Exame de Geopolítica PDF
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This document appears to be an introduction to geopolitics which includes a conceptual framework. It discusses concepts such as the interaction between the state and actors with space, power projection, and different perspectives on geopolitics.
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Exame de Geopolítica Introdução ao Estudo da Geopolítica — Quadro Conceptual Conceito Geopolítica — Interação do Estado e os restantes, atores com o espaço geográfico e vice versa, ou seja é a política aplicada ao espaço. Distingue-se pelo se...
Exame de Geopolítica Introdução ao Estudo da Geopolítica — Quadro Conceptual Conceito Geopolítica — Interação do Estado e os restantes, atores com o espaço geográfico e vice versa, ou seja é a política aplicada ao espaço. Distingue-se pelo seu foco no poder, associando-se á promoção, avaliação, projeção e crítica do poder. Alguns autores importantes para a definição do conceito: Kjellén — teoria do Estado enquanto organismo geográfico; Yves Lacoste — com a visão de que a geografia serve para fazer a guerra; Nicholas Spykman — recuperação da geopolítica no contexto anglo-saxónico. Faces da Geopolítica: Promoção, avaliação, projeção e crítica do poder; Rivalidades entre poder, território e recursos, externas e internas resultam de conflitos de interesses e podem ser resolvidas pacífica ou violentamente. Poder É central na geopolítica, associado a uma relação intrínseca. Corresponde á capacidade, potencialidade, permitindo impor a vontade sobre outros. Assim como a capacidade de influenciar outro de depender alianças, tratados e a percepção de poder por parte de outros. Segundo Holsti - o poder internacional é constituído por 3 elementos: Exame de Geopolítica 1 Ato de Influenciar — Capacidade de um ator influenciar o comportamento do outro. Pode envolver persuasão, coação ou induzir a agir de acordo com os interesses de outro; Capacidades — Que o ator possui para exercer influência, estas podem ser tangíveis como recursos económicos, militares e tecnológicos, e intangíveis como prestígio, moral e liderança. Este é crucial; Relação e Processo — É a relação entre atores e envolve processo contínuo e dinâmico, implica que o poder é situacional e depende das interações; Respostas que Desencadeia — Poder também é medido por estas; Poder Estrutural - Susan Strange — capacidade de modelar e determinar estruturas da economia política global, nas que os Estados e os demais atores têm de operar. Poder Funcional - Adriano Moreira — este é capaz de desafiar e vencer as potências. Fatores Estáveis do Poder Extensão do Território — elemento mais estável e permanente do Estado, podendo ser divido em 3 partes: Território Terrestre = crosta terrestre, superficie e subsolo, dentro das fronteiras do Estado; Território Aquático = território marítimo, fluvial, lacustre, Plataforma Continental e ZEE; Território Aéreo = medido por linhas verticais imaginárias, vão desde os outros limites até ao limite da atmosfera. Tamanho do Estado — um vasto território pode ter vantagens como desvantagens, como ter os recursos muito dispersos levando a dificuldades na sua exploração ou um micro Estado com riqueza condensada. Posição do Estado — interior ou central, misto ou continental. Influência a história , conflitos, estratégia, projetos na comunidade internacional. Pode ter consequências como: Busca de saídas para o mar; Exame de Geopolítica 2 Domínio de grandes rotas marítimas; Tendência para a expansão do litoral. Configuração do Estado — natureza das fronteiras, sendo nacional, artificial, de continuidade e descontinuidade. As fronteiras pode ser físicas, económicas, culturais, etc. Os Estados podem ser: Compactos - como na Polónia; Fragmentados - como nas Filipinas; Alongados - verticalmente como no Chile; Protuberantes - no meio do território de outros como Lesoto; Perfurados. Estrutura Física Fatores Variáveis do Poder População — agrupa os aspetos estáticos como distribuição no espaço e composição da população; aspetos dinâmicos como a variação da população; aspetos qualitativos. Recursos — são finitos podendo levar a diversos conflitos; Estruturas — como transportes, comunicações, energia, e estruturas orgânicas como políticas, económicas, militares. Fatores Estruturais do Poder Base geográfica do poder; Componente social - optimum demográfico, coesão cultural, carácter nacional. Fatores Conjunturais do Poder Matrizes Políticas — relacionada com a qualidade do governo, diplomacia, capacidade de organização, estabilidade política, etc; Matrizes Económicas; Aparato de Força. Exame de Geopolítica 3 Geopolítica como Disciplina Surge no século XX na Alemanha como “Geopolitik” mas foi esquecido devido á conotação negativa com o regime nazi e a falta de interesse acadêmico. Estudava a geopolítica em função de causa perversa sem um objetivo válido. Não desaparece completamente, continua a ser ensinada em academias militares. Mais tarde, foram criados novos conceitos e a disciplina foi renovada especialmente nos EUA e na Europa