Atendimento Pré-Hospitalar PDF - Academia de Administração Prisional 2024
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ACAPS - Academia de Administração Prisional e Socioeducativa
2024
Anderson Manoel dos Santos, Ariane Roth
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Summary
Este documento (PDF) do ano de 2024 aborda o Atendimento Pré-Hospitalar, com foco em cuidados antes do ambiente hospitalar. Aborda temas como anatomia, avaliação de pacientes, e diferentes tipos de procedimentos. O conteúdo é relevante para profissionais e estudantes da área da saúde.
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ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 2024 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Autores Anderson Manoel dos Santos Ariane Roth O Atendimento Pré...
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 2024 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Autores Anderson Manoel dos Santos Ariane Roth O Atendimento Pré-Hospitalar consiste nos cuidados realizados antes do atendimento hospitalar. O seu objetivo é minimizar sequelas, dar condições para que pessoas vítimas de acidentes ou eventos que comprometam sua saúde possam ter uma condição melhor para um atendimento mais qualificado. SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVA Carlos Antônio Gonçalves Alves Secretário de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa Joana Mahfuz Vicini Secretária Adjunta DEPARTAMENTO DE POLÍCIA PENAL Renata de Souza Diretora-geral Roberval D’Ávila Ferraz Diretor-geral Adjunto ACADEMIA DE ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVA Leandro Lisboa Ferreira de Melo Diretor da Academia de Administração Prisional e Socioeducativa 1 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Equipes de Atendimento Pré-hospitalar e Intra-hospitalar.............................. 9 Figura 2 – Ocorrências comuns no sistema socioeducativo.............................................. 9 Figura 3 – E.P.I.s de um socorrista................................................................................. 12 Figura 4 – Divisão do corpo humano.............................................................................. 13 Figura 5 – Posição para estudos em anatomia................................................................ 14 Figura 6 – Posição usadas no A.P.H............................................................................... 14 Figura 7 – Planos de estudo do corpo humano............................................................... 15 Figura 8 – Ossos do corpo humano................................................................................. 16 Figura 9 – Principais músculos do corpo humano.......................................................... 17 Figura 10 – Diferentes tipos de músculos....................................................................... 18 Figura 11 – Órgãos do sistema respiratório.................................................................... 19 Figura 12 – Tipos de vasos sanguíneos........................................................................... 20 Figura 13 – Grandes vasos do corpo humano................................................................. 20 Figura 14 – Esquema simplificado do sistema nervoso central...................................... 21 Figura 15 – Coluna e suas divisões................................................................................. 21 Figura 16 – Locais de medição de pulso......................................................................... 22 Figura 17 – Temperatura do corpo e relação com sinais vitais....................................... 23 Figura 18 – Movimentos respiratórios e estruturas envolvidas...................................... 23 Figura 19 – Procedimento de verificação da respiração................................................. 24 Figura 20 – Tipos de aparelhos para aferição da pressão arterial................................... 25 Figura 21 – Ferramenta identificação método S.T.A.R.T............................................... 26 Figura 22 – Fases método S.T.A.R.T.............................................................................. 27 Figura 23 – Avaliação primária...................................................................................... 28 Figura 24 – Manobras de desobstrução de vias aéreas................................................... 32 Figura 25 – Posição para R.C.P...................................................................................... 33 Figura 26 – Posicionamento R.C.P. com ventilação, com e sem máscara...................... 34 Figura 27 – Escoriação; Ferimento incisivo; Ferimento perfurante............................... 34 Figura 28 – 1 – Laceração; 2 – Evisceração e 3 – Amputação....................................... 35 Figura 29 – 1 – Objeto empalado; 2 – Objeto encravado............................................... 35 Figura 30 – Tipos de fatura............................................................................................. 36 Figura 31 – Imobilização para fratura aberta e fechada.................................................. 38 Figura 32 – Arrastamento com uso de manta.................................................................. 38 Figura 33 – Arrastamento................................................................................................ 39 Figura 34 – Transporte com apoio de ombro.................................................................. 39 Figura 35 – Transporte tipo cadeirinha........................................................................... 39 Figura 36 – Transporte tipo balaio.................................................................................. 40 Figura 37 – Transporte pelas extremidades.................................................................... 40 Figura 38 – Transporte em bloco.................................................................................... 40 Figura 39 – Acidente com energia elétrica..................................................................... 41 Figura 40 – Tipos de hemorragias................................................................................... 42 Figura 41 – Compressão direta....................................................................................... 43 2 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 42 – Torniquete com uso de matérias convencionais.......................................... 44 Figura 43 – Acúmulo de sangue em partes do corpo devido a hemorragia interna........ 44 Figura 44 – Tapotagem em caso de O.V.A.C.E.............................................................. 46 Figura 45 – Manobra de Heimlich em adultos................................................................ 47 Figura 46 – Manobras de O.V.A.C.E. em crianças......................................................... 47 Figura 47 – Manobra de O.V.A.C.E. em bebês.............................................................. 48 Figura 48 – Queimadura de primeiro grau...................................................................... 48 Figura 49 – Queimadura de segundo grau...................................................................... 49 Figura 50 – Queimadura de terceiro grau....................................................................... 49 Figura 51 – Tipos de armas e sua energia....................................................................... 50 Figura 52 – Ferimento com arma branca........................................................................ 51 Figura 53 – Ferimento com de fogo................................................................................ 51 Figura 54 – Figura 54: Simulado de A.P.H. tático.......................................................... 52 Figura 55 – Exemplo de autossocorro realizado no A.P.H. tático.................................. 52 Figura 56 – Dano causado por arma de baixa energia.................................................... 53 Figura 57 – Esquema mostrando a penetração de uma projétil e dano causado............. 