Documento Informativo de Síntese de Conteúdos PDF

Summary

Este documento é um documento informativo sobre saúde, com foco em cuidados na saúde de populações vulneráveis, principalmente em relação à problemática do alcoolismo, apresentando definições, sintomas e riscos. Oferece informações detalhadas sobre a síndrome de dependência alcoólica.

Full Transcript

DOCUMENTO INFORMATIVO DE SÍNTESE DE CONTEÚDOS Saúde UFCD 6580 – Cuidados na Saúde a Populações Vulneráveis Parte 1 1. Alcoolismo 1.1 Definição A síndrome de dependência alcoólica, também conhecida como perturbação...

DOCUMENTO INFORMATIVO DE SÍNTESE DE CONTEÚDOS Saúde UFCD 6580 – Cuidados na Saúde a Populações Vulneráveis Parte 1 1. Alcoolismo 1.1 Definição A síndrome de dependência alcoólica, também conhecida como perturbação de uso de álcool ou alcoolismo, é uma doença crônica e multifatorial. Diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de consumo de álcool, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo é caracterizado por “um conjunto de fenómenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool, tipicamente associado a diferentes sintomas”. 1.2 Sintomas e Sinais de Intoxicação Alcoólica Aguda Os sintomas de intoxicação alcoólica podem variar de acordo com a concentração de álcool no sangue, sendo mais graves em altas concentrações. Entre os principais sintomas estão:  Náuseas  Suores  Lapsos de memória  Depressão e/ou excitação  Dor de cabeça  Desidratação  Falta de coordenação  Lentidão dos reflexos  Vertigens  Visão dupla  Perda de equilíbrio Além disso, a dependência de álcool pode manifestar-se através de sinais como:  Incapacidade de reduzir ou parar o consumo de álcool 1  Desenvolvimento de tolerância (necessidade de maior quantidade para o mesmo efeito)  Sensação de abstinência física, como tremores  Alívio dos sintomas de abstinência com o consumo de álcool  Priorização do consumo sobre outras atividades ou responsabilidades  Desinibição comportamental  Alterações na coordenação e na fala (discurso arrastado)  Persistência do consumo apesar das consequências negativas 1.3 Fatores de Risco para Dependência de Álcool Vários fatores aumentam o risco de desenvolver dependência de álcool:  Consumo regular: Consumo frequente de álcool pode gerar dependência física ao longo do tempo.  Idade: Quanto mais cedo se inicia o consumo, maior o risco de dependência.  História familiar: A presença de familiares próximos com dependência de álcool aumenta o risco.  Problemas de saúde mental: Condições como depressão, ansiedade e transtorno bipolar podem favorecer o desenvolvimento da dependência. 1.4 Diagnóstico do Alcoolismo Para que o diagnóstico seja preciso e permita um tratamento adequado, é importante que a pessoa reconheça o consumo excessivo. A seguir, deve-se proceder com:  Avaliação dos consumos de bebidas alcoólicas  Avaliação do impacto do consumo de álcool em várias áreas da vida  Exames laboratoriais  Exame médico e psicopatológico  Outros exames complementares para detectar complicações associadas 1.5 Mecanismos de Ação do Álcool no Organismo Após a ingestão, o álcool é rapidamente absorvido na corrente sanguínea e atua em vários órgãos, bloqueando o funcionamento do sistema cerebral responsável pelo controle das inibições. Inicialmente, o indivíduo pode sentir euforia, alegria e uma falsa segurança. Porém, em doses maiores, o álcool reduz a capacidade de compreensão, atenção e reação, provoca visão turva, sonolência, descoordenação muscular e pode causar irritabilidade ou agressividade. Em casos graves, o consumo excessivo pode levar ao coma ou até à morte. 1.6 Complicações do Consumo Excessivo de Álcool 2 O alcoolismo traz diversos efeitos negativos sobre a saúde física e mental, causando prejuízos no contexto laboral, familiar e social. Complicações frequentes incluem:  Intoxicação  Risco de câncer  Diabetes  Distúrbios do sono  Problemas menstruais e sexuais  Doenças do fígado (como cirrose)  Enfraquecimento do sistema imunológico  Síndrome alcoólica fetal (em gestantes)  Risco de lesões, insônia, depressão, demência e outras condições que afetam a saúde mental Além disso, o consumo excessivo está associado a exclusão social, acidentes de trânsito e comportamentos agressivos. 