontinência de fezes, não controlada com os materiais comuns de incontinência. Lesões da pele com exsudado ou feridas não contidas pelo material de penso. Secreções respiratórias copiosas, não Reservatórios controladas. Inabilidade de adesão às PCI/PBVT Doentes em Unidade de Cuidados Intensivos ou que requer muita manipulação. Limpeza inadequada. Partilha de equipamentos inadequadamente limpos entre utentes. Porta de saída/ Reservatório 14 Sobrelotação. Quartos com estruturas comuns a todos os doentes. Understaffing (baixo rácio enfermeiro/doente) Doente em Unidade de Cuidados Intensivos ou que requer muita manipulação. Doente submetido a múltiplos dispositivos e procedimentos invasivos. Utente ou profissional com pele não intacta. Hospedeiro/ Porta de entrada Utente: debilitado, com comorbilidades graves e múltiplas, com idade elevada ou prematuro, com tratamento antibiótico recente, imunossuprimido, com défice de imunidade. Inadequada formação ou não adesão dos profissionais às boas práticas. Fonte de agentes infeciosos (Reservatório): Local onde o microrganismo se mantém, metaboliza e multiplica. Os reservatórios possíveis podem ser de natureza inanimada ou ambiental, ou de origem em seres vivos vivos (humanos, animais e plantas). Modos de transmissão: Variam de acordo com o agente infecioso. infecioso Alguns agentes infeciosos podem ser transmitidos por mais de uma via e a maior parte são transmitidos por contacto direto ou indireto. indireto Outros agentes são transmitidos por gotículas (vírus da gripe), outros por outras vias: água, alimentos, medicamentos, vetores inanimados. Vias de transmissão Dinâmica da transmissão Exemplos A transmissão ocorre quando os Sangue ou fluído corporal de um microrganismos são transferidos da doente diretamente para um Contacto direto pessoa infetada para outra sem um profissional através do contato com objeto intermédio contaminado ou membrana mucosa ou uma lesão na uma outra pessoa. pele. Envolve a transferência de um As mãos podem transmitir o microrganismo através de um objeto microrganismo depois de tocar num intermédio contaminado ou de uma local do corpo de um doente Contacto indireto pessoa. É difícil determinar quando colonizado ou infetado, para outra ocorre uma transmissão indireta. pessoa ou equipamento. Instrumentos/ equipamentos de cuidados partilhados sem descontaminação. Embora a roupa contaminada não EPI do profissional podem ficar tenha sido implicada diretamente na contaminados com agentes Contacto transmissão, existe o risco potencial infeciosos depois dos cuidados. dos fardamentos transferirem agentes infeciosos. Tecnicamente é uma forma de Gotículas transmissão por contato. Os agentes 15 infeciosos são transmitidos por gotículas respiratórias. As gotículas respiratórias são geradas: Quando uma pessoa infetada tosse, respira, fala Durante a execução de procedimentos (aspiração de secreções, broncoscopias, entubação endotraqueal, indução da tosse, cinesiterapia respiratória, ressuscitação cardiopulmonar) Pode ocorrer a transmissão de gotículas respiratórias com microrganismos de um doente infetado para a superfície mucosa de um recetor, geralmente a pequenas distâncias, sendo necessário proteção facial (mucosa nasal, conjuntiva e boca) Distância de segurança aproximadamente 1,5 metros Disseminação de partículas (< 5µm) Mycobacterium tuberculosis de tamanho, respirável, contendo agentes infeciosos que podem infetar ao longo do tempo e Via Aérea dispersas por correntes de ar, podendo percorrer grandes distâncias, não só em extensão, mas também para dentro da árvore respiratória. Nem todos os agentes infeciosos são transmitidos de uma pessoa para outra pessoa Exemplos: Contaminação alimentar - alimentos contaminados e água Outras Vias Contaminação por medicamentos - fluídos intravenosos e alimentação parentérica Contaminação com origem em vetores de agentes infeciosos mosquitos, ratos, moscas, baratas, etc. Infeção Nosocomial/ Hospital/ IACS: O termo Infeção nosocomial / infeção hospitalar é substituído por Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS) por mudança na administração de cuidados de saúde: internamentos do doente mais curtos e aumento 16 da prestação de cuidados no ambulatório. Este termo (IACS) deve abranger as infeções que ocorrem em pessoas em qualquer instituição de prestação de cuidados de saúde. Circunstâncias que favorecem as IACS: 1. Ambiente hospitalar (animado, inanimado e procedimentos): Arquitetura não adequada Ausência de isolamento físico ou espacial Circuitos não conformes Contaminação do ambiente Ambiente animado: Desrespeito pela manutenção e desinfeção dos locais e equipamentos, inadequada utilização dos produtos, gestos/rotinas não rigorosos nos cuidados prestados, inadequada higiene corporal dos doentes e profissionais, baixa adesão à higiene das mãos, inadequada organização do trabalho, sobrelotação dos serviços e staff reduzido para o nº de doentes. Procedimentos de risco: Cirurgia, Cateterismo (algaliação, cateteres vasculares, ventilação, etc.) e pressão terapêutica (antibióticos, corticoides, quimioterapia, etc.) 2. Agente Microbiano: Microrganismos são nossos “amigos”, são parte essencial da nossa ecologia microbiana própria. Para que se mantenha um equilíbrio desejável, é necessário compreender a sua interação com o