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Summary
Este documento fornece um resumo do processo de investigação científica, discutindo diferentes tipos de conhecimento e etapas da investigação. Aborda os tipos de investigação, as etapas da investigação, e o posicionamento epistemológico.
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1. O processo de investigação cientifica 1.1. Investigação científica 1.1.1. Conhecimento cientifico Tipos de conhecimento: Filosófico; Religioso; Cientifico; Senso comum Características do conhecimento cientifico: Suporte empírico; racional; factual; rigoroso; transcende os factos; analíti...
1. O processo de investigação cientifica 1.1. Investigação científica 1.1.1. Conhecimento cientifico Tipos de conhecimento: Filosófico; Religioso; Cientifico; Senso comum Características do conhecimento cientifico: Suporte empírico; racional; factual; rigoroso; transcende os factos; analítico; imparcial; mensurável; verificável; falsificável; universal; dúvida; sistemático; probabilístico; autocorretivo; progressivo; falível; explicativo; preditivo; aberto; útil; aplicado; fundamental. Investigação científica - Sistema de produção de conhecimentos, com base em meios de trabalho determinados (conceitos, teorias, métodos e técnicas), realizado em certas condições de produção (materiais e sociais). Conhecimento existente – Meios de trabalho (conceitos, teorias, métodos e técnicas) - Novo conhecimento Condições existentes alimentam quer o suporte material ao desenvolvimento científico, quer as possibilidades/aceitação no campo interno (científico) e externo (social). 1.2. Tipos de Investigação Histórica – descreve numa ótica cronológica; Exploratória – ganhar familiaridade com o problema; Descritiva – descreve o que é; Explicativa – testa relações de causa de causa e efeito; Fundamental – não antevê aplicações (mais abstração); Aplicada – orientada para fins práticos (menos abstração) 1.3. Etapas da Investigação Todo o conhecimento é a resposta a uma pergunta. O facto científico é: Conquistado sobre os preconceitos; Construído pela razão; Verificado na confrontação com os factos o Através de um conjunto organizado de etapas o Uma peça de teatro em três atos e sete cenas. Três atos epistemológicos: Rutura; Construção; Verificação Rutura – distanciar-se das falsas evidências. Etapa 1 – A pergunta de partida (Qualidades: clareza (precisa, concisa e unívoca); exequibilidade (realista, tempo e custos); pertinência (não ser trivial).) Etapa 2 – A exploração – descoberta de ideias/pistas para a investigação: Leituras - selecionar pela relação com a PP; preferir obras de síntese, preferencialmente artigos científicos; escolher abordagens diversificadas sobre o fenómeno; organizar, resumir, comparar os textos; Entrevistas exploratórias - a académicos, testemunhas privilegiadas, sujeitos (participantes) a quem o estudo diz respeito. Atitude de escuta … entrevista não diretiva. Etapa 3 – A problemática: Entre a rutura e a construção; Perspetiva teórica adotada (PP final ou QC e QD1; conceitos e ideias fundamentais) Construção – elaborar esquema conceptual organizado capaz de exprimir a lógica do fenómeno. Etapa 4 – A construção do modelo de análise: Entre a problemática e a observação/experimentação; Tradução da problemática numa linguagem de operacionalização (definição dos conceitos, dimensões integrantes e indicadores; alinhamento de objetivos/QI e Hipóteses) Verificação – submeter à prova dos factos. Etapa 5 – A observação (direta ou indireta): Entre o modelo de análise e o tratamento de dados; Observar o quê, em quem, como? – circunscrever a análise no âmbito geográfico, social e temporal. Etapa 6 – A análise das informações: Objetivo do trabalho é responder à PP (ou QC) e testar hipóteses (se existirem); Verificação empírica: Preparar os dados: descrever e agregar; Analisar relações entre variáveis; Comparar resultados (esperados vs observados). Etapa 7 – As conclusões: Retrospetiva do procedimento; Contributos para o conhecimento; Considerações práticas 1.4. Posicionamento epistemológico Questões epistemológicas são cruciais: ocupam se da natureza do conhecimento e das formas mais apropriadas de o alcançar: Epistemologia – natureza e validade do conhecimento (objetividade/subjetividade); Axiologia - consciência sobre o papel dos valores e da ética na condução da pesquisa; Ontologia - pensamento sobre a natureza da realidade (Determinista/não determinista) Epistemologia – metodologia - métodos Paradigma: Descobertas científicas que, durante algum tempo fornecem modelos para os problemas e as soluções que servem de referência aos membros de uma comunidade científica. Os paradigmas configuram diferentes visões do real, afetadas por aspetos científicos e extra-científicos. Os investigadores que partilham determinado paradigma seguem determinadas teorias, metodologias e métodos. Conceitos que dividem o campo científico Conceitos Definições Fiscalismo/Materialismo versus Fiscalismo/ materialismo: o mundo, a realidade é composta de idealismo matéria (luz, gravidade, relações, estrutura). Idealismo: as ideias são o real Empirismo versus racionalismo Empirismo: o conhecimento advém da experiência Racionalismo: o conhecimento vem do raciocínio e pensamento Dedução versus Indução versus Dedução: raciocínio do geral para o particular Abdução e dialética Indução: raciocínio do particular para o geral Dialética: consideração dos vários pontos de vista Raciocínio abdutivo: a melhor explicação para o problema Determinismo versus relativismo Determinismo: existência de leis naturais e verdades imutáveis que governam o mundo. Relativismo: rejeita generalizações absolutas, a verdade pode variar consoante o contexto. Científico natural versus humanismo Científico natural: as ciências da natureza servem de padrão. (ciências da natureza/ciências sociais) Humanismo: atenção às características humanas, emoções, criatividade, sentimentos, vontades, etc. Explanação científica versus Explanação científica: orientada pela formação de leis, relações de compreensão humana causalidade. Compreensão humana: o conhecimento do social deve focar a subjetividade das ações Conhecimento nomotético versus Conhecimento nomotético: objetivo da ciência tradicional (leis, conhecimento ideográfico fortes generalizações, de um ponto de vista objetivo). Conhecimento ideográfico: foca-se na compreensão de indivíduos, dos grupos e contextos de ação. 1.4.1. Paradigmas Positivista: Determinismo; Reducionismo; Base