1.7 Tratamento do Alcoolismo O tratamento visa alcançar uma abstinência de consumo estável e definitiva. É fundamental o acompanhamento médico, podendo ser necessárias várias abordagens, como:  Plano de desintoxicação  Medicamentos orais ou injetáveis  Aconselhamento psicológico  Grupos de apoio  Reabilitação O comprometimento do paciente é essencial, pois a interrupção súbita sem acompanhamento médico pode desencadear a síndrome de abstinência. 1.8 Síndrome de Abstinência A síndrome de abstinência é um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem após a interrupção do consumo de substâncias aditivas, incluindo o álcool. Entre os sintomas estão:  Tremores  Suores  Náuseas e vômitos  Irritabilidade  Ansiedade  Dor de cabeça 2. Adição de Substâncias 3 2.1 Definição A adição de substâncias é definida como a dependência de um "tóxico" ou droga, que provoca, além de efeitos físicos, perturbações psicológicas. Nem todas as drogas têm o mesmo nível de toxicidade. Algumas substâncias, como o álcool, podem ser consumidas de forma controlada por muitas pessoas, enquanto outras, como a heroína, apresentam um grande potencial de gerar dependência. A dependência é influenciada por fatores farmacológicos da substância, características psicológicas do consumidor e ambiente social. Assim, diferentes pessoas em diferentes contextos têm maior ou menor probabilidade de desenvolver dependência de uma mesma substância. 2.2 Sintomas da Dependência A adição pode começar de forma casual, em contextos sociais, mas com o tempo o consumo se torna habitual, levando à dependência. Entre os sintomas principais, destacam-se:  Sensação de necessidade de consumo regular  Incapacidade de interromper o uso  Necessidade de manter uma reserva da substância  Gasto excessivo de dinheiro com a substância  Uso da substância como forma de lidar com problemas diários  Realização de atividades arriscadas sob a influência da droga  Desgaste de tempo e energia para obter e consumir a substância Em adolescentes, deve-se suspeitar de dependência quando surgem problemas escolares, ausência de motivação, aparência descuidada, alterações comportamentais e gasto excessivo de dinheiro. 2.3 Causas da Dependência A dependência é causada por um conjunto de fatores químicos, psicológicos e ambientais:  Características da substância: Algumas drogas, como a heroína, cocaína e álcool, apresentam alto potencial de dependência, enquanto o tabaco e os canabinóides causam dependências menos intensas. 4  Características psicológicas: A adolescência é um período vulnerável para o uso de drogas devido a questões de autoconfiança, aceitação social e experimentação. Homens são mais frequentemente afetados pelo consumo, enquanto as mulheres, após o início, podem desenvolver uma dependência mais rapidamente. Baixa tolerância à frustração, baixa autoestima e predisposição para doenças mentais também aumentam o risco.  Influência ambiental: O papel da família, escola e trabalho é fundamental para prevenir ou identificar precocemente a dependência. O nível socioeconómico, a publicidade e a comunicação social também impactam no risco de consumo. 2.4 Diagnóstico da Dependência de Substâncias O diagnóstico frequentemente inicia-se com a percepção do médico de família ou familiares e é confirmado por um psiquiatra. Para a confirmação, são considerados critérios internacionais, que incluem o comportamento do indivíduo e suas respostas ao uso. A análise de substâncias no sangue não é suficiente para o diagnóstico, mas pode indicar consumo recente. 