homem (90% das células do corpo humano são bactérias, cerca de 30% dos MO são considerados patogénicos). No ar, os MO presentes dependem do nº de pessoas, do movimento de pessoas e do ar, etc. 3. Hospedeiros particularmente suscetíveis: Idades extremas, imunodeprimidos, diabéticos, insuficientes respiratórios, fumadores, doentes com patologia da pele, desnutridos ou obesos e que tenham sido submetidos a intervenções diagnósticas e terapêuticas. IACS – fatores que contribuem: São muitos os fatores que contribuem de forma significativa para a magnitude deste problema de saúde pública à escala global: Hospedeiros mais suscetíveis à infeção porque mais idosos e com elevados índices de comorbilidade; Emergência de agentes multirresistentes aos antimicrobianos; Elevada complexidade de cuidados de saúde prestados que acontecem, frequentemente, em unidades de cuidados intensivos e/ou com recursos a técnicas e dispositivos invasivos; Infraestruturas, recursos humanos, materiais e processos organizacionais que dificultam o controlo das infeções nos vários cenários de prestação de cuidados; Maior circulação de doentes entre os diferentes níveis de cuidados, nomeadamente, unidades de cuidados continuados e unidades hospitalares. Tipos de Precauç Precauções: uções: → Precauções básicas ou padrão de controlo de infeção. → Precauções de isolamento baseadas na Via de Transmissão (contacto, gotículas e via aérea). 17 Precauções Universais – Princípios Orientadores: Todas as pessoas são consideradas como potencialmente infeciosas; Assumir que todo o sangue e outros fluídos corporais podem estar contaminados com o vírus da Sida (HIV) ou da Hepatite; Assumir que todas as agulhas e outros instrumentos cortantes usados estão contaminados. Precauções Básicas: É fundamental que em todos os momentos da prestação de cuidados ao doente, existam ações que atuem simultaneamente na área da prevenção e do controlo da transmissão cruzada de organismos. Estas ações são os alicerces do controlo da infeção e são a primeira “barreira de segurança” nos cuidados de saúde. AS PBCI ajudam a prevenir e a controlar a transmissão cruzada de microrganismos, a infeção e a resistência aos Antimicrobianos: de um doente para o outro, do doente para o profissional de saúde, do profissional de saúde para o doente e do profissional de saúde para outro. Devem ser aplicadas a TODOS os doentes, mesmo sem conhecer o seu diagnóstico. PBCI Aplicam-se a Todos os Utentes, quando se prevê contato com: Sangue (inclui sangue seco), Fluidos corporais, secreções, excreções, Precauções básicas de controlo de Infeção Pele não intacta Membranas mucosas Precauções de contacto (PC) PBVT (Precauções Baseadas nas Vias de Transmissão) aplica-se aos utentes quando: Vias de transmissão Precauções de Já há diagnóstico ou gotícula (PG) presunção de patologia infeciosa ou microrganismo alerta ou problema! Precauções de via aérea 18 → Dentro das precauções para prevenir e controlar a infeção, as Precauções básicas de controlo de infeção (PBCI) devem se aplicadas por TODOS os Profissionais de Saúde nos cuidados a TODOS os doentes em TODAS as situações. E as Precauções Baseadas nas vias de transmissão (PBVT) devem ser aplicadas em doentes com infeção confirmada ou suspeita dependendo da via de transmissão. As PBVT complementam as PBCI, mas não as substituem. As Precauções Básicas: 1. Colocação dos doentes: Doentes que representem um risco acrescido de transmissão cruzada (ex.: sintomas de diarreia) devem ser colocados num local que minimize esse risco. Deve evitar-se as deslocações desnecessárias do doente entre enfermarias ou entre serviços. 2. Higiene das mãos: IGNAZ PHILLIP SEMMELWEIS Médico Obstetra. Nasceu na Hungria em 1818. Faleceu com 47 anos, em 1865. Enquanto Médico no Vienna General Hospital e após a morte dum seu amigo em 1847, Patologista Forense, verificou no relatório da autopsia que a situação patológica era semelhante á das Mulheres afetadas por Febre Puerperal. Verificou também que a maioria dos casos de Febre Puerperal surgia em Mulheres observadas por Médicos que, imediatamente antes, tinham estado a realizar autopsias e que não lavavam as mãos entre os procedimentos. Este medico ordenou aos médicos que lavassem as mãos com soluções cloretadas antes de examinarem as mulheres e a taxa de mortalidade por febre puerperal baixou de 10- 35% para 1-2%. As mãos são o principal veículo de transmissão dos microrganismos de um indivíduo para outro. As mãos contaminadas dos profissionais de saúde são responsáveis pela transmissão de MO entre doentes e ambiente (infeção cruzada). É a medida mais eficaz, simples e económica de prevenir IACS. Houve um aumento gradual de adesão sobretudo nos ACES e nas UCCI a partir de 2016. Os locais das mãos com maior colonização são as unhas, as zonas interdigitais, os punhos e as palmas das mãos. Medidas gerais para a higiene das mãos: → Higienizar preferencialmente por fricção com SABA no local de prestação de cuidados quando as mãos estão visivelmente limpas; → Usar mangas curtas ou enrolar mangas do uniforme; → Retirar todos os objetos e adornos incluindo as pulseiras e os relógios das mãos e antebraços; → Não usar unhas artificiais verniz, gel, gelinho ou outros produtos nas unhas; → Usar unhas curtas e limpas; → As feridas devem ser cobertas com