Conceito de Normal e Patológico em Psicologia

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Questions and Answers

Em que aspecto crucial reside a complexidade intrínseca da noção de 'normalidade', conforme delineada por Jean Bergeret, que frequentemente desafia a objetividade e a universalidade na avaliação da saúde mental?

  • Na adesão rigorosa a padrões estatísticos que definem a normalidade com base em médias populacionais, minimizando a influência de desvios individuais.
  • Na influência ubíqua de fatores contextuais, subjetivos e sociopolíticos, que modulam a percepção e a aplicação do conceito, tornando-o suscetível a interpretações diversas e específicas. (correct)
  • Na predominância de critérios biológicos universais que estabelecem limites claros entre o normal e o patológico, independentemente do contexto individual.
  • Na determinação genética da normalidade, que garante uma base biológica comum para todos os indivíduos, independentemente de suas experiências de vida.

Qual a implicação fundamental da crítica de Bergeret à apropriação da 'normalidade' por figuras de autoridade, e como essa apropriação pode impactar a autonomia individual e a integridade do processo terapêutico?

  • A crítica de Bergeret é infundada, uma vez que a normalidade é um conceito científico objetivo, passível de mensuração e validação por meio de métodos estatísticos.
  • Essa apropriação desconsidera a subjacente pulsação de morte, impedindo a integração de elementos regulatórios internos e perpetuando uma visão distorcida da experiência individual, comprometendo a autenticidade e a singularidade do ser. (correct)
  • A apropriação da normalidade por autoridades é um processo legítimo que facilita a uniformização dos critérios de saúde mental, promovendo tratamentos mais eficazes e padronizados.
  • A definição da normalidade por autoridades garante a objetividade e a imparcialidade na avaliação da saúde mental, minimizando a influência de preconceitos e valores pessoais.

Como Bergeret redefine o conceito de 'indivíduo saudável', contrastando-o com as noções convencionais de ausência de doença ou autodeclaração de bem-estar, e qual a importância dessa redefinição para a prática clínica?

  • A saúde mental é definida pela conformidade com as normas sociais e culturais estabelecidas, garantindo a integração do indivíduo na comunidade.
  • Um indivíduo saudável é aquele que se autodeclara como tal, independentemente de suas experiências internas ou conflitos existenciais.
  • A saúde mental se manifesta na ausência de fixações conflitantes e na superação de dificuldades internas ou externas.
  • Um indivíduo saudável é aquele capaz de manter um equilíbrio flexível entre suas necessidades pulsionais, processos primários e secundários, considerando a realidade e agindo de forma adaptativa mesmo em circunstâncias anômalas. (correct)

Em que medida a concepção de Bergeret sobre a independência da 'normalidade' em relação à 'estrutura' desafia as abordagens tradicionais da psicopatologia, e como essa perspectiva pode influenciar a prática diagnóstica e terapêutica?

<p>A independência da normalidade em relação à estrutura implica que a patologia mental pode emergir independentemente da organização psíquica subjacente, desafiando a ideia de categorias diagnósticas fixas e enfatizando a importância da avaliação dinâmica e contextual do indivíduo. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual a relevância da distinção entre 'estrutura' e 'estado' na psicopatologia de Bergeret, e como essa distinção pode aprimorar a compreensão da dinâmica entre normalidade e patologia em diferentes indivíduos?

<p>A estrutura refere-se à organização psíquica profunda e duradoura, enquanto o estado é a condição momentânea ou prolongada em que essa estrutura se encontra, permitindo a compreensão da normalidade ou patologia como manifestações dinâmicas e contextuais dessa estrutura. (D)</p> Signup and view all the answers

Em que medida o conceito de 'normalidade patológica' de Bergeret desafia a dicotomia tradicional entre normalidade e patologia, e quais as implicações desse conceito para a prática clínica e a compreensão do sofrimento psíquico?

<p>A normalidade patológica descreve personalidades &quot;pseudonormais&quot; sem estrutura estável, que mantêm um equilíbrio precário e evitam colapsos depressivos, desafiando a dicotomia ao revelar adaptações superficiais que ocultam vulnerabilidades estruturais significativas. (C)</p> Signup and view all the answers

Qual a crítica central de Bergeret em relação às 'organizações' frágeis que lutam contra a depressão, e como essa crítica se relaciona com o conceito de 'pseudonormalidade'?