empírica (quantitativa); Verificação de hipóteses; Construtivista: Compreensão; Diferentes sentidos da experiencia; Construção Social; Geração de teoria Transformista: Dimensão política; Justiça social/empoderamento; Colaborativo; Orientação para a mudança Pragmático: Consequência das ações; Problema-solução; Pluralista; Orientação para a utilidade 1.5. Papel da teoria Definições: Conjunto articulado de abstrações ou ideias que condensam e organizam o conhecimento sobre determinado domínio. Sistema hipotético-dedutivo (Consiste na construção de conjeturas, ou seja, premissas com alta probabilidade e que a construção seja similar, baseada nas hipóteses, isto é, caso as hipóteses sejam verdadeiras, as conjeturas também serão) – constituído por um conjunto de proposições cujos termos estão rigorosamente definidos. Para que servem? Que lugar ocupam na investigação? Contribuem para desvendar o oculto, ajudam a colocar boas questões; ajudam a responder, a encontrar explicações, e, por vezes, até a prever. Valor das teorias: Valor heurístico (o que ela permite conhecer, descrever, explicar, prever); Verificabilidade (ser submetida a testes, ser verificada ou refutada). As verdadeiras teorias científicas são as que resistem à prova dos fatos; Popper e outros consideram mais adequada a falsificabilidade (buscar evidencias que permitam contrariar a teoria) Teorização e formas de raciocínio: Dedutivo – Algo é verdadeiro porque é um caso particular de um princípio geral que se sabe ser verdadeiro. Parte-se de abstrações, de ideias lógicas a serem testadas. Indutivo – Formula-se um princípio geral a partir de casos particulares observados. Constrói-se a teoria com base na observação de uma multiplicidade de casos. Teoria enraizada (grounded theory) recorre aos princípios indutivos. As boas teorias normalmente conjugam os dois tipos de raciocínio Tipos de teorias: Quanto ao nível/ alcance da explicação: Micro - comportamentos do indivíduo. Ex. psicologia; Macro – grandes grupos. Ex. sociologia, economia, ciência política; Médio alcance – pequenos grupos. Ex. gestão, psicossociologia 2. Definição e delimitação do problema de investigação 2.1. Problemas de investigação Um problema de investigação é um enunciado (declaração) sobre: uma situação/condição a carecer de melhoramento; uma dificuldade a ser eliminada; uma questão preocupante que importa compreender. É a razão pela qual se faz a investigação. O problema é normalmente colocado sob a forma de pergunta. Pensar nos cinco w’s: O que? Porque? Quando? Onde? Quem? Propósito do enunciado do problema: - Identificar o que vai ser estudado; - Situar o problema no contexto; - Fazer o enquadramento em que o estudo vai ser desenvolvido; - Identificar os benefícios esperados do estudo: Pertinência científica (importa a revisão da literatura); Relevância social; Exequibilidade (tempo, recursos, acesso aos materiais) 2.2. Questões de investigação e objetivos 2.2.1. Exemplos Enunciado do tema: O estudo pretende de aferir o impacto da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325 na Academia Militar Objetivo geral (OG): Analisar a implementação e o impacto da Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (2000) --“Mulheres, Paz e Segurança” no Exército, e em particular na AM. Objetivos específicos (OE): 1. Explicar como tem sido implementada a agenda “Mulheres, Paz e Segurança” da Resolução 1325 do CSNU, ao nível da AM; 2. Analisar as perceções, de homens e de mulheres, acerca da integração da perspetiva do género, na AM; 3. Perceber a eficácia das adaptações realizadas pela AM à agenda “Mulheres, Paz e Segurança” da Resolução 1325 e aos planos nacionais de ação Pergunta de partida (PP): De que forma o Exército, através da Academia Militar, pode conseguir uma verdadeira estratégia de integração das mulheres na sua estrutura, contribuindo para a operacionalização da agenda “Mulheres, Paz e Segurança Perguntas derivadas (PD): 1. De que forma é que a AM se tem vindo a adaptar de modo a implementar a Resolução 1325 e os Planos Nacionais de Ação?; 2. Qual a perceção, de homens e mulheres, acerca do efeito das medidas para a integração da perspetiva do género na AM?; 3. Qual a eficácia das medidas para a integração da perspetiva do género na AM? Questões de investigação: Definir o projeto. Um conjunto de questões de investigação expressas em frases curtas sumariza do que trata o projeto; Estabelecer delimitações. Evitam desvios, perdas de tempo com aspetos laterais; Direcionar e manter enfoque. Orientam o caminho, na pesquisa bibliográfica, nos métodos de recolha e tratamento de dados, na análise subsequente. Características: Claras e sem ambiguidades; Consonantes com o propósito do projeto (explorar, descrever, explicar, avaliar, …); Encontram respostas nos dados; Não triviais; Formam um conjunto coerente e inter-relacionado Tipo de questões: O quê? remete para respostas descritivas, descrever as características de algo; Porquê? remete para compreender ou explicar algo; Como? remete para compreender a ocorrência de uma mudança; Cinco categorias:Descritivas (O quê? Quando? Onde? Como?); Avaliativas (Em que medida?); Narrativas (O que ocorreu e como ocorreu?); Causais (Porquê?); Efeitos (Consequências?) Questões de variância e questões de processo: Questões de variância, incidem sobre diferenças e correlações (Até que ponto? Em que medida? Que relação?). Normalmente apontam para abordagens quantitativas. Questões de processo referem se mais ao como as coisas acontecem e apontam para abordagens qualitativas. Gap spotting – a partir da revisão da literatura: Confusion spotting (quando existem explicações conflituantes para um dado fenómeno); Neglect spotting (fenómeno ou aspetos de fenómeno pouco estudados); Aplication spotting (acrescentar ou complementar abordagens presentes na literatura com aplicação a outros contextos) Revisão da literatura – A revisão da literatura como método de pesquisa tornou se mais importante do que nunca, considerando a imensa produção científica em todas as áreas e a dificuldade em dar conta do estado da arte. Artigos de revisão da literatura têm crescido exponencialmente. Recurso às revistas indexadas em bases de dados revistas académicas, atas de conferências, relatórios técnicos e livros. Evitar dependência da Grey literature (literatura que não passa pelos circuitos de publicação, não é avaliada por pares). Tipos de revisão da literatura: Narrativa- Permite adquirir e atualizar conhecimento sobre determinada temática. Usada