adesivos impermeáveis; → Hidratar a pele, no mínimo 2 a 3 vezes por turno; 19 Mais: → Retirar todos os objetos e adornos incluindo anéis, pulseiras e relógios; → Não usar verniz nas unhas nem unhas falsas. → Usar unhas curtas e limpas; → As feridas devem ser cobertas com adesivos impermeáveis; → Aplicar regularmente creme dermoprotetor nas mãos. Método Descrição Água e Sabão Higiene das mãos com água e sabão Fricção com solução antisséptica de base alcoólica Fricção das mãos com uma solução antisséptica de (SABA) base alcoólica Preparação pré cirúrgica das mãos Preparação das mãos da equipe cirúrgica antes de entrar no bloco operatório Vantagens da fricção com SABA: → Processo menos moroso que a lavagem; → Mais efetivo que a lavagem, inclusive quando comparado com sabão antimicrobiano; → De mais fácil e rápido acesso, por vezes, do que o lavatório; → Reduz rapidamente a contagem bacteriana presente nas mãos; → Menor consumo de toalhetes. ATENÇÃO: Clostridium difficile e Bacillus anthracis exige lavagem com ÁGUA E SABÃO! Os 5 momentos para a higiene das mãos: 1. Antes do contacto com o doente: para proteger o doente de MO que transportamos nas mãos. 2. Antes de procedimentos limpos/ asséticos: Antes de qualquer tarefa envolvendo o contacto direto ou indireto com mucosas, pele com soluções de continuidade, dispositivos médicos invasivos (cateter, sonda) ou equipamentos / produtos dos cuidados de saúde. Para proteger o Doente de microrganismos que transportamos nas mãos e dos da sua própria flora. 3. Após risco de exposição a fluidos orgânicos: Após qualquer procedimento que potencialmente envolva a exposição das mãos a um fluido orgânico, independentemente de se usarem luvas ou não. Para proteger o Profissional de saúde e o ambiente da disseminação de microrganismos do Doente. 4. Após contacto com o doente: Higienizar as mãos imediatamente após ter contactado com um Doente, quando deixa o ambiente envolvente do mesmo. Para proteger o Profissional de saúde e o ambiente da disseminação de microrganismos do Doente. 5. Após contacto com o ambiente envolvente do doente: Ocorre quando o Profissional de saúde abandona o ambiente envolvente do Doente após ter tocado em equipamento, mobília, dispositivos médicos pertences pessoais ou outras superfícies inanimadas, sem ter estado em contacto com doente. Para proteger o Profissional de saúde e o ambiente da disseminação de microrganismos do Doente. 20 3. Etiqueta respiratória: respiratória: Conjunto de medidas destinadas a conter as secreções respiratórias, de forma a minimizar a transmissão de agentes infeciosos por via aérea ou através de gotículas. Consistem em: Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar, utilizar toalhete/lenço de papel de uso único ou, em alternativa, tossir e espirrar para o braço e não para as mãos, colocar, imediatamente, o lenço de papel usado nos recipientes do lixo, lavar as mãos com água e sabão após contacto com secreções respiratórias e objetos contaminados e evitar tocar nas mucosas dos olhos, boca ou nariz. 4. Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI): (EPI): Uma variedade de barreiras, utilizadas sozinhas ou em conjunto com o objetivo de proteger as mucosas, pele e a roupa do contacto com agentes infeciosos. Incluem luvas, máscaras, respiradores, óculos, viseiras e aventais ou batas. Selecionar EPI de acordo com a avaliação do risco de transmissão de microrganismos para o doente e o risco de contaminação da pele, mucosas e vestuário dos profissionais pelo sangue, fluidos corporais, secreções e excreções do doente. Ao proteger o doente o profissional também está a proteger-se e vice-versa. Os utilizadores dos EPI têm de conhecer e perceber as consequências de uma exposição sem proteção, a necessidade de se protegerem, as razões pelas quais um equipamento é utilizado e as vantagens que daí advêm. Todos os trabalhadores de saúde devem tornar o seu uso numa prática constante e apropriada, quando realizam atividades/procedimentos que os coloquem em contacto direto com o sangue e fluídos corporais dos doentes. Esse contacto pode produzir-se durante a manipulação de instrumentos ou de materiais extraídos para fins diagnósticos, como é exemplo a realização de procedimentos invasivos. Princípios de utilização dos EPI: → os EPI reduzem, mas não eliminam o risco de transmissão; → Os EPI só são efetivos se usados corretamente e em cada contacto; → O uso de EPI não substitui as medidas básicas de higiene nomeadamente a lavagem / desinfeção das mãos; → Deve ser evitado todo o contacto do EPI com superfícies, roupas ou pessoas; → Os EPI utilizados nos doentes devem ser considerados de risco biológico e eliminados para autoclavagem, incineração ou método alternativo. Práticas de trabalho seguro com a utilização dos EPI: → Manter as mãos afastadas da face; → Trabalhar da zona “mais limpa” para a “mais suja”; → Limitar as superfícies de toque; → Mudar os equipamentos quando danificados ou fortemente contaminados; → Efetuar a higiene das mãos, antes de colocar as luvas e depois de as retirar; → Quando as luvas são usadas em combinação com outros EPI, proceder de forma a não contaminar as zonas a proteger / protegidas. 