<p>A crítica de Bergeret reside na distinção entre verdadeiras estruturas neuróticas ou psicóticas e organizações mais frágeis que utilizam artifícios para evitar a depressão, alcançando apenas uma 'pseudonormalidade' superficial e vulnerável. (A)</p> Signup and view all the answers

De que maneira a evolução histórica do conceito de normalidade, desde a Antiguidade até o século XIX, influenciou a compreensão contemporânea da relação entre normalidade e patologia na psicopatologia?

<p>A história mostra uma transição das oposições simplistas para abordagens mais nuançadas, reconhecendo a interdependência entre normalidade e patologia, influenciando a psicopatologia contemporânea a considerar a complexidade e a relatividade desses conceitos. (C)</p> Signup and view all the answers

Em que aspecto a perspectiva de Canguilhem sobre a normalidade como adaptação se diferencia das abordagens tradicionais da psicopatologia, e qual a implicação dessa perspectiva para a compreensão do sofrimento psíquico?

<p>Canguilhem vê a normalidade como adaptação, sugerindo que algo aparentemente patológico pode ser uma resposta normal para um indivíduo específico, desafiando a categorização rígida e universal do sofrimento psíquico. (C)</p> Signup and view all the answers

Como o conceito de 'estrutura de base da personalidade', conforme proposto por Bergeret e McWilliams, se opõe à observação superficial de sintomas na psicopatologia?

<p>A estrutura de base da personalidade, que se refere à forma profunda e fundamental como a personalidade é organizada, é crucial para entender a psicopatologia, indo além da mera observação de sintomas superficiais e permitindo uma compreensão mais abrangente do sofrimento psíquico. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual a importância da ênfase nos 'conflitos internos' na psicopatologia psicodinâmica, e como essa abordagem se diferencia das perspectivas que priorizam a descrição fenomenológica dos transtornos mentais?

<p>A psicopatologia psicodinâmica vê a psicopatologia como decorrente de conflitos inconscientes entre diferentes aspectos da psique, considerando os sintomas como manifestações desses conflitos subjacentes, representando compromissos ou retornos de material reprimido, diferenciando-se das abordagens descritivas que focam apenas nos sintomas observáveis. (B)</p> Signup and view all the answers

De que maneira a 'perspectiva desenvolvimental' da psicopatologia psicodinâmica contribui para a compreensão do sofrimento mental, e como essa abordagem se relaciona com os postulados de Freud e Bergeret?

<p>A perspectiva desenvolvimental enfatiza a importância das experiências da primeira infância e da trajetória de desenvolvimento do indivíduo, destacando como a psicopatologia do adulto se origina de dificuldades no desenvolvimento sexual infantil e como o estágio edípico é crucial para a organização da personalidade, em consonância com os postulados de Freud e Bergeret. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual o papel das 'relações objetais internalizadas' na psicopatologia psicodinâmica, e como esses padrões duradouros de relacionamento consigo mesmo e com os outros influenciam a experiência subjetiva do indivíduo?

<p>O conceito de relações objetais internalizadas é central, referindo-se aos padrões duradouros de relacionamento consigo mesmo e com os outros, baseados nas primeiras interações com figuras significativas, moldando as expectativas, defesas e experiências do indivíduo nos relacionamentos atuais e sendo um indicador essencial da estrutura de base de sua personalidade. (C)</p> Signup and view all the answers

Como a psicopatologia psicodinâmica aborda a 'experiência subjetiva' do sofrimento, e em que medida essa abordagem se diferencia das perspectivas que priorizam a categorização diagnóstica com base em sintomas observáveis?

<p>A abordagem psicodinâmica busca entender o significado e a origem únicos do sofrimento do paciente, criticando a versão 'rasa e distante da experiência do sofrimento mental' fornecida pelo DSM e priorizando a exploração do mundo subjetivo interno. (D)</p> Signup and view all the answers

Qual a importância dos 'mecanismos de defesa' na psicopatologia psicodinâmica, e como a análise desses mecanismos pode fornecer insights sobre a estrutura de base da personalidade e a organização psíquica do indivíduo?

<p>Os mecanismos de defesa são vistos como essenciais para gerenciar conflitos internos e ansiedades, e sua rigidez, intensidade e tipo podem fornecer insights sobre a estrutura de base da personalidade e o nível de organização psíquica (neurótica vs. psicótica). (A)</p> Signup and view all the answers

Em que medida a distinção entre 'psicopatologia descritiva' e 'psicopatologia psicodinâmica' influencia a avaliação e o tratamento do sofrimento mental, e quais as limitações das abordagens puramente descritivas?

