Análise das Fontes: Portugal no Contexto da Ascensão Económica da Inglaterra (PDF)
Document Details
Uploaded by Deleted User
Tags
Summary
Este documento analisa as fontes sobre a crise comercial portuguesa no final do século XVII, destacando o contexto da ascensão econômica da Inglaterra e as primeiras medidas de mercantilismo manufatureiro. Fatores, conclusões e biografias de personalidades históricas como D. Luís Meneses e Duarte Ribeiro de Macedo estão incluídos.
Full Transcript
Portugal no contexto da ascensão económica da Inglaterra es! Análise das font Da crise comercial às primeiras medidas s que ) 1, Identifique fatore do mercantilismo manufatureiro...
Portugal no contexto da ascensão económica da Inglaterra es! Análise das font Da crise comercial às primeiras medidas s que ) 1, Identifique fatore do mercantilismo manufatureiro em da crise estiveram na orig ais do Apesar do seu arranque expansionista, Portugal não havia conse- portuguesé dos fin século XVII @ guido travar a concorrência e perdera monopólios importantíssimos em para a sua vitalidade económica. A frágil prosperidade do comércio co- 2. Que conclusdes se pod o extrair da analise da fonte lonial português vinha a decair, desde meados do século XVI, prejudi- cada pela crescente concorréncia estrangeira (primeiro de Holandeses, por 3.0 que se entendia depois de Ingleses, Franceses e outros) e pela abertura das colénias vartes mecânicas” @? portuguesas ao trafico internacional, durante o periodo da união dinás- 4.Que vantagens advinham da tica com a Espanha (1580-1640 e mesmo depois da Restauração) @®. introdução das artes mecânicas Entre 1670 e 1692, a situação agravou-se ainda mais, mercé de em Portugal @'? uma conjuntura internacional adversa: concorréncia estrangeira no trá- 5.Elabore duas breves fico do açúcar, do tabaco e dos escravos; e entrada em vigor das medi- biografias sobre as das mercantilistas nos varios paises europeus. Deste modo, os produtos seguintes personalidades: coloniais portugueses comecaram a ter dificuldades de escoamento, o — D. Luis Meneses; — Duarte Ribeiro de Macedo. seu preço decaiu nas pragas europeias e o lucro das vendas realizadas Passou a não compensar os custos da sua produção e transporte. A isto acrescia a menor afluéncia da prata espanhola (devido ao decréscimo das exportagdes para Espanha), facto que tornou ainda mais frageis os meios de pagamento externo utilizados por Portugal. Desta forma, no final do século XVII, a economia portuguesa exi- Conceitos gia uma nova orientação: era preciso revitalizar a agricultura e diminuir | Produção artesanal que a saida de dinheiro para o estrangeiro, o que significava limitar aimpor- concentra um pequeno número de arte- tação de mercadorias (3). Era igualmente necessério dinamizar a in- sãos que transformam a matéria-prima dustria nacional e colocar travão nas tendéncias para o luxo, que se por processos essencialmente manuais. tornara um meio de ostentagdo das classes endinheiradas, fazendo aumentar a compra de tecidos estrangeiros. A ação governativa que incentivou o aumento do produto das data dos finais da década de 70 do século XVIl (, coincidindo com indicadores positivos ao nivel do produto agricola e das rendas reais, assim como com uma fase de recomposi¢do demo- gréfica. Contudo, as balangas comerciais negativas eram, a luz das per- ceções da época, enquadradas pela politica mercantilista, indiciadoras da perda de riqueza e dai emergiu o cenério de crise econdémica e o mercantilismo como estratégia de recuperagzo. Em Portugal, as primeiras medidas mercantilistas só se concreti- zaram no ultimo quartel do século XVII, durante o reinado de D. Pedro I, com a politica economica langada pelos seus vedores da Fazenda: o Conde da Torre (depois Marqués de Fronteira) e, principalmente, 0 3.