21 LUVAS LUVAS – indicações e contraindicações: Indicações para luvas esterilizadas: Procedimento cirúrgico, parto vaginal, procedimento radiológico invasivo, colocação de acessos venosos ou cateteres centrais, preparação de nutrição parentérica total e de agentes de quimioterapia. Indicações para luvas limpas: Possibilidade de contacto com sangue, fluidos orgânicos, secreções, etc. Luvas não indicadas (exceto para precauções de contato): Sempre que não exista possibilidade de exposição a sangue ou fluídos corporais, ou ambiente contaminado. Exposição direta ao doente (avaliação da TA, temperatura e pulso, administração de injeções SC ou IM, lavar e vestir o doente, cuidar dos olhos e pavilhões auriculares quando estes não apresentam secreções, qualquer manipulação de acesso vascular sem extravasamento de sangue) e exposição indireta ao doente (utilização de telefone, escrever nos registos, administração de medicação oral, recolha/distribuição de tabuleiros de refeição, substituição de lençóis, colocação de aparelhos de ventilação não invasiva e deslocação de mobília). Indicações para o uso de luvas: → A avaliação do risco para decisão sobre o uso adequado e para seleção do tipo de luvas deve ser efetuada antes do procedimento a realizar e inclui: a) A natureza da tarefa; b) A probabilidade de contacto com fluidos corporais; c) A necessidade (ou não) de isolamento de contacto; d) A necessidade de técnica assética: luvas estéreis /não, estéreis; e) Ponderação de alergia ao latex (utente e profissional de saúde). → As luvas de uso único não esterilizadas estão indicadas nas seguintes situações: a) Exposição direta ao utente (contacto com sangue, contacto com membranas mucosas e com pele não íntegra, possível presença de microrganismos infeciosos, situações de emergência ou epidemia, colocação e remoção de acessos venosos periféricos, remoção de linha arterial, limpeza e desinfeção de derrames e salpicos de sangue, exame pélvico ou vaginal, Higiene oral, Higiene perineal) b) Exposição indireta ao utente (esvaziamento de recipientes de fluidos orgânicos, manipulação / limpeza de instrumentos, manipulação de resíduos, limpeza de fluidos corporais). → As luvas de uso único esterilizadas estão indicadas nas seguintes situações: a) Procedimentos cirúrgicos, parto vaginal, exame vaginal em Obstetrícia se houver rotura de bolsa, procedimentos radiológicos invasivos, colocação de acessos venosos ou cateteres centrais, Drenagem de fluidos corporais (toracentese, paracentese, drenagem suprapubica, nefrostomias, outras), Punção para colheita de fluidos orgânicos (Liquido cefalorraquidiano, liquido sinovial, hemoculturas, outros), punção lombar e abdominal, preparação de nutrição parentérica; preparação de fármacos citostáticos. → Na colocação das luvas os profissionais devem: a) Higienizar as mãos antes de colocar as luvas; b) Colocar as luvas imediatamente antes do contacto/ procedimento para não contaminar as luvas antes do procedimento; c) Se utilizarem luvas conjuntamente com outros EPI, devem as luvas serem colocadas em último lugar; d) Trocar de luvas em procedimentos diferentes, no mesmo utente (quando aplicável); 22 e) Evitar contaminar os materiais e o ambiente à volta do utente, não tocando nestes, com as luvas usadas. → Na substituição/ mudança/ remoção de luvas os profissionais devem: a) Trocar as luvas entre utentes e quando danificadas; b) Trocar as luvas entre procedimentos num mesmo utente, sempre que seja necessário prevenir a contaminação de uma zona mais suscetível (ex. mudança de fralda e posterior manipulação da sonda gástrica); c) Retirar as luvas imediatamente após terminar a tarefa ou o procedimento para o qual foram usadas. Não devem ser usadas para escrever ou tocar em qualquer superfície limpa ou outras pessoas, (incluindo o próprio); d) Conjuntamente com outros EPI, as luvas devem ser removidas em primeiro lugar; e) Higienizar as mãos imediatamente após retirar e inutilizar as luvas, uma vez que o uso de luvas não substitui este procedimento. → Boas práticas na utilização das luvas: a) Proceder a uma avaliação de risco e, com base nesta, selecionar um tipo apropriado de luva para a tarefa que vai que vai realizar; b) As luvas devem ser adequadas ao procedimento e ao utilizador de modo a não interferir com a destreza, não provocar transpiração excessiva, nem provocar fadiga muscular dos dedos e das mãos; c) O uso de luvas de punho alto para cobrir o antebraço pode ser necessário em determinadas situações, em que a exposição a fluidos corporais ou sangue é provável (ex. partos) e deve ser considerado na avaliação do risco; d) As luvas devem ter um tamanho que se ajuste ao da mão do profissional, de modo a não interferir com a performance e destreza do utilizado; e) O uso de dois pares de luvas é recomendado, por alguns autores, mesmo reduzindo a sensibilidade e a destreza, como meio de proteger os cirurgiões e outros profissionais de saúde quando tratam de utentes portadores de VIH/ SIDA e/ou de vírus de Hepatite, devendo ser considerado o seu uso, aquando da realização de procedimentos, em que a probabilidade de exposição por perfuração é previsível. f) Não utilizar luvas em procedimentos que não impliquem contacto com sangue e outros materiais potencialmente infeciosos, como utilizar o telefone ou computador, escrever no processo do utente ou avaliar a pressão arterial; g) Reconhecer que “a utilização de luvas não substitui a higienização