Filosofia 2 PDF
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This document introduces philosophical concepts, including determinism, free will, and human action. It discusses various perspectives on these topics.
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O que se entende por acontecimento? Um acontecimento é uma ocorrência. Todos os eventos do universo são, neste sentido, acontecimentos. O que distingue atos voluntários de atos involuntários? Ao contrário dos atos voluntários, os gestos ou movimentos involuntários acontecem independentemente do no...
O que se entende por acontecimento? Um acontecimento é uma ocorrência. Todos os eventos do universo são, neste sentido, acontecimentos. O que distingue atos voluntários de atos involuntários? Ao contrário dos atos voluntários, os gestos ou movimentos involuntários acontecem independentemente do nosso querer. O que se entende por ação? Uma ação é um acontecimento intencional. É uma interferência consciente e voluntária de um ser humano (o agente) no normal decurso dos acontecimentos, que sem a sua interferência seguiriam um caminho distinto. Que exemplos podemos apresentar de ações? São exemplos de ações: falar, escrever, cantar, atar os sapatos, escolher um presente. Uma ação exige uma mente, consciência e intencionalidade. Falar de ação é falar de alguém (agente) que tem ao seu dispor cursos alternativos e controla o seu próprio comportamento. Em que consiste, resumidamente, o problema do livre-arbítrio? O problema do livre-arbítrio é uma das questões filosóficas mais difíceis e debatidas ao longo do tempo. A experiência subjetiva da liberdade da vontade é uma condição essen- cial de todo e qualquer ato intencional e da ideia que temos de nós mesmos enquanto agentes. Mas será o ser humano efetivamente livre? Teremos, de facto, controlo sobre as nossas ações? Será o livre-arbítrio compatível com o determinismo? As respostas a estas questões nascem do aparente conflito entre o determinismo e o livre-arbítrio. O que se entende por livre-arbítrio? Dizemos que A é resultado de livre-arbítrio se, e somente se, decorre de uma decisão que poderia, até ao momento da sua realização, ter dado origem a não A, isto é, se genuinamente o agente controlar o seu comportamento e dispuser de cursos alternati- vos de ação. 134 O que é o determinismo? O determinismo é a doutrina científica e filosófica segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa: todos os fenómenos do universo estão necessariamente ligados a even- tos precedentes por meio de cadeias causais. Qualquer acontecimento do universo - in- cluindo os estados mentais e a ação humana - é um efeito provocado por um estado de coisas antecedente, isto é, uma consequência inevitável de estados anteriores e de leis da natureza que escapam ao nosso controlo. Qual é a tese defendida pelo incompatibilismo? O incompatibilismo - determinismo radical e libertismo - partilha a tese de que determi- nismo e livre-arbítrio são inconciliáveis: Se uma ação é determinada (causada), então não é livre. O determinismo radical afirma que esta proposição é verdadeira, dado que existe determinismo, mas não livre-arbítrio, enquanto o libertismo afirma que a proposi- ção é verdadeira, pois há livre-arbítrio, mas não determinismo na ação humana. Que condições de verdade tornariam a tese incompatibilista falsa? O incompatibilismo defende que se uma ação é determinada (causada), então não é livre. Tratando-se de uma implicação, a tese incompatibilista só será falsa se a antece- dente (uma ação é determinada) for verdadeira e a consequente (a ação não é livre) for falsa. Isto é, se houver determinismo e, simultaneamente, livre-arbítrio. O que defende o determinismo radical? O determinismo radical começa por declarar que o determinismo é verdadeiro e incon- ciliável com o livre-arbítrio. A partir daqui, conclui que as cadeias causais que governam o universo deixam em aberto um único futuro possível. O livre-arbítrio é uma ilusão. Todo o nosso comportamento é constrangido e predizível. Assim sendo, dado que o vre-arbítrio é li- condição necessária para que falemos em responsabilidade, não somos responsáveis por nenhum dos nossos atos. Qual é a origem da ilusão de livre-arbítrio, para o determinismo radical? A ilusão de livre-arbítrio resulta do desconhecimento das causas que nos levam a agir de uma determinada forma. Se fôssemos capazes de conhecer todas as causas que noslevam a agir de uma determinada forma, compreenderíamos que a nossa ação resulta dessas causas e não da nossa vontade livre. 