para descrever/discutir o estado da arte, adequada para sustentar a fundamentação teórica. O método de seleção e análise dos textos não é sujeito a rigorosos procedimentos que permitam replicar os resultados. É a forma mais tradicional de RL. Sistemática – Permite reunir e avaliar criticamente metodologias e resultados de pesquisa sobre uma questão específica. Muito usada como base científica para fundamentar opções clínicas, ou políticas públicas. Emprega métodos de seleção e avaliação dos textos sistemáticos e claramente definidos, permitindo a replicação da análise. Usa métodos quantitativos. Integrativa – Permite combinar perspetivas empíricas e teóricas Pode orientar-se para a definição de conceitos, revisão de teorias e metodologias referentes a determinada tópico. Proporciona uma visão mais ampla da literatura. Os critérios de seleção dos textos em causa devem ser rigorosos e explicitados. Questões de investigação (QI) determinam os métodos; QI são o núcleo do processo de pesquisa (informam e são informadas por outras componentes da pesquisa) 2.3. Hipóteses Tentativa de resposta a um problema; Previsão do que um estudo irá revelar; Explicação / determinação de relações significativas entre fenómenos ou variáveis. Testáveis, para serem consideradas verdadeiras ou falsas mediante verificação empírica. Variáveis: A palavra “variável”, originária da matemática e da física teórica, adquire nas ciências sociais um sentido mais alargado. Genericamente significa o resultado da partição de algo segundo critérios bem definidos, por exemplo: sexo, idade, nível de escolaridade, sucesso escolar, sucesso profissional. Variáveis quantitativas // variáveis qualitativas; variáveis dependentes (o que se quer explicar, observar, medir) // variáveis independentes (o que influencia, determina) Problemas de operacionalização – Um conceito corresponde geralmente mais a um conjunto complexo de fenómenos do que a um fenómeno simples e diretamente observável. 2.4. Desenho da Pesquisa Aspetos a considerar: Propósito – O que se pretende alcançar com o estudo? O que leva à sua realização? Pretende se descrever, explicar, compreender algo? Pretende se apresentar soluções para um problema identificado? Espera se implementar mudanças decorrentes dos resultados? Quadro teórico – resultante da revisão da literatura e da identificação do “estado da arte” que contextualiza o assunto a estudar e o seu fundamento teórico É o lugar para a definição dos conceitos centrais à pesquisa. Questões de investigação - A que questões se trata de responder? O que se precisa saber para alcançar o propósito do estudo? Métodos - Que técnicas usar na coleta de dados (ex questionários, entrevistas, observação participante, etc Como se fará a análise dos dados? Delimitação do Universo/amostra - que objetos/pessoas vai observar? Quando e onde? Que critérios de seleção? Design e estratégia: Rígido/ Fixo - Implica pré-especificação detalhada do design da investigação antes de iniciar o processo de recolha de dados. Associa se normalmente a estratégias quantitativas.; Flexível - Vai se delineando na sequência e no “ da recolha de dados Associa se normalmente a estratégias qualitativas, especialmente enquadradas na grounded theory; Mista - Combina normalmente elementos dos casos anteriores, iniciando se pela fase flexível Design Fixo: Estratégia experimental - O investigador introduz algo novo com a intenção de observar possíveis mudanças no comportamento do grupo/situação em estudo. Mede efeitos decorrentes da manipulação de uma ou mais variáveis. Os detalhes do design têm que estar pré determinados antes do início da coleta de dados. Procedimento: Seleção de amostra de população conhecida; Alocação da amostra às condições experimentais; Introdução da mudança ou da variável planeada; Controle de variáveis externas; Teste de hipóteses. Estratégia não-experimental - O investigador não procura mudar a situação ou a experiência dos participantes. Prossegue objetivos descritivos, explicativos ou preditivos. Procedimento: Seleção de amostra de população conhecida: Medida de um pequeno número de variáveis; Controle de outras variáveis; Teste de hipóteses (eventualmente) Design Flexível: Estudo de caso - Estudo detalhado, intensivo, de um único caso ou um reduzido número de casos relacionados. Procedimento: Seleção de um caso (ou casos), de uma situação, de um indivíduo, grupo ou organização; Estudo do caso no seu contexto; Coleta de informação através de uma multiplicidade de técnicas incluindo observação, inquéritos (sobretudo entrevistas) e análise documental. Normalmente, mas não exclusivamente, trabalha dados qualitativos. Estudo etnográfico - Estudo aprofundado de um grupo ou comunidade, procurando captar, interpretar e explicar a vida, organização e experiências levando em conta o sentido que os próprios lhes atribuem. Procedimento: Seleção do grupo, organização ou comunidade; Imersão do investigador na realidade; Recurso à observação participante; Estudo do caso no seu contexto 3. Abordagens quantitativas Paradigma pós positivista – Desenho experimental/Desenho não experimental (inquérito/surveys): Abordagem pré-determinada; Mensurável; Teste de hipóteses/explicações; Relaciona variaveis (de acordo com as hipoteses e questões de investigação); Usa critérios de validade e fiabilidade; Observaçlão e medida em escalas numéricas; emprega procedimentos estatisticos. Método dedutivo - Os investigadores usam a teoria para apontar uma explicação (ou previsão) sobre o comportamento das variáveis em estudo Teoria conhecida – formulação de questões de investigação e hipóteses baseadas na teoria (definição e operacionalização das variáveis extraídas da teoria) – Medição/ observação das variáveis com recurso a instrumentos de recolha e tratamento de dados 3.1. Amostra Amostragem representativa - Uma amostra é representativa se as unidades que a constituem forem escolhidas por um processo tal que todos os membros da população tenham a mesma probabilidade de fazer parte da amostra. Se não for representativa implica risco de enviesamento; A solução é empregar técnicas de sondagem para garantir amostras aleatórias em que cada elemento da população terá a mesma probabilidade de participar; mostras representativas em sentido estrito são raras. Substitui-se a noção de “representatividade” pela adequação da amostra aos objetivos estabelecidos. Se o objetivo for fazer estimativas de grandeza, então a representatividade importará. Se o objetivo for descrever ou