Atendimento Pré-Hospitalar em Casos de Afogamento

Definição de Afogamento

• Existem diversas fontes que definem o afogamento mundialmente.
• Segundo a Organização Mundial de Saúde (2014), o afogamento é definido como "processo de alteração da função respiratória resultante da submersão e imersão em meio líquido".
• No entanto, essa definição não é suficientemente capaz de se adaptar à prática da Corporação, pois nem sempre o afogado apresenta sinais de aspiração de líquido.
• Portanto, o CBMERJ define o afogamento como "o da vítima retirada do meio líquido, que não possa sair por meios próprios, envolvendo ou não o processo de alteração da função respiratória relacionada à aspiração, resultante da sua submersão/imersão".

Submersão e Imersão

• Submersão: O corpo todo, incluindo as vias aéreas, estão abaixo da superfície da água.
• Imersão: A água respingou ou passa pelo rosto e vias respiratórias e permite que ocorra o afogamento por aspiração.

Fisiopatologia do Afogamento

• Após a submersão, a vítima inicialmente prende a respiração por reflexo.
• Durante esse período, ela frequentemente engole água.
• A hipóxia e a hipercapnia evoluem.
• O reflexo de laringoespasmo pode, temporariamente, prevenir a entrada de líquido nos pulmões.
• Após um curto período, esses reflexos são abolidos e a vítima aspira líquido para os pulmões.
• A bradicardia decorrente da hipóxia é o principal fator a ser percebido na patofisiologia do afogamento.

Classificação CBMERJ do Afogado

• A classificação CBMERJ do afogado é baseada em cores para facilitar a identificação da gravidade dos afogamentos.
• As vítimas são classificadas em:
  • Verde: Pouco urgente
  • Amarela: Urgente
  • Vermelha: Caso grave/Emergência
  • Preta: Óbito

Características das Vítimas por Cor

• Verde:
  • Obedecem aos comandos
  • Agitada, cansada, respiração rápida e/ou ofegante
  • Com ou sem a presença de tosse
  • Sem a presença de espuma na boca e/ou nariz
• Amarela:
  • Obedecem aos comandos
  • Agitação leve e apresentando dificuldade respiratória após a extração
  • Com presença de tosse
  • Apresenta pouca ou nenhuma espuma na boca e/ou nariz devido à aspiração de pouca quantidade de água
• Vermelha:
  • Não obedece aos comandos
  • Variando de desorientação à inconsciência
  • Grave dificuldade respiratória com pouca ou nenhuma expansão torácica
  • Apresentando espuma de cor esbranquiçada à rósea em grande quantidade na boca e/ou nariz devido à aspiração maciça de água
  • Podendo apresentar ou não pulso radial e/ou carotídeo palpáveis
• Preta:
  • Tempo de submersão superior a 1 hora ou apresentando sinais evidentes de morte (decomposição, rigidez cadavérica, livores) ou lesões incompatíveis com a vida.

Atendimento Pré-Hospitalar em Casos de Afogamento

Procedimentos de APH durante a primeira abordagem, dentro d'água

• O guarda-vidas do CBMERJ deve abrir a via aérea e avaliar a presença de respiração espontânea no afogado inconsciente e/ou emborcado.
• Caso necessário, o GV pode realizar respirações de resgate ainda na água até que o apoio seja disponibilizado.
• A frequência das ventilações de resgate deve ser de 12 a 16 ventilações por minuto (uma a cada 4 a 5 segundos).

Procedimentos de APH realizado pelo profissional do CBMERJ em área seca

• VERDE: Orientar a vítima que caso apresente desconforto respiratório, mal-estar, síncope, cefaleia persistente, deve procurar auxílio.
• AMARELA: Solicitar apoio médico, colocar a vítima em posição confortável, e ofertar oxigênio, se possível.
• VERMELHA: Solicitar apoio médico, abrir a via aérea, avaliar a necessidade de lateralização da vítima, e realizar compressões torácicas, se necessário.
• PRETA: Óbito, tratada como “morte por afogamento sem chances de iniciar reanimação.

Procedimentos em Área Seca

• É fundamental, para todo atendimento ao afogado, que seja acionado apoio.
• Caso o socorrista esteja sozinho na cena do afogamento, pode ser necessário iniciar 1 ciclo de RCP de 2 minutos, interromper os esforços momentaneamente para contatar o apoio, retornando em seguida à assistência à vítima.

Quando Parar a Reanimação

• No momento em que haja recuperação da circulação espontânea (respiração e pulso carotídeo).
• Em casos de exaustão dos socorristas ou ordem médica.
• O óbito é considerado em vítima onde há “morte por afogamento sem chances de iniciar reanimação.

Observações sobre RCP

• A RCP é mais eficaz em casos de afogamento com tempo de submersão inferior a uma hora.
• Três fatos juntos ou isolados, explicam o maior sucesso da RCP nos afogados – o “reflexo de mergulho”, a continuação da troca gasosa de O2 - CO2 após a submersão, e a hipotermia.