135 Organizar ideias Que objeções enfrenta o determinismo radical? Além de outras, entre as quais se encontra a possibilidade de o universo (ou parte dele) não ser um sistema determinista, o determinismo radical enfrenta duas objeções princi- pais. Por um lado, o argumento da experiência: sabemos que somos livres porque cada um de nós se apercebe imediatamente desse facto de cada vez que delibera e decide Por outro, o argumento da responsabilidade: sabemos que somos livres, dado que não conseguimos deixar de considerar as pessoas responsáveis pelo que fazem. Em que consiste o indeterminismo? O indeterminismo é a teoria - inconsistente com o determinismo - que sustenta que pelo menos algumas ocorrências do mundo, como aquelas que são objeto de estudo da mecânica quântica, não são determinadas por estados anteriores. O que é o dilema do determinismo? É um argumento que procura provar que tanto o determinismo como a sua ausência - o indeterminismo - parecem conduzir à ausência de livre-arbítrio e, consequentemente, de responsabilidade. Como se formula o dilema do determinismo? Ou as nossas ações são causalmente determinadas pelo passado e pelas leis da natu- reza, ou as nossas ações não são causalmente determinadas pelo passado e pelas leis da natureza. Se as nossas ações são causalmente determinadas pelo passado e pelas leis da natureza, então elas são a consequência inevitável de coisas sobre as quais não temos qualquer tipo de controlo e, por conseguinte, não temos livre-arbítrio. Se as nossas ações não são causalmente determinadas pelo passado e pelas leis da natureza, então elas são acontecimentos aleatórios, sobre os quais também não temos qualquer tipo de controlo e, nesse caso, também não temos livre-arbítrio. O que defende o libertismo? O ponto de partida do libertismo é, à semelhança do determinismo radical, a premissa incompatibilista: Se uma ação é determinada, então não é livre. Mas as semelhanças com o determinismo radical encerram-se aqui, pois, a partir desta premissa, o libertismodefende que, dado termos a experiência direta da liberdade da vontade e podermos ser responsabilizados pelos nossos atos (o livre-arbítrio é verdadeiro), então o determinismo - pelo menos no que se refere à ação humana - é falso. Para o libertismo, a inevitabili- dade da experiência da deliberação e da decisão é de tal modo forte que resiste a qual- quer evidência determinista no sentido oposto. 136 Que objeções enfrenta o libertismo? Os argumentos libertistas da experiência direta e da responsabilidade ignoram a possibi- lidade de podermos estar enganados a propósito de crenças fundamentais. Nada nestas crenças nos garante que não possamos estar a viver sensações ilusórias. Por outro lado, imaginar que a nossa mente, ou parte dela, possa funcionar dentro de nós à margem de leis Causais e do cérebro enquanto estrutura biológica, física e química não é plausível e contradiz o que conhecemos através da ciência. As causas imediatas dos nossos estados mentais e comportamentos são acontecimentos que ocorrem no cérebro. que defende o compatibilismo? O compatibilismo, ou determinismo moderado, é a doutrina que oferece uma proposta de conciliação entre ciência (determinismo) e humanidade (livre-arbítrio): é possível acei- tar que o comportamento humano está causalmente determinado e simultaneamente pensar em nós próprios como agentes livres. Para o compatibilismo, o determinismo não é apenas conciliável com o livre-arbítrio: o livre-arbítrio exige o determinismo. 00-20 Para o compatibilismo, em que circunstâncias somos livres?gh Para o compatibilismo, somos livres quando as nossas ações são determinadas (causa- das), mas não constrangidas (forçadas). Somos livres quando as nossas ações se baseiam nos nossos próprios desejos, sem que sejamos forçados, interna ou externamente, a realizá-las. O contrário de livre não é causado (determinado), como defende o incompa- tibilismo, mas coagido (forçado). up mal eben gel studna s Que objeções enfrenta o compatibilismo? Ao admitir que o determinismo é verdadeiro, o compatibilismo aceita a tese segundo a qual todas as nossas ações são consequências das leis da natureza e de acontecimentos precedentes remotos que não controlamos. Tudo o que acontece é efetivamente deter- por certos tipos de causas psicológicas internas. Este facto é suficiente para criar algum desconforto e pôr em dúvida a liberdade de escolha: Poderíamos nós ter agido de outro modo, permanecendo exatamente idênticas todas as condições