53 Figura 58 – Tabela de calibres e dados sobre eles.......................................................... 54 Figura 59 – Ferimentos por projéteis de alta energia...................................................... 55 Figura 60 – Manta de extricação e prancha rígida.......................................................... 56 Figura 61 – Bandagem israelense e curativo compressivo............................................. 56 Figura 62 – Torniquete militar de treinamento e com materiais convencionais............. 57 Figura 63 – Selo de tórax e curativo três pontas............................................................. 57 Figura 64 – Locais de maior incidência de ferimento em militares................................ 58 Figura 65 – Atendimento em zona de morte................................................................... 59 3 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS A.H.A American Heart Association A.M.U.V.I. Atendimento com Múltiplas Vítimas A.P.H. Atendimento Pré-Hospitalar B.P.M. Batimentos por minuto C.B.M.S.C. Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina C.E.A.T.O.X. Centro de Assistência Toxicológica C.I.T. Centro de Informações e Assistência Toxicológicas C.T.E.C.C. Committee for Tactical Emergency Casualty Care D.E.A.S.E. Departamento de Administração Socioeducativa DOC Doctor E.P.I. Equipamento de Proteção Individual F.A.F. Ferimento por Arma de Fogo F.A.B. Ferimento por Arma Branca F.R. Frequência respiratória G.A.P.H. Grupo de Ações Pré-hospitalares GEPAO/RS Grupamento de Paramédicos e Apoio Operacional/Resgate e Salvamento GSAR Grupo de Salvamento e Resgate MERCOSUL Mercado Comum do Sul mmHg milímetros de mercúrio M.R.P.M. Movimentos Respiratórios por minuto NAEMT National Association of Emergency Medical Technicians O.V.A.C.E Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho P.A. Pressão Arterial P.C.R. Parada Cardiorrespiratória P.E.E.T./P.A.P.H Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas / Projeto de Atendimento Pré-hospitalar P.H.T.L.S Prehospital Trauma Life Support P.R. Parada Respiratória POE/GRT Pelotão de Operações Especiais/Grupo de Resposta Tática R.C.P. Reanimação Cardiorrespiratória S.A.M.U. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência S.A.P. Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa S.N.C. Sistema Nervoso Central S.T.A.R.T. Simple Triage And Rapid Treatment S.W.A.T. Special Weapons and Tactics TQmil Torniquete Militar V.O.S. Ver, Ouvir e Sentir 4 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar SUMÁRIO Lista de Ilustrações......................................................................................................... 2 Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................................ 4 Sumário............................................................................................................................ 5 Conteúdo Programático.................................................................................................. 7 Introdução........................................................................................................................ 8 1 Importância do Atendimento Pré-hospitalar no Cotidiano............................... 9 2 Legislação Aplicada ao Ato de Socorrer............................................................ 10 2.1 Canais de emergência..................................................................................... 10 2.1.1 Como e o que devo informar ao serviço de emergência?........................... 11 2.1.2 Segurança do socorrista............................................................................... 11 2.2 Equipamento de proteção individual (E.P.I.) e kit de atendimento................ 12 3 Noções de Anatomia Humana............................................................................. 13 3.1 Divisão e conformação do corpo humano...................................................... 13 3.2 Posições anatômicas....................................................................................... 13 3.2.1 Posturas anatômicas decúbitos.................................................................... 14 3.2.2 Planos anatômicos....................................................................................... 14 3.3 Sistemas do corpo humano............................................................................. 15 3.3.1 Sistema esquelético..................................................................................... 15 3.3.2 Sistema muscular......................................................................................... 16 3.3.3 Sistema respiratório..................................................................................... 18 3.3.4 Sistema circulatório ou cardiovascular....................................................... 19 3.3.5 Sistema nervoso........................................................................................... 20 4 Sinais vitais........................................................................................................... 22 5 Prioridade de atendimento e método S.T.A.R.T............................................... 25 6 Avaliação primária............................................................................................... 27 5 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 6.1 Desmaio.......................................................................................................... 28 6.2 Acidente Vascular Cerebral............................................................................ 29 6.3 Parada respiratória.......................................................................................... 31 6.4 Parada cardiorrespiratória............................................................................... 32 6.5 Trauma............................................................................................................ 34 6.6 Fratura............................................................................................................. 36 6.7 Imobilização e transporte de vítimas.............................................................. 37 6.7.1 Imobilização de membros........................................................................... 37 6.8 Transporte de vítimas...................................................................................... 38 6.8.1 Técnicas com um socorrista........................................................................ 38 6.8.2 Técnicas com dois socorristas..................................................................... 39 6.8.3 Técnica com três socorristas....................................................................... 40 6.9 Acidentes causados por choque elétrico......................................................... 40 6.10 Hemorragias.................................................................................................... 42 6.11 Convulsão....................................................................................................... 44 6.12 Engasgamento................................................................................................. 45 6.13 Queimaduras................................................................................................... 48 6.14 Ferimentos por arma de fogo e ferimento por arma branca............................ 50 7 Noções de A.P.H. Tático....................................................................................... 52 7.1 Noções de balística......................................................................................... 52 7.2 Nomenclatura e fases do A.P.H. tático........................................................... 57 7.3 Técnicas do A.P.H. tático............................................................................... 58 Conclusão....................................................................................................................... 60 Referências..................................................................................................................... 