<p>A psicopatologia psicodinâmica visa ir além das manifestações superficiais para entender a organização psíquica subjacente e a dinâmica dos processos inconscientes, enquanto a psicopatologia descritiva foca na descrição fenomenológica das alterações e na classificação dos indivíduos com base em listas de sintomas observáveis, apresentando limitações na captura das complexas experiências subjetivas dos pacientes. (C)</p> Signup and view all the answers

De que maneira a compreensão da conexão entre 'normal' e 'patológico' na psicopatologia psicodinâmica, particularmente através do trabalho de Bergeret, desafia a categorização simplista dos indivíduos como 'normais' ou 'patológicos'?

<p>A psicopatologia psicodinâmica enfatiza que 'normal' e 'patológico' não são simplesmente definidos pela presença ou ausência de sintomas, mas sim pela estabilidade e organização subjacentes da estrutura psíquica e pela capacidade do indivíduo de se adaptar interna e externamente, desafiando a categorização simplista. (D)</p> Signup and view all the answers

Como o conceito de 'organização central' da personalidade se manifesta na distinção entre sintomas e caráter, e de que forma essa diferenciação impacta a avaliação e a compreensão da psicopatologia?

<p>A estrutura da personalidade representa a arquitetura subjacente da psique, influenciando os sintomas, que são modos mórbidos de funcionamento quando a estrutura se descompensa, e o caráter, que é a expressão visível da estrutura na vida relacional, impactando a avaliação ao exigir uma compreensão profunda e diferenciada. (C)</p> Signup and view all the answers

Em que medida a estabilidade e a permanência da estrutura da personalidade influenciam a compreensão da psicopatologia, e como essa característica se manifesta na distinção entre adaptação e desadaptação?

<p>A estrutura da personalidade é estável e relativamente fixa após a adolescência, influenciando a forma como o indivíduo se adapta ou desadapta às circunstâncias da vida, mas a linha organizacional fundamental permanece imutável, o que impacta a compreensão da psicopatologia. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual a influência da formação e do desenvolvimento da estrutura da personalidade na compreensão da psicopatologia, e como a adolescência se configura como um período crítico nesse processo?

<p>A estrutura da personalidade se desenvolve progressivamente, passando por estágios nos quais a psique se organiza e 'cristaliza', e a adolescência é um período crítico em que o ego pré-organizado se solidifica em uma forma estrutural definitiva, influenciando a compreensão da psicopatologia. (B)</p> Signup and view all the answers

De que maneira a relação entre 'normalidade' e 'patologia' se manifesta na estrutura da personalidade, e como essa relação se relaciona com a capacidade do indivíduo de administrar conflitos internos e externos?

<p>A normalidade se manifesta no bom funcionamento interno e externo de uma determinada estrutura, enquanto a patologia surge quando a estrutura se descompensa e não consegue mais administrar eficazmente os conflitos internos ou externos, sendo os tipos de transtornos específicos da estrutura subjacente. (B)</p> Signup and view all the answers

Como a distinção entre organizações estruturais 'neuróticas' e 'psicóticas', proposta por Bergeret, influencia a compreensão da psicopatologia, e quais as principais características que diferenciam essas organizações?

<p>Bergeret diferencia as estruturas neuróticas e psicóticas como os dois tipos estruturais fundamentais e sólidos, com características distintas em relação à organização da pulsão, ao superego e à ansiedade, além de discutir organizações intermediárias como estados-limite. (D)</p> Signup and view all the answers

De que forma os elementos metapsicológicos, como a natureza da ansiedade, o nível de desenvolvimento libidinal e do ego, e os mecanismos de defesa predominantes, contribuem para a compreensão da estrutura da personalidade na psicopatologia?

<p>Os elementos metapsicológicos fornecem um arcabouço para compreender a organização psíquica do indivíduo, apoiando seu funcionamento 'normal', com seus traços de caráter e sua propensão a desenvolver psicopatologias. (C)</p> Signup and view all the answers

Flashcards

Noção de Normal e Patológico

Percepção do normal influenciada por fatores históricos, sociais e individuais. Pode ocultar vulnerabilidades estruturais.

Psicopatologia Psicodinâmica

Abordagem que enfatiza processos inconscientes, estruturas mentais internas e influência de relações interpessoais no desenvolvimento.

Estrutura da Personalidade

Maneira profunda, fundamental e estável como a personalidade é organizada. Base para entender transtornos.