devido á crescente complexidade do sistema internacional e necessidade de reavaliar estratégias de segurança nacional. Henry Kissinger recupera e populariza o termo associando a abordagem pragmática da política externa dos EUA, enfatizando a importância do equilíbrio de poder e necessidade de estratégias que entendesse realidades geográficas e políticas globais. É uma ciência relacionada com as RI, estuda as relações entre a geografia e política nos Estados e as suas implicações nas RI. O objeto de estudo é a política dos Estados aplicada aos espaços geográficos numa perspectiva de poder. Assim como rivalidades referentes a poder, território e recursos, ou teorias e discursos geopolíticos. Geopolítica como Método e Prática Corpo Teórico — Ratzel, Mackinder, Mahan, Seversky, Golbery, Moreira. Corpo Conceptual — Heartland, tríade geoestratégica, Rimland, Shatterbelts, Pan- regiões, Sea Power, Chock Point, Flash Point, Zonas de Influência, Estados Tampão. Método de Análise — Incide sobre os espaços geopolíticos, procedendo á identificação da geografia e atores envolvidos e as suas motivações, intenções, objetivos e capacidades. Método Geopolítico — Identificar atores, analisar motivações, descrever intenções, identificar alianças em gestação ou em processo de dissolução, a nível local, regional ou internacional. O objetivo é contribuir para o conhecimento científico, suportar a prática geopolítica e crítica das teorias e práticas. Elementos da Geopolítica Exame de Geopolítica 4 Atores — Intervêm consoante os seus objetivos e capacidades. Podem ser estatais ou não estatais. Como regionais ou extra regionais; Objetivos — Cada ator define para um determinado espaço da geopolítica. Todos perseguem e devem ser analisados; Capacidade — Elemento de poder, (Holsti); Interesses — Motivações para a definição dos objetivos, podem ser materiais ou representações, ideológicas ou estratégicas; Representações Geopolíticas — Importante para entender as razões ou ideias dos principais atores envolvidos. São cruciais pois explicam projetos e determina a escolha das estratégias. Espaço Geopolítico e Estado Espaço Geopolítico — Área “geográfica” em que atuam reciprocamente os fatores geográficos e políticos, configurando uma situação geopolítica. Compreende diversas escalas e tecnologia que permite a criação de novos espaços estratégicos. Podem ser classificados como espaços estatais ou não estatais, associados á projeção de poder. Estes são: Terra; Mar; Ar; Espaço, astro política; Cyber Espaço. A problemática dos Estados face aos espaços geopolíticos representam a luta pelo poder que incidem sobre o controlo e domínio de recursos e territórios, e influência a política de outros países. Escolas e Teorias da Geopolítica Escola da Geopolítica Alemã Exame de Geopolítica 5 Emergiu no final do século XIX e início do século XX com o encontro de intelectuais alemães e militares, num contexto de crescente nacionalismo e grande instabilidade e humilhação para a Alemanha. Baseou-se na ideia de que a geografia e o espaço territorial são cruciais na política e nas RI. Aqui surgiram e destacaram-se Friedrich Ratzel e Karl Haushofer, assim como alguns conceitos que são centrais na disciplina. Fases da Escola de Munique 1. 1924-1933 — Definida por um rigor científico e pela busca de soluções para a recuperação da Alemanha através de uma melhor compreensão da geografia política. Foi apresentada a Revista de Geopolítica; 2. 1933-1936 — Marcada pela ascensão de Hitler ao poder e pela crescente influência nazi na escola. Apesar da tentativa de manter a sua independência, a escola acaba por ser instrumentalizada pelo regime; 3. 1936-1945 — Período de total subordinação da escola á propaganda nazi, sendo o conceito de geopolítica é alterado. As teorias foram distorcidas para justificar as políticas expansionistas e racistas. Esta Escola deixou um legado controverso, as suas teorias contribuíram para o desenvolvimento da geopolítica como disciplina mas foram justificações para o regime nazi. Assim esta é frequentemente revisitada para entender a necessidade da ética na geopolítica. Friedrich Ratzel — Determinismo Geográfico e a criação da Politische Geographie Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um geógrafo alemão considerado um dos pioneiros da Geopolítica. O nacionalismo foi importante no desenvolvimento do seu pensamento devido ao contexto do nacionalismo no espaço alemão. É o primeiro que demonstra espaço é poder, para definir uma teoria para explicar a cultura política em função do meio físico. Deu inicio á Antropogeografia dedicando a investigar as interações entre a natureza e comunidades humanas. Determinismo Biológico — Através da sua Exame de Geopolítica 6 análise de diversos povos e culturas, concluiu que cada “raça” possuía qualidades e defeitos intrínsecos transmitidos geneticamente e imutáveis. Politische Geographie — Geografia Política O Estado é compreendido como um organismo vivo, sujeito ás leis da natureza e em constante luta por espaço. Define-se por: Espaço - Raum — Dimensão total ocupada pelo Estado, a sua extensão