61 6 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar CONTEÚDO PROGRAMÁTICO A importância do atendimento pré-hospitalar. Legislação aplicada ao ato de socorrer. Contatos de emergência. Segurança do socorrista. Equipamentos de proteção individual e materiais de atendimento pré-hospitalar. Noções de anatomia humana. Sinais Vitais. Triagem simplificada e rápido tratamento (Simple Triage and Rapid Treatment – S.T.A.R.T.). Avaliação primária. Desmaio. Parada respiratória. Parada cardiopulmonar. Trauma. Fratura. Imobilização e transporte de vítima. Choque elétrico. Hemorragias. Ferimento por arma branca e arma de fogo. Engasgamento. Queimaduras. Noções de A.P.H. tático. 7 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar INTRODUÇÃO Essa apostila apresenta os conteúdos que serão ministrados durante o curso de formação inicial para Policiais Penais e Agentes de Segurança Socioeducativos, respectivamente, do Departamento de Polícia Penal (DPP) e Departamento de Administração Socioeducativa (DEASE) da Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) do Estado de Santa Catarina, referente à disciplina de Atendimento Pré-hospitalar. 8 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 1 IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO COTIDIANO Inicialmente, devemos entender a diferença entre Atendimento Pré-hospitalar – A.P.H. e Atendimento Intra-hospitalar. O primeiro é o atendimento emergencial em ambiente extra-hospitalar – fora do hospital (BRASIL, 2002). Trata-se de uma atenção rápida, imediata a uma pessoa que está em perigo no tocante à sua vida, realizando tais cuidados para manter as suas funções vitais e reduzir os agravos até que ela receba atendimento de emergência adequado. O Atendimento Intra-hospitalar é o conjunto dos procedimentos realizados em uma unidade hospitalar. Figura 1 – Equipes de Atendimento Pré-hospitalar e Intra-hospitalar. Fontes: acervo do autor / Google Imagens. Afinal, qual a importância do A.P.H. em nosso dia a dia? Segundo Nicholas Senn, MD (1844-1908): “O destino dos feridos está nas mãos de quem aplica o primeiro curativo” (NAEMT, 2016, p. 2). Importância no cotidiano pessoal e profissional: o vidas preservadas e sequelas minimizadas; o satisfação pessoal; o incremento de nova técnica no sistema prisional e socioeducativo; o situações mais comuns dentro do sistema prisional e socioeducativo (exemplos): Figura 2 – Ocorrências comuns no sistema prisional e socioeducativo. Fonte: http://biblioteca.cofen.gov.br/. 9 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 2 LEGISLAÇÃO APLICADA AO ATO DE SOCORRER Omissão de socorro – art. 135 do Código Penal: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Exposição ao perigo – art. 132 do Código Penal: Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Negligência: falta de cuidado ou de aplicação em uma determinada situação, tarefa ou ocorrência. É a indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça. Imprudência: inobservância das precauções necessárias, expondo outros ou a si mesmo a perigo. Imperícia: é a falta de especial habilidade, experiência ou previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício. Recusa de atendimento: adultos com atividades mentais regulares têm o direito de recusar o tratamento. Pacientes devem ser informados dos riscos, benefícios, tratamentos e alternativas. O socorrista deve obter a assinatura com uma testemunha presente, se possível. Submeter paciente a tratamento contra sua vontade é crime previsto em lei (art. 146 do Código Penal– 03 meses a 01 ano). Aceitação implícita: quando a vítima se encontrar inconsciente, sem capacidade de assumir seus atos, o socorrista pode agir sem o seu consentimento, devido ao risco à vida existente (CBMDF, 2007). 2.1 Canais de emergência Polícia Militar – 190; Bombeiros – 193; S.A.M.U. – 192; 10 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Polícia Rodoviária Federal – 191; Polícia Rodoviária Estadual – 198; C.E.A.T.O.X. – 0800-0148110; C.I.T./UFSC – 0800-643-5252; Concessionária da rodovia – (0800...); Guarda Municipal – 153; Fora do Brasil, informe-se. Ex.: MERCOSUL – 128. 2.1.1 Como e o que devo informar ao serviço de emergência sobre a ocorrência? Identificação do solicitante; natureza da ocorrência (acidente de trânsito, incêndio, emergência médica, etc.); a melhor definição possível de onde aconteceu a ocorrência; riscos potenciais (presos amotinados, fios elétricos, produtos perigosos, fogo, etc.); procedimentos já realizados pelo socorrista; caso exista comoção social no local, informe; estado de saúde da(s) vítima(s). 2.1.2 Segurança do socorrista Em caso de emergência, garanta sua segurança em primeiro lugar: o segurança pessoal e da equipe em primeiro lugar; o não seja mais uma vítima; o gerencie a crise. O que devo fazer no momento em que for intervir em uma situação de A.P.H.? o localizar as vítimas, protegê-las e garantir sua segurança; o chamar socorro especializado; o executar procedimentos de A.P.H., se possível. 11 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 2.2 Equipamento de proteção individual (E.P.I.) e kit de atendimento pré-hospitalar Equipamentos de proteção individual são todos os dispositivos ou produtos de uso individual utilizados pelo trabalhador, destinados à proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde. Quais seriam os E.P.I.s de um agente de segurança que presta A.P.H.? Podemos somar os dois: equipamentos de proteção individual de nossa profissão; equipamentos de um socorrista. Equipamentos mínimos de um socorrista: luvas de látex, óculos de proteção, máscara facial. Figura 3 – E.P.I.s de um socorrista. Fonte: www.google.com Já os E.P.I.s de um policial ou agente podem variar a cada situação em que ele esteja operando. Por exemplo: escolta, intervenção, movimentações de internos, etc. Ter em mente que ambos os E.P.I.s podem ser usados sem maiores problemas e esta deve ser a regra dentro do sistema. Quando se trata de kit de A.P.H., existe uma variedade de materiais. Para um socorrista leigo, podemos listar uma série de materiais que poderão solucionar diversas situações em caso de necessidade. São eles: E.P.I.s; gazes de 10x15 cm; tesoura sem ponta; curativos (tipo band-aid); pinça pequena; ataduras de 10 cm e 20 cm; sachês de toalhas antissépticas; termômetro; manta aluminizada; soro fisiológico. Para o dia a dia da nossa profissão, quando se trata de materiais para compor um kit de A.P.H., podemos torná-lo mais minimalista, com condições de ser transportado 12 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar em equipamentos usados diariamente por qualquer profissional, seja em bornais, pochetes ou bolsos de coletes táticos, os quais são: tesoura ponta romba; luva descartável; gazes 10x15 cm (2 unidades); máscara facial descartável ou não; ataduras de 10 e 20 cm (1 de cada); máscara de R.C.P. descartável. 3 NOÇÕES DE ANATOMIA HUMANA Anatomia humana é o campo da Biologia responsável por estudar a forma e a estrutura do organismo humano, bem como suas partes. O que nos interessa? o Ter noção mínima do corpo humano, com ênfase: o na posição e divisão do corpo humano; o nos principais sistemas que possam sofrer danos em caso de acidentes ou traumas. 