Deficiência de Ferro e Folatos na Nutrição

Biomarcadores

• Biomarcadores são indicadores do estado nutricional ou consumo alimentar.
• Avaliam as condições nutricionais do organismo, determinadas pelos processos de ingestão, absorção, utilização e excreção de nutrientes.
• O balanço entre o consumo e a perda de nutrientes define o estado nutricional.
• Níveis plasmáticos de vitamina C refletem a ingestão e o estado nutricional dessa vitamina.
• Os biomarcadores podem ser usados para avaliar o estado nutricional a curto ou longo prazo, a eficácia de intervenções nutricionais e para validar outros métodos de avaliação da ingestão alimentar.
• Biomarcadores podem auxiliar no acompanhamento se o paciente está a consumir o que relata consumir.

Avaliação Direta e Indireta do Estado Nutricional

• A Avaliação Direta do Estado Nutricional centra-se na ingestão alimentar, avaliação antropométrica e sinais clínicos.
• Métodos de avaliação incluem ingestão alimentar, medições antropométricas/composição corporal, sinais clínicos e provas laboratoriais (bioquímicas).
• A avaliação Indireta observa indicadores de saúde, indicadores com interesse nutricional, Balanços Alimentares e Inquéritos aos Orçamentos Familiares.

Métodos Diretos de Avaliação do Estado Nutricional

• Os métodos Diretos de Avaliação do Estado Nutricional incluem consumo alimentar, avaliação antropométrica, avaliação física, história clínica e estado funcional, além de provas laboratoriais (biomarcadores).

Vantagens dos Biomarcadores

• As medições são objectivas e quantitativas.
• Podem detetar défices nutricionais muito cedo, antes de surgirem alterações antropométricas ou sintomas clínicos.
• São independentes de erros associados com os indivíduos.
• Algumas análises bioquímicas refletem o aporte nutricional recente.

Desvantagens dos Biomarcadores

• A amostra biológica recolhida pode não refletir o estado nutricional geral.
• A amostra biológica é influenciada pelas condições de recolha, tratamento e armazenamento.
• Variações na metodologia analítica podem influenciar a sua interpretação.
• Fatores não-nutricionais (medicamentos, patologias) podem influenciar os resultados.
• Nenhum indicador isoladamente, ou conjunto de testes bioquímicos isoladamente, é suficiente para avaliar o estado nutricional. Necessário o conjunto com outras técnicas de avaliação (antropométricas, clínicas).

Classificação dos Testes Bioquímicos

• Testes estáticos/diretos medem a quantidade de um metabolito/nutriente no sangue, urina ou tecido.
• Exemplos incluem medição de albumina, cálcio, vitamina A.
• Testes funcionais/indiretos baseiam-se em processos fisiológicos dependentes do metabolito avaliado.
• Podem não identificar deficiências em micronutrientes específicos.

Proteínas Totais

• Proteínas Totais no plasma incluem albumina, pré-albumina, proteína tansportadora de retinol e transferrina.
• Sintetizadas no fígado, têm funções como transporte ou suporte de diferentes nutrientes.
• A medição de proteínas plasmáticas é uma técnica rápida, precisa e barata comparada com outros processos.

Albumina

• 60% da albumina encontra-se no sangue.
• Possui alta reserva corporal, e resposta lenta a alterações de ingestão alimentar.
• Não é o melhor indicador do estado nutricional em situações de fase aguda.
• O uso exclusivo de albumina para deteção de défices nutricionais pode atrasar intervenções.
• Valores aumentados podem refletir desidratação, ao invés de ingestão adequada de proteína.

Transferrina

• Transporta ferro no plasma.
• Semivida mais longa que a albumina (8-9 dias).
• A concentração sérica de transferrina reflete melhor a ingestão alimentar do que a concentração de albumina.
• O pior biomarcador em situações de fase aguda.
• Fatores como infeções ou doenças podem afetar sua concentração, independentemente da ingestão alimentar.

Pré-Albumina

• Proteína transportadora de hormonas tiroideias.
• Circula como um complexo retinol-pré-albumina.
• Semivida curta (2-3 dias).
• Pode ser utilizada como marcador de ingestão alimentar recente, mas não de estado nutricional global, devido à sua rápida resposta a alterações na ingestão proteica e deficiência.

Proteína de Ligação ao Retinol (RBP)

• RBP é um complexo trimolecular que circula no sangue.
• Transporte de retinol.
• Sua semivida é mais curta que a pré-albumina (12 horas).
• Baixa reserva corporal.
• Mais adequada como indicador de ingestão alimentar recente do que do estado nutricional.