Estruturas Neuróticas

Organização sob a primazia da pulsão genital, com superego funcional e conflitos entre superego e pulsões.

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Traços obsessivos

Resistência à repressão. Inclui ideação intensa, ansiedade e escrúpulos excessivos.

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"Pseudonormalidade"

Indivíduos aparentam ser 'normais' sem uma estrutura subjacente sólida, usando defesas frágeis.

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Primeira Psiquiatria

Vista como irracionalidade, depois imoralidade e, por fim, como inadequação.

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Normalidade segundo Bergeret

Normalidade coordena impulsos, defesas, fatores internos e externos, e necessidades sociais.

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Normalidade Patológica

Indivíduos que não possuem uma estrutura estável (neurótica ou psicótica).

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Foco nas Estruturas Subjacentes

Ênfase na forma profunda e fundamental como a personalidade é organizada.

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Normalidade para Canguilhem

Doença como um excesso ou falta em relação a um estado "normal", definida pela adaptação.

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"Normalidade" Patológica

Pessoas mantêm equilíbrio instável esforçando-se para ser 'normais' ou 'hiper-normais'.

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Formação e Desenvolvimento da Personalidade

Passando por estágios nos quais a psique se organiza e cristaliza.

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Ansiedade específica das organizações neuróticas.

Ameaça de castração,

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Estrutura Histérica

A estrutura histérica, em suas duas formas (angústia e conversão), representa a mais regressiva das duas formas de estruturação neurótica.

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Caráter

Como o ego funciona defensivamente e de maneira adaptativa.

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McWilliams ecoa essa ideia ao enfatizar a importância

Em vez de apenas os diagnósticos descritivos (quadros na parede).

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Sintomas

São manifestações superficiais do conflito psíquico, não permitindo a determinação definitiva da estrutura profunda da personalidade.

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Estrutura

Organização estável da personalidade, determinando se um indivíduo desenvolverá neurose ou psicose.

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Estrutura neurótica

Geralmente envolve defesas mais maduras e um senso de si e constância de objeto mais integrados.

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Sarah

Descreve episódios súbitos de medo intenso, frequentemente acompanhados por sintomas físicos.

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Sarah tema a rejeição

Problemas subjacentes de autoestima (relevantes para o narcisismo).

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Relacionamento Terapêutico

Contudo, a compreensão psicodinâmica será crucial para navegar nas dinâmicas de transferência-contratransferência.

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Planejamento do Tratamento

Embora um diagnóstico clínico-categórico possa sugerir tratamentos baseados em evidências para sintomas específicos.

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Ênfase nos Conflitos Internos

Conflitos inconscientes entre impulsos (sexuais e agressivos), proibições parentais internalizadas (superego) e as exigências da realidade (ego).

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Study Notes

Conceito de Normal e Patológico

  • A noção de "normalidade" pode ser perigosa quando usada por autoridades médicas, políticas e sociais por se basear em preferências pessoais.
  • Normalidade é inerente à vida, coordenada com necessidades pulsionais, defesas, adaptações, fatores internos/externos e necessidades sociais.
  • Um indivíduo "saudável" possui fixações conflitantes, mas não tem dificuldades internas/externas que excedam capacidades afetivas ou faculdades de adaptação.
  • A "normalidade" é independente da "estrutura"; uma personalidade "normal" pode entrar em psicose, e um indivíduo doente pode retornar à normalidade.
  • Bergeret argumenta que é enganoso opor "normais" a "doentes mentais" de maneira simplista.
  • O importante não é a estrutura psíquica profunda, mas o estado momentâneo ou prolongado da estrutura.
  • Para Bergeret, numa estrutura psicótica fixa, existem pontos de transição entre "psicose" e "normalidade" adaptada, assim como transições entre "neuroses" e "normalidade" numa estrutura neurótica.
  • Uma estrutura neurótica edipiana e genital adaptada é uma categoria fundamental do funcionamento psíquico, não uma patologia.

Patologia e "Normalidade"

  • Minkowski (1938) enfatiza a subjetividade da norma, vista como um acordo entre necessidades e realidades da existência, com importância na relação.
  • Goldstein (1951) alerta para o uso das noções de "ordem"/"desordem" na psicopatologia, pois podem refletir mais os valores do observador.
  • Canguilhem (1966) descreve a doença como um excesso/falta em relação a um estado "normal," definindo normalidade pela adaptação.
  • Inicialmente, Freud agrupava neuróticos e normais, mas distinguia dos "não normais" (psicóticos/perversos).