3.1 Divisão e conformação do corpo humano O corpo humano é constituído fundamentalmente de cabeça, pescoço, tronco e membros (DÂNGELO & FATTINI, 2019). Figura 4 – Divisão do corpo humano. Fonte: https://www.todamateria.com.br/partes-do-corpo-humano/ 3.2 Posições anatômicas É uma convenção adotada em anatomia para descrever as posições espaciais dos órgãos, ossos e demais componentes do corpo humano. Na posição anatômica, o indivíduo deverá estar em pé (posição bípede), com a face voltada para frente (olhar 13 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar para o horizonte), membros superiores estendidos e aplicados ao tronco, com as palmas das mãos voltadas para frente, assim como os membros inferiores unidos e com as pontas dos dedos voltadas para frente (DÂNGELO & FATTINI, 2019). Figura 5 – Posição para estudos em anatomia. Fonte: https://personallplus.wordpress.com/2015/09/12/posicao-anatomica/ 3.2.1 Posturas anatômicas: decúbito O decúbito refere-se à posição da pessoa que está deitada, não necessariamente dormindo (DÂNGELO & FATTINI, 2019). Existem três posições de decúbito: Decúbito dorsal: quando a pessoa está deitada de costas, com a face para cima, dizemos que ela está em decúbito dorsal ou posição supina. Decúbito ventral: quando a pessoa está deitada de frente, com a face voltada ao chão, dizemos que ela está em decúbito ventral ou posição prona. Decúbito lateral: quando a pessoa está deitada lateralmente, dizemos que ela está em decúbito lateral, podendo ainda especificar se é decúbito lateral esquerdo ou direito. Figura 6 – Posições usadas no A.P.H. Fonte: https://www.facebook.com/rtradiologia 3.2.2 Planos anatômicos Segundo Dângelo e Fattini (2019), são três os planos anatômicos principais: plano mediano: divide o corpo em duas metades, esquerda e direita; 14 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar plano transversal: divide o corpo em duas metades, superior e inferior; plano frontal: divide o corpo em duas metades, anterior e posterior. Figura 7 – Planos de estudo do corpo humano. Fonte: CBMSC 3.3 Sistemas do corpo humano 3.3.1 Sistema esquelético O sistema esquelético é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos e tendões. Outras funções são de produção de células sanguíneas na medula óssea e armazenamento de sais minerais, como o cálcio (DÂNGELO & FATTINI, 2019). O sistema esquelético: dá forma ao corpo; protege os órgãos; permite os movimentos do corpo; atua como armação para os músculos. O osso é uma estrutura viva, muito resistente e dinâmica, pois tem a capacidade de se regenerar quando sofre uma fratura. Abaixo, temos um esquema mostrando os ossos do corpo humano. 15 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 8 – Ossos do corpo humano. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-esqueletico/ 3.3.2 Sistema muscular Os músculos são tecidos cujas células ou fibras musculares possuem a função de permitir a contração e produção de movimento. São controlados pelo sistema nervoso, que recebe as informações e retorna com estímulos para as ações necessárias (DÂNGELO & FATTINI, 2019). O corpo humano é formado por aproximadamente 600 músculos, que trabalham em conjunto com ossos, articulações e tendões para permitir que façamos diversos movimentos. O sistema muscular apresenta algumas funções fundamentais para o corpo humano, sendo algumas delas: estabilidade corporal; produção de movimentos; aquecimento do corpo; auxílio nos fluxos sanguíneos; preenchimento do corpo (sustentação). 16 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 9 – Principais músculos do corpo humano. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-muscular.htm Segundos Marques (2018), os músculos são divididos em três tipos, pois cada um exerce uma atividade específica no corpo humano, tem tamanho e formas distintos. A saber: Músculos lisos: localizados nos vasos sanguíneos, vias aéreas e na maioria dos órgãos, como músculos dos órgãos internos (estômago, fígado, intestino, etc.), pele, sistemas excretores, entre outros. Possui ação involuntária, controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo. Músculos estriados esqueléticos: também chamados de estriados, por possuírem faixas alternadas claras e escuras (estriações) vistas ao microscópio. São elas que produzem os movimentos voluntários. Músculo estriado cardíaco: é o musculo do coração (miocárdio). É controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo, mesmo sendo estriado. Possui movimentos involuntários e autorritmados. 17 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 10 – Diferentes tipos de músculos. Fonte: http://enfermagemcomamor.com.br/index.php/2018/04/03/sistema-muscular-parte-i/ 3.3.3 Sistema respiratório Formado pelas vias respiratórias e pelos pulmões, é o sistema que tem por finalidade captar o ar e utilizar o oxigênio presente nele para a respiração em nível celular. Também tem a função de eliminar o gás carbônico retirado das células pela expiração (DÂNGELO & FATTINI, 2019). Quando inspiramos o ar atmosférico, é nos pulmões que acontece a troca do dióxido de carbono pelo oxigênio. É graças aos músculos respiratórios que este órgão cria forças para o ar fluir. Tudo isso a partir de estímulos e comandos emitidos pelo Sistema Nervoso Central – S.N.C. A produção e a emissão de sons também ocorrem pelo fluxo em ação conjunta do S.N.C. e do sistema pulmonar. Quando o ar passa pelas cavidades do sistema, ele é aquecido, o que torna sua absorção mais fácil. O sistema respiratório é composto, basicamente pelos seguintes órgãos descritos na figura abaixo. 18 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 11 – Órgãos do sistema respiratório. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-respiratorio/ 3.3.4 Sistema circulatório ou cardiovascular O sistema cardiovascular ou circulatório humano é responsável pela circulação do sangue, de modo a transportar os nutrientes e o oxigênio por todo o corpo. É formado pelo coração e pelos vasos sanguíneos (DÂNGELO & FATTINI, 2019). O coração está localizado na caixa torácica, entre os pulmões e atrás do osso esterno. É um órgão oco, composto de cavidades denominadas cardíacas, uma membrana externa, o pericárdio, e outra interna, o endocárdio, além do músculo propriamente dito, o miocárdio. O miocárdio apresenta internamente quatro cavidades: duas superiores, denominadas átrios (direito e esquerdo) e duas inferiores, denominadas ventrículos (direito e esquerdo). Os ventrículos possuem paredes mais grossas que os átrios. O coração possui dois tipos de movimentos: sístole e diástole. A sístole é o movimento de contração em que o sangue é bombeado para o corpo. A diástole é o movimento de relaxamento, quando o coração se enche de sangue. Além do coração, que é o órgão central deste sistema, temos os vasos sanguíneos, que são de três tipos: artérias, veias e capilares. 19 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 12 – Tipos de vasos sanguíneos. Fonte: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/Circulacao2.php As principais artérias e veias do corpo humano estão indicadas nas figuras a seguir. Figura 13 – Grandes vasos do corpo humano. Fonte: https://www.cienciasresumos.com.br/anatomia/pequena-e-grande-circulacao-veias-e-arterias// 3.3.5 Sistema nervoso Compreende o conjunto formado por ligações de nervos e órgãos do corpo, com a finalidade de captar informações, mensagens e demais estímulos externos, assim como de respondê-los, comandar os movimentos corpo, sejam voluntários ou involuntários (MARQUES, 2018). Segundo Dângelo e Fattini (2019), ele pode ser dividido em duas porções: sistema nervoso central: formado pelo encéfalo e medula espinhal; sistema nervoso periférico: formado pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. 20 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar A porção central do sistema nervoso do corpo humano é considerada como a “central de controle” do organismo e é dividida em duas partes principais: encéfalo e medula espinhal. Figura 14 – Esquema simplificado do sistema nervoso central. Fonte: http://professor.ufrgs.br/simonemarcuzzo/files/aula_neuro_embriologia.pdf Encéfalo: o encéfalo é o centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados e em muitos invertebrados. Medula espinhal: é a parte mais alongada do sistema nervoso central. É caracterizada por um cordão cilíndrico, composto por células nervosas, localizado no canal interno das vértebras da coluna vertebral. A coluna vertebral é dividida por regiões e suas vértebras (ossos que a compõem) têm formatos e tamanhos diferentes. As regiões da coluna vertebral estão na figura a seguir: Figura 15 – Coluna vertebral e suas divisões. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-nervoso-central/ A porção periférica do sistema nervoso central é composta pelos nervos e gânglios nervosos. É por eles que a parte periférica leva e recebe as informações do corpo humano. Os nervos podem ser classificados como cranianos (partem do encéfalo) e raquidianos (saem da medula espinhal). 