testar relações o critério de representatividade é menos exigente. Amostra Probabilística Todos os indivíduos do universo têm igual oportunidade de responder à pesquisa, ou seja, probabilidade fixa e maior que zero. Esse método procura a imparcialidade do investigador na procura dos participantes. Pode ser aleatória ou estratificada. Amostra aleatória: Existência de uma listagem com todos os elementos da população (o que será difícil em populações vastas); Sorteio ao acaso; Amostra estratificada: Divisão da população em subgrupos (estratos); Quanto maior é o estrato, maior a amostra respetiva (amostra proporcional); Amostra não probabilística A recolha de dados é baseada em critérios definidos previamente, em que nem todo o universo tem a mesma oportunidade de ser entrevistados, mas que no final o trabalho de campo o resultado seja representativo e passível de extrapolação. Pode ser no local, por quotas, por conveniência, por bola de neve: Amostra no local: Não existe base de sondagem específica para determinada população restrita; Critério espacial e temporal (Ex um posto de abastecimento de combustível, se a população alvo são automobilistas diferentes períodos temporais). Amostra por quotas: Reproduz a distribuição de certas variáveis que existem na população (de acordo com as características): Escolha aleatória (várias unidades - características); Modalidade frequente para construir amostras representativas. Amostra por conveniência: Seleciona a amostra de entre a população acessível (razões práticas substituem o rigor técnico). Os resultados são válidos para “aquela” amostra e não podem ser generalizados com confiança. Amostra por bola de neve: Pequeno grupo responde ao Inquérito e passa a indicar outros elementos da mesma população-alvo; Forma fácil de aceder aos elementos Dimensão da amostra: a margem de erro que o investigador considera aceitável (ex : 4%); O nível de confiança para a margem de erro (ex : 95 em 100) 3.2. Inquérito Um inquérito consiste em interrogar um determinado número de indivíduos tendo em vista uma generalização. Distingue se da observação direta (na qual intervenção do investigador é mínima) e da experimentação (em que o investigador tem um papel de controlo). Tem como unidade de observação/análise o indivíduo. Porém, não é o indivíduo que interessa, mas sim a possibilidade de através dos indivíduos chegar a conclusões alargadas. Inquérito – Entrevista ou questionário – Entrevista (diretiva (controlo do investigador), semidiretiva (mista), não diretiva (controlo do entrevistado)); Questionário (autoadministrado; questões standartizadas (controlo do investigador)) Inquérito – Aplica-se quando não é exequível a observação direta ou a experimentação. Os itens do guião devem estar de acordo com as questões de investigação e hipóteses (revisão da literatura, documentos, inquéritos pré-existentes, entrevistas exploratórias, focus group). Tem como objetivos: Reunir um vasto leque de informação sobre um indivíduo (trajetória de vida, etc.); Levantar elementos que não podemos observar (só auscultar as narrativas); Apurar opiniões, atitudes, preferências, representações, ….; Reunir informação sobre o que se passa num certo momento (Ex.: confiança nas instituições); Reunir informação no sentido longitudinal (em vários momentos); Permitem: construir o guião, enviar convite de participação à amostra selecionada, proceder a tratamento estatístico das questões, com apresentação em tabelas ou gráficos e enviar as respostas para outros programas (EXEL, SPSS, Word …) Tipo de perguntas: Quanto ao conteúdo: Factos; Opiniões ➝ Escalas de atitude (Escala de Likert). Quanto à forma: Abertas; Fechadas ➝ Acompanham-se de instruções (escalas de atitude); Semiabertas. Formulação das questões – Clareza das questões (ausência de ambiguidade); Vocabulário simples; Concisas; Evitar pressupostos implícitos (forma de manipulação da resposta, ainda que involuntária); Evitar duas questões na mesma pergunta; Evitar dupla negação; Usar categorias exaustivas; Usar categorias mutuamente exclusivas; Itens agrupados de forma lógica 3.2.1. Validade e fiabilidade Pré-teste: Aplicação a elementos da amostra; Submissão a painel de peritos Consistência das respostas aos vários itens: Teste de Alfa Cronbach; Software SPSS Consentimento informado - De acordo com o Relatório Belmont [o CI] pressupõe três componentes : a informação , a compreensão e o voluntariado. A informação deve ser dada em várias formas complementares, incluindo a forma escrita (…). O investigador deve assegurar se que o sujeito entende a informação que lhe fornece. Em caso de dúvida devem ser feitos testes para aferir a compreensão. Por último o voluntariado deve ser assegurado, sendo pois proibidas todas as ações que visem coagir o sujeito a participar na investigação. Este aspeto é de crucial importância em populações vulneráveis (presos, doentes e outros).” 3.2.2. Tratamento de dados Quantos responderam? Não respostas; Estatística descritiva para todas as variáveis; Construção de escalas/indicadores; Testes estatísticos (comparar e relacionar variáveis); Apresentação dos resultados em tabelas ou figuras. Interpretação dos resultados. - Análise pode terminar na estatística descritiva (por exemplo: quando o número de participantes não permite análise inferencial) Estatística descritiva - tem como objetivo a descrição dos dados, sejam eles de uma amostra ou de uma população. Pode incluir: Verificação da representatividade ou da falta de dados; Ordenação dos dados; Compilação dos dados em tabela; Criação de gráficos com os dados; Calcular valores de sumário, tais como médias; Obter relações funcionais entre variáveis Estatística inferencial - A estatística inferencial, o segundo tipo de procedimentos em estatística, preocupa se com o raciocínio necessário para, a partir dos dados, se obter conclusões gerais. O seu objetivo é obter uma afirmação acerca de uma população com base numa amostra. Estas inferências ou generalizações podem também ser de dois tipos: Estimações ou decisões (testes de hipóteses); 3.2.3. Checklist para referir a opção pelo inquérito Propósito do inquérito está bem definido? Mencionou as razões para escolher a opção? População e dimensão estão definidas? Qual a dimensão da amostra? Como foi definida? Como se chegou aos casos que constituem a amostra? Que instrumento é usado no inquérito? Quem desenvolveu (inquéritos pré-existentes a que se recorreu)? Como se fez o pré- teste? Qual a linha de tempo para administrar o