Doping: Origem, Conceito e Controlo Antidoping

Doping: Origem e Conceito

• A palavra "doping" deriva de "doop", uma substância viscosa de ópio usada desde a Grécia Antiga.
• Doping é o uso de substâncias exógenas proibidas para melhorar o desempenho físico ou mental de forma artificial.
• O conceito de doping evolui com os avanços científicos.

Controlo Antidoping

• O controlo antidoping é crucial para a honestidade e igualdade no desporto.
• Atletas em competições oficiais estão sujeitos a controlos, mesmo fora de competição (em períodos de treino).
• Os atletas são selecionados aleatoriamente.
• Objetivos do controlo antidoping:
  • Preservar a ética desportiva
  • Salvaguardar a saúde física e mental dos atletas
  • Assegurar a igualdade entre atletas
• Recusa ou níveis proibidos de substâncias levam a suspensões e multas.

Riscos do Doping

• Riscos variam conforme a substância, frequência, tempo de uso, sexo e idade.

Passaporte Biológico

• Monitoriza parâmetros biológicos (sangue e urina) para detectar efeitos indiretos de substâncias proibidas.
• Complementa a detecção direta de substâncias proibidas.
• Objetivos:
  • Identificar perfis biológicos anormais que indiquem violações antidopagem
  • Contribuir para uma estratégia de controlo inteligente, direcionando controlos a atletas com perfis suspeitos.
• O conceito surgiu em 2002 pela Agência Mundial Antidopagem (AMA).
• A Union Cycliste Internationale (UCI) foi pioneira na recolha de amostras de sangue e suspensão de atletas com valores anormais.
• O passaporte biológico utiliza novos métodos científicos para deteção indireta, métodos estatísticos sofisticados e análises sequenciais.
• O passaporte biológico visa otimizar a proteção da saúde dos atletas.

Autorização de Utilização Terapêutica (AUT)

• Atletas podem usar substâncias proibidas se necessário para tratamento terapêutico.
• A Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) é responsável pela aplicação das normas de AUT.
• A Comissão de Autorização de Utilização Terapêutica (CAUT) da ADoP regista e analisa as solicitações de AUT.
• A informação é tratada sob sigilo profissional.

Luta Contra a Dopagem no Desporto e a Campanha "Desporto Saudável"

• A luta contra a dopagem preserva os valores do desporto.
• Requer uma atitude rigorosa de governos e do movimento desportivo.
• A Agência Mundial Antidopagem (AMA) foi criada com representantes de governos e do movimento desportivo.
• A UNESCO está a preparar uma convenção internacional contra a dopagem.
• O uso de substâncias dopantes não se limita ao desporto de alta competição, atingindo utentes de ginásios e jovens.
• As razões para o uso variam, desde melhorar o desempenho desportivo até a imagem corporal.
• A educação sobre dopagem deve ser incluída no currículo escolar, visando a prevenção do uso destas substâncias.

Definição de Dopagem

• Em 1967, o Conselho da Europa definiu doping como o uso de substâncias para influenciar o desempenho de forma artificial e desleal.
• O Decreto-Lei no. 183/97 define doping como a administração ou uso de substâncias ou métodos proibidos por organizações desportivas.
• O Código Mundial Antidopagem estabelece critérios para classificar uma substância ou método como dopante (potencial de melhorar o rendimento, risco à saúde, violação do espírito desportivo).
• O Código Mundial Antidopagem considera infrações como o tráfico de substâncias dopantes, a tentativa de uso, e falhas nas informações sobre os locais de treino.
• A AMA atualiza regularmente a lista de substâncias e métodos proibidos.

Desenvolvimento da Luta Contra a Dopagem

• A luta contra a dopagem tem três vertentes principais:
  • Controlo de dopagem
  • Educacional
  • Investigacional

A Vertente do Controlo de Dopagem

• O programa de controlo de dopagem depende do calendário competitivo, regime de treino, tipo de atividade e predisposição.
• O Conselho Nacional Antidopagem (CNAD) define o Plano Nacional Antidopagem.
• Qualquer agente desportivo deve informar a sua Federação sobre suspeitas de dopagem, que informa o CNAD.
• O CNAD pode realizar controlos de dopagem sem aviso prévio.
• Atletas de alto nível têm programas específicos de controlo.
• Controlo em competição:
  • Detecção de substâncias proibidas
  • Seleção por sorteio, classificação ou sistema misto
  • Médico pode selecionar atletas com sinais de dopagem
  • Algumas federações só sancionam recordes após controlo de dopagem.
• Controlo fora de competição:
  • Realizado durante o treino
  • Notificação no local de treino
  • Federações fornecem ao CNAD dados sobre os atletas, incluindo locais de treino e viagens ao estrangeiro.