e características físicas como relevo e clima. Acreditava que um Estado com grande extensão territorial teria mais recursos por isso mais poder; Posição - Lage — Localização relativa, em relação a outros Estados ou ao mar. Defendia a superioridade das potências continentais sobre as potências marítimas, pois teriam maior proteção e concentração de poder; Sentido de Espaço - Raumsinn — Capacidade inata de um povo de se conectar e interagir com o espaço que habita. Argumentava que alguns povos teriam este sentido mais desenvolvido tornando-os mais aptos a dominar grandes espaços. Com este último conceito, foi usado para criar o argumento que a Alemanha deveria conquistar mais espaços e maiores, em conformidade com este sentido de espaço, pois tinha bastante poder e capacidades. Teoria dos Espaços Espaço é um fator primordial para a grandeza de um Estado, pois este é grande e poderoso se for extenso. Esta ideia contrasta com a realidade de microestados prósperos; Território extenso garante a segurança e prosperidade do Estado, pois o espaço é poder por si só. Reflete a mentalidade da época marcada pela competição por território; Extensão territorial estimula o crescimento populacional e fortalece o sentimento nacionalismo. Conecta-se com a noção do Estado como organismo vivo que precisa de crescer; Ao longo da história o poder mundial esteve sempre ligado á dominação de grandes espaços, esta ideia baseia-se nos grandes impérios. Exame de Geopolítica 7 Introduz a ideia de Lebensraum, ou Espaço Vital, demonstra a necessidade de um Estado expandir o seu território para garantir a sua sobrevivência e prosperidade. A ideia do sentido de espaço é altamente subjetiva pois não pode ser comprovada, o que afasta alguns do determinismo. Leis de Ratzel Descrevem o processo de crescimento e expansão dos Estados. Enfatizam a importância do território, cultura e capacidade de um Estado assimilar unidades menores. O primeiro impulso para o desenvolvimento vem do exterior de um civilização mais adiantada; O espaço do Estado aumenta a expansão da sua cultura por ir difundido o seu poder; A expansão segue-se a outros sintomas de desenvolvimento como ideias, produção comercial, atividade missionária, etc; A expansão inicia-se com a amalgamação e absorção de unidades menores; Fronteira é o órgão periférico do Estado, o seu dinamismo evidencia o seu crescimento, força e possíveis alterações; Á medida que cresce, tende a incluir partes politicamente valiosas como linhas de costa, rios, planícies e regiões ricas em recursos naturais; A absorção de outras unidades reforça a tendência para a expansão e dá maiores possibilidades para a conquista de mais espaços. Enfatizou que a cultura do povo está intimamente ligada ao seu ambiente geográfico, as civilizações desenvolvem repostas ás condições geográficas e a geografia molda a identidade cultural e política de um Estado. Determinismo de Ratzel É considerado determinista geográfico por defender que o meio físico influência o desenvolvimento das sociedades e os Estados assim como outros fatores para além de geografia influenciam o poder como o mar, clima e localização moldam as capacidades políticas e socias de um Estado. Este determinismo é extremamente criticado mas as ideias sobre a relação entre espaço e poder continuam relevantes. Exame de Geopolítica 8 A sua obra teve um impacto significativo no desenvolvimento da Geopolítica, inspirando outros autores. Ajudaram a entender como a geografia influencia as dinâmicas de poder e as RI, embora levantou questões éticas sobre a aplicação das suas ideias. Karl Haushofer — Fundação da Geopolitik Foi uma figura central da Escola de Munique (1869-1946) e foi fortemente influenciado pelas obras de Ratzel, Mahan e Mackinder. A sua experiência militar, aliada ao seu profundo interesses pela geografia. Acreditava que a Alemanha tinha perdido a guerra devido ao mau entendimento da geografia nos factos políticos. Desenvolveu a Geopolitik, como o estudo da atividade política no espaço natural. Sendo a ciência aplicada capaz de desenvolver políticas para serem aplicadas á prática. Em 1924 fundou a revista Zeitschrift fur Geopolitik, revista da geopolítica, com o objetivo de examinar os elementos geopolíticos da situação alemã e promover o estudo da geopolítica como ciência aplicada. Principais Teses Geopolítica das Pan - Regiões Relacionada com o Espaço Vital. Propôs a organização do mundo em grandes espaços geográficos autossuficientes designados por Pan-Regiões. Cada uma liderada por um “Estado Diretor” com capacidade para exercer hegemonia regional. Estas são: Euro-África — África, Europa, Médio Oriente, com a Alemanha como Estado Diretor; Pan-Rússia — Toda a URSS e parte do subcontinente indiano, com a Rússia como Estado diretor; Área de Co-prosperidade Oriental — Sudeste asiático, Austrália e Nova Zelândia, com Japão como Estado diretor; Pan-América — América do Sul, central e norte e Canadá, com os EUA como Estado diretor. Exame de Geopolítica 9 Grande contributo pois foi uma tentativa de avançar com uma tese de hegemonia mundial. Doutrina do