das mãos”: lavar SEMPRE as mãos antes e após calçar um par de luvas; h) Efetuar sempre as tarefas na sequência do mais limpo para mais sujo, substituindo as luvas e higienizando as mãos entre cada um deles; i) Não usar joias durante o uso de luvas, porque estas danificam a sua integridade, tal como as unhas, que devem ser mantidas curtas e limpas; j) Qualquer reação da pele adversa às luvas (quer do utente quer do profissional) deve ser reportada ao serviço de higiene, saúde e segurança no trabalho; k) As luvas não devem ser utilizadas por longos períodos de tempo ou sujeitas a reutilização; l) Verificar se as luvas têm defeitos e, se for o caso, substituir de imediato; 23 m) As luvas devem ser removidas e as mãos higienizadas entre cada procedimento, e entre cada utente, e rejeitadas para o contentor de resíduos adequados ao grau de contaminação (biológico, químico ou equiparado a urbano); n) Quaisquer cortes ou lesões devem ser cobertos por pensos à prova de água, independentemente da utilização de luvas; o) No caso de serem usadas luvas de látex, não devem ser utilizados cremes hidratantes de mãos à base de óleo, uma vez que não são compatíveis com o látex (devem ser à base de água). Avaliação de risco para a seleção de luvas (algoritmo): Trata-se de um Luvas esterilizadas procedimento SIM cirúrgicas cirúrgico? NÃO Trata-se de um Luvas esterilizadas de procedimento invasivo? procedimento SIM NÃO Trata-se de um procedimento onde se Luvas esterilizadas de prevê contato com latex ou neopreno de SIM procedimento sangue ou outros fluídos? NÃO Trata-se de um Luvas não esterilizadas procedimento de de latex ou neopreno limpeza do ambiente ou especificas para SIM material? limpeza AVENTAL DE PLÁSTICO: → Devem ser utilizados durante procedimentos que envolvam contacto direto com o Doente; → Utilizados para proteção dos uniformes / fardas quando se considera provável a contaminação; → Substituídos no final do procedimento e entre doentes (ex.: entre os cuidados de higiene e a realização de penso de ferida) BATA DE MANGA COMPRIDA: → Devem ser usadas quando existe risco acrescido de salpicos de sangue e fluidos orgânicos; 24 → Substituídas no final do procedimento e entre doentes. PROTETORES OCULARES: OCULARES: → Os protetores oculares ou máscaras com viseira devem ser utilizados quando existe risco de projeção de salpicos de fluídos orgânicos para a face e sempre durante procedimentos geradores de aerossóis (ex.: entubação traqueal, endoscopias brônquicas, sessões de balneoterapia); → Os óculos pessoais não conferem proteção ocular adequada. MÁSCARAS/ RESPIRADORES DE PARTICULAS: → “máscara” um termo que se refere aos equipamentos utilizados para cobrir a boca e o nariz e inclui tanto as máscaras cirúrgicas como as máscaras de procedimentos; → O uso de máscara está indicada em procedimentos com a capacidade potencial de produção de salpicos ou de “aerossóis” de fluidos orgânicos para a árvore respiratória; → As máscaras devem ser bem ajustadas á face (cobrindo totalmente a boca e o nariz); → As máscaras devem ser selecionadas de acordo com as patologias e o tipo de eficácia de filtragem necessária de acordo com as mesmas patologias (gotículas, partículas); → A máscara deve ser removida e substituída: substituída no final do procedimento, quando a integridade da máscara estiver comprometida (ex.: acumulação de humidade ± 4 horas) ou contaminação significativa e de acordo com instruções do fabricante. Máscara Cirúrgica: Equipamento destinado a cobrir a boca e nariz pelo pessoal da equipa cirúrgica no Bloco Operatório, durante procedimentos cirúrgicos e destina-se a proteger, tanto os doentes como os profissionais, da contaminação com microrganismos ou fluidos orgânicos. As máscaras cirúrgicas também são usadas para proteção do pessoal do contacto com gotículas potencialmente infeciosas. Não protegem da inalação de pequenas partículas e não devem ser confundidas com respiradores de partículas (recomendados para situações em que o agente infecioso se transmite por via aérea). Respirador de partículas: Equipamento de proteção destinado a proteger o utilizador da inalação de partículas de pequenas dimensões (100 bpm Frequência respiratória Ausente Choro fraco Choro forte Boa flexão/ movimentos Tónus muscular Flacidez Flexão moderada ativos Irritabilidade reflexa Sem resposta Caretas Tosse ou espirro Corpo rosado/ Cor da pele Cianose ou palidez extremidades Totalmente rosado cianosadas Proposta de parâmetro 0 1 2 adicional Ausência de choro Abertura espontânea dos olhos Bem estar Mimica facial relaxada Busca ativa do peito Movimentos lentos dos Sorriso ou expressão membros relaxamento Scores APGAR aos 5 min e 10 min Sem asfixia IA – 8 a 10 Asfixia leve IA – 5 a 7 Asfixia moderada IA – 3 a 4 Asfixia grave IA – 0 a 2 Não é necessário afastar o RN da mãe para se avaliar o índice de APGAR. 