2.5 Tratamento O tratamento da dependência de substâncias é individualizado e, em alguns casos, o internamento é eficaz para interromper o agravamento dos sintomas e minimizar os impactos na saúde, vida familiar e financeira. A abordagem psicossocial é essencial, ajudando o indivíduo a adquirir novas habilidades e uma melhor qualidade de vida. O tratamento envolve:  Avaliação e diagnóstico em ambiente seguro e livre de drogas  Apoio farmacológico e supervisão contínua  Plano de intervenção personalizado, com psicoterapia individual e em grupo  Educação sobre dependência e abstinência  Atividades sociais e programas familiares  Fase de pós-tratamento em regime ambulatório por até um ano O objetivo é a recuperação plena do dependente e sua reintegração social. Esse processo inclui o tratamento médico de complicações associadas à dependência e o uso de medicamentos para minimizar os efeitos da abstinência. 2.6 Prevenção 5 A prevenção da dependência envolve a não utilização da substância e, quando necessário para uso médico, o respeito rigoroso às doses prescritas. Em adolescentes, a comunicação familiar, atenção aos sinais de alerta e o exemplo são essenciais para a prevenção. Para indivíduos em recuperação, evitar a substância e situações de risco é crucial para prevenir recaídas. 3. HIV 3.1 O que é o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)? O VIH é o vírus da imunodeficiência humana, causador da SIDA. Este vírus ataca e destrói o sistema imunitário do organismo, eliminando os mecanismos de defesa que nos protegem de doenças. Existem dois tipos de VIH: o VIH-1 e o VIH-2, sendo o primeiro o mais comum em todo o mundo. 3.2 O que é a SIDA? A SIDA, ou síndrome de imunodeficiência adquirida, é um conjunto de sinais e sintomas que surgem como resultado da deficiência do sistema imunitário, que se torna menos capaz de responder ao longo da evolução da doença. A SIDA pode ocorrer como consequência da infeção pelo VIH. Importa destacar que estar infetado com VIH (seropositivo) não é o mesmo que ter SIDA; pessoas infetadas com o VIH podem ou não desenvolver a SIDA. 3.3 Sintomas No início, a pessoa infetada com o VIH pode não apresentar sintomas. Após a infeção, podem surgir sintomas semelhantes aos de uma gripe, incluindo:  Febre  Dores de cabeça  Cansaço  Gânglios inflamados no pescoço e nas virilhas  Com o tempo, os sintomas tornam-se mais graves, como: 6  Perda rápida de peso  Infeções graves  Pneumonia  Diarreia prolongada  Lesões na boca, ânus ou genitais  Perda de memória, depressão e outros distúrbios neurológicos 3.4 Modos de Transmissão O VIH pode ser transmitido por: Relações sexuais desprotegidas (sem preservativo) com pessoas infetadas. As práticas sexuais com uma pessoa seropositiva apresentam risco de transmissão, com os seguintes detalhes:  O sexo anal desprotegido tem maior risco de transmissão do que o sexo vaginal.  No sexo anal desprotegido entre homens, o risco é maior para a pessoa recetiva.  O sexo oral desprotegido pode também constituir um risco de transmissão, embora menor do que na penetração anal ou vaginal.  Múltiplos parceiros sexuais e a presença de outras doenças sexualmente transmissíveis aumentam o risco de infeção. Partilha de agulhas, seringas ou outros instrumentos usados na preparação de drogas ilícitas para injeção. Transmissão de mãe para filho, que pode ocorrer durante a gravidez, o parto ou através do leite materno. 3.5 Mitos sobre a Transmissão O VIH não se transmite através de:  Apertos de mão, abraços e beijos  Suor ou saliva 7  Partilha de pratos, talheres ou copos  Roupas  Tosse ou espirros  Conversas ou contactos sociais  Picadas de insetos  Uso de casas de banho 4. Tuberculose 4.1 O que é a Tuberculose? A tuberculose é uma doença infecciosa, transmitida principalmente por via inalatória através de gotículas expelidas por uma pessoa doente ao tossir, falar ou espirrar. Estas gotículas contêm o bacilo causador da tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo de Koch), que ao ser inalado se deposita nos pulmões. A tuberculose é uma doença grave, mas com tratamento, pode ser curada. 4.2 Formas de Tuberculose Existem três formas principais de tuberculose: Tuberculose pulmonar: O pulmão é o principal órgão afetado, devido ao contato direto com o bacilo pela via inalatória. Tuberculose extrapulmonar: Outras áreas do corpo podem ser afetadas, como os gânglios linfáticos, pleura, meninges, pericárdio, ossos, rins, fígado, intestinos, pele, entre outros. Tuberculose disseminada: O bacilo atinge a circulação sanguínea, podendo afetar diversos órgãos. 