21 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 4 SINAIS VITAIS Sinais vitais são dados demasiadamente importantes para a prática da Enfermagem e da assistência de saúde. Eles nos indicam diretamente qual é a situação de um paciente, sendo que todos os cuidados e terapêuticas são direcionados de acordo com os valores aferidos (POTTER et al., 2018). São eles: pulso, respiração, perfusão periférica, pressão arterial e temperatura. Para a verificação dos sinais vitais, deve-se atentar para as condições ambientais, as condições pessoais e os equipamentos usados serem apropriados e calibrados. Pulso ou frequência cardíaca: pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o coração se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação (OLIVEIRA, 2013). Índices de frequência cardíaca: adultos, de 60 a 100 b.p.m.; crianças, de 80 a 120 b.p.m.; bebês, de 100 a 160 b.p.m. Existem vários pontos no corpo humano em que se consegue medir o pulso, sempre usando artérias de grande calibre como referência. Figura 16 – Locais de medição de pulso. Fonte: https://comunidadeacademicadesaude.files.wordpress.com/2017/12/pulso1162776033.jpg Como deve ser feita a medição do pulso? Posicione os dedos médios e o indicador sobre uma artéria superficial e comprima levemente; conte os batimentos durante 1 minuto; observe arritmias e amplitude. Atenção: ao aferir o pulso, não o faça com o dedo polegar, pois ele dará resultado falso. Temperatura: a temperatura corporal de uma pessoa varia de acordo com o sexo, suas atividades físicas recentes, consumo de alimentos e líquidos, hora do dia em que é 22 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar mensurada. Nas mulheres, também varia com o estágio do ciclo menstrual (OLIVEIRA, 2014). Normalmente, os termômetros clínicos são calibrados em graus e décimos de graus, na faixa de temperatura de 35ºC até 42ºC. Fora desta faixa calibrada, o ser humano raramente sobrevive. Figura 17 – Temperatura do corpo e relação com sinais vitais. Fonte: https://www.bahiahomecare.com.br/fatores-temperatura-corporal/ Respiração: é o processo através do qual ocorre a troca gasosa entre a atmosfera e as células do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação, ocorre a entrada de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar rico em dióxido de carbono para o exterior do corpo (expiração). A hematose consiste na liberação de dióxido de carbono e captação de oxigênio feita pelas hemácias durante a perfusão pulmonar (CARVALHO, 2008). Figura 18 – Movimentos respiratórios e estruturas envolvidas. Fonte: https://www.msdmanuals.com A frequência respiratória pode variar com a idade: adultos, de 12 a 20 mrpm; crianças, de 20 a 30 mrpm; bebês, de 30 a 60 mrpm. Segundo a National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT, 2016), podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios: 23 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar apneia – cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada respiratória); bradipneia – respiração lenta e regular; taquipneia – respiração rápida e regular; ortopneia – dificuldade de respirar na horizontal; dispneia – respiração difícil que exige esforço aumentado e uso de músculos acessórios. Na nossa avaliação da respiração enquanto sinal vital, devemos contar durante 1 minuto a quantidade de respirações de uma pessoa. Podemos verificar isso através do movimento torácico e abdominal que a pessoa realiza ao respirar. Além da quantidade de respirações por minuto, devemos avaliar a profundidade e o ritmo da respiração. Ver, Ouvir e Sentir – VOS 1 – Aproxime sua face à do paciente. 2 – Veja os movimentos do tórax. 3 – Ouça a respiração. Figura 19 – Procedimento de verificação da respiração. Fonte: http://www.cenapro.com.br/noticias-detalhes.asp?codigo=539 Pressão arterial (P.A.): a pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias. Depende da força desenvolvida pela sístole ventricular, do volume sanguíneo e da resistência oferecida pelas paredes das artérias (OLIVEIRA, 2013). A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro número, de maior valor, corresponde à pressão sistólica, enquanto o segundo, de menor valor, corresponde à pressão diastólica. Não há um valor preciso de pressão normal, mas, em termos gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal para um adulto jovem. 24 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Para a aferição da pressão arterial, podemos usar equipamentos analógicos e digitais. No caso dos analógicos, são usados dois equipamentos de modo simultâneo, o esfigmomanômetro e estetoscópio. Já os aparelhos digitais são uma única peça, que faz o processo de inflar, desinflar e aferir. A figura a seguir mostra ambos os equipamentos. Figura 20 – Tipos de aparelhos para aferição da pressão arterial. Fonte: https://blog.jaleko.com.br/qual-marca-de-esfigmomanometro-escolher/ Perfusão periférica: é o tempo de resposta do preenchimento de artérias capilares após a compressão das mesmas em extremidades do corpo. O tempo máximo de preenchimento não pode ultrapassar dois segundos (OLIVEIRA, 2013). 5 PRIORIDADE DE ATENDIMENTO E MÉTODO S.T.A.R.T. Quem deve receber o atendimento prioritário de A.P.H. em uma situação em que exista mais de uma pessoa envolvida no fato? Pessoas que não convivem com isso podem pensar que há algo errado com o atendimento. É nessa hora que quem presta o primeiro socorro deve manter a calma e não se deixar influenciar por curiosos, pessoas que não colaboram com o cenário, parentes das vítimas e com as próprias vítimas. Para isso, existem protocolos e métodos que veremos a seguir. Quem deve receber a primeira atenção em caso de A.P.H., nesta ordem, segundo a NAEMT (2020): vítimas conscientes e com hemorragias ou suspeita de fratura de coluna; vítimas inconscientes; vítimas conscientes com fraturas não expostas. 25 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Para casos com grande número de vítimas graves, acima de cinco, são considerados atendimentos em que o cenário compreende uma classificação das vítimas conhecida como Atendimento com Múltiplas Vítimas (A.M.U.V.I.). Nestes cenários, as equipes ou pessoas que chegam logo após o fato deverão tomar providências não de atendimento, mas de classificação, com a utilização do método S.T.A.R.T. Método S.T.A.R.T.: a tática de triagem adotada por vários órgãos de urgência e emergência obedece à técnica denominada S.T.A.R.T. (sigla em inglês, cuja tradução livre é Triagem Simples e Rápido Tratamento) por ser um método simples, que se baseia na avaliação da respiração, circulação e nível de consciência, dividindo as vítimas em quatro prioridades (NAEMT, 2020). O foco não é o diagnóstico, mas a chance de sobreviver e a necessidade de cuidados. A prioridade de atendimento obedece à seguinte ordem: Risco imediato de morte; F.R. >30 mrpm, respiram após manobra, necessitam tratamento médico antes do transporte rápido ao hospital. Vítimas que não apresentam risco de morte imediato; necessitam de algum tipo de tratamento no local enquanto aguardam transporte ao hospital. Vítimas com capacidade para andar; não necessitam de tratamento médico ou transporte imediato, possuem lesões sem risco de morte. Vítimas em óbito ou que não tenham chance de sobreviver; não respiram, mesmo após manobras simples de abertura da via aérea. Internacionalmente, equipes de socorro usam cartões coloridos e/ou lonas com as mesmas cores do cartão para definir cada uma das prioridades. Figura 21 – Ferramenta identificação método S.T.A.R.T. Fonte: https://www.iespe.com.br/blog/o-que-e-o-metodo-start 26 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Em síntese, podemos resumir o método S.T.A.R.T. e suas condutas no seguinte quadro: Figura 22 – Fases método S.T.A.R.T. Fonte: Corpo de bombeiros militar de SC. CFSd, 2018 6 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A avaliação primária é o exame que tem como objetivo avaliar, rapidamente, as funções vitais e o risco de morte da vítima. Os procedimentos realizados, segundo o preconizado pela NAEMT (2020) em sua nona edição, são: X – Controle de hemorragias massivas. A – Abertura de vias aéreas com controle cervical. B – Respiração. C – Circulação e controle de hemorragias. D – Estado de consciência. E – Exposição e ambiente. 