43 RN tenso vs. RN relaxado → Devemos ir mais além da adaptação física do RN, devemos apoiar os esforços de equilíbrio do RN para ajudá- lo a ser competente. → “quando olho um recém-nascido nos olhos e ele me olha a mim, eu confirmo-lhe que el já nasceu, e ele responde-me que já o tinha compreendido ou intuído” (Volta, 2009) Intervenções de enfermagem que visam a avaliação avaliação do peso, estatura e perímetro perímetro cefálico (após as 24h): São intervenções não prioritárias, prioritárias e realizadas, se possível, à vista da mãe, ou presença do pai. Não justificam que se impeça ou atrase o contacto pele a pele com a mãe ou pai. Intervenções de enfermagem enfermagem que visam promover o contacto precoce (pele a pele): Devemos respeitar as “2 horas de ouro” imediatamente após o nascimento, isto vai permitir a existência de um benefício máximo para a mãe e para o bebé. Para a mãe: mãe → O toque, toque o cheiro e a temperatura temperatura são estímulos vagais que libertam ocitocina (melhora as respostas sociais – mais comportamentos de apego), diminui a ansiedade e aumenta a temperatura do tórax. → Menor ingurgitamento mamário no puerpério. Para o bebé: bebé → Favorece a sincronia com a mãe → Favorece o início da amamentação e contribui para o sucesso do aleitamento materno → Melhora a termorregulação → Glicémia mais elevada e frequência respiratória mais baixa (melhora a conservação de energia) → Favorece a colonização do RN por bactérias maternas, para as quais já possui anticorpos, se forem necessários. A descoberta do filho, a vinculação e criação de laços afetivos é proporcionado pelo contacto pele a pele e é essencial! 44 Intervenção de enfermagem: Favorecer o alojamento conjunto desde o nascimento (rooming in). Intervenções de enfermagem que visam a identificação do recém- recém-nascido: Fazê-lo, sempre que possível junto da mãe. mãe Preencher as pulseiras e o cartão corretamente, com todos os dados: nome da mãe, nº do processo clínico, data e hora do nascimento e peso do RN. Existem também as pulseiras eletrónicas que emitem um sinal quando o recém nascido sai do serviço. Registos de enfermagem: → Hora e tipo de parto → Género do RN → Peso, estatura, perímetro cefálico → Índice de Apgar → Gravidez: vigiada / não vigiada e intercorrências → Nº horas de BAR (bolsa rota) e características do LA (líquido amniótico) → Adaptação do RN à vida extrauterina → Contacto pele a pele - duração → Amamentação – quando iniciou, características da pega → Reação dos pais ao nascimento → Eliminação vesical e intestinal → Cuidados efetuados O momento do parto, parto e logo após, envolve uma experiência emocionalmente intensa para a díade, repleta de desafios de adaptação principalmente de dimensão fisiológica e emocional. As intervenções de enfermagem facilitam e capacitam para a transição de nascimento e parentalidade. 3.1.3. A Promoção de um ambiente seguro e prevenção dos aciden acidentes tes na criança 3.1.3.1. Vacinação Imunização: Processo de induzir artificialmente imunidade ativa ou passiva pela administração de um agente imunobiológico. Imunidade: Capacidade da pessoa em resistir à ocorrência ou aos efeitos de uma doença específica. Esta pode ser natural, adquirida, ativa e passiva. 45 A vacinação permitiu salvar mais vidas e prevenir mais casos de doenças que qualquer tratamento médico. Vacina: Produtos imunobiológicos constituídos por microrganismos (antigénios) vivos (atenuados) ou inativados, partes destes ou produtos derivados, que ao serem inoculados produzem uma resposta similar à da infeção natural induzindo imunidade sem causar a doença. Os antigénios utilizados na produção das vacinas podem ser: → Toxóide: bactéria modificada à qual se retirou a toxicidade mas que mantém a capacidade estimular a formação de antitoxinas. → Antitoxina: solução de anticorpos (ex: antitoxina diftérica) e usados para conferir imunidade passiva. → Imunoglobulinas específicas: preparações com alto conteúdo anticorpos contra uma antigénio específico (ex: imunoglobulina da hepatite B e imunoglobulina do tétano). → Proteínas com potencial imunológico e antigénio polissacáridos (ex: Haemophilus influenza tipo b). O processo de imunização dá-se da seguinte forma: 1. Administração da vacina (inoculação de antigénios) 2. Isto desencadeia uma resposta imunitária especifica a um ou mais agentes 3. Que desencadeia uma proteção contra a doença (proteção individual) 4. As elevadas taxas de cobertura vacinal promovem a imunidade de grupo que é a condição na qual a maioria da população está vacinada e a propagação de uma doença é impedida protegendo a população não vacinada. As vacinas podem ser: Inativas: Não interferem na resposta imunológica. Podem ser administradas em simultâneo com outras inativas ou atenuadas. Vivas orais: Vacina contra o rotavírus e contra VAP. Podem ser administradas no mesmo dia ou com qualquer intervalo entre as vacinas. Vivas atenuadas: VASPR e BCG. Resposta imunológica pode ficar comprometida se administrada com intervalo inferior a 4 semanas após outra vacina viva injetável. Segurança das vacinas: As vacinas possuem um elevado grau de segurança e as suas reções adversas são raras ou muito raras. História de reação anafilática a uma dose Pessoas com deficiências imunitárias Contraindicações anterior da vacina (ex: VASPR: proteína de graves e grávidas não devem ser ovo). Doença aguda grave, com ou sem vacinadas com vacinas vivas. Precauções febre. Trombocitopenia, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante. Doença neurológica em evolução. Alterações imunitárias. As falsas contraindicações são: História vacinal desconhecida ou mal documentada. Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior. 46 Doença ligeira aguda, com ou sem febre. Terapêutica antibiótica concomitante. Terapêutica concomitante com corticosteroides tópicos ou inalados, e corticosteroides de substituição. Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas. Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática. Doença autoimune Criança em aleitamento materno ou mulher a amamentar. Conservação e administração das vacinas: Conservação Vias de administração Proteger da luz e fontes de calor. Intradérmica (ID): BCG Não guardar nas portas do frigorífico. Subcutânea (Sc): recém-nascido pré-termo, Conservar entre os 2⁰ e os 8⁰; (seguir as pessoas com alterações de coagulação instruções de conservação). Intramuscular (IM) BCG: vacina reconstituída utilizar até um máxima Oral (Per ”os”) de 6h se mantida entre os 2⁰ e os 8⁰. O Programa Nacional de Vacinação (PNV), implementado em 1995, tem como princípios: princípios → Universalidade → Gratuitidade → Equidade → Acessibilidade → Aproveitamento de todas as oportunidades de vacinação O consentimento para a vacinação pretende esclarecer, de forma clara, os benefícios e as possíveis reações adversas das vacinas a administrar. Este consentimento é dado por: Adolescentes com 16 ou mais anos e são devidamente informadas podem dar o seu consentimento. As vacinas podem ser administradas na presença de uma pessoa que tenha a guarda do menos ou a quem o menor tenha sido confiado. As pessoas que recusem a vacinação, com todas ou alguma vacina, deverão expressá-lo claramente, de preferência, por escrito, ficando a informação registada e arquivada na Unidade de Saúde e processo de saúde. Abrangência do PNV: Criança (Hepatite B, Difteria, Tétano, Poliomielite, Tosse convulsa, Doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, Infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos, Doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B e do grupo C, Sarampo, parotidite epidémica, rubéola e Infeções por vírus do Papiloma humano). Grávidas Grávidas (Tosse convulsa) 47 Grupos com risco acrescido acrescido (Tuberculose, infeções por Streptococcus pneumoniae de 23 serotipos, Doença invasiva por Neisseria meningitidis dos grupos ACWY e Hepatite A). Durante toda a vida (Tétano e difteria, Sarampo, rubéola e poliomielite (depende do número de doses anteriores e do fator de risco) Vacinas Monovalentes: BCG Vacina contra Tuberculose (sem apresentação combinada da vacina) VHB Vacina contra Hepatite B Hib Vacina contra doença invasiva por Haemophilus influenzae b MenB Vacina contra doença invasiva por Neisseria meningitidis B (sem apresentação combinada da vacina) MenC Vacina contra doença invasiva por Neisseria meningitidis C (em Portugal não existe apresentação combinada) HPV9 Vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (sem apresentação combinada da vacina) Pn13 Vacina contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (sem apresentação combinada da vacina) VIP Vacina contra Poliomielite Vacinas Combinadas: Combinadas: DTPaHibVIPVHB DTPaHibVIPVHB Vacina hexavalente contra difteria, tétano, tosse convulsa, doença invasiva por Haemophilus influenzae b, poliomielite e hepatite B DTPaHibVIP Vacina pentavalente contra difteria, tétano, tosse convulsa, doença invasiva por Haemophilus influenzae b e poliomielite DTPaVIP Vacina tetravalente contra difteria, tétano, tosse convulsa e poliomielite VASPR Vacina contra doença o sarampo, parotidite epidémica e rubéola Tdpa Vacina contra tétano, difteria e tosse convulsa, doses reduzidas Td Vacina contra tétano e difteria, doses reduzidas 48 Vacina contra a Hepatite B. Administrar ao nascimento na VHB maternidade (ou logo que possível no período neonatal). Vacinação ao (0, 2 e 6 meses) Mãe Ag Hbs positivo: Vacina +Ig anti-VHB (primeiras 12h de vida). nascimento Esquema 3 doses: 0, 1, 6 meses BCG Grupos de risco: Norma 6/2016. Na maternidade (ou logo que possível no período neonatal) Completa-se aos 6 e aos 12 meses de idade para 8 e para 12 infeções/doenças das 13 abrangidas no PNV. É importante Vacinação no 1º ano cumprimento da vacinação no primeiro ano de vida. Período de de vida Primovacinação maior vulnerabilidade, importante imunização precoce. Completa-se o esquema recomendado para 13 infeções/doenças. Para uma proteção mais efetiva e duradoura, são ainda aconselhadas doses vacinais de reforço ou doses adicionais. Recomenda-se durante toda a vida a vacina contra o tétano e Td difteria. Pode ser administrada em simultâneo com vacinas (10, 25, 45, 65 anos, inativadas ou com vacinas vivas. Se nunca vacinados, estado vacinal 10/10anos) desconhecido ou primovacinação incompleta, administrar 3 doses Vacinação na idade de Td: 4 a 6 semanas entre a 1 e 2ª dose; 6 a 12 meses entre a 1 adulta (>18 anos) e 2ª dose. Adultos sem história credível de sarampo, que nunca foram vacinados ou com estado vacinal desconhecido: Vacinar com 1 VASPR dose de VASPR. Profissionais de Saúde: 2 doses de VASPR independentemente do ano de nascimento. Vacinação de Assegurar a prevenção do tétano neonatal e no puerpério antes do parto: Pelo 3 doses da mulheres em idade vacina contra o tétano antes da 1ª gravidez (em qualquer das suas combinações) fértil Prevenção do síndrome da rubéola congénita: 2 doses de VAR/VASPR Vacinas vivas atenuadas são contraindicadas na gravidez (ex. VASPR). As vacinas inativas devem ser administradas, se