4.3 Sintomas Os sintomas gerais incluem: 8  Tosse persistente há mais de 2-3 semanas  Cansaço  Perda de peso  Suores noturnos  Febrícula ao final do dia Na tuberculose pulmonar, os sintomas incluem:  Cansaço fácil e perda de apetite  Fraqueza, emagrecimento e suores noturnos  Febre baixa ao final do dia e à noite  Tosse persistente, com expetoração amarelada ou esverdeada e, por vezes, sangue  Já na tuberculose extrapulmonar, os sintomas variam conforme o órgão afetado. 4.4 Transmissão A tuberculose é transmitida pela inalação de gotículas expelidas por uma pessoa infetada ao tossir, falar ou espirrar. Estas gotículas podem ser inaladas por outra pessoa, depositando o bacilo nos pulmões. 4.5 Prevenção A tuberculose pode ser parcialmente prevenida através de:  Uso de máscara e distanciamento físico em locais arejados e expostos à luz solar, pois o bacilo é sensível aos raios UV  Manutenção de boas condições de higiene, habitação e nutrição  Pessoas que tenham tido contacto com um doente de tuberculose devem realizar o rastreio e, quando indicado, receber tratamento preventivo. 4.6 Grupos de Risco Embora apenas 10% das pessoas infetadas desenvolvam a doença, o risco é maior em grupos imunocomprometidos, como:  Crianças pequenas, idosos e pessoas infetadas com HIV 9  Pessoas desnutridas ou com doenças crónicas como diabetes, SIDA ou doenças pulmonares  Pessoas em tratamento com quimioterapia, corticoides ou imunossupressores 4.7 Diagnóstico O diagnóstico é feito pela identificação do Mycobacterium tuberculosis em expetoração ou outros produtos biológicos. São utilizados testes microbiológicos e de biologia molecular, que permitem também identificar resistências a antibióticos. 4.8 Tratamento e Efeitos Secundários O tratamento envolve medicamentos antibacilares de primeira linha, administrados durante 6 a 24 meses. Estes são fornecidos gratuitamente nos Centros de Diagnóstico Pneumológico. Os efeitos secundários mais comuns incluem intolerância gastrointestinal. Efeitos raros, como reações alérgicas, toxicidade hepática, dores articulares, e anemia, devem ser comunicados ao médico. 4.9 Vacinação Desde 2016, a vacina BCG em Portugal é recomendada apenas para crianças com fatores de risco específicos para tuberculose. 5. Hepatite B 5.1 O que é o Vírus da Hepatite B? O vírus da hepatite B (VHB) é responsável por causar inflamação no fígado e desencadear a hepatite B. O VHB pode ser transmitido principalmente através de relações sexuais, bem como pela partilha de agulhas e transmissão mãe-filho durante a gestação ou nascimento. Nos casos mais avançados, a infeção pode levar a doenças hepáticas graves, como a cirrose e o cancro do fígado. Fora do organismo, o VHB consegue sobreviver por cerca de 7 dias, mantendo-se ativo. 10 5.2 O que é a Hepatite B? A hepatite B é uma doença infecciosa causada pelo VHB, que afeta o fígado e pode ser aguda ou crónica. Em muitos casos, é uma condição autolimitada, na qual o sistema imunitário elimina o vírus dentro de algumas semanas a seis meses. Contudo, cerca de 5% dos adultos infetados podem desenvolver a forma crónica da doença. 5.3 Sintomas da Hepatite Aguda Na maioria dos casos, a hepatite B aguda é assintomática. Quando presentes, os sintomas podem incluir:  Febre  Dor abdominal  Fadiga  Diminuição do apetite  Náuseas e vómitos  Icterícia (pele e olhos amarelados)  Urina escura e fezes claras É importante notar que a ausência de sintomas não significa ausência de complicações, uma vez que a hepatite crónica pode evoluir silenciosamente. 5.4 Transmissão As principais formas de transmissão do VHB incluem:  Via sexual: relação vaginal, anal e oral (a mais comum)  Via parentérica: partilha de agulhas, seringas, utensílios de uso pessoal com sangue contaminado e instrumentos de tatuagem, piercing ou acupuntura não esterilizados  Transmissão vertical (mãe para filho) durante o parto  Apesar de o VHB estar presente na saliva, a transmissão através de beijo é pouco provável, exceto se existirem feridas na boca. 5.5 Período de Incubação 11 O VHB tem um período de incubação que varia de 30 a 150 dias após exposição ao vírus. 