Comunicação na Saúde

Comunicação

• A comunicação é um processo fundamental para o desenvolvimento humano, sendo uma ferramenta essencial para a expressão de necessidades, compartilhamento de experiências, cooperação, autoconhecimento e ampliação da consciência.
• Profissões da área da saúde são por excelência relações interpessoais, implicando interação frequente com pacientes, familiares, cuidadores, equipes de saúde, profissionais de outros serviços e instituições.

Obstáculos na Comunicação

• A comunicação pode ser prejudicada por diferenças no vocabulário, velocidade de fala, idade, formação, familiaridade com tecnologia médica, educação, capacidades físicas e experiências.

Modelo Transacional Circular de Comunicação

• A comunicação é um processo contínuo e interativo, onde o relacionamento entre os comunicadores é complementar e simétrico.

Tipos de Ruído na Comunicação

• Ruído psicológico: Decorrente de estado anímico, mental ou emocional, influenciado pela situação vivenciada (ex: tristeza, angústia, apatia).
• Ruído fisiológico: Relacionado a incapacidades, como perda de audição, visão, dor ou dispnéia.
• Ruído semântico: Ocorre quando as palavras têm significado confuso ou desconhecido para o receptor.
• Ruído técnico: Relacionado ao meio ou canal de transmissão da mensagem (ex: manchas de tinta em um texto impresso).
• Ruído ambiental: Alterações originadas no ambiente, como calor, frio, ruídos de máquinas, etc.

Fatores que Influenciam a Comunicação

• Contexto Psicofisiológico: Condições fisiológicas (fome, náusea, dor, dispnéia), emocionais (ansiedade, raiva, desespero, euforia), desenvolvimento (idade, tarefas de desenvolvimento), necessidades não atendidas (segurança, amor), atitudes, valores e crenças, percepções e personalidade, autoconceito e autoestima.
• Contexto Relacional: Relacionamento social, assistencial ou profissional, nível de confiança, atenção, transparência, história compartilhada, equilíbrio de poder e controle.
• Contexto Situacional: Motivo da comunicação, troca de informações, alcance de objetivos, resolução de problemas, expressão de sentimentos.
• Contexto Ambiental: Nível de privacidade, ruídos, conforto e segurança, distrações.
• Contexto Cultural: Nível de escolaridade, padrões de linguagem e autoexpressão, costumes e expectativas.

Fases da Comunicação

• Pré-comunicação: Conhecimento prévio, relacionamento anterior, estatuto social.
• Interação comunicativa: Contexto, características dos participantes, duração, tipo, interesse.
• Pós-comunicação: Repercussões da comunicação, avaliação da informação, registro.

Entrevista

• É uma parte crucial da coleta de dados, utilizada no Processo de Enfermagem (avaliação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação).
• Anamnese: É fundamental para o sucesso da coleta de dados.
• Dados subjetivos: Expressos pelo paciente durante a entrevista.
• Dados objetivos: Observáveis e mensuráveis.
• Dados históricos: Eventos ocorridos no passado.
• Dados atuais: Acontecimentos presentes, relacionados à situação atual.

Objetivo da Entrevista

• Coleta de dados para diagnóstico e planejamento de cuidados.
• Realização de avaliação.
• Transmissão de informações.
• Facilitação do relacionamento enfermeiro-paciente.
• Suporte psicológico do paciente.
• Permitir que o paciente receba informações e participe na identificação dos problemas e definição de metas.

Contextos de Utilização da Entrevista na Enfermagem

• Utilização da entrevista como ferramenta para o cuidado do paciente em diferentes contextos.

Comunicação Terapêutica

• É o uso da comunicação verbal e não verbal para se conectar com o paciente.
• Envolve o cuidado fisiológico, psicológico, ambiental e espiritual do paciente.

Tipos de Comunicação Terapêutica

• Verbal: Perguntas abertas, fechadas, dirigidas, reflexão, declarações suplementares.
• Não Verbal: Expressão facial, gestos, postura corporal, tato, tom de voz, silêncio, escuta ativa.

Técnicas de Comunicação Terapêutica

• Escuta ativa: Compartilhar observação, empatia, esperança, usar o toque e o silêncio, fornecer informações, esclarecer.
• Focar, parafrasear, validar, fazer perguntas relevantes, resumir, confrontação.

Técnicas de Comunicação Não Terapêutica

• Fazer perguntas pessoais, dar opiniões pessoais, mudar de assunto, dar respostas automáticas, oferecer falsas garantias, ter compaixão, pedir explicações, aprovar ou desaprovar, dar respostas defensivas, passivas ou agressivas, discutir.