possível, no 2º e 3º trimestre da gravidez. Vacinação na grávida Podem ser administradas em simultâneo que as imunoglobulinas Recomenda-se a Tdpa: entre as 20- 36 semanas de gestação. Após Tdpa as 36 semanas confere apenas proteção indireta Tétano: completar o esquema vacinal de 3 doses antes do parto. Devem ser vacinados de acordo com o esquema recomendado no PNV, com as mesmas doses e idade cronológica que os RN de termo. Exceto a VHB e BCG em lactentes com IG ≤ 28 semanas assegurar vigilância cardiorrespiratória por um período de 6 a 8h. Se algum evento cardiorrespiratório as vacinas dos 4 meses deverão ser administradas em meio hospitalar. Vacinação em RN e 1ª dose: 1mês ou 2000gr (o que se verificar primeiro) lactentes pré- pré-termo 2ª dose: 2 meses (≥ 4 semanas após a 1ª dose) e/ou baixo peso VHB 3ª dose: 6 meses (≥ 16 semanas após a 1ª dose e ≥8 semanas (0, 2 e 6 meses) após a 2ª). Mãe Ag Hbs positivo: Vacina +Ig anti-VHB (primeiras 12h de vida) Esquema 4 doses: 0, 1, 2 e 6 meses BCG Aguarda até ter 2000gr 49 Caracteristicas das Vacinas: 1. Vacina contra Hepatite B (VHB) – 0, 2 e 6 meses Tipo de Vacina Vacina de antigénio de superfície recombinante do vírus da hepatite B. Se reação anafilática, deve-se referenciar para consulta de imunoalergologia. Doença aguda Precauções grave, com ou sem febre (aguardar recuperação). Administração SC, se: trombocitopenia, diátese hemorrágica, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante. Reações Adversas Reações locais: dor, eritema e tumefação. Reações sistémicas: febre, cefaleia, irritabilidade e fadiga. Reações graves: raras. Compatibilidade Pode ser administrada em simultâneo que outras vacinas mas em locais anatómicos diferentes ou no mesmo membro (distância ≥ 2,5cm), expecto na BGC. Vacinas Combinadas DTPa, VIP e a Hib 2. Vacina contra Neisseria meningitidis (MenB) – 2, 4 e 6 meses Tipo de Vacina Vacina de proteínas recombinantes de Neisseria meningitidis do grupo B. Se reação anafilática, deve-se referenciar para consulta de imunoalergologia. Doença aguda Precauções grave, com ou sem febre (aguardar recuperação). Decisão médico assistente, se: trombocitopenia, diátese hemorrágica, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante. Reações locais: sensibilidade/dor, eritema, tumefação e induração. Reações Adversas Reações sistémicas: febre e irritabilidade, diarreia, vómitos, perturbações alimentares, sonolência, choro anormal e erupção cutânea. Adolescente e adulto: mal-estar geral, náuseas, mialgias, artralgias e cefaleias. Reações graves: raras. Compatibilidade Pode ser administrada em simultâneo que outras vacinas mas em locais anatómicos diferentes ou no mesmo membro (distância ≥ 2,5cm), expecto na BGC. 3. Vacina contra Neisseria meningitidis (MenC) – 12 meses Tipo de Vacina Vacina de oligossacárido capsulares de Neisseria meningitidis do grupo C, conjugada com proteína tetânica ou diftérica. Se reação anafilática, deve-se referenciar para consulta de imunoalergologia. Doença aguda Precauções grave, com ou sem febre (aguardar recuperação). Decisão médico assistente, se: trombocitopenia, diátese hemorrágica, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante. Reações locais: dor, rubor e tumefação. Reações Adversas Reações sistémicas: choro, sonolência ou alterações no sono, anorexia, náuseas, diarreia, dor abdominal e vómitos. Após 2 anos: cefaleias, mialgias e mal-estar. Reações graves: raras. Compatibilidade Pode ser administrada em simultâneo que outras vacinas mas em locais anatómicos diferentes ou no mesmo membro (distância ≥ 2,5cm), expecto na BGC. 50 4. Vacina contra Streptococcus pneumoniae (Pn13) – 2, 6 e 12 meses Tipo de Vacina Vacina de polissacáridos capsulares de Streptococcus pneumoniae conjugada com proteína diftérica. Se reação anafilática, deve-se referenciar para consulta de imunoalergologia. Doença aguda Precauções grave, com ou sem febre (aguardar recuperação). Administração SC, se: trompocitopenia, diátese hemorrágica, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante. Reações locais: dor, vermelhidão e tumefação. Reações sistémicas: febre, irritabilidade, diminuição do apetite e perturbações no sono. Reações Adversas Adversas Adultos: fadiga, cefaleias, mialgias, artralgias, arrepios, erupção cutânea. Administração concomitante com a hexavalente: aumento da ocorrência de febre, convulsões hiporeatividade e hipotonia. Reações graves: raras. Compatibilidade Pode ser administrada em simultâneo que outras vacinas mas em locais anatómicos diferentes ou no mesmo membro (distância ≥ 2,5cm), expecto na BGC. 5. Vacina contra sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR) – 12 meses e 5 anos Tipo de Vacina Vacina combinada com vírus atenuados do sarampo, da parotidite e da rubéola. Contraindicações Gravidez; Tuberculose ativa não tratada; Imunodepressão, primária ou adquirida; Terapêutica imunossupressora; dador vivo nas 4 semanas antes do transplante. Se reação anafilática, deve-se referenciar para consulta de imunoalergologia. Doença aguda grave, com ou sem febre (aguardar recuperação). Não engravidar 1 mês após vacinação. Precauções Administrar 4 semanas antes ou depois da leitura do teste tuberculínico. Administração SC, se: trompocitopenia, diátese hemorrágica, diátese hemorrágica, alterações da coagulação