inquérito? Como é que as variáveis se relacionam com as questões de investigação e hipóteses? Que passos serão dados para proceder à análise de dados? – Avaliação da consistência; Análise descritiva; Elaboração de escalas; Recurso à estatística inferencial para responder às questões de investigação 4. Abordagens qualitativas 4.1.Paradigma construcionista (abordagem interpretativa) A realidade social não tem existência à parte (ou seja, exterior aos indivíduos). A realidade é construída através das interações sociais entre pessoas. A investigação procura compreender como os indivíduos constroem o sentido do mundo que habitam (mundo que constroem com as suas ações). Ao objetivismo do positivismo opõe se as diferentes construções sociais do sentido e do conhecimento Etnografia: Estuda um grupo, uma comunidade ou uma organização para captar integralmente o modo como vivem e atribuem sentido às suas experiências. Implica a imersão na realidade e (normalmente) recurso à observação participante. A coleta de dados faz-se através de múltiplas técnicas (observação participante ou não; entrevistas, documentos, imagens, registos áudio, etc) Grounded Theory (Teoria Fundamentada): Gera teoria durante a coleta/análise sistemática dos dados (processo indutivo). Pode ser aplicado numa variedade de situações. A coleta de dados faz-se através de múltiplas técnicas (observação participante ou não; entrevistas, documentos, imagens, registos áudio, etc.). Estudo de caso: Estudo intensivo de um caso no seu contexto (uma pessoa, um grupo, uma organização ou uma situação, um processo de mudança, um acontecimento). Pode ser um caso único ou um número reduzido de casos. Trata de fenómenos contemporâneos colocando-os nos seus contextos reais Para alguns autores, a abordagem qualitativa é a mais adequada. Outros autores consideram que a abordagem pode ser qualitativa, quantitativa ou mista. Sendo um estudo intensivo, a coleta de dados faz-se através de várias técnicas: observação, entrevistas e análise documental, podendo também incluir dados quantitativos. 4.2. Coleta de dados Vantagem Desvantagem Documentos – Textuais ou não textuais Pré-existentes Não direcionados para as Questões de Fontes: Primárias, secundárias terciárias Acessíveis (em geral) Investigação Multiplicidade de fontes Observação – natural (investigador já Captação do que acontece, Presença do investigador pertencia ao grupo) ou artificial sem intermediação (comportamentos alterados) (investigador integra-se no grupo) Dificuldade no registo dos dados de observação Memória seletiva Entrevistas – estruturadas (próximas do Testemunho de factos, Tempo necessário questionário), semi-estruturadas e não opiniões, comportamentos, Tratamento dos dados estruturadas preferências... Questão da amostragem: Não se coloca nos termos em que se coloca nas abordagens quantitativas, que visam a representatividade. Número de entrevistas (tamanho da amostra) depende do tema (multidimensionalidade), da diversidade de atitudes que esperamos encontrar em relação ao tema e do estatuto da entrevista (exploratória, principal ou complementar). Se garantido o controlo dos dados, os investigadores podem fazer generalizações das conceptualizações teóricas encontradas (de resto é o objetivo da Grounded theory). Validade: Descrição – registo, por exemplo gravação, sempre que possível; Interpretação – explicação dos critérios; Teoria – como guia/comparação; Triangulação – uso de múltiplas fontes para garantir o rigor da investigação; Peer Suport/ Especialistas – recurso a outros investigadores para identificar erros/ enviesamentos; Confirmação – apresentar as transcrições aos entrevistados para validação do material; Notas – manter registo de todas as atividades, um diário de bordo Triangulação Triangulação dos dados – uso de mais de uma técnica de coleta (observação, entrevistas, documentos); Triangulação do investigador – usar mais do que um investigador/observador; Triangulação metodológica – combinar abordagens qualitativa e quantitativa. Triangulação teórica – uso de múltiplas teorias ou perspetivas. Qualidades do investigador - Mente aberta; espírito de investigador; capacidade de comunicar (escutar); capacidade de adaptação; capacidade interpretativa; capacidade para identificar e reagir a contradições. ECTI: Entrevista; Transcrição; Categorização; Interpretação Entrevista: A investigação por entrevista é uma situação interpessoal que surge através da conversação sobre um tema de mútuo interesse. As entrevistas, são geralmente organizadas em torno de um conjunto predeterminado de questões abertas, com outras que poderão surgir, decorrente do diálogo entre o entrevistador e quem está a ser entrevistado; O entrevistador é, ele próprio, um instrumento de investigação Antes: definir objetivos; construir o guião; selecionar os entrevistados; elaborar consentimento; preparar entrevista. Durante: colocar questão inicial; saber escutar; confirmar; controlar fluxo de informação; fornecer feedback; Evitar informações gerais por parte do entrevistado; enquadrar perguntas mais difíceis. Depois: Tratamento dos dados; análise do conteúdo. Exemplo de preparação de guião de entrevista: Decidir as condições da aplicação (presencial, telefone, VTC); Escolha dos entrevistados; Local da entrevista (privacidade, anonimato, etc); Ganhar acesso aos entrevistados (Consentimento informado, autorizações institucionais); Consentimento informado Transcrição: Transcrever integralmente o registado em áudio incluindo hesitações, risos, silêncios, bem como estímulos do entrevistador; Fundamental para posterior interpretação por parte do investigador. Criar Unidades de Significado (US) (Criar Unidades de Significado (US) (seguementos de texto suficientemente compreensíveis por si só, contendo uma ideia, episódio ou ‘seguemento’ de informação) Categorização (4 etapas): Criar categorias com base no guião: Fundamentada no quadro conceptual vindo da Revisão de Literatura e nos itens temáticos; Das questões colocadas através do guião de Entrevista. Codificar cada entrevista: Contato com o conteúdo das entrevistas: 1º quando se faz a entrevista, 2º quando se transcreve, 3º quando se faz a primeira codificação, 4º quando se analisa a categorização efetuada, 5º quando se escreve o relatório, Recodificar lendo por categoria: Validar Interpretação: É um processo decorrente da versão construtivista da Grounded Theory que assume o relativismo de múltiplas realidades sociais construídas por cada pessoa. Reconhece, assim, a