que deram minado origem à ação? Há solução para o problema do livre-arbítrio? Como vimos, há diversas respostas para o problema do livre-arbítrio, mas a solução pa- rece estar longe de poder ser alcançada. As novas descobertas científicas mais não têm feito do que adensá-lo. Exemplos de áreas ou disciplinas filosóficas Filosofia política Filosofia da arte Filosofia da ciência Filosofia da religião AS PERGUNTAS DA FILOSOFIA Exemplos de questões filosóficas O que é a igualdade? O que é a liberdade? Serão estes objetivos que va- Iham a pena? Como podem atingir-se? Que justificação pode dar-se para as restrições impostas pelo Estado aos que violam a lei? Existem algumas circunstâncias nas quais devamos violar a lei? Estas são questões impor- tantes para todas as pessoas. Os filósofos políticos têm tentado clarificá- -las e responder-lhes. Nigel Warburton (1998). Elementos básicos de filosofia. Gradiva, p. 106. Parece que chegamos a uma situação em que tudo e mais alguma coisa pode ser arte. Se isto é assim, o que fará com que um certo objeto - um escrito ou uma peça musical -, e não outro, seja digno de se chamar arte? Nigel Warburton (1998). Elementos básicos de filosofia. Gradiva, pp. 218-219. Reconhece-se, geralmente, que o método científico é a forma mais eficaz de descobrir e prever o comportamento da natureza. (...) Mas o que é o método científico? Será realmente tão digno de confiança quanto somos habitualmente levados a acreditar? Como progride a ciência? Este é o tipo de questões que os filósofos da ciência colocam. Nigel Warburton (1998). Elementos básicos de filosofia. Gradiva, p. 166-167. Será que Deus existe? Esta é uma questão fundamental, uma questão que a maior parte das pessoas já enfrentou num ou noutro período da vida. A res- posta dada por cada um de nós não afeta apenas a forma como agimos, mas também a forma como compreendemos e interpretamos o mundo e o que esperamos do futuro. Nigel Warburton (1998). Elementos básicos de filosofia. Gradiva, p. 31. O AREAL EDITORES No Em síntese A filosofia - amor pela sabedoria - é uma atividade ou área do conhecimento que nasceu na Grécia há mais de 2500 anos. A filosofia, mais do que um corpo de conhecimentos, é uma atividade conceptual crítica marcada pela perplexidade, curiosidade e inquietação. A filosofia examina crenças importantes e muito comuns que vão sendo herdadas e acumuladas acriticamente. O ponto de partida da filosofia são os problemas, a partir dos quais se formulam questões e procuram respostas. As questões filosóficas dizem respeito a domínios tão diversos como a arte, a política, a ciência ou a religião. Apesar da discórdia e do desacordo serem inerentes à própria natureza da atividade filosófica, é errado dizer que em filosofia não há progresso. 25 Organizar ideias Por que razão os gatos são boas metáforas da atitude filosófica? Frequentemente, associamos à natureza dos gatos características essenciais da atitude filosófica. De todas elas destaca-se a curiosidade. Sem perplexidade e sem curiosidade não há atividade filosófica. O que marca o nascimento da filosofia? A filosofia ocidental nasceu na Grécia, no começo do séc. VI a.C., com um grupo de pensadores conhecidos como pré-socráticos. Estes primeiros filósofos - que foram tam- bém os primeiros cientistas - desafiaram as crenças estabelecidas e substituíram-nas por explicações racionais baseadas na observação da natureza, na matemática e na lógica. Os filósofos pré-socráticos direcionaram a sua investigação para a natureza, procurando identificar a arquê, isto é, o elemento primordial na origem de todas as coisas. Qual a origem da palavra filosofia? Etimologicamente, filosofia deriva de dois termos gregos que, conjuntamente, signifi- cam amor pela sabedoria. Traduz o reconhecimento da ignorância e a procura inces- sante do conhecimento, a aspiração pela verdade, por contraste com a sua posse. Diz a tradição que foi o filósofo pré-socrático Pitágoras quem a inventou. Por que razão Sócrates é ainda hoje o paradigma da atitude filosófica? A vida, o método - dialogar, questionar e analisar - e a morte de Sócrates incentivam- -nos ao reconhecimento da ignorância, à procura crítica e desinteressada da verdade e ao exame da vida que vale a pena viver. Sócrates permanece, por isso, até aos nossos dias, como paradigma daquilo que deve ser a atitude filosófica. Que aspetos da realidade são objeto da reflexão filosófica? Qualquer aspeto da natureza humana e do mundo pode tornar-se objeto da perplexi- dade, do questionamento e da reflexão