5.6 Complicações da Infeção As complicações graves da hepatite B incluem:  Insuficiência hepática  Cirrose  Cancro do fígado  Doença renal  Estas complicações são mais frequentes em pessoas com o sistema imunitário enfraquecido. 5.7 Fatores de Risco Os fatores de risco incluem:  Múltiplos parceiros sexuais e relações desprotegidas  Ausência de vacinação contra a hepatite B 5.8 Prevenção A principal forma de prevenção é a vacinação contra o VHB. Indivíduos infetados devem adotar medidas para reduzir o risco de transmissão, tais como:  Informar parceiros sexuais  Utilizar preservativos consistentemente  Não partilhar agulhas, lâminas, escovas de dentes ou outros itens pessoais que possam ter sangue  Familiares e contactos próximos de um portador do VHB devem fazer o teste de hepatite B e considerar a vacinação. 5.9 Vacinação A vacinação contra a hepatite B é altamente eficaz (98-100%) e está incluída no Programa Nacional de Vacinação em Portugal desde 1995, com as seguintes doses: 1ª dose ao nascimento 2ª dose aos 2 meses 3ª dose aos 6 meses 12 A Organização Mundial da Saúde recomenda a vacinação nas primeiras 24 horas de vida. 5.10 Profilaxia Pós-Exposição A profilaxia pós-exposição é uma medida de emergência, administrando a vacina ou imunoglobulina contra o VHB nas primeiras 12-24 horas após possível exposição ao vírus. Esta medida é importante para indivíduos não vacinados ou sem imunidade. 5.11 Diagnóstico O diagnóstico é feito por meio de exames ao sangue que detectam o antigénio e anticorpos do VHB, podendo também incluir testes para avaliar a função hepática. 5.12 Tratamento A hepatite B aguda geralmente não necessita de tratamento específico, e o sistema imunitário consegue eliminar o vírus em cerca de 6 meses. Para hepatite B crónica, o tratamento com antivirais pode ser recomendado para reduzir danos no fígado e prevenir complicações a longo prazo. 13 6. Hepatite C 6.1 O que é o Vírus da Hepatite C? O vírus da hepatite C (VHC) é um agente infeccioso que causa inflamação no fígado, resultando na hepatite C. A infeção pode ser aguda, mas na maioria dos casos, evolui para uma forma crónica. Nos casos crónicos, a doença pode evoluir para cirrose ou cancro do fígado. 6.2 O que é a Hepatite C? A hepatite C é uma doença inflamatória do fígado, provocada pelo VHC. Quando a infeção é crónica, pode levar a complicações graves como cirrose, insuficiência hepática e cancro do fígado. A infeção pode permanecer assintomática durante muitos anos, o que dificulta a detecção precoce. 6.3 Sintomas da Hepatite C A hepatite C aguda é frequentemente assintomática, mas em 25-30% dos casos pode manifestar sintomas como:  Cansaço  Perda temporária ou completa da sensibilidade e do movimento  Náuseas  Febre  Mal-estar geral  Problemas de concentração  Queixas gastrointestinais (como perda de apetite)  Intolerância ao álcool  Dores na zona do fígado  Coloração amarelada da pele e dos olhos (icterícia) A icterícia é um dos sintomas mais característicos, mas muitos portadores crónicos do VHC não apresentam sintomas visíveis. 6.4 Transmissão A transmissão do VHC ocorre principalmente por via sanguínea, através de contato com sangue contaminado, como:  Partilha de seringas e agulhas (muito comum em pessoas que consomem drogas intravenosas) 14  Transfusões de sangue não testado (mais raro hoje em dia devido à triagem rigorosa)  Uso de instrumentos não esterilizados, como agulhas para tatuagens e piercings A transmissão sexual é rara, mas pode ocorrer, especialmente se houver lesões nas mucosas genitais. Não se transmite pelo contato social, como beijos ou uso compartilhado de utensílios de cozinha. 6.5 Período de Incubação O período de incubação do VHC varia entre 40 e 70 dias. Esse período é o intervalo entre a infecção pelo vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas, caso estes ocorram. 