criação de conhecimento por parte do investigador. A fase da interpretação consiste em escrever os resultados da investigação qualitativa. É quando o investigador extrai o conteúdo das entrevistas e o transforma em conhecimento científico. Normalmente atribui-lhe uma hierarquia Temas> Categorias > Sub categorias > Unidades de significado Método de Amostragem: Seleção de elementos que reúnem as características da população escolhidos de forma intencional; A escolha dos participantes deve ser muito bem justificada; Assegurar a diversidade, no sentido de abarcar o máximo de indivíduos e situações; A partir de um certo número de entrevistas, a informação torna-se redundante, atingindo se a saturação. O critério da saturação indica que podemos encerrar a recolha. Análise de conteúdo – análise categorial - No conjunto das técnicas de análise de conteúdo, a análise por categoriais é a mais antiga e a mais utilizada. Funciona com base em “operações de desmembramento” do texto em unidades. De entre as diferentes possibilidades de categorização, a investigação de temas, ou análise temática é de mais fácil aplicação. 1.1. Tratamento de dados Dada a sua natureza flexível, as estratégias qualitativas produzem informação abundante, que o investigador ter+a que organizar e reduzir/compactar para compreender o fenómeno em estudo e responder às questões de investigação. Através de técnicas de análise de conteúdo agrupa significados, identifica regularidades nos dados, aplicável a entrevistas ou a qualquer tipo de documento. Paradigmas: Creswell usa o termo visão do mundo quando se refere aos paradigmas. Os paradigmas traduzem-se em descobertas cientificas que, durante algum tempo fornecem modelos para os problemas e as soluções que servem de referência aos membros de uma comunidade científica. Os paradigmas constituem diferentes visões do real, afetados por aspetos científicos e extra-científicos. Os investigadores que partilham determinado paradigma seguem determinadas teorias, metodologias e métodos. Os paradigmas são moldados pela área disciplinar do aluno, pelas crenças dos orientadores e professores na área do aluno e pelas experiencias de pesquisas anteriores. Os quatro paradigmas mais estudados são: positivista, construtivista, transformista e pragmático. As premissas positivistas têm representado a forma tradicional de pesquisa, assentam numa base empírica e, por conseguinte em pesquisa quantitativa. Sustenta uma filosofia determinista na qual as causas provavelmente determinam os efeitos e resultados, assim, refletem a necessidade de identificar e avaliar as causas que influenciam os resultados. Adicionalmente, é também reducionista, uma vez que tem a intenção de reduzir as ideias a um conjunto pequeno e discreto de ideias a serem testadas, como as variáveis que compõem as hipóteses e as questões de pesquisa. Desta forma, desenvolver medidas numéricas de observações e estudar o comportamento torna-se fundamental no paradigma positivista. Regra geral começa com um teste a uma teoria, coleta dados que apoiam ou refutam a teoria e, então, faz as revisões necessárias antes que testes adicionais sejam feitos. A pesquisa procura desenvolver afirmações relevantes e verdadeiras que explicam a situação em estudo, que permitam estabelecer a relação entre as variáveis, assim, ser objetivo é deveras relevante. O paradigma construtivista associa-se a pesquisas qualitativas. Os construtivistas sustentam suposições de que os indivíduos buscam a compreensão do mundo em que vivem e trabalham, desenvolvem significados subjetivos de suas experiências, significados direcionados a certos objetos ou coisas. Esses significados são variados e múltiplos, devido aos diferentes sentidos da experiência. As perguntas caracterizam-se por serem amplas e gerais. Esses significados são formados por meio da interação com os outros, daí a construção social e por meio de normas históricas e culturas. A intenção dos pesquisadores é dar sentido aos significados que os outros têm sobre o mundo. Os investigadores desenvolvem uma teoria ou padrão de significado (geração de teoria). No que concerne ao paradigma transformista, apesar de normalmente se associal a pesquisas qualitativas, todavia, pode aplicar-se a pesquisas quantitativas. Este paradigma surgiu de vários autores que sentiram que o paradigma construtivista não era suficiente para ajudar os povos marginalizados. Assim este paradigma assume uma dimensão política, associado a justiça social/empoderamento. Caracteriza-se por ser colaborativo uma vez que os participantes podem ajudar a elaborar perguntas, coletar dados, analisar informações ou colher os frutos da pesquisa. Concentra-se nas necessidades de grupos e indivíduos da sociedade marginalizados ou privados de direitos, desta forma, é orientado para a mudança. No que respeita ao paradigma pragmático, diferentemente do positivismo, surge como consequência das ações, em vez de condições antecedentes. Em vez de focar em métodos, os investigadores usam todas as abordagens disponíveis (métodos mistos) para entender o problema, daí caracterizar-se pelo pluralismo. Caracteriza-se por procurar solução para determinado problema, assim, é orientado para a utilidade. Os três atos epistemológicos: Para compreender a articulação das etapas de uma investigação com os três atos do procedimento científico é necessário dizer primeiro algumas palavras sobre os princípios que estes três atos encerram e sobre a lógica que os une. Rutura – Em ciências sociais, a nossa bagagem supostamente “teórica” comporta numerosas armadilhas, dado que uma grande parte das nossas ideias se inspiram nas aparências imediatas ou em posições parciais. Frequentemente, não mais do que ilusões e preconceitos. Construir sobre tais premissas equivale a construir sobre areia. Daí a importância da rutura, que consiste precisamente em romper com os preconceitos e as falsas evidencias, que somente nos dão a ilusão de compreendermos as coisas. A rutura é, portanto, o primeiro ato constitutivo do procedimento cientifico. Construção - Esta ruptura só pode ser efetuada a partir de um sistema conceptual organizado, suscetível de exprimir a lógica que o investigador supõe estar na base do fenómeno. É graças a esta teoria que ele pode erguer as proposições explicativas do fenómeno a estudar e prever qual o plano de pesquisa a definir, as operações a aplicar e as consequências que logicamente devem esperar-se no termo da observação. Sem esta construção teórica não haveria experimentação