27 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 23 – Avaliação primária. Fonte imagens: https://enfermagemilustrada.com/tag/xabcde/ 6.1 Desmaio Perda momentânea da consciência de curta duração que não necessita de manobras específicas para recuperação (FALCÃO, 2010). As causas para esta perda de consciência podem ser variadas, sendo as mais frequentes a baixa da pressão arterial, hipoglicemia, hipóxia, dor intensa, estado emocional, diabetes, agressões diretas ao encéfalo, intoxicações exógenas, entre outras menos comuns. Uma observação que deve ser tomada por quem vai prestar socorro a uma vítima de desmaio e que não presenciou a cena é tratá-la como vítima de queda. Então, quais outras medidas tomar nestes casos? Mantê-la deitada, se possível com a cabeça abaixo do nível do corpo. Caso possível, elevar membros inferiores a 20 cm do solo. Dar a melhor ventilação ou circulação de ar possível, sendo preciso remover de local fechado ou mal ventilado. Liberar de vestimentas apertadas. Não fornecer alimentos ou bebidas. Também não se deve fazer a vítima cheirar qualquer produto. Procurar informações sobre o histórico clínico da vítima. 28 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Importante destacar que uma vítima de desmaio voltará lembrando-se do último momento antes da perda de consciência. Cuidar para que ela não faça ou provoque algo que possa ferir a ela mesma ou a terceiros. 6.2 Acidente Vascular Cerebral O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Desta forma, torna-se primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato. Existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes: AVC isquêmico: ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos. AVC hemorrágico: ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico. Fatores de risco: hipertensão; diabetes tipo 2; colesterol alto; sobrepeso; obesidade; tabagismo; uso excessivo de álcool; 29 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar idade avançada; sedentarismo; uso de drogas ilícitas; histórico familiar; ser do sexo masculino. Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC são: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. A Escala de Cincinnati é uma escala de avaliação médica utilizada para diagnosticar a presença de um acidente vascular encefálico (AVE). A taxa de acerto da Cincinnati é de 72%. Composta por três comandos, é sinal indicativo de acidente vascular encefálico se uma das assertivas for positiva: primeiro comando: falar para o paciente sorrir, mostrando os dentes. Resposta inadequada: assimetria facial. segundo comando: falar para o paciente levantar os braços para frente por 10 segundos. Resposta inadequada: queda de um dos braços, evidenciando fraqueza muscular. terceiro comando: falar para o paciente dizer uma frase simples. Resposta inadequada: dificuldade ou incapacidade de falar. 30 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 6.3 Parada respiratória Segundo a NAEMT (2020), a Parada Respiratória – P.R. – é a ausência de fluxo de ar nos pulmões, por ausência de movimentos respiratórios, seja pelo colapso dos pulmões, paralisia do diafragma ou outras causas. Geralmente coincide, é precedida ou leva a uma parada cardíaca (por hipoxemia). A parada ou dificuldade respiratória, que pode evoluir até parada respiratória, pode ser causada por obstrução das vias aéreas, esforço respiratório diminuindo e fraqueza dos músculos respiratórios. Os sinais clássicos, segundo Oliveira (2013), de uma parada respiratória são: inconsciência; tórax imóvel; e ausência de saída de ar pelas vias aéreas. Na ocorrência de uma parada respiratória, quais procedimentos devem ser adotados? Deve-se verificar se as vias aéreas encontram-se obstruídas por corpos estranhos. Existindo, devem ser removidos. Execução de manobras de desobstrução de vias aéreas: chin-lift – extensão da cabeça – (não havendo trauma) ou jaw-trust – empurra mandibular – (caso de trauma). Verificar se a respiração retornou. Verificar sinais vitais. Acionar o serviço de emergência. No caso de P.R. confirmada, realizar uma ventilação a cada 5 segundos, com o uso das seguintes manobras: boca a boca (desuso); boca – máscara; boca-boca nariz. 31 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 1 – Jaw-trust. 2 – Chin-lift. Figura 24 – Manobras de desobstrução de vias aéreas. Fonte: https://www.facebook.com/ProfessorRomuloPassos/posts/1315769275227423/ Deve-se atentar para a possibilidade de uma Parada Respiratória – P.R. – evoluir para uma Parada Cardiorrespiratória – P.C.R. Ocorrendo tal fato, iniciar imediatamente manobras de Reanimação Cardiorrespiratória – R.C.P. 6.4 Parada cardiorrespiratória Parada cardiorrespiratória – P.C.R. – é um evento grave que pode levar à morte e caracteriza-se pela interrupção do funcionamento do coração e da respiração. A P.C.R. é um evento definido como a interrupção da atividade mecânica do coração e da atividade respiratória (FALCÃO, 2010). Sinais de uma P.C.R.: não responsivo e inconsciente; palidez na pele; ausência de movimentos respiratórios; ausência de pulso; ausência de batimentos cardíacos; dilatação das pupilas (falta de oxigenação). Quais são os procedimentos a serem realizados em caso de uma P.C.R.? Segundo as últimas alterações da A.H.A. apresentadas na NAEMT (2020), eles são: 1) Constatação do nível de consciência. 2) Ativar serviço de emergência. 3) Aberturas de vias aéreas. 4) Verificar respiração – V.O.S. 32 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 5) Circulação – pulso. 6) Tendo sido todos estes procedimentos realizados sem resposta, devem-se iniciar as manobras de Reanimação Cardiorrespiratória – RCP. 7) Posicionar a vítima em um local plano e rígido em decúbito dorsal. 8) Ajoelhar-se próximo à vítima. 9) Liberar as vestimentas apertadas – cintos, sapatos, roupas, etc. 10) Expor o tórax da vítima. 11) Localizar o ponto de compressão no osso esterno – centro do tórax. 12) Realizar as compressões no ritmo conforme o uso de ventilação ou não, verificando a cada ciclo de tempo: a. se não houver o uso de ventilação, o ritmo deverá ser de 100 a 120 compressões por minuto; b. se houver o uso de ventilação (diferentes técnicas), o ritmo deverá ser de 30 compressões e 2 ventilações, fechando o ritmo de 100 compressões em um minuto. 13) Reavaliar os sinais vitais da vítima após 5 ciclos ou a cada 2 minutos. 14) Caso a vítima recobre a consciência e apresente sinais vitais, colocá-la em posição de recuperação e monitorá-la constantemente. 15) Caso a vítima volte a apresentar os sinais de uma P.C.R., reiniciar os procedimentos de R.C.P. Posicionamento do socorrista no momento da realização da manobra de R.C.P. (itens 7 a 12). O afundamento não pode ser superior a 5 cm e inferior a 3 cm. Figura 25 – Posição para R.C.P. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/12678156/ 33 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 26 – Posicionamento R.C.P. com ventilação, com e sem máscara. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/12678156/ Não pare: até o retorno da circulação e da respiração; até que chegue pessoal mais capacitado; até o socorrista estar completamente exausto. 6.5 Trauma A palavra trauma tem origem grega e significa ferida. Geralmente são externas e, quando são internas, atingem os órgãos causando-lhes lesões graves. Quais os principais tipos de trauma externos mais comuns: Figura 27 – Escoriação; ferimento incisivo; ferimento perfurante. Fonte: http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1704&topico=116#set Escoriação: ferimento abrasivo, sem a formação de bordas definidas. Exemplo: queda de moto. Ferimento incisivo: ferimento com bordas regulares, causado por objeto cortante. Exemplo: ferimento por faca, lâminas, etc. Ferimento perfurante: feridas perfurantes com a presença ou não do agente causal visível. Exemplo: perfuração por arma de fogo, por arma branca ou outros objetos. 