Apendicite: Definição e Características

A apendicite é uma inflamação do apêndice cecal, que se inicia com a obstrução da luz apendicular. O acúmulo de muco gera um aumento da pressão intraluminal, devido à pouca elasticidade da serosa.

O apêndice cecal não possui uma função conhecida, está localizado aproximadamente 2,5 cm abaixo da válvula ileocecal e mede entre 6-9 cm de comprimento e 4-8 cm de diâmetro.

O apêndice é suprido pela artéria mesentérica superior, que se ramifica em artéria ileocólica e, por fim, na artéria apendicular.

O apêndice pode ter diferentes localizações, sendo a localização retrocecal a mais comum, seguida da subcecal. A posição pélvica e post/pre ileal são menos frequentes.

A apendicite atinge com maior frequência pessoas entre 10 e 30 anos, com menor incidência em pessoas com mais de 60 anos. A relação homem-mulher é de 3:2.

As principais causas da apendicite incluem hipertrofia linfoide, fecalito, corpo estranho, tumores e parasitas, como áscaris e strongyloides.

A apendicite catarral se caracteriza por inflamação da submucosa ou serosa, enquanto a apendicite flemonosa apresenta ulceração da mucosa. A apendicite gangrenosa apresenta necrose e a apendicite perfurada causa peritonite.

Além das tríades de Murphy e Dieulafoy, a apendicite pode causar alterações na catarse, como constipação ou diarreia.

A Tríade de Murphy, caracterizada por dor abdominal, náuseas e vômitos, é um conjunto de sintomas que podem ser observados em casos de apendicite.

A Tríade de Dieulafoy é caracterizada por dor na FID, contração muscular reflexa e hiperestesia cutânea. Esses sintomas também podem ocorrer em casos de apendicite.

O ponto de McBurney está localizado na união do 1/3 médio com 1/3 externo da linha entre o umbigo e a crista ilíaca direita, sendo um ponto sensível em casos de apendicite.

O ponto de Lanz está localizado na união da linha interespinal com o bordo externo do músculo reto direito, sendo um ponto sensível em casos de apendicite.

O ponto de Morris está localizado na união entre o 1/3 médio e 1/3 interno da linha umbilico-espinal direita, sendo um ponto sensível em casos de apendicite.

O ponto de Lecene está localizado 2 cm acima e fora da espinha ilíaca anterosuperior, sendo um ponto sensível em casos de apendicite.

O sinal do psoas, encontrado em apendicite retrocecal, ocorre quando a extensão da coxa direita aumenta a dor abdominal.

O sinal de Blumberg, também conhecido como sinal do rebote, caracteriza-se por dor intensa à descompressão da parede abdominal, sugerindo apendicite.

O sinal do obturador, presente em apendicite pélvica, é caracterizado por dor ao rotacionar a coxa direita internamente.

O sinal de Rovsing é caracterizado por dor na FID ao se pressionar a FII, indicando apendicite.

O sinal de Gueneau de Mussy, também conhecido como sinal da descompressão dolorosa, é um sinal tardio de apendicite, caracterizado por dor à descompressão em qualquer parte do abdome.

O toque rectal deve ser realizado de rotina em casos de suspeita de apendicite, sendo importante para avaliar a presença de dor, tumefação e plastrón.

O toque vaginal também pode ser útil na investigação da apendicite, especialmente em casos de apendicite pélvica ou alterações ginecológicas.

A leucocitose leve, com predominância de polimorfonucleares, é um sinal comum em casos de apendicite. Em casos de perfuração, a contagem de leucócitos pode ser superior a 18.000.

O raio-x abdominal, apesar de pouco específico para apendicite, pode revelar alguns achados como íleo reflexo, aumento de opacidade na FID, engrossamento da parede do ceco e apendicolito.

A ecografia abdominal pode ser útil para identificar apendicite, mostrando o apêndice normal como uma estrutura tubular com terminação cega, facilmente compressível, com cerca de 5 mm. A presença de apendicolito de ≥ 3 mm confirma o diagnóstico. O engrossamento da parede e líquido periapendicular também são sugestivos.

A tomografia computadorizada (TAC) é um exame mais preciso para identificar apendicite, revelando apêndice dilatado (> 5 cm) com parede engrossada, gordura peri-apendicular com padrão de “graxa suja”, fecalitos, sinal da ponta da flecha e engrossamento do ceco.

O diagnóstico de diverticulite é essencialmente clínico, com apoio de exames complementares.

A diverticulite é uma inflamação de pequenos sacos que se formam na parede do intestino grosso, geralmente no cólon sigmóide, caracterizada por dor, febre, alterações no hábito intestinal e leucocitose.

A diverticulite pode causar diversos sintomas, incluindo dor na FII, febre, leucocitose, constipação, diarreia, náuseas, vômitos e sintomas urinários, sugerindo flemão pélvico.

O raio-x de tórax pode ser útil para detectar pneumoperitônio em casos de diverticulite, enquanto o raio-x de abdome pode revelar dilatação do intestino delgado, obstrução intestinal e opacidades de partes moles.

A tomografia computadorizada (TAC) é um exame fundamental para diagnosticar diverticulite, mostrando engrossamento da parede intestinal, gordura mesentérica em franjas e abscessos associados.

A classificação de Hinchey descreve os estágios de gravidade da diverticulite, variando de H0, com apenas dor, a H4, com perforação e peritonite fecal.

A diverticulite pode levar à formação de abscessos, que ocorrem quando a inflamação se espalha, limitando-se a um flemão ou progredindo para abscessos.

A maioria dos casos de diverticulite responde ao tratamento conservador com antibióticos, com o dreno percutâneo sendo a escolha para coleções simples e definidas.

Fístulas podem ocorrer em casos de diverticulite, resultando da comunicação de um abscesso com outra víscera, como a bexiga, vagina ou pele.

O tratamento da diverticulite envolve diferentes abordagens, desde o tratamento ambulatorial, com antibióticos e dieta, até a internação, com antibióticos intravenosos, fluidos e repouso intestinal.

Alguns casos de diverticulite exigem cirurgia, especialmente em situações como perforação livre, obstrução, abscesso não pasível de drenagem percutânea

A classificação de Hinchey auxilia na escolha do tratamento, com tratamento conservador para H0 e 1a, e manejo hospitalar para H1b e 2.