válida. Não pode haver, em ciências sociais, verificação frutuosa sem construção de um quadro teórico de referência. Não se submete uma proposição qualquer ao teste dos factos. As proposições devem ser o produto de um trabalho racional, fundamentado na lógica e numa bagagem conceptual validamente constituída. Verificação - Uma proposição só tem direito a estatuto científico na medida em que pode ser verificada pelos factos. Este teste pelos factos é designado por verificação ou experimentação. Corresponde ao terceiro ato do processo. Metódo Hipotético-Dedutivo - Consiste na construção de conjecturas, ou seja, premissas com alta probabilidade e que a construção seja similar, baseada nas hipóteses, isto é, caso as hipóteses sejam verdadeiras, as conjecturas também serão. O método hipotético dedutivo entende-se a partir de quatro etapas: i. identificação do problema de pesquisa (quando as teorias disponíveis sobre um assunto específico são insuficientes para explicar o fenómeno, surge uma lacuna no conhecimento científico. A partir dessa lacuna, surge um novo problema de pesquisa); ii. formulação de hipóteses (para tentar explicar o fenómeno ou responder ao problema de pesquisa, pode-se criar hipóteses. As hipóteses são afirmações provisórias, que devem ser submetidas aos testes de falsificabilidade); iii. refutação de hipóteses (Em seguida, deve-se submeter a hipótese aos testes. Falsear uma hipótese significa tornar falsa as consequências que se deduz dela. No método hipotético-dedutivo, procura-se testar as hipóteses através de evidências empíricas); iv. conclusão do método hipotético-dedutivo (a partir dos testes, as hipóteses podem ser validadas ou refutadas. Se for rejeitada, a hipótese deverá ser reformulada e novamente submetida aos testes. Quanto maior o número de testes da hipótese, mais forte serão seus argumentos.) Três atos epistemológicos Todo o conhecimento é uma resposta a uma pergunta; deste modo, o facto científico é conquistado sobre os preconceitos, construído pela razão e verificado na confrontação com os factos; através de um conjunto organizado de etapas. Assim, para compreender a articulação das etapas de uma investigação é necessário compreender os três atos epistemológicos. A rutura implica um distanciamento de falsas evidências. Divide-se em 3 etapas etapa 1 (a pergunta de partida que tem como qualidades ser clara (precisa, concisa e unívoca), exequível (realista, tempo e custos) e pertinente (não ser trivial)); etapa 2 (exploração/ descoberta de ideias/pista de investigação. Devem ser realizadas várias leituras selecionadas a partir da PP; devem ser preferidas: obras síntese, artigos científicos; devem ser escolhidas abordagens diversificadas sobre o fenómeno; e, deve-se organizar, resumir e comparar textos. Adicionalmente, devem ser realizadas entrevistas exploratórias a académicos, testemunhas privilegiadas, participantes a quem o estudo diz respeito. Esta entrevista é uma entrevista não diretiva); e, etapa 3 (a problemática; encontra-se entre a rotura e a construção. Perspetiva teórica adotada (PP final ou QC e QD1; conceitos e ideias fundamentais). Deste modo, percebemos a importância da rutura, que consiste em romper com os preconceitos e falsas evidências, que nos fazem achar que percebemos as coisas. Assim, a rutura é o primeiro ato construtivo do procedimento científico. A construção implica elaborar um esquema conceptual organizado capaz de exprimir a lógica do fenómeno. Nesta etapa inclui-se a etapa 4: construção do modelo de análise (encontra-se entre a problemática e a observação/experimentação. Adicionalmente, é uma tradução da problemática numa linguagem de operacionalização (definição dos conceitos, dimensões integrantes e indicadores; alinhamento de objetivos/QI e Hipóteses). A verificação pretende submeter à prova dos factos. Uma proposição só tem direito a um estatuto científico na medida em que pode ser verificada pelos factos. Este teste pelos factos é designado por verificação ou experimentação. Corresponde ao terceiro ato do processo. Compreende a Etapa 5 (observação direta ou indireta, entre o modelo de análise e o tratamento de dados. Pretende observar o quê, em quem, como? – circunscrever a análise no âmbito geográfico, social e temporal); Etapa 6 (Análise das informações, ou seja, o objetivo do trabalho é responder à PP (ou QC) e testar hipóteses (se existirem); Verificação empírica; preparar os dados: descrever e agregar; analisar relações entre variáveis; e, comparar resultados (esperados vs observados)); e, Etapa 7 (Conclusões, ou seja, retrospetiva do procedimento; contributos para o conhecimento, e, considerações práticas). Paradigmas Os paradigmas traduzem-se em descobertas científicas que, durante algum tempo, fornecem modelos para os problemas e as soluções que servem de referência aos membros de uma comunidade cientifica. Estes constituem visões diferentes do real, afetados por aspetos científicos. O paradigma posicionista, assenta numa base empírica e, por conseguinte em pesquisa quantitativa. Caracteriza-se pelo determinismo (as causas provavelmente determinam os efeitos e resultados), reducionismo (reduzir as ideias a um conjunto pequeno e discreto de ideias a serem testadas) e verificação de hipóteses. O paradigma construtivista, associa-se a pesquisas qualitativas. A realidade social não tem existência à parte (ou seja, exterior aos indivíduos); esta é construída através das interações sociais entre pessoas. A investigação procura compreender como os indivíduos constroem o sentido do mundo que habitam (mundo que constroem com as suas ações). Ao objetivismo do positivismo opõe se as diferentes construções sociais do sentido e do conhecimento. O paradigma transformista, apesar de normalmente se associar a pesquisas qualitativas, todavia pode aplicar-se a pesquisa quantitativas. Caracteriza-se pela dimensão política associada a uma justiça social/empoderamento; é colaborativo (os participantes podem auxiliar a elaborar perguntas, coletar dados e analisar informações); e, orientada para a mudança (foca-se na necessidade dos grupos marginalizados da sociedade). O paradigma pragmático, surge como consequência das ações, em vez de condições antecedentes. Em vez de focar os métodos, os investigadores usam métodos mistos para entender o problema (pluralismo). Uma vez que procura uma solução para um problema tem em vista a utilidade. Tipos de revisão de literatura A revisão da literatura como método de pesquisa tornou se mais