Etapas da Entrevista

• Preparação: Informar-se antes do encontro, ler o processo de cuidados, buscar informações com a equipe para evitar perguntas inúteis e garantir um clima propício.
• Orientação: Apresentação, chamar o paciente pelo nome, assumir uma atitude profissional, apresentar-se e suas funções, solicitar a colaboração do paciente, garantir conforto, posicionar-se de frente ou de lado, manter contato visual, prestar atenção ao comportamento não verbal, assegurar a confidencialidade.
• Exploração: Escutar, questionar, aprofundar, analisar o comportamento verbal e não verbal, interpretar o que é dito e observado, clarificar e validar as percepções, refletir sobre o que se compreende, identificar o problema, buscar pistas para soluções.
• Conclusão: Agradecer ao entrevistado, perguntar se ele deseja acrescentar algo, resumir os pontos principais, confirmar ou esclarecer dúvidas, encaminhar o paciente, informá-lo sobre sua disponibilidade para futuras dúvidas ou encontros.

Teach-Back

• É uma técnica para verificar a compreensão do paciente sobre informações importantes.

Relação de Ajuda

• É um elemento decisivo para o trabalho do enfermeiro, respondendo às necessidades específicas de cada pessoa.
• É particularmente complexa em situações de dependência, medo, dor intensa, solidão e abandono.
• O objetivo é satisfazer as necessidades do paciente, reconhecendo-o como detentor de recursos para a resolução do problema.

Características da Relação de Ajuda

• Baseada na humanidade, autenticidade e individualidade da pessoa humana.
• Capacidade de compreender os sentimentos e atribuições de sentido do outro.
• Recetividade e sensibilidade à postura do outro.
• Interesse, afetividade, proximidade, sem interferências emocionais do profissional.

Objetivos da Relação de Ajuda

• Expressar a dificuldade/problema verbalmente.
• Aceitar a dor ou dificuldades com mais serenidade.
• Ter uma visão mais clara e realista do problema.
• Comunicar a dificuldade ao enfermeiro como um ser único.
• Compreender e comunicar as ligações entre os eventos da vida e as relações interpessoais.
• Expressar sentimentos e opiniões, mesmo negativas.
• Libertar a tensão.
• Sentir-se escutado, aceito e compreendido.
• Abrir-se aos outros e se sentir mais à vontade para comunicar.
• Estabelecer uma relação significativa.
• Desenvolver uma autoimagem mais positiva.
• Modificar comportamentos que prejudicam a adaptação.
• Encontrar um sentido para a dificuldade.
• Adaptar-se a situações desafiadoras.
• Conhecer os recursos pessoais.
• Ter uma vida mais confiante e positiva.
• Formular objetivos de vida mais realistas.
• Enfrentar a morte com dignidade e serenidade.

Tipos de Relação de Ajuda

• Formal: Semelhante à relação profissional formal, com entrevistas estruturadas, timings e objetivos definidos.
• Informal: Estabelecida de forma espontânea, com a verbalização imediata do problema e a expressão de emoções.

Fases da Relação de Ajuda

• Preparação: Início da relação, estabelecendo clima de confiança, definindo papéis, acompanhando a necessidade de ajuda do paciente, informando sobre recursos e orientando-o.
• Exploração: Ambos clarificam a necessidade de ajuda, buscando soluções.
• Fim da Relação: Reconhecer e compartilhar o vivenciado, preparar o paciente para o fim da relação, garantindo uma transição suave.

Técnicas de Clarificação na Relação de Ajuda

• Pedir esclarecimento.
• Parafrasear.
• Validar.
• Colocar os acontecimentos em sequência cronológica.
• Clarificação.
• Encorajar a verbalização de emoções.
• Servir como espelho.
• Encorajar comparações com outras vivências.

Atitudes do Enfermeiro na Relação de Ajuda

• Estar atento.
• Aceitar e respeitar o paciente.
• Identificar pontos comuns.
• Preocupar-se com a "pessoa".
• Objetividade.
• Franqueza.
• Congruência.
• Proximidade ou distanciamento profissional.

O Sentido de Humor na Enfermagem

• O sentido de humor pode ser uma ferramenta útil na enfermagem, mas é importante considerar a individualidade de cada paciente.
• Algumas pessoas podem apreciar o humor, enquanto outras podem se sentir ofendidas.
• O riso e o humor podem ter um efeito terapêutico positivo.

Presença e Postura do Enfermeiro

• A presença do enfermeiro é crucial para o cuidado do paciente e se caracteriza pela proximidade física e afetiva.
• A presença demonstra interesse e atenção ao paciente, transmitindo confiança e tranquilidade.

Empatia na Enfermagem

• A empatia é a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos e emoções do paciente.
• Essa atitude permite ao enfermeiro “viver” a experiência do paciente sem confundir seus próprios sentimentos.
• Exemplos de comportamentos que demonstram empatia:
  • Expressões não-verbais que correspondem ao estado emocional do paciente.
  • Toque que expressa compreensão e desejo de conforto.
  • Palavras que demonstram a vontade de compartilhar as dificuldades do paciente.
  • Uso de respostas reflexivas para demonstrar compreensão.
  • Tom de voz sincronizado com as emoções do momento.

O Toque e o Silêncio

• O toque é uma forma direta de comunicação que transmite e recebe informações e mensagens.
• O toque oportuno tem valor terapêutico e raramente deixa o paciente indiferente.
• O silêncio pode ser um momento precioso para observar, refletir e processar emoções de forma terapêutica.
• Em momentos de profunda tristeza, o silêncio pode ser reconfortante.