° Conde da Ericeira, D. Luis de Meneses, a quem chamaram o Colbert portugués (2). Desta feita, puseram-se em marcha medidas que procuravam equilibrar a balanga comercial portuguesa, substituindo as importa- Síntese! ções por bens de fabrico nacional e acabando, assim, com a depen- A partir da análise das fontes e déncia dos tecidos espanhdis e ingleses. Para o desenvolvimento da do texto dos autores, responda à industrializagdo nacional, D. Luis de Meneses contratou técnicos e arti- questão inicial da página anterior. fices estrangeiros (ingleses, holandeses e venezianos). 103 da Inglaterra — 3 Portugal no confexto da ascensão econdmica nálise das fontes! Da crise comercial as primeiras medidas as do mercantilismo manufatureiro (cont.). Em que consistiam eis "pragmáticas" (1)? As primeiras disposições para limitar os gastos exagerados em ves- tuério, por suporem a aquisigao de produtos importados, e serem assim ustifique as atitudes a comunidade britânica prejudiciais à balanga comercial, remontam ao século XIV. No entanto, tais m Portugal &. cuidados foram esquecidos durante o século XVI, e o problema agravara- -se com o fim da Unido Ibérica, pela necessidade de prover na defesa e.De acordo com a fonte 3, ual o impacto do consumo abastecer a população. O ouro e a prata continuavam a sair do reino para e produtos de luxo na a compra de mobilidrio e aderegos, e o constante recurso ao mercado onomia nacional? externo atrasava o desenvolvimento industrial do reino. Para contrariar tendendo a data de estas tendéncias foram tomadas medidas de fomento, como a conces- odução das fontes (1) e @), são de subsidios e privilégios a novas industrias, criadas e reorganizadas fira o resultado da aplicação um pouco por todo o espago nacional e cuja produção foi protegida por as leis "pragmaticas”. leis "pragmaticas” (1), que proibiam o uso de certos produtos de luxoim- portados, como os brocados, os chapéus, etc. Deu-se prioridade as in- dustrias de bens de consumo final, ndo maioritariamente de luxo, ainda que as sedas fizessem parte desse programa de fomento industrial A moeda foi desvalorizada por forma a encarecer os produtos importa- dos e a tornar os bens portugueses mais competitivos no mercado ex- terno. Seguindo o exemplo das outras poténcias europeias, Portugal também criou as suas companhias monopolistas, as quais se atribuiram grandes privilégios fiscais (a Companhia do Cacheu, a Companhia do Grão-Pará e Maranhdo, que atuava no Brasil, entre outras, que atuavam no Oriente). Esta politica do Conde da Ericeira desagradou a Inglaterra e a co- munidade inglesa em Portugal, que controlava o mercado portugués, so- bretudo no abastecimento de lanificios (2). As tensdes luso-britanicas cresceram a tal ponto que chegou a haver aprisionamento de barcos in- gleses e de mercadores e o Conde da Ericeira foi considerado o grande inimigo dos ingleses. Os viticultores do Norte de Portugal queixavam-se das represdlias dos britanicos, que tinham deixado de lhes comprar vinho. A descoberta de minas de ouro no interior brasileiro (1693-95) e o abrandamento da crise comercial internacional fizeram com que, a partir de inicios do século XVIII, a politica econémica portuguesa dei- xasse de se preocupar com o desequilibrio da balanga comercial e com oincremento da produgao. Por outro lado, o surto manufatureiro portugués estava ha muito comprometido, porque a qualidade dos produtos manufaturados dei- xava muito a desejar e nem sempre se conseguiu fazer cumprir a legis- lação das “pragmaticas” 3. A evolução das receitas alfandegarias ressentiu-se com a substituicdo das importagdes e os saldos da ba- langa comercial continuaram negativos, pelo que não se via com cla- reza os beneficios das medidas do vedor da Fazenda. A partir de 1692, debela-se a crise e Portugal volta a sua função Sintese! de exportador do ouro do Brasil e dos vinhos do Porto e da Madeira. A partir da análise das fontes e do texto dos autores, responda à questao inicial da pagina anterior. 