6.6 Risco de Transmissão de Mãe para Filho O risco de transmissão do VHC de mãe para filho durante a gravidez é de cerca de 6%. Embora a amamentação seja geralmente segura, é importante garantir que não haja feridas nos mamilos da mãe, pois isso poderia permitir a transmissão. 6.7 Prevenção Atualmente, não existe vacina contra a hepatite C. A prevenção baseia-se na redução do risco de contato com sangue infectado:  Não partilhar objetos pessoais como escovas de dentes, lâminas ou tesouras  Evitar o compartilhamento de seringas e outros utensílios usados para consumo de substâncias  Desinfetar e cobrir feridas com pensos adequados  Utilizar preservativos nas relações sexuais, especialmente com múltiplos parceiros  Garantir que procedimentos como tatuagens e piercings sejam feitos em locais que sigam as normas de higiene e esterilização 6.8 Diagnóstico O diagnóstico da hepatite C é realizado por meio de testes de anticorpos contra o VHC no sangue. Além disso, exames de imagem como ecografia ou ressonância magnética podem ser feitos para avaliar o estado do fígado. 15 6.9 O que Fazer Se Estiver Exposto ao Vírus? Se houver suspeita de exposição ao VHC, é recomendada a realização de um teste de anticorpos para determinar se a pessoa foi infectada. O teste pode ser feito em centros de saúde, laboratórios de análises clínicas, ou em organizações não- governamentais. 6.10 Resultado Reativo Um resultado reativo em um teste de anticorpos significa que foram encontrados anticorpos contra o VHC, mas não indica necessariamente uma infecção ativa. Testes adicionais serão necessários para verificar se o vírus ainda está presente e ativo no organismo. 6.11 Resultado Não Reativo Se o resultado for não reativo, significa que não foram encontrados anticorpos contra o VHC no sangue, o que indica que a pessoa não está infetada pelo vírus. 6.12 Complicações da Hepatite C Se não tratada, a hepatite C crónica pode levar a várias complicações graves, incluindo:  Cirrose hepática  Cancro do fígado  Insuficiência hepática Além disso, a hepatite C crónica também aumenta o risco de morte por doenças não hepáticas, como enfarte do miocárdio. 6.13 Tratamento da Hepatite C O tratamento da hepatite C tem evoluído consideravelmente, com antivirais que oferecem uma taxa de cura superior a 95%. O tratamento pode incluir medicamentos orais, e nos casos mais graves, pode ser necessário um transplante de fígado. 6.14 Reinfecção pela Hepatite C 16 Apesar de a cura ser possível, a infecção por hepatite C não confere imunidade, o que significa que é possível ser infetado pelo vírus novamente. Portanto, as medidas preventivas continuam sendo essenciais após o tratamento. 7. Violência Contra Crianças e Jovens 7.1 O que é Considerada Violência Contra Crianças e Jovens? A violência contra crianças e jovens refere-se a qualquer ação ou omissão não acidental, praticada por pais, cuidadores ou outras pessoas, que ameace a segurança, dignidade e o desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da criança ou jovem. Pode ocorrer de diversas formas, desde negligência até abusos físicos, psicológicos e sexuais. 7.2 Formas de Violência Contra Crianças e Jovens A violência contra crianças e jovens pode ser classificada em várias formas, incluindo:  Negligência: Falha em atender às necessidades básicas de uma criança ou jovem.  Maus-tratos Físicos: Ações que causam ou têm o potencial de causar danos físicos à criança.  Maus-tratos Psicológicos/Emocionais: Ações que comprometem o bem-estar emocional e psicológico da criança.  Abuso Sexual: Qualquer envolvimento sexual com a criança ou jovem.  Síndrome de Münchausen por Procuração: Quando um cuidador fabrica ou induz sinais de doença na criança, com o objetivo de obter atenção médica. 7.3 A Violência Contra Crianças e Jovens é a Mesma Coisa que Negligência? A negligência é uma forma de violência, uma vez que se refere à falha em garantir as necessidades físicas e emocionais essenciais para o desenvolvimento da criança ou jovem. Estudos indicam que a negligência pode ser tão prejudicial quanto a violência explícita, afetando o desenvolvimento físico, psicológico e emocional. 