Lista de Substâncias e Métodos Proibidos (AMA)

• A lista para controlos durante a competição inclui:
  • Substâncias Proibidas:
    • Estimulantes
    • Narcóticos
    • Canabinóides
    • Agentes Anabolisantes
    • Hormonas Peptídicas
    • Beta-2 Agonistas
    • Agentes Mascarantes
    • Glucocorticosteróides
  • Métodos Proibidos:
    • Incremento do transporte de oxigénio (dopagem sanguínea)
    • Manipulação Farmacológica, Química e Física (agentes mascarantes, cateterização)
    • Dopagem Genética (uso não terapêutico de genes)

Estimulantes

• Substâncias que afetam o Sistema Nervoso Central, aumentando a estimulação cardiovascular e o metabolismo.
• Exemplos: anfetaminas, cocaína, efedrina.
• Usados para excitação, reflexos melhorados, concentração, agressividade e tolerância ao esforço.
• Riscos:
  • Morte devido a dificuldades na refrigeração do corpo.
  • Aumento da agressividade.
• Outros efeitos:
  • Falta de apetite
  • Náuseas
  • Insónias
  • Hipertensão
  • Dependência

Narcóticos

• Analgésicos derivados do ópio, diminuem a sensação de dor.
• Usados para mascarar a dor.
• Riscos:
  • Podem agravar lesões devido à diminuição da sensação de dor.
• Outros efeitos:
  • Perda de coordenação
  • Obstipação
  • Diminuição da frequência cardíaca
  • Dependência

Canabinóides

• Derivados da Cannabis Sativa (marijuana e haxixe).
• Usados para relaxamento, diminuir a ansiedade ou para melhorar o estado de prontidão em desportos de risco.
• O uso repetido pode levar a desinteresse, desmotivação e diminuição da imunidade.
• Riscos:
  • Prejudicial para a saúde a nível cardíaco, pulmonar e do sistema nervoso central.
  • Alterações no aparelho sexual.
• Efeitos no coração (aumento da frequência cardíaca), pulmões (inflamação), sistema nervoso (perda de memória) e aparelho sexual (alterações da ovulação e espermatozóides).

Agentes Anabolisantes (Esteróides Anabolizantes)

• Derivados da testosterona, promovem a hipertrofia muscular.
• Tomados para aumentar a massa muscular e força.
• Estimulam a agressividade.
• Riscos (efeitos gerais):
  • Queda de cabelo
  • Acne
  • Infertilidade
  • Problemas de crescimento
  • Hipertensão
  • Doenças cardiovasculares
  • Doenças hepáticas
  • Tumores
  • Aumento da agressividade
  • Dependência
• Riscos (efeitos específicos nos homens):
  • Ginecomastia
  • Atrofia testicular
  • Diminuição da produção de testosterona
  • Impotência

Hormonas Peptídicas

• Mensageiros que levam à produção de outras hormonas, aceleram o crescimento e diminuem a dor.
• Gonadotrofina Coriónica Humana (HCG): Aumenta a produção de esteróides endógenos.
• Hormona de Crescimento (HGH): Aumenta a massa muscular e reduz a massa gorda.
• Eritropoietina (EPO): Aumenta o número de glóbulos vermelhos, usada em desportos de endurance.
• Riscos (HCG):
  • Ginecomastia
  • Alterações menstruais
• Riscos (HGH):
  • Gigantismo
  • Acromegalia
  • Diabetes
  • Hipertensão
  • Insuficiência cardíaca
  • Leucemia
• Riscos (EPO):
  • Aumento da viscosidade do sangue
  • Hipertensão
  • Enfarte
  • Embolia pulmonar
  • Morte súbita

Beta-2 Agonistas

• Usados no tratamento da asma.
• Usados ilicitamente por efeitos estimulantes e aumento da massa muscular.
• Riscos:
  • Tremores
  • Insónias
  • Agitação
  • Arritmias cardíacas

Diuréticos e Agentes Mascarantes

• Diuréticos: aumentam a produção de urina.
• Agentes Mascarantes: dissimulam o uso de substâncias dopantes.
• Usados para reduzir o peso corporal rapidamente ou para eliminar substâncias dopantes.
• Riscos:
  • Desidratação
  • Cãibras
  • Doenças renais
  • Hipotensão
  • Perda de sais minerais

Glucocorticosteróides

• Usados como anti-inflamatórios ou analgésicos.
• Atletas usam para recuperação e euforia.
• Riscos:
  • Insónia
  • Hipertensão
  • Atraso na cicatrização
  • Diabetes
  • Osteoporose
  • Predisposição a infeções
  • Agressividade

Dopagem Sanguínea

• Administração de sangue ou derivados para aumentar a capacidade aeróbica.
• Autóloga (sangue do próprio atleta) ou homóloga (de dadores).
• Usada em desportos de endurance.
• Riscos:
  • Embolia
  • Choque anafilático
  • Hepatites e SIDA (se de dadores infetados)

Manipulação Química e Física

• Uso de substâncias ou métodos que interferem com a integridade das amostras de urina.
• Exemplos: algaliação, substituição da urina.
• Usada para evitar a detecção de dopagem.
• Riscos (na algaliação):
  • Infeção urinária
  • Inflamações
  • Lesões da uretra

Álcool

• Deprime o sistema nervoso central.
• Usado em pequenas doses para reduzir tremores e melhorar a autoconfiança.
• Usado em desportos como bilhar e tiro.
• Riscos:
  • Dependência
  • Diminuição dos reflexos
  • Aumento da agressividade
  • Doenças hepáticas e cardíacas

Beta-Bloqueantes

• Usados para tratar hipertensão, angina e enxaqueca.
• Usados para diminuir a ansiedade e o tremor.
• Usado em desportos como o tiro.
• Riscos:
  • Diminuição da capacidade de endurance
  • Insónias
  • Hipotensão
  • Bradicardia
  • Depressão
  • Impotência