"Normalidade" Patológica

  • "Normalidade patológica" descreve personalidades "pseudonormais" sem estrutura estável (neurótica/psicótica).
  • Ao contrário de indivíduos bem estruturados, esses indivíduos mantêm um equilíbrio precário e tentam "se fazer normais" para evitar colapsos depressivos.
  • A falta de bases estruturais sólidas os torna frágeis diante da realidade.
  • Bergeret destaca a importância de distinguir entre estruturas neuróticas/psicóticas verdadeiras e mais frágeis.
  • Indivíduos em estados-limite alcançam apenas "pseudonormalidade."

Evolução Histórica do Conceito de Normalidade

  • Antiguidade: Homero, Platão e a Bíblia já referenciavam tipos estruturais não mórbidos e a transição entre estados psíquicos.
  • Platão é citado como premonitório da visão de Freud sobre os danos da repressão sexual.
  • Isso aponta para observações antigas sobre padrões consistentes de personalidade.
  • Primeira psiquiatria: "Loucura" era vista como irracionalidade, depois como imoralidade.
  • No século XVIII, Pinel, Esquirol, Tuke e Kraepelin começaram a desenvolver uma visão estrutural de uma continuidade entre normalidade e patologia dentro de uma estrutura profunda da personalidade.
  • A atitude "humanitária" geral desses psiquiatras baseava-se nessa convicção.
  • A evolução da psiquiatria "social" para a "comunitária" é apresentada como uma sequência lógica.
  • Século XIX: A psiquiatria alemã diferenciou neuroses e psicoses, influenciando Freud.
  • Freud inicialmente diferenciava indivíduos histéricos daqueles que apenas apresentavam reações histéricas, reconhecendo a dificuldade de traçar um limite claro entre o normal e o patológico com o tempo.
  • No fim da vida, Freud reconheceu a impossibilidade de estabelecer cientificamente uma linha divisória entre estados normais e anormais, operando com um modelo que colocava neuróticos e normais de um lado, distintos dos "não normais".
  • A exploração dos tipos libidinais (erótico, narcisista, obsessivo) foi uma tentativa de preencher a lacuna entre normal e patológico.
  • Pós-freudianos: Henry Ey analisou a patologia sob modelos de adaptação e regressão. Green e Thiel desafiaram a exclusividade da neurose.
  • Influência social: a normalidade é moldada por fatores econômicos, morais e culturais.
  • Crítica à medicalização: Frances criticou a expansão da psiquiatria para aspectos da vida cotidiana.

Relação Entre Normal e Patológico

  • Normal e patológico não são categorias rígidas e opostas.
  • Canguilhem vê a normalidade como adaptação; algo patológico pode ser uma resposta normal.
  • Bergeret diz que a normalidade pode existir em organizações neuróticas/psicóticas, desde que não descompensadas.
  • A pseudonormalidade representa uma adaptação superficial sem um alicerce psíquico sólido.
  • A obra Normal e Patológico afirma que "o anormal só existe na relação com o normal; são inseparáveis".
  • A noção de normal e patológico é complexa, influenciada por fatores históricos, sociais e individuais.
  • A pseudonormalidade representa uma adaptação superficial que oculta vulnerabilidades estruturais.

Definição de Psicopatologia Psicodinâmica

  • A psicopatologia psicodinâmica enfatiza os processos psicológicos inconscientes, as estruturas mentais internas e a influência das primeiras experiências/relações interpessoais no desenvolvimento.
  • A psicopatologia surge de conflitos dentro da psique, enraizados no desenvolvimento inicial, e envolve impulsos, defesas e relações objetais internalizadas.
  • Foco nas Estruturas Subjacentes: prioriza a compreensão da "estrutura de base da personalidade"
  • Ênfase nos Conflitos Internos: a psicopatologia decorrente de conflitos inconscientes entre diferentes aspectos da psique.
  • Perspectiva desenvolvimental: a psicopatologia psicodinâmica dá grande importância às experiências da primeira infância e à trajetória de desenvolvimento do indivíduo.
  • Importância das relações objetais: o conceito de relações objetais internalizadas é central.
  • Compreensão da experiência subjetiva: a psicopatologia psicodinâmica está profundamente interessada no conteúdo das experiências vividas.
  • Papel dos mecanismos de defesa: os mecanismos de defesa são essenciais para gerenciar conflitos internos e ansiedades.
  • Distinção da psicopatologia descritiva: um contraste claro entre as abordagens psicodinâmica e descritiva da psicopatologia.
  • Conexão entre "Normal" e "Patológico": uma ênfase em que normal e patológico não são definidos pela presença/ausência de sintomas, mas pela estabilidade e organização da estrutura psíquica.
  • Implicações terapêuticas: uma compreensão das bases psicodinâmicas da psicopatologia tem implicações significativas para o planejamento do tratamento.