34 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 28 – 1 – Laceração; 2 – Evisceração e 3 – Amputação. Fonte: http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1704&topico=116#set Laceração: feridas profundas com bordas irregulares. Causam grandes danos aos tecidos. Exemplo: explosivos, projéteis de alta velocidade, acidentes com grande energia, etc. Evisceração: qualquer ferimento que coloque as vísceras à exposição. Não se deve tentar recolocá-las no abdômen. Amputação: ferida em que ocorre a perda de um membro, causada por evento de alta energia. Nestes casos, deve-se envolver o membro afetado em tecido, colocando o membro amputado em saco com gelo, de forma indireta. Objeto empalado: perfuração de um objeto em alguma cavidade do corpo, podendo ser na boca, olho, ouvido, nariz, ânus ou vagina. Objeto encravado: em um ferimento perfurante quando o objeto se encontra preso junto a uma parte do corpo. Figura 29 – 1 – Objeto empalado; 2 – Objeto encravado. Fonte: https://irp-cdn.multiscreensite.com Nos casos em que houver objetos empalados ou encravados, não se deve remover o objeto, devendo imobilizá-lo da forma em que se encontra. 35 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar 6.6 Fratura Fratura, segundo Oliveira (2013), é a perda da continuidade da estrutura óssea. Seu rompimento pode ser total ou parcial, podendo ainda ser aberta ou fechada. Fratura fechada ou simples: ocorre quando o osso não rompe tecido cutâneo, sem exposição óssea. Fratura aberta ou exposta: quando o osso rompe o tecido cutâneo, havendo exposição óssea. Figura 30 – Tipos de fatura. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/fraturas Sinais e sintomas: dor no local fraturado; edema; deformidade e alteração na coloração; impotência funcional do membro afetado; fragmentos expostos, caso seja exposta. Procedimentos a serem realizados em caso de fratura: observar a continuidade do membro; acionamento do serviço de emergência médico; imobilização do membro afetado; não reduzir a fratura, movimentar ou recolocar o osso; 36 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar aplicar gelo; se exposta, cobrir o osso com tecidos limpos; no caso de hemorragias, contê-las. Luxação: é o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies percam contato entre si. Entorse: distinção ou torção brusca de uma articulação além de seu grau normal de amplitude. Para estes casos, também devemos seguir o protocolo utilizado em fraturas. 6.7 Imobilização e transporte de vítimas Em situações nas quais é necessária a remoção de vítimas, é preciso saber qual técnica usar para imobilizá-las e que permita menor esforço, risco de lesão do socorrista e da vítima e que possa ser feita com rapidez e com qualidade. 6.7.1 Imobilização de membros Para um adequado transporte, minimizar dores, minimizar lesões de músculos e vasos sanguíneos, evitar sangramentos excessivos e melhorar o conforto da vítima, imobilizar fraturas é fundamental. Os procedimentos abaixo devem ser observados: expor o local, retirar ou cortar as vestimentas; controlar hemorragias e não reduzir fraturas, apenas cobri-las; verificar perfusão sanguínea; realizar imobilização, com suavidade, mas não de forma a deixar solto; imobilizar toda a estrutura óssea, uma articulação acima e outra abaixo do local da fratura; revisar a circulação sempre após a imobilização. 37 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Imobilização de fratura fechada e fratura exposta de membros. Na fratura exposta, não imobilizar o osso exposto, firmando a imobilização nas articulações. Figura 31 – Imobilização para fratura aberta e fechada. Fonte: https://www.tuasaude.com/primeiro-socorros-em-fraturas/ 6.8 Transporte de vítimas ATENÇÃO: não utilizar estas técnicas com lesão de coluna cervical suspeita ou confirmada. Neste caso, o não deslocamento é recomendado, exceto em risco iminente de vida da vítima causado por agente externo. Quando remover uma vítima? o Risco imediato ao paciente. o Os cuidados não podem ser realizados no local. o Impossibilidade de acesso a pacientes mais graves. 6.8.1 Técnicas com um socorrista Arrastamento com uso de cobertor ou tecido. Colocar a vítima sobre algo que sirva de base para arrastá-la. Para colocar a vítima, conte com apoio de um terceiro ou dela mesma. Figura 32 – Arrastamento com uso de manta. Fonte: acervo dos autores. 38 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Arrastamento com uso do corpo. Ajoelhe-se. Apoie as costas da vítima em suas pernas, cruze os braços dela abraçando-a por trás. Levante- se com o uso das pernas, arraste a vítima. Para descer, o processo é reverso. Figura 33 – Arrastamento. Fonte: acervo dos autores. Apoio lateral. Usado em vítimas sem lesão da cintura escapular. A vítima se apoia sobre o pescoço com o braço. Usado em casos de lesão de membro inferior. Figura 34 – Transporte com apoio de ombro. Fonte: acervo dos autores. 6.8.2 Técnicas com dois socorristas Cadeirinha: entrelaçando os braços de forma a fechar um quadrado, os socorristas colocam a vítima sentada, sendo que ela mesma faz o movimento. Usada em casos em que a vítima está consciente. Figura 35 – Transporte tipo cadeirinha. Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2013/10/transporte-de-vitimas-em-situacoes-de.html 39 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Balaio: técnica usada em casos em que a vítima está consciente. Os socorristas seguram no ombro de ambos e nos punhos um do outro. Após, a vítima senta-se sobre seus braços. Nesta posição, a vítima pode ir levemente inclinada para trás. Figura 36 – Transporte tipo balaio. Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2996430/mod_resource/content/2/Pr%C3%A1tica%201.%20Pro cedimentos%20de%20Remo%C3%A7%C3%A3o Transporte pelas extremidades: um socorrista abraça a vítima por trás, entrelaçando os braços da vítima e o outro a segura pelos joelhos ou pernas. Para levantar a vítima, quem está com o tronco dá o comando. Usado em vítimas inconscientes. Figura 37 – Transporte pelas extremidades. Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2013/10/transporte-de-vitimas-em-situacoes-de.html 6.8.3 Técnica com três socorristas Levantamento em bloco: socorrista na região da cabeça passa o braço sob o pescoço e segura com firmeza o ombro. O socorrista na região da cintura passa um braço na região lombar e o outro braço abaixo das nádegas. O socorrista na região das pernas passa um braço nos joelhos e o outro nos calcanhares. Quem dá o comando é quem está na região da cabeça. Figura 38 – Transporte em bloco. Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2013/10/transporte-de-vitimas-em-situacoes-de.html 6.9 Acidentes causados por choque elétrico A eletricidade é uma forma de energia. Segundo Gaspar (2005), é um termo geral que abrange uma variedade de fenômenos resultantes da presença e do fluxo de carga elétrica que flui entre dois pontos, desde que entre eles exista uma diferença de potencial elétrico (voltagem ou tensão). 40 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar O dano se dá pela conversão da energia elétrica em calor, pois o corpo humano irá agir como uma resistência na passagem do fluxo da energia elétrica. Os danos causados por acidente com energia elétrica dependerão: do tipo de corrente elétrica; da duração do contato; da intensidade da corrente; do caminho percorrido. O dano superficial pode ser pequeno, O potencial de um acidente elétrico pode ir porém os danos internos podem ser muito de uma simples queimadura até uma maiores. parada cardíaca e a morte. Não se engane: acidentes com eletricidade podem ser enganosos; os danos podem não ser aparentes; a vítima passa a ser condutora de eletricidade; um elemento que é isolante pode vir a ser condutor; queimaduras em acidentes elétricos não são o foco; devemos ter cuidados com as P.C.R.s e a P.R.; verificar a consciência da vítima. Figura 39 – Acidente com energia elétrica. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942017000500527&script=sci_arttext&tlng=pt A sua segurança vem em primeiro lugar. A prioridade nestes casos é cessar a fonte de alimentação de energia, preferencialmente desligando disjuntores, chaves ou 41 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar acionando a empresa de fornecimento de energia. Atentar para o risco de incêndio ou chamas. Controlada a fonte de alimentação, deve-se observar o seguinte: 1 – chame socorro especializado; 2 – com uso de material isolante, seco, retire o ponto de contato; 3 – deixar a vítima deitada; 4 – verificar sinais vitais e, se necessário, entrar com R.C.P.; 5 – procure por mais pontos com queimaduras além do ponto de contato. 