7.4 Como Se Define a Negligência Infantil? A negligência infantil ocorre quando há incapacidade de assegurar a satisfação das necessidades básicas da criança, tais como:  Alimentação adequada  Higiene  Afeto e cuidados emocionais  Educação 17  Saúde e segurança  Habitação e um ambiente seguro Essa negligência pode ser intencional, quando há intenção de causar dano, ou não intencional, devido à incapacidade ou incompetência dos cuidadores. 7.5 Quais as Situações que Podem Indicar Negligência nos Cuidados das Crianças? Alguns sinais que podem indicar negligência incluem:  Falta de higiene (considerando o contexto familiar e cultural)  Vestuário inadequado para a estação  Lesões inexplicadas ou acidentes frequentes devido à falta de supervisão  Desenvolvimento atrasado ou dificuldades de aprendizagem sem acompanhamento  Não cumprimento das consultas de saúde previstas  Falta de cuidados adequados para doenças crónicas ou intoxicações repetidas 7.6 Consequências da Violência Contra Crianças As crianças vítimas de violência podem enfrentar consequências imediatas e ao longo da vida, afetando o seu crescimento, saúde, bem-estar e desenvolvimento emocional:  Físicas: Lesões abdominais, fraturas, queimaduras, incapacidade física.  Sexuais e Reprodutivas: Disfunções sexuais, gravidez indesejada, infecções sexualmente transmissíveis.  Psicológicas e Comportamentais: Ansiedade, depressão, abuso de substâncias, distúrbios alimentares, baixo rendimento escolar, sentimentos de vergonha e culpa, automutilação ou suicídio. 7.7 O que São Maus-Tratos Físicos na Criança? Maus-tratos físicos são ações intencionais que causam danos físicos à criança. Exemplos incluem empurrar, pontapear, esbofetear, queimar ou espancar. Essas ações podem, inclusive, levar a tentativas de homicídio. 7.8 Quais São os Sinais de Violência Física? Os sinais de maus-tratos físicos podem incluir: 18  Lesões incomuns (no rosto, pescoço, genitais ou nádegas)  Fraturas, hematomas ou queimaduras com formas específicas  Atraso ou ausência de cuidados médicos  Histórias contraditórias ou ausência de explicações para as lesões  Alterações graves no estado nutricional 7.9 Características dos Maus-Tratos Psicológicos/Emocionais O maltrato psicológico prejudica a saúde emocional da criança e compromete o seu desenvolvimento e comportamento. Exemplos incluem insultos, humilhações, ameaças, privação de afeto e negação de acesso à saúde. 7.10 Quais São os Sinais de Maus-Tratos Psicológicos? Alguns sinais de abuso psicológico podem ser:  Dores inexplicáveis (cabeça, músculos, abdómen)  Automutilação ou agressão a outros  Dificuldade em estabelecer relações afetivas  Problemas alimentares ou controle da bexiga  Comportamento suicida ou ideação suicida 7.11 O Que é Abuso Sexual Infantil? O abuso sexual infantil refere-se ao envolvimento de uma criança ou adolescente em atividades sexuais para satisfazer as necessidades de um adulto ou pessoa mais velha. Isso pode incluir toques inadequados, exibição de material pornográfico, ou coito forçado. 7.12 Quais São os Sinais de Abuso Sexual? Sinais de alerta para abuso sexual incluem:  Lesões nos órgãos genitais  Alterações de comportamento, como comportamento sexualizado precoce  Masturbação compulsiva  Sintomas depressivos e isolamento social  Desempenho escolar abaixo do esperado 19 7.13 O que é a Síndrome de Münchausen por Procuração? Esta síndrome envolve um cuidador que finge ou induz sintomas de doença na criança, com o objetivo de obter atenção ou tratamento médico para a criança. Pode resultar em tratamentos desnecessários e danos à saúde da criança. 7.14 Fatores de Risco para a Violência Contra Crianças A violência contra crianças pode ser mais provável em situações em que as crianças possuem características físicas ou psicológicas que não atendem às expectativas dos cuidadores, ou quando os cuidadores enfrentam dificuldades em suas próprias vidas, como abuso de substâncias, desemprego ou doenças graves. 