105 da Inglaterra Portugal no contexto da ascensdo economica 3 comércio. Do Tratado de Methuen 2 apropriação \ewBia tenuew º anglo-portugues no século Xviil do ouro brasileiro pelo mercado briténico (emmilhares de libras esterlinas) Desde o século XVII, que os vinhos portugueses, eram exporta- das ilhas brita- Anos por 1701- 1721-1741- 1761- 1781- dos em larga escala para os mercados ingleses, tanto 5 1725 1745 1765 1785 nicas como das suas colónias. Tal ligação comercial explica a presenca quinquénios 170 de uma forte comunidade britanica em territorio nacional, nomeada- Exportagdes mente no Porto, onde se fixaram vérias casas comerciais dedicadas a inglesas 610 810 1120 960 620 para este negécio. Portugal Nos finais do século XVII, a Inglaterra importava mais de metade da produção vinicola portuguesa. O Governo portugués apoiou a &x” Exportagdes pansão da viticultura e, para defender a produgéo, proibiu a importacao portuguesas 17 299 186 310 340 de aguardentes e vinhos estrangeiros. para Inglaterra No inicio do século XVIIl - ano de 1703 -, foi assinado o Tratado de Methuen entre Portugal e a Inglaterra. Segundo este tratado, "os Saldopara. 379 _ 450 -934 -650 -280 panos de I3 e mais fabricas de lanificios de Inglaterra" eram livremente Portugal e "para sempre" admitidos em Portugal, enquanto que a Inglaterra "será Fonte: Sideri: Comércio e poder (1978:132-133) in Maria Guilhermina Gongalves, obrigada para sempre, daqui em diante, [...] a admitir na Gra-Bretanha A Comunidade Britanica no Porto, Edigdes Afrontamento, 2003 0s vinhos" produzidos em Portugal (1. Através deste tratado, a Ingla- terraimportava os vinhos portugueses em condições alfandegérias favoraveis, em troca da abertura do mercado luso-brasileiro aos téxteis britanicos. Na prética, o tratado teve duras consequéncias no ritmo de pro- dução dos téxteis nacionais, visto que impediu a procura de mercados Analise das fontes! ao concentrar no reino e no Brasil a sua procura. Consequentemente, o 1. Quais foram os setores valor das importagdes portuguesas de produtos ingleses passou a ser econémicos mais beneficiados muito superior ao valor das exportagdes de produtos portugueses e os mais prejudicados pelo para o mercado britanico, aumentando assim o défice da balanga co- Tratado de Methuen (1)? mercial portuguesa (ª Para cobrir o défice, Portugal utilizou o ouro do 2.Qual foi o impacto das Brasil como forma de pagamento. Em 1699, cerca de 514 quilos de remessas de ouro brasileiro ouro chegavam a Lisboa (2) na economia portuguesa? A abundância de ouro do Brasil que chegava a Portugal enrique- Justifique 2). ceu a Coroa (que ficava com 1/5), a nobreza e a burguesia. O povo via 3.Relacione o Tratado de na emigração para o Brasil uma hipótese de melhorar de vida. Os entra- Methuen com o saldo do ves à importação deixaram de ser respeitados. Os mais ricos preferiam comércio anglo-portugués (8). pagar multas a privarem-se de usar produtos importados. O ouro brasileiro e os diamantes, descobertos mais tarde, permi- tiram à Coroa pagar as importações e os luxos da corte e sustentar a sua magnificência e as grandes obras de arte realizadas neste período. Contudo, contribuiu também para o abandono da política protecio- nista e para a manutenção da dependência económica face à Ingla- terra (). No século XVIII, a dinâmica das transações luso-britânicas seria indissociável das remessas de ouro brasileiro. Apoiado na sua co- lónia americana, Portugal alimentava a fragilidade do seu setor produ- Sintese! tivo, sendo um importador crónico de bens manufaturados, valendo-se dos produtos coloniais e de alguns bens primários para conseguir con- A partir da anélise das fontes e do texto dos autores, responda & ter a drenagem do ouro. questão inicial da pagina anterior. 107