6.10 Hemorragias É o rompimento de vasos sanguíneos com a consequente perda de sangue tanto para o meio externo quanto para as cavidades corpo, alterando com isso o fluxo sanguíneo (NAEMT, 2020). Podemos classificar as hemorragias nos seguintes tipos: internas e externas. Ainda conforme a sua característica, ela pode ser de três tipos, conforme mostra a figura abaixo. Arterial: dano causado nas artérias. Perda de sangue vermelho vivo, intermitente em jatos. Venoso: dano causado em veias. Perda de sangue vermelho escuro, de forma contínua. Capilar: pode ser arterial ou venoso, mas o sangue sai em pequenas quantidades. Os três tipos ocorrem tanto de forma externa quanto interna. Figura 40 – Tipos de hemorragias. Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/69405347/tipos-de-hemorragia O quadro mais grave que podemos ter com hemorragias, em especial em caso de A.P.H., é o choque hipovolêmico, que, segundo Souza (2018), é toda perda de fluido corpóreo. Neste caso, a perda de volume sanguíneo faz com que o oxigênio não irrigue órgãos e tecidos, levando ao mau funcionamento e falência dos mesmos. 42 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Segundo a NAEMT (2016), o corpo não pode tolerar mais de 40% de perda do volume sanguíneo. Em adultos, isso equivale a cerca de 2.000 ml. Quais são os sintomas de uma pessoa em choque hipovolêmico e de onde eles advêm: pele fria e pegajosa – baixa temperatura; cor da pele azulada ou arroxeada – cianose (baixo O2 no sangue); pressão arterial diminuída – falta de sangue nos vasos; nível de consciência alterado – hipóxia; enchimento capilar retardado – sangue não alcança as extremidades. Frente a hemorragias externas, quais são as técnicas que podem ser empregadas para o controle do sangramento? Pressão direta: com o uso de gaze ou panos limpos, realiza-se a compressão do local lesado com a mão. Deve-se manter a pressão até a coagulação do sangue. A interrupção precoce do procedimento fará reiniciar o sangramento. Com o uso de ataduras, formar um curativo consistente. Figura 41 – Compressão direta. Fonte: https://www.enfconcursos.com/uploads/cursos/2016/12/cursos_14822336105859170a5a977.pdf Uso de torniquete: a oração “situações extremas pedem medidas extremas” se aplica a esta ferramenta, que, por anos, foi renegada no A.P.H. convencional e voltou a ser usada com bastante eficiência após estudos. Trata-se da combinação do uso de uma bandagem (atadura), bandagem triangular ou mesmo um tecido com uma haste rígida, formando uma espécie de registro. 43 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 42 – Torniquete com uso de matérias convencionais. Fonte: https://www.enfconcursos.com/uploads/cursos/2016/12/cursos_14822336105859170a5a977.pdf Precauções com torniquete: coloque o mais próximo possível da ferida, mas não próximo a articulações; use acolchoamento abaixo do torniquete; nunca cubra um torniquete com bandagem; uma vez aplicado, não afrouxe o torniquete; anote o horário da aplicação. Para hemorragias internas, o único procedimento a ser realizado é verificar sua presença, que será por meio dos sintomas já citados, somando-se a verificação de inchaço e rigidez nas grandes cavidades do corpo: abdômen, região de grandes músculos, tórax. Além disso, o deslocamento ao recurso hospitalar mais próximo se faz com brevidade. Figura 43 – Acúmulo de sangue em partes do corpo devido à hemorragia interna. Fonte: https://www.cursodebombeiro.com.br/controle-de-hemorragia/ 6.11 Convulsão Distúrbio eletrofisiológico do sistema nervoso que ocorre no cérebro. Devido a este fato, ocorre a contração involuntária da musculatura, provocando movimentos 44 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar desordenados. Em geral, está associada à perda da consciência. A soma destes eventos provoca uma crise convulsiva (OLIVEIRA, 2014). Além da perda do controle muscular, outros sintomas podem acompanhar uma crise convulsiva, sendo: sudorese, salivação excessiva, micção e/ou defecação. Os procedimentos a serem adotados para uma pessoa que está em uma crise convulsiva: não tente tracionar a língua com sua mão, colocar objetos para manter a boca aberta; proteja a pessoa de novos acidentes; oferte privacidade; afrouxe roupas, cintos, sapatos, etc.; verifique a respiração; gire a cabeça para uma lateral para evitar engasgamento com a saliva da vítima; ao fim da crise, procure induzir o sono e descanso da pessoa. 6.12 Engasgamento Também chamado de Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho – O.V.A.C.E. É a obstrução súbita das vias aéreas (VA) superiores, causada por corpo estranho. A O.V.A.C.E. em adultos geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em crianças, durante a alimentação ou a recreação, sugando objetos pequenos (CBMSC, 2018). Sinais visíveis de uma O.V.A.C.E.: não fala ou respira; visível estado de angústia; olhos e bocas abertos além do normal; sinais de cianose; costuma levar a mão ao pescoço. Quais os procedimentos e técnicas a serem empregados em uma situação de O.V.A.C.E.? Isso irá depender da situação atual da crise. Tapotagem: com a vítima ainda em pé e consciente, coloque-se atrás dela, incline-a para frente e, com a palma da mão, dê pancadas firmes em suas costas na 45 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar altura das escápulas. Em seguida, verifique se o corpo estranho saiu (OLIVEIRA, 2014). Figura 44 – Tapotagem em caso de O.V.A.C.E. Fonte: https://pt.wikihow.com/Executar-a-Manobra-de-Heimlich Manobra de Heimlich: caso não funcione o procedimento acima, com a vítima ainda em pé e consciente, deve-se tentar a manobra a seguir para a desobstrução causada pelo corpo estranho (CBMSC, 2018): 1) posicione-se atrás da vítima, com uma de suas pernas entre as pernas dela de forma a criar uma base de apoio; 2) coloque a sua mão fechada com o polegar contra o abdômen da vítima entre o umbigo e o apêndice xifoide, abraçando-a por trás; 3) com a outra mão, envolva o punho fechado e efetue de cinco a oito compressões abdominais para dentro e para cima – em forma de “J”; 4) devem ser pausadas, seguras e secas. Repetir até a retirada do corpo estranho; 5) atentar para a diferença do ponto de compressão em grávidas e pessoas obesas: devem-se fazer compressões no tórax em vez do abdômen. 46 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 45 – Manobra de Heimlich em adultos. Fonte: manobra-de-heimlich_26265_l.jpg (640×427) (tuasaude.com) Para crianças que ainda estejam conscientes, temos a adequação das técnicas (tapotagem e manobra de Heimlich), em que o socorrista se ajoelha atrás da mesma para poder estar em altura aproximada com ela. Isso vale para crianças que consigam já permanecer em pé por meios próprios, a partir de um ano de idade, até cerca de 10 anos em média. Figura 46 – Manobras de O.V.A.C.E. em crianças. Fonte: Manobra-de-Heimlich-em-criancas-1-1024x1024.jpg (1024×1024) (bbsnews.com.br) Para bebês menores de um ano, não se utiliza a manobra de Heimlich, sendo usada a tapotagem ou a simples retirada do objeto que causa a O.V.A.C.E. com o uso das mãos. A forma de realizar estas manobras é descrita e apresentada nas figuras a seguir. 47 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa [email protected] | (48)3665-9097 | @acapsscoficial 2024 Atendimento Pré-Hospitalar Figura 47 – Manobra de O.V.A.C.E. em bebês. Fonte: https://pt.slideshare.net/asdonha/ovace-55601843 6.13 Queimaduras É toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros (FALCÃO, 2010). Dependendo da intensidade, pode causar dor intensa e perda de sensibilidade. Atente-se para as situações de desmaio da vítima. O nível de gravidade da maioria das queimaduras se baseia no tamanho e na profundidade da queimadura, sendo divididos em três níveis (NAEMT, 2020). Queimaduras de primeiro grau: são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. Não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. Um exemplo clássico é a queimadura de sol. Procedimentos: manter o local limpo, hidratar bem a pessoa, lavar com muita água, não aplicar gelo. Medicamentos somente sob orientação médica. Figura 48 – Queimadura de primeiro grau. Fonte: www.tuasaude.com