Noção geral de Estrutura de Personalidade

  • Refere-se à maneira profunda, fundamental e relativamente estável como a personalidade de um indivíduo é organizada em um nível profundo.
  • Organização central: a estrutura da personalidade representa a arquitetura subjacente da psique.
  • Distinção entre sintomas e caráter: a estrutura é diferenciada dos sintomas e do caráter.
  • Estabilidade e permanência: uma característica fundamental da estrutura da personalidade é sua estabilidade.
  • Formação e desenvolvimento: a estrutura da personalidade se desenvolve progressivamente.
  • Relação com "normalidade" e patologia: associa a noção de "normalidade" ao bom funcionamento interno e externo de uma determinada estrutura.
  • Diferentes organizações estruturais: Bergeret distingue principalmente as estruturas neuróticas e psicóticas como os dois tipos estruturais fundamentais e sólidos.
  • Elementos metapsicológicos: a natureza da estrutura da personalidade é compreendida por meio de diversos elementos metapsicológicos.

Estruturas neuróticas

  • O conceito de neurose surgiu relativamente tarde nas descrições clínicas, apenas no final do século XIX.
  • O conceito de "estrutura" se refere aos elementos básicos da personalidade e à forma como ela é organizada em um nível profundo/fundamental.
  • Diferencia estruturas autênticas (neuróticas/psicóticas) de organizações intermediárias (estados-limite).
  • Dentro da linha estrutural neurótica, há pontos de transição entre as "neuroses" e uma forma de "normalidade" adaptada a esse tipo de estruturação.

A Linha Estrutural Neurótica

  • Apresenta fixações pré-genitais modestas, situando-se antes da "linha divisória" de Robert Fliess.
  • Se os conflitos internos ou externos na adolescência forem intensos demais, o ego pode se desorganizar e regredir para sistemas relacionais ou defensivos mais arcaicos, possivelmente levando a uma estruturação psicótica definitiva.
  • A ansiedade específica das organizações neuróticas é a ameaça de castração, diferenciando-se da ansiedade de fragmentação na psicose e da ansiedade depressiva nos estados-limite.

As Duas Estruturas Neuróticas Autênticas

  • A estrutura obsessiva é considerada "rebelde" no lado neurótico.
  • Nem sempre é fácil distinguir uma estrutura obsessiva de manifestações pseudo-delirantes ou de uma estrutura psicótica com defesas obsessivas exuberantes.
  • O mecanismo de defesa central da estrutura obsessiva é a anulação.
  • A estrutura histérica, em suas duas formas (angústia e conversão), representa a mais regressiva das duas formas de estruturação neurótica.
  • O principal mecanismo de defesa é a repressão.

As Falsas "Neuroses"

  • São manifestações dentro de uma estrutura histérica fóbica ou defesas fóbicas dentro de uma estrutura borderline ou psicótica.
  • Bergeret argumenta que algumas entidades clínicas não pertencem às verdadeiras estruturas neuróticas.

Relação Entre Caráter, Sintomas e Estrutura

  • Caráter: Expressa os elementos básicos da estrutura em padrões relacionais.
  • Sintomas: São manifestações superficiais do conflito psíquico, não permitindo a determinação definitiva da estrutura profunda da personalidade.
  • Estrutura: Organização estável da personalidade, determinando se um indivíduo desenvolverá neurose ou psicose.

Caso clínico que articula diagnóstico clínico-categórico e psicodinâmico

  • A descrição de Sarah de episódios repentinos de medo intenso, acompanhados de sintomas físicos se alinha aos critérios para o Transtorno do Pânico
  • A história de relacionamentos românticos intensos e de curta duração de Sarah é traço marcante do Transtorno de Personalidade Borderline.
  • O forte desejo de intimidade de Sarah indica um Transtorno de Personalidade Evitativa.
  • Os sintomas de ansiedade e os padrões relacionais de Sarah sugerem uma possível organização de personalidade borderline.
  • Uma analise dos relacionamentos de Sarah revelam dificuldades na integração dos aspectos positivos e negativos de si mesma e dos outros.

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