Síntese do Novo Testamento PDF

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Este documento fornece uma síntese do Novo Testamento, abordando cada livro individualmente com informações sobre introdução, autoria, data e propósito. É uma forma resumida para estudos bíblicos e oferece uma visão geral dos livros do Novo Testamento.

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SÍNTESE DO IBPM NOVO TESTAMENTO Sumário 1. Introdução 2 2. O Evangelho Segundo Mateus 2 3. O Evangelho Segundo Marcos 4 4. O Evangelho Segundo Lucas...

SÍNTESE DO IBPM NOVO TESTAMENTO Sumário 1. Introdução 2 2. O Evangelho Segundo Mateus 2 3. O Evangelho Segundo Marcos 4 4. O Evangelho Segundo Lucas 5 5. Evangelho Segundo João 7 6. O Livro De Atos Dos Apóstolos 9 7. A Carta Aos Romanos 11 8. As Cartas Aos Coríntios 13 9. A Carta Aos Gálatas 15 10. A Carta Aos Efésios 17 11. A Carta Aos Filipenses 19 12. A Carta Aos Colossenses 20 13. As Cartas Aos Tessalonicenses 22 IBPM 14. Primeira Carta A Timóteo 24 15. Segunda Carta A Timóteo 26 16. A Carta A Tito 26 17. A Carta A Filemom 27 18. Epístola Aos Hebreus 29 19. Epístola De Tiago 31 20. Primeira Epístola De Pedro 33 21. Segunda Epístola De Pedro 35 22. Epístolas Joaninas 37 23. Primeira Epístola De João 38 24. Segunda Epístola De João 39 25. Terceira Epístola De João 40 26. Epístola De Judas 41 27. O Livro Do Apocalipse 43 Elaborado por Adriano Moreira 1 INTRODUÇÃO BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO 1. Introdução Estudar Introdução Bíblica é viajar as páginas das Escrituras e palmilhar o seu território. A você que não teve o privilégio de vivenciar a história bíblica tenha a oportunidade de conhecê-la pelo estudo de seus livros. Nesta apostila conheceremos seus autores, destinatários, propósitos, motivos, temas, proveniências, conteúdos e esboços. Os livros do Novo Testamento que compõem o cânon foram escritos entre 49 e 96 depois de Cristo. Esses livros foram inspirados por Deus e cremos que o mesmo Deus iluminou o seu povo para reconhecimento dos livros inspirados entre outros livros religiosos antigos (Jo 7.17; 1 Co 2.12-13). Portanto, "se reconhece o papel da providência de Deus quanto à origem, seleção e coleção destes escritos”. Bem-vindo ao Novo Testamento! IBPM 2. O Evangelho Segundo Mateus 2.1. Introdução Mateus está em primeiro lugar em todas as listas conhecidas dos livros do NT. É o mais citado na literatura cristã antes de 180 A.D. e destacou-se na Igreja primitiva devido a sua natureza didática e apologética. É o mais "judaico" dos quatro e é melhor compreendido como tendo sido escrito para cristão de fala grega, cuja maioria era de descendentes judeus. Foi escrito primariamente para cristãos judeus de fala grega. Nele há mais de 100 citações do VT. 2.2. Autoria Mateus é um Evangelho Anônimo, pois não há no seu conteúdo nenhuma menção sobre seu autor. Entretanto, a tradição antiga é unânime em atribuir a Mateus a autoria do primeiro Evangelho. Pouca dúvida há de que Mateus, um dos doze, estava de alguma forma associado com o Evangelho que leva o seu nome. O nome Mateus significa "dom de Deus" e aparece em todas as listas dos apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 10.2-4; 3.16-19; Lc 6.13-16; At 1.13). Na lista do primeiro Evangelho, Mateus é identificado como publicano. 2.3. Data Mateus parece refletir a separação e crescente alienação entre judeus cristãos e judeus não-cristãos, entre o cristianismo e o judaísmo e isso faz parte da história da Igreja primitiva em Atos dos Apóstolos. Assim, uma data possível estaria entre 65-75 A.D. 2.4. Estrutura No segundo século foi reconhecido que o Evangelho de Mateus estava dividido em cinco seções, o que poderia ser identificado através do uso de um chavão chamado de "colofão" que é assim traduzido: "E aconteceu que, concluindo Jesus estes ensinos...". Os blocos compreendidos por esses chavões podem ser esboçados da seguinte forma: Elaborado por Adriano Moreira 2 - Mateus 7.28 - Mateus 13.53 1 - O Reino: Sua Natureza e Características 3 - A Inauguração do Reino (11.2-13.53) (4.12-7.28) a) Narrativa introdutória (11.2-12.50) a) Narrativa introdutória (4.12-25) b) Discurso: As Parábolas acerca do Reino b) Discurso: O Sermão da Montanha (13.1-53) (5.1-7.28) - Mateus 19.1 - Mateus 11