importante do que nunca, considerando a imensa produção científica em todas as áreas e a dificuldade em dar conta do estado da arte. Artigos de revisão da literatura têm crescido exponencialmente. Recurso às revistas indexadas em bases de dados revistas académicas, atas de conferências, relatórios técnicos e livros. Evitar dependência da Grey literature (literatura que não passa pelos circuitos de publicação, não é avaliada por pares). Deste modo, existem 3 tipos de revisão de literatura: a Sistemática; a Semi sistemática; e, a Integrativa. A Sistemática caracteriza-se por ser mais específica e quantitativa sobre uma questão particular (muito usada em medicina ou para fundamentar definição política). Pode não ser a melhor escolha se quisermos estudar um assunto mais vasto e perceber como é abordado por exemplo nas várias disciplinas ou ao longo do tempo. A Semi sistemática caracteriza-se por mapear temas ou teorias, encontrar falhas ou dissonâncias. A Integrativa caracteriza-se por poder ser mais relevante, não se tratando tanto de cobrir todos os artigos sobre um tópico, mas sim de combinar perspetivas para criar novos modelos teóricos (pode ser a mais relevante, consoante os objetivos e os assuntos). Questões e hipóteses de investigação Questões de investigação: Devem definir o projeto; devem ser um conjunto de questões de investigação expressas em frases curtas sumariza do que trata o projeto, devem estabelecer delimitações, devem evitam desvios, perdas de tempo com aspetos laterais; devem direcionar e manter enfoque; devem orientar o caminho, na pesquisa bibliográfica, nos métodos de recolha e tratamento de dados, na análise subsequente. Devem ter como características: Claras e sem ambiguidades, consonantes com o propósito do projeto (explorar, descrever, explicar, avaliar, …), encontram respostas nos dados, não triviais, formam um conjunto coerente e inter-relacionado. As hipóteses de investigação são uma tentativa de resposta a um problema; uma previsão do que um estudo irá revelar; e, uma explicação / determinação de relações significativas entre fenómenos ou variáveis. São testáveis, de forma a serem consideradas verdadeiras ou falsas mediante verificação empírica. Podem ter como variáveis: variáveis quantitativas ou variáveis qualitativas; e variáveis dependentes (o que se quer explicar, observar, medir) ou variáveis independentes (o que influencia, determina). Para a sua formulação deve ser feita a correlação entre duas ou mais variáveis. V/F – Questões de investigação Claras e sem ambiguidade – V. Não triviais – V. Encontram resposta nos dados – V. Encontram resposta na revisão da literatura – F. Formam um conjunto coerente e interrelacionado – V. Estudo Título: Saúde mental de um oficial de polícia: influência do stress Palavras-chave: stress, oficiais de polícia; relações interpessoais; saúde metal Objeto: stress dos oficiais de polícia Design: Misto. Um design fixo implica uma pré-especificação detalhada do design da investigação antes de iniciar o processo de recolha de dados. Associa se normalmente a estratégias quantitativas. Por outro lado, um design flexível vai se delineando na sequência e no processo da recolha de dados, associando-se normalmente a estratégias qualitativas, especialmente enquadradas na grounded theory. Deste modo, um design misto combina normalmente elementos dos casos anteriores, iniciando se pela fase flexível. Assim, na minha opinião, o melhor design aplicado a este estudo seria o misto pois devemos utilizar as estratégias quantitativa e qualitativa. Procedimento: na minha opinião teria um procedimento Hipotético-Dedutivo. Num procedimento dedutivo parte-se de abstrações, de ideias lógicas a serem testadas, ou seja, algo é verdadeiro porque é um caso particular de um princípio geral que se sabe ser verdadeiro. Num procedimento indutivo formula-se um princípio geral a partir de casos particulares observados. Constrói-se a teoria com base na observação de uma multiplicidade de casos. A teoria grounded theory recorre aos princípios indutivos. Assim o procedimento hipotético-dedutivo consiste na construção de conjeturas, ou seja, premissas com alta probabilidade e que a construção seja similar, baseada nas hipóteses, isto é, caso as hipóteses sejam verdadeiras, as conjeturas também serão. Este método baseia-se em quatro etapas: identificação do problema de pesquisa; formulação de hipóteses; refutação de hipóteses; conclusão do método. Métodos: Misto, uma vez que para os objetivos específicos 1, 2, 3 e 4 utilizaria um método quantitativo (de forma a medir variáveis e correlacionar as mesmas) e para os objetivos 5 e 6 utilizaria um método qualitativo (uma vez que pretendia avaliar a perceção). NVIVO ou SPSS: na utilização de um método quantitativo deve ser utilizado o SPSS, onde deve ser realizado um pré- teste (aplicação a elementos da amostra; submissão a painel de peritos. Consistência das respostas aos vários itens: Teste de Alfa Cronbach; SPSS) e o consentimento informado (pressupõe a informação, a compreensão e o voluntariado). Na utilização de um método qualitativo deve ser utilizado o NVIVO, onde para confirmar a sua validade deve ser cumprida a Descrição (registo, por exemplo gravação, sempre que possível); Interpretação (explicação dos critérios); Teoria (como guia/comparação); Triangulação (uso de múltiplas fontes para garantir o rigor da investigação); Peer Suport/ Especialistas (recurso a outros investigadores para identificar erros/ enviesamentos); Confirmação (apresentar as transcrições aos entrevistados para validação do material); Notas (manter registo de todas as atividades, um diário de bordo). aleatória simples estratificada bola de neve conveniência Questões epistemológicas são cruciais: ocupam se da natureza do conhecimento e das formas mais apropriadas de o alcançar: Epistemologia – natureza e validade do conhecimento (objetividade/subjetividade); Axiologia - consciência sobre o papel dos valores e da ética na condução da pesquisa; Ontologia - pensamento sobre a natureza da realidade (Determinista/não determinista) - Epistemologia – metodologia - métodos Paradigma: Descobertas científicas que, durante algum tempo fornecem modelos para os problemas e as soluções que servem de referência aos membros de uma comunidade científica. Os paradigmas configuram diferentes visões do real, afetadas por aspetos científicos e extra-científicos. Os investigadores que partilham determinado paradigma seguem determinadas teorias, metodologias e métodos.