Poder terrestre e a Teoria da Hegemonia Mundial Defendia que o aumento de poder terrestre deveria ser visto como prioridade para a Alemanha, para alcançar a hegemonia mundial. Para atingir este objetivo, propôs umas alianças estratégicas: Aliança com a URSS — Devia ser feita imediatamente. Para criar um bloco continental colossal; Aliança com o Japão — Era importante a médio e longo prazo. Para a criação de um bloco continental e marítimo capaz de desafiar os impérios marítimos globais. Garantindo a presença no extremo oriente reduzindo a influência europeia e americana na região levando ao isolamento dos EUA. Afirma que devia ter atenção á Austrália devido ao seu tamanho e poder marítimo e a sua dificuldade de controlo; Aliança com a Itália — Para garantir controlo da Europa e isolar os EUA. Assim como a partilha de experiências para a situação de colonização, para ajudar os alemães a lidar. Argumentava também que o Japão jamais poderia invadir a China pela mesma razão que a Alemanha nunca poderia invadir a URSS, devido á importância da massa territorial. As fronteiras deveriam aumentar e diminuir consoante as necessidades dos Estados Diretores, não era naturalmente fixo. Influência de Ratzel e Kjellén As suas teorias foram fortemente influenciadas pelas ideias de Ratzel especialmente o conceito Espaço Vital e pela visão do Estado como um organismo vivo em constante expansão. A influência de Rudolf Kjellén é também evidente na Teoria Omnicompreensiva do Estado de Haushofer, que integrava as dimensões política, geográfica, social, económica e cultural na análise do Estado. Rudolf Kjellén — Teoria Omnicompreensiva do Estado Rudolf era sueco considerado o pai do conceito de geopolítica. Viveu preocupado com a questão da Rússia durante a 1ª guerra e muda-se para a Alemanha. Após estudar a obra de Ratzel apercebeu-se que entender o Estado como entidade Exame de Geopolítica 10 apenas jurídica é insuficiente para explicar os fenómenos políticos da época. Assim desenvolve a Teoria Omnicompreensiva do Estado para integrar as 3 facetas do Estado, jurídica, geográfica e política. É na obra “Der Staat als Lebensform”, O Estado como forma de vida em 1917, em que define a geopolítica como teoria do Estado enquanto um organismo geográfico ou fenómeno espacial. Teoria Omnicompreensiva do Estado Baseia-se num conceito de organismo espacial, onde o Estado é visto como um organismo vivo com um ciclo de vida semelhante ao do ser humano. Compara o Estado a um indivíduo com “mente ” e “consciência”, argumentando que os Estados, tal como os indivíduos são seres sensíveis e racionais que agem de acordo com os seus impulsos, interesses e personalidade. O seu poder manifestava-se especialmente nas relações exteriores, onde imperam as leis da sobrevivência e concorrência quando os seus interesses vitais estavam sob ameaça. Introduziu a ciência política como ciência do conhecimento do Estado, considerando fundamentais para a análise do Estado 2 dimensões internas e 3 externas, interdependentes: Dimensões Internas: Sociopolítica — analisa a estrutura e as instituições do Estado; Cratopolítica — examina o sistema de integração de interesses e as formas de exercício do poder; Dimensões Externas: Ecopolítica — estuda a economia e riqueza do Estado; Demopolítica ou Etnopolítica — estuda o povo como entidade natural e cultural; Geopolítica — analisa a relação entre o Estado e território. Também distingue estes dois termos: Geografia Política — ciência geográfica que estuda a terra como morada dos seus povoadores humanos nas suas relações com as outras propriedades da terra. Exame de Geopolítica 11 Geopolítica — ciência política que estuda a teoria do Estado enquanto organismo geográfico ou fenómeno do espaço (país, território, império). Subdivide-se em: Geopolítica Geral — estuda os atributos territoriais do Estado. Geopolítica Especial — analisa o Estado como parte de um sistema. A teoria também inclui as seguintes teses: Tese da Vinculação Territorial do Estado — O Estado está intrinsecamente ligado ao seu território e a sua sobrevivência depende da sua coesão territorial. É um núcleo territorial quando fixo se perpetua e que não se pode separar ou desligar; Lei da Individualização Geográfica do Estado — O Estado compreende um “território natural” internamente e o exterior do seu território material, onde procura “fronteiras naturais” externamente para garantir a sua sobrevivência. Introduz dois novos conceitos: Morphopolitik — Configuração política do Estado, tamanho, forma e localização. Analisa as implicações dessa morfologia no seu sucesso ou fracasso. Geopolitik — Considera o Estado como um indivíduo geográfico e a Nação como um indivíduo étnico, com o primeiro a prevalecer sobre o segundo. Alfred T. Mahan — Influência do Mar na História Um oficial naval e historiador americano (1840-1914), desenvolveu uma teoria geopolítica inovadora destacando o mar como o elemento determinante do poder nacional e mundial. Argumentava que o controlo dos mares era essencial para a prosperidade económica, segurança nacional e projeção de poder