7.15 Contextos de Vida de Risco para a Violência Contra Crianças Contextos familiares e sociais de risco incluem:  Cuidadores que foram vítimas de abuso na infância  Deficiência nas habilidades parentais  Abuso de substâncias ou envolvimento com a criminalidade  Pobreza e insegurança econômica  Falta de suporte familiar e comunitário 7.16 Como Prevenir a Violência nas Crianças? A prevenção da violência contra crianças envolve ações comunitárias e sociais, como:  Promover os direitos das crianças  Estimular relações familiares saudáveis e práticas de parentalidade positiva  Combater crenças culturais prejudiciais que perpetuam a violência  Incentivar a resolução não-violenta de conflitos e o respeito pelas diferenças  Aumentar a autoestima das vítimas e capacitar a comunidade para identificar e reagir à violência 8. Violência Contra Pessoas Idosas 8.1 O que é Considerada Violência Contra Pessoas Idosas? 20 A violência contra pessoas idosas refere-se a qualquer ação ou omissão, intencional ou não, que atinja a integridade física, psicológica, sexual, segurança económica, liberdade ou o desenvolvimento pessoal do idoso. Pode manifestar-se de diversas formas, muitas vezes ocorrendo de maneira combinada no contexto familiar ou institucional. 8.2 Formas de Violência Contra Pessoas Idosas A violência contra pessoas idosas pode ser classificada em várias formas, incluindo:  Violência Física: Envolve ações que causam dor ou lesões físicas, como bater, empurrar ou até mesmo a administração inadequada de medicamentos.  Violência Psicológica: Refere-se a comportamentos que causam sofrimento emocional, como insultos, ameaças, humilhações e isolamento.  Violência Sexual: Qualquer atividade sexual sem o consentimento do idoso, incluindo abuso físico sexual e exposição a conteúdo pornográfico.  Violência Económico-financeira: Uso inadequado ou exploração do patrimônio do idoso, restringindo seu controle sobre seus bens e finanças.  Negligência: Falta de cuidados básicos, como alimentação, higiene e saúde, por parte dos responsáveis.  Abandono: Ausência de suporte emocional e físico, deixando o idoso sem redes de apoio familiar ou institucional. 8.3 A Negligência é Considerada uma Forma de Violência Contra Idosos? Sim, a negligência é uma forma de violência, pois envolve a falha em fornecer as necessidades básicas de cuidado, afetando a saúde física e emocional do idoso. A negligência pode ter consequências tão graves quanto outras formas de violência, especialmente para idosos dependentes. 8.4 Sinais de Negligência no Cuidado a Idosos A negligência pode ser percebida através de sinais como:  Falta de higiene pessoal e do ambiente.  Vestuário inadequado às condições climáticas.  Desnutrição e desidratação.  Falta de acompanhamento médico e de medicamentos essenciais.  Abandono social e emocional. 21 8.5 Consequências da Violência Contra Idosos As consequências para idosos vítimas de violência podem ser profundas e duradouras:  Físicas: Lesões, incapacidade e aumento da vulnerabilidade a doenças.  Psicológicas: Ansiedade, depressão, isolamento social e aumento do risco de suicídio.  Sociais: Fragilização de laços familiares e comunitários.  Económicas: Perda de controle financeiro e independência. 8.6 Como Prevenir a Violência Contra Pessoas Idosas? A prevenção da violência contra idosos envolve medidas de conscientização e fortalecimento de redes de apoio. Algumas ações incluem:  Promover o respeito e a dignidade dos idosos.  Fortalecer o suporte familiar e comunitário.  Sensibilizar a sociedade para o reconhecimento de sinais de violência.  Incentivar a denúncia e garantir o acesso a serviços de apoio. 8.7 Apoio Disponível para Idosos Vítimas de Violência Organizações como a APAV oferecem apoio psicológico, jurídico e social a idosos vítimas de violência, proporcionando um ambiente seguro para que busquem ajuda. Fontes:  Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).  Direção Geral de Saúde (DGS)  Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências, I.P.  Organização Mundial de Saúde  Portal de Saúde Pública 22

Use Quizgecko on...
Browser
Browser