IGF-1

• Hormona peptídica produzida no fígado.
• O IGF-1 é ativado pela hormona de crescimento.
• É um marcador do estado nutricional.
• Níveis baixos podem indicar malnutrição proteico-energética.
• A sua semivida é curta (2-6 horas).

Ferro

• Essencial para o transporte de oxigénio (hemoglobina e mioglobina).
• Presente em alimentos de origem animal ou vegetal.
• Armazenado como ferritina.
• Necessidades aumentam em processos de crescimento, gravidez e menstruação.
• Deficiência pode causar anemia.
• Há três fases de depleção de ferro: Reservas baixas, Deficiência de ferro sem anemia, Anemia por deficiência de ferro.

Hemoglobina

• Molécula que transporta oxigénio nos glóbulos vermelhos.
• Parâmetro bioquímico mais comum para determinar anemia por deficiência de ferro. Não é um bom indicador nas fases iniciais de deficiência de ferro (1ª e 2ª).

Ferritina

• Principal forma de armazenamento de ferro no organismo.
• Encontra-se no fígado, baço e medula óssea.
• É o biomarcador mais preciso para detetar deficiência de ferro, mesmo antes de alterações morfológicas.
• Níveis aumentados podem indicar inflamação, ou excesso de ferro.

Folatos

• Grupo de compostos hidrossolúveis.
• Funcionam como coenzimas no metabolismo de aminoácidos e na síntese de ácidos nucleicos.
• Necessidades aumentam em situações de crescimento rápido (gravidez e infância).
• A sua concentração sérica reflete a ingestão recente, mas as tecidulares são um melhor biomarcador.

Vitamina B12

• Sintetizada por bactérias, fungos e algas.
• Necessária para a produção de hemácias e a manutenção do sistema nervoso central.
• Absorção inadequada pode conduzir à anemia perniciosa.
• Níveis séricos baixos podem indicar deficiência ou problemas de absorção.

Vitamina B6

• Tem três formas principais: piridoxina, piridoxal e piridoxamina.
• Essencial no metabolismo de aminoácidos e outros compostos.
• As necessidades de B6 são diretamente proporcionais à ingestão proteica.
• Existem testes estáticos (medição de vitamina B6 no sangue/urina) e funcionais (avaliação de atividade de enzimas dependentes de vitamina B6 e medição da PLP).

Vitamina A

• A vitamina A é essencial para funções diversas.
• Pode ser determinada através de testes séricos.
• A concentração sérica é um bom indicador do estado da vitamina A, quando se observam níveis baixos ou muito altos.
• A análise dos níveis séricos não sempre reflete os níveis tecidulares.

Vitamina C

• Necessária para a formação de colagénio, manutenção dos capilares, ossos e dentes.
• Promove a absorção de ferro e previne a oxidação de vitaminas e minerais.
• O ácido ascórbico sérico é um biomarcador recente, mas o ácido ascórbico leucocitário reflete os níveis nos tecidos corporais.
• Não é o melhor biomarcador para avaliar estado nutricional durante resposta de fase aguda.

Zinco

• Níveis séricos não são bons indicadores da ingestão.
• Depende da disponibilidade de albumina.
• Pode ser regulada pelo organismo, tendo níveis séricos influenciados por fatores não-dietéticos (inflamação, infeção, estresse).

Mensagens a Repetir - Relatório Final

• Albumina - Resposta lenta a alterações da ingestão alimentar e ao estado nutricional.
• Transferrina - Reflete melhor a ingestão recente de nutrientes do que a albumina e é um bom indicador da malnutrição moderada ou severa.
• Pré-Albumina e RBP - Indicadores mais adequados para avaliar as alterações mais recentes (ingestão alimentar recente) na ingestão de nutrientes, mas não são os melhores indicadores para o estado nutricional geral.
• IGF-1 - É um indicador, mas a ausência de valores adequados pode refletir outras situações além da malnutrição.
• Hemoglobina - Não é o melhor indicador para as primeiras duas fases de depleção de ferro.
• Folatos - Níveis séricos e eritrocitários são importantes para avaliar as reservas tecidulares e a ingestão recente, respectivamente.
• Vitamina B12 - Necessária para a função eritrocitária e manutenção do sistema nervoso.
• Vitamina B6 - Diretamente proporcional à ingestão proteica.
• Vitamina A - Nível sérico pode ser um bom indicador, mas não reflete sempre o estado nutricional tecidual.
• Vitamina C - Ácidos ascórbico sérico e leucocitário são indicadores importantes, sendo o primeiro para avaliar recentes ingestão e o último para estado de reservas corporais.
• Cálcio, Zinco - Níveis séricos podem ser afetados por fatores não-dietéticos.