filosóficos. Por essa razão, a filosofia divide-se em múltiplas disciplinas ou ramos, dos quais se destacam a lógica, a metafísica, a epis- temologia e a ética. A A filosofia é senso comum? Não, a filosofia questiona e examina criticamente o senso comum, isto é, o conjunto alargado de crenças - maioritariamente injustificadas - que vão sendo herdadas e acu- muladas ao longo das nossas experiências e interações sociais. Que tipo de atividade é a filosofia? A filosofia é uma atividade conceptual crítica. Tem as nossas vivências como ponto de partida, mas não as toma como garantidas. Parte de problemas, identifica perguntas relevantes com eles relacionadas, clarifica os conceitos no centro do debate, elabora respostas e justifica-as com razões, procurando que as teorias resistam a tentativas de refutação ou análise crítica. O que são questões filosóficas? São perplexidades gerais, questões aparentemente simples que todas as pessoas se co- locam e para as quais não existem respostas evidentes. Por exemplo: O que faz de uma ação uma ação correta? Por que é errado mentir ou matar? E será sempre errado mentir ou matar? Será que somos efetivamente livres? Será que Deus existe? Podemos estar certos de que as outras mentes existem? Como organizar uma sociedade justa? O que a justiça? O que é a verdade? Poderemos estar alguma vez certos de a termos alcan- çado? Não são, por isso, perguntas técnicas ou científicas, tão-pouco são questões esotéricas. Como e porquê responder a questões filosóficas? Dada a natureza das questões filosóficas, não podemos pretender responder-lhes recor- rendo simplesmente a meios observacionais e experimentais, como fazem frequente- mente as ciências, nem a meios formais de prova, como acontece na matemática. Temos de, por nós mesmos, partir para a investigação e procurar as boas razões. Só assim po- demos estar certos de que as crenças e princípios que defendemos são efetivamente sólidos, são realmente nossos e baseados em fundamentos devidamente justificados. Responder - ou recusarmo-nos a fazê-lo - a questões filosóficas afeta a forma como vivemos e o que fazemos das nossas vidas. 29 I. CONTEÚDOS ABORDAGEM INTRODUTÓRIA À. FILOSOFIA E AO FILOSOFAR II-A ACÇÃO HUMANA E OS VALORES A AÇÃO HUMANA: ANÁLISE COMPREENSÃO E DO AGIR: Determinismo e liberdade na ação humana - o problema do livre-arbítrio. CONCEITOS: Filosofia; Filosofia socrática; Arkhé; Physis; Filosofia pré- Verdades Relativas; Verdades Absoluta; Atividade Crítica; Atividade Filosofia Conceptual; O aluno deverá: OBJETIVOS: Definir a filosofia quanto à sua origem etimológica. Contextualizar o aparecimento histórico e desenvolvimento da filosofia. Compreender a passagem das explicações mitológicas para as explicações racionais. Identificar e explicitar o objeto de estudo e tema da filosofia pré-socrática. Identificar e explicitar o objeto de estudo e tema da sofistica. Identificar e explicitar o objeto de estudo e tema da filosofia Socrática. Definir filosofia enquanto atividade critica e conceptual. Distinguir a filosofia espontânea da filosofia sistemática. Diferenciar o conhecimento científico da filosofia. Clarificar a natureza dos problemas filosóficos - identificar as características das questões filosóficas. Formular questões filosóficas. Reconhecer as diferentes áreas da filosofia e os seus objetos de estudo. Compreender e explicar as ferramentas da filosofia: lógica e método socrático. Distinguir acontecimento de ação. Caracterizar a ação. Reconhecer a ação como um campo de possibilidades e de liberdade do agente. Definir livre-arbítrio. Formular o problema do livre-arbítrio, justificando a sua pertinência filosófica. Distinguir determinismo de livre-arbítrio. Definir responsabilidade. Espontânea; Filosofia Sistemática; Definir Determinismo. Explicações Mitológicas Explicações Racionais; Aretê; Teses; Argumentos; Acontecimento; Ação; Determinismo; Livre- Compatibilismo; Incompatibilismo; Determinismo Arbítrio; Responsabilidade; Radical;. Determinismo Moderado; Libertismo; Relacionar a responsabilidade moral/legal com o problema do livre-arbítrio. Identificar e explicar diferentes perspetivas sobre o problema: determinismo radical, libertismo e determinis moderado. Argumentar a favor de diferentes perspetivas sobre o problema: determinismo radical, libertismo e determinis moderado. Objetar criticamente contra diferentes perspetivas sobre o problema: determinismo radical, libertismo determinismo moderado. Adotar uma posição pessoal face ao problema do livre-arbítrio.