global. Poder Marítimo — soma das forças e fatores, instrumentos e circunstâncias geográficas que cooperam para conseguir o domínio do mar, garantir o seu uso e negá-lo ao adversário. Teoria Sea Power O poder de um Estado estava diretamente relacionado com a sua capacidade de controlar os oceanos. Afirmava que era necessário para deter o mar uma marinha de guerra, capacidade de produção excedentária, vasta frota mercante e colónias Exame de Geopolítica 12 em posições estratégicas. Identifica estes elementos que contribuem para o poder marítimo: Posição Geográfica — Considerava que a posição mais favorável seria a insular pois tem acesso ao mar e menos fronteiras terrestres para defender. A localização estratégica em áreas vitais, como estreitos e rotas comerciais, amplificava ainda mais essa vantagem; Configuração Física — A presença de bons portos, rios navegáveis e uma orla costeira favorável à navegação era fundamental para o desenvolvimento de uma marinha forte e para a expansão do comércio marítimo; Extensão do Território — Qualidade do território costeiro era mais importante do que a sua extensão. Uma longa orla marítima com bons portos e sem obstáculos geográficos significativos favorecia o desenvolvimento de comunidades costeiras e o crescimento do comércio marítimo; Características da População — A apetência da população para as atividades marítimas é essencial para o poder marítimo. Especialmente a importância de uma população numerosa e experiente em navegação, comércio marítimo e pesca; Carácter Nacional — A predisposição de um povo para o comércio é crucial para o sucesso no domínio marítimo. Comparou a experiência de diferentes países, contrastando a falta de visão comercial da Espanha e de Portugal com o sucesso da Holanda e da Inglaterra, que priorizavam o comércio externo e investiam no seu poder marítimo; Carácter do Governo — A estabilidade política e a capacidade do governo de investir a longo prazo no poder marítimo eram essenciais para o sucesso. Expressava dúvidas sobre a capacidade dos governos democráticos de manterem o foco e os investimentos necessários para sustentar o poder marítimo, defendendo que governos com maior centralização de poder seriam mais eficazes. Espaço Geopolítico Via o mundo como um sistema interligado pelos oceanos, com o Hemisfério Norte como o centro do poder global. Destaca a importância estratégica dos istmos do Panamá e de Suez como pontos de controlo vitais para o comércio marítimo. A Exame de Geopolítica 13 Inglaterra é um exemplo de uma potência marítima, alcançou uma posição dominante através do controlo dos mares, expansão comercial e estabelecimento de colónias em locais estratégicos. Os EUA se investissem na construção de uma marinha forte e adquirisse colónias ou bases navais em locais estratégicos, poderiam alcançar uma posição de hegemonia global. As ideias de Mahan tiveram um impacto significativo na política externa dos Estados Unidos. A publicação da sua obra seminal, The Influence of Sea Power Upon History, em 1890, influenciou a decisão dos EUA de expandir a sua marinha e adquirir territórios como o Havai e as Filipinas. Princípios Fundamentais Vantagens da Posição Insular; Importância das linhas de comunicação; Existência de linhas interiores; Domínio de pontos estratégicos; Doutrina da Concentração; Aliança Anglo-americana. Atualidade das Ideias As suas ideias sobre a importância estratégica do controlo dos mares continuam a ser relevantes. A crescente competição por recursos marinhos, disputas territoriais em áreas marítimas e importância das rotas comerciais marítimas demonstram a pertinência das ideias de Mahan para a compreensão das RI. Halford Mackinder — Pivot Geográfico da História Geógrafo britânico (1861-1947), desenvolveu uma das teorias geopolíticas mais influentes do século XX, enfatizava a importância do poder terrestre. A sua teoria, conhecida como a "Teoria do Heartland" ou "Pivot Geográfico da História", argumentava que o controlo da Eurásia, particularmente da sua região central, era a chave para o domínio mundial. Desafiou a visão predominante na época, que privilegiava o poder marítimo, argumentando que os avanços tecnológicos como os caminhos de ferros estavam a inclinar a balança de poder a favor das potências terrestres. Exame de Geopolítica 14 Premissas da Teoria Mundo como Sistema Fechado — a interdependência entre as nações era crescente, e as ações num determinado local teriam consequências globais; Casualidade Geográfica na história universal — a geografia moldava a história. A localização geográfica, a topografia e os recursos naturais influenciavam profundamente o desenvolvimento das civilizações e os eventos históricos; Rivalidade entre Oceanismo e Continentalismo — identificou uma rivalidade histórica entre as potências marítimas e as terrestres. Embora o poder marítimo tivesse sido dominante nos séculos anteriores, os avanços tecnológicos estavam a dar uma nova vantagem às potências continentais. Evolução da Teoria “Skope e Methods of Geography” (1887) — o ponto de partida, define o sistema político fechado notando a interdependência entre os fenómenos políticos, económicos e sociais. Define dois tipos de conquistadores políticos: Land-wolves e Sea-wolves. “British and the British Seas” (1902) — reflete a posição da Inglaterra e coloca questões na manutenção do seu poder na Europa. "The Geographical Pivot of History" (1904) — introduziu o conceito da "Área Pivot", que descreve como uma vasta região da Eurásia central, inacessível ao poder marítimo e rica em recursos. Argumentava que o controlo desta área seria crucial para o domínio da "Ilha Mundial" (Eurásia, África e Austrália) e do mundo. "Democratic Ideals and Reality" (1919) — Após a 1ª Guerra Mundial, refinou a sua teoria, introduzindo o termo "Heartland" para designar a Área Pivot. Enfatizou a importância da Europa Oriental como a porta de entrada para o Heartland e advertiu contra o perigo de uma potência hostil controlar essa região. Formulou a sua famosa máxima: "Quem dominar a Europa Oriental controlará o Heartland; quem dominar o Heartland controlará a Ilha Mundial; quem dominar a Ilha Mundial controlará o Mundo." "The Round World and the Winning of the Peace" (1943) — Após a 2ª Guerra Mundial, reviu a sua teoria à luz do surgimento da União Soviética como superpotência. Alertou para a ameaça representada pela expansão soviética no Exame de Geopolítica 15 Heartland e defendeu uma aliança entre as potências ocidentais para conter essa expansão. Características de Heartland Expansão e Isolamento — é uma vasta região com uma grande profundidade estratégica, o que dificulta a sua conquista e controlo. A sua localização central na Eurásia e a sua distância dos oceanos protegem-no de ataques marítimos; Topografia Plana e Mobilidade Interna — vastas planícies do Heartland facilitam o movimento de tropas e recursos, tornando-o ideal para operações militares em grande escala; Abundância de Recursos — Heartland possui vastos recursos naturais, incluindo minerais, combustíveis fósseis e terras aráveis, o que lhe confere um grande potencial económico e estratégico. Existem dois Heartland, 1º na Eurásia e o 2º em África este tinha falta de poder organizado. Influência de Mackinder Teve um impacto profundo na geopolítica do século XX, influenciando as estratégias das grandes potências durante a Guerra Fria. A política de contenção dos Estados Unidos em relação à União Soviética, por exemplo, foi fortemente influenciada pela teoria do Heartland, que via a expansão soviética na Eurásia como uma ameaça à segurança global. A ascensão da China como uma potência global, a crescente importância da Eurásia como centro económico e energético, e a persistência de conflitos geopolíticos na região demonstram a pertinência das suas ideias para a compreensão do mundo contemporâneo. Alguns argumentam que a sua ênfase no poder terrestre é excessiva e que subestima a importância do poder marítimo, aéreo e espacial no mundo moderno. Outros argumentam que a sua visão determinista da geografia ignora o papel da agência humana e das mudanças tecnológicas na moldagem da história. Nicholas Spykman — Rimland Exame de Geopolítica 16 Geopolítico holandês americano (1893-1943), desenvolveu uma teoria que reinterpretava e desafiava a teoria do Heartland, argumentando que a chave para o domínio mundial não residia no controlo do centro da Eurásia (Heartland), mas da sua orla costeira —"Rimland". Teoria do Rimland Concordava com Mackinder quanto à importância estratégica da Eurásia, mas discordava da ênfase dada ao poder terrestre. Para este, o Rimland, que incluía a Europa Ocidental, o Médio Oriente, o Sul da Ásia e o Leste Asiático, era uma região mais dinâmica, populosa e rica em recursos do que o Heartland. O Rimland possuía uma dupla vantagem estratégica, combinando o acesso aos oceanos com a proximidade do Heartland, o que permitia projetar poder por via marítima como terrestre. Argumentava que o controlo do Rimland permitiria a uma potência dominar a Eurásia e, consequentemente, o mundo. Define zonas de conflito — Intra-Rimland Confict — com base no contexto que viveu: Europa — seria dominado pela Alemanha a nível económico e político; Índia — considerou duas possibilidades, após a sua independência: fragmentação ou organização num grande espaço; Oriente — queda do Japão e China como poder emergente, existindo uma alteração da balança de poderes. Crítica de Spykman a Mackinder Criticava a teoria de Mackinder por considerar que subestimava a importância do poder marítimo e a dinâmica geopolítica do Rimland. Destacava a importância da projeção cartográfica na análise geopolítica, pois diferentes projeções podiam distorcer a percepção da importância das diferentes regiões do mundo. Defendia o uso de múltiplas projeções para obter uma visão mais completa e equilibrada do panorama geopolítico global. A Influência de Spykman na Política Externa Americana As ideias de Spykman tiveram uma influência significativa na política externa dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. A estratégia de contenção, que visava impedir a expansão da influência soviética no mundo, foi em grande parte inspirada pela teoria do Rimland. Spykman argumentava que os EUA deveriam Exame de Geopolítica 17 concentrar os seus esforços em impedir que a União Soviética controlasse o Rimland, apoiando países aliados e estabelecendo bases militares em locais estratégicos ao longo da orla euroasiática. A Estratégia de Contenção e o Equilíbrio de Poder Spykman defendia uma política de equilíbrio de poder na Eurásia, procurando impedir que qualquer potência dominasse a região. Acreditava que a melhor forma de garantir a segurança dos EUA era manter um equilíbrio de forças entre as potências da Eurásia, evitando a emergência de uma potência hegemónica na Europa e no Extremo Oriente. Assim como manter uma situação de indiscutível hegemonia no hemisfério Ocidental, e impedir o controlo do Rimland pelos comunistas. A teoria do Rimland continua a ser relevante, a crescente importância económica e geopolítica da Ásia, a instabilidade no Médio Oriente e a competição entre grandes potências como os EUA, a China e a Rússia demonstram a importância estratégica do Rimland na geopolítica contemporânea. Saul Cohen — Shatterbelts Geógrafo americano (1925-2021), desenvolveu uma teoria geopolítica que desafiava as ideias tradicionais de Mackinder e Spykman, introduzindo conceitos como "Shatterbelts" e "Regiões Gateway" para explicar a complexidade do sistema internacional. Argumentava que o mundo era dividido em grandes zonas geoestratégicas, enfatizando a importância das regiões periféricas e instáveis como pontos focais de competição e conflito. Crítica de Cohen a Spykman Concordava com Spykman sobre a importância do Rimland, mas criticava a sua teoria por ser demasiado abrangente e simplista. Argumentava que o Rimland era uma região demasiado vasta e heterogénea para ser controlada por uma única potência. Destacava a diversidade cultural, política e económica do Rimland, e a diversidade criava uma série de sub-regiões com dinâmicas próprias, que impedia o controlo unificado da região por uma única potência. Durante a Guerra Fria, o mundo dividiu-se em dois blocos: Exame de Geopolítica 18 Mundo marítimo dependente do comércio - América do Sul, Europa, Ilhas Asiáticas e Oceânia; Mundo continental Euroasiático - Heartland Russo e Europa Oriental, Ásia Oriental Continental. Shatterbelts: Zonas de Fratura e Instabilidade Cohen introduziu este conceito de cinturas fragmentadas, sendo regiões politicamente instáveis, fragmentadas e atrativas como o Médio Oriente e Sudeste Asiático. Caracterizadas por: Diversidade e Fragmentação — são compostas por Estados com diferentes culturas, religiões, etnias e sistemas políticos. Esta diversidade leva à fragmentação e instabilidade interna. Atratividade Estratégica — Apesar da sua instabilidade são frequentemente ricas em recursos naturais, têm acesso privilegiado a rotas marítimas importantes e ocupam posições geoestratégicas cruciais. Competição entre Grandes Potências — A atratividade estratégica torna-as alvo de competição e intervenção por parte de grandes potências, que procuram assegurar o controlo dos seus recursos e posição geoestratégica. Instabilidade e Conflito: A combinação de fragmentação interna e competição externa torna as Shatterbelts altamente instáveis e propensas a conflitos, tanto internos como internacionais. Regiões Geopolíticas Independentes — regiões que não se enquadram em nenhuma divisão anterior como a Ásia do Sul. Geopolitics of the World System (2003) Ao longo da sua carreira, refinou e atualizou a sua teoria para refletir as mudanças no sistema internacional. Nesta obra introduziu uma hierarquia de poder, classificando os Estados em três categorias: Potências Globais — têm verdadeiro alcance mundial, inclui China e EUA que têm capacidades a todos os níveis; Potências Regionais — Estados com influência significativa numa determinada região; Potências de Terceira Ordem — Estados com poder limitado e influência local. Exame de Geopolítica 19 Também atualizou a sua análise das Shatterbelts e Regiões Gateway, reconhecendo a crescente importância da Ásia e a emergência de novas potências regionais. Regiões Gateway: Zonas de Passagem e Interconexão Em contraste com as Shatterbelts, identificou estas regiões de passagem, zonas que, devido à sua localização geográfica e às características económicas, funcionam como pontos de interconexão entre diferentes regiões do mundo. As mais relevantes são Singapura, Bahrein, Bahamas, Mónaco. São caracterizadas por: Posição Estratégica = ocupam posições geográficas que as tornam pontos de passagem naturais para o comércio, comunicações e transporte. Abertura e Interconexão = são regiões com economias abertas, que facilitam o comércio e o investimento estrangeiro. Estabilidade e Prosperidade = A sua posição e abertura económica tornam as relativamente estáveis e prósperas, em contraste com as Shatterbelts. Também sugeriu que a Europa de Leste poderia tornar-se numa "Gateway Region" se os países da região optassem pela cooperação e integração económica Compression Zones = ricas em recursos, são parecidas ao shatterbelt pois existe um enorme heterogeneidade de cada uma. Sendo que nestas os Estados são alvos de conflitos por parte dos vizinhos. A Relevância da Teoria de Cohen no Século XXI A sua teoria continua a ser relevante na análise da geopolítica contemporânea. Os conceitos de Shatterbelts e Regiões Gateway ajudam a compreender a dinâmica de conflito e cooperação no sistema internacional, e a ênfase na importância das regiões periféricas e instáveis é pertinente num mundo cada vez mais interdependente. Tem sido objeto de debate e crítica. Alguns argumentam que a sua ênfase na geografia é excessiva e que subestima a importância de fatores políticos, económicos e sociais. Outros argumentam que a sua visão do mundo como dividido em zonas geoestratégicas é demasiado rígida e não reflete a complexidade da realidade internacional. Exame de Geopolítica 20 Apesar destas críticas, a teoria oferece uma perspetiva valiosa sobre a geopolítica global, destacando a importância das Shatterbelts como zonas de instabilidade e conflito, e das Regiões Gateway como pontos de interconexão e prosperidade. Zbigniew Brzezinski — Tabuleiro de Xadrez Euroasiático Ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, argumenta em seu livro The Grand Chessboard que a Eurásia é o palco geopolítico mais importante do mundo e que os EUA, como potência não euroasiática, devem exercer sua influência para evitar o surgimento de um poder rival dominante. Detalham a sua teoria, explorando a sua visão da Eurásia como um tabuleiro de xadrez geopolítico e a estratégia americana para garantir a sua primazia global. A Eurásia como Centro de Poder Destaca que a Eurásia é o continente central do mundo, concentrando a maioria da população global, recursos naturais e atividade económica. Argumenta que o controlo da Eurásia garante o domínio global, pois permite influenciar regiões adjacentes como África, Hemisfério Ocidental e a Oceânia, tornando-as geopoliticamente periféricas. Os EUA como Potência Predominante Brzezinski reconhece que os EUA, no final do século XX, desfrutam de uma posição de poder global sem precedentes, exercendo influência direta em três periferias da Eurásia: a Ocidental (Europa), a Oriental (Ásia Oriental) e a Meridional (Médio Oriente). A supremacia americana, assenta em quatro pilares: Poder Militar = possuem a força militar mais poderosa do mundo, com capacidade de projeção global. Poder Económico = lideram a economia global, com uma vasta rede de comércio e investimento. Poder Tecnológico = dominam as áreas de tecnologia de ponta, como a informática, a biotecnologia e a energia. Poder Cultural = a sua cultura com a sua ênfase na liberdade individual, democracia e capitalismo, exerce uma forte influência global. A Estratégia Americana na Eurásia Exame de Geopolítica 21 O principal objetivo da estratégia americana na Eurásia é evitar o surgimento de um poder rival capaz de desafiar a sua primazia global. Para alcançar esse objetivo, defende uma estratégia multifacetada que envolve: Contenção de Potenciais Rivais — conter a ascensão de potências euroasiáticas que possam ameaçar os seus interesses, como a Rússia e a China. Promoção da Integração Ocidental — promover a integração da Europa Ocidental na sua esfera de influência, expandindo a NATO e fortalecendo os laços económicos e políticos. Prevenção da Hegemonia Regional — impedir que qualquer potência euroasiática domine uma região específica, como a Rússia na Europa Oriental ou a China na Ásia Oriental. Gestão de Shatterbelts — gerir as Shatterbelts, zonas de instabilidade e conflito, para evitar que se tornem focos de instabilidade global. Apoio a Pivots Geopolíticos — apoiar os Pivots Geopolíticos, Estados com localização estratégica que podem influenciar o equilíbrio de poder regional, como a Ucrânia, o Azerbaijão e o Uzbequistão. O Grande Tabuleiro de Xadrez: Uma Visão Pragmática A sua visão da Eurásia reflete o seu realismo pragmático e a crença na importância da geopolítica na condução da política externa americana. Argumenta que os EUA devem usar todos os meios à sua disposição, incluindo a diplomacia, a economia, a ajuda ao desenvolvimento e a força militar, para garantir os seus interesses na Eurásia e manter a sua primazia global. Criticas à Teoria de Brzezinski Tem sido criticada por ser excessivamente focada na competição geopolítica e por subestimar a importância da cooperação internacional e do desenvolvimento económico. Alguns argumentam que a sua ênfase na contenção pode levar a uma profecia autorrealizável, aumentando as tensões e os riscos de conflito com a Rússia e a China. Relevância no Século XXI Exame de Geopolítica 22 Apesar das críticas, a teoria deste continua a ser relevante na análise da geopolítica do século XXI. A Eurásia continua a ser o palco de grandes rivalidades geopolíticas, com a ascensão da China, a assertividade da Rússia e a instabilidade no Médio Oriente. A sua visão como um tabuleiro de xadrez, onde as grandes potências competem por poder e influência, oferece uma estrutura útil para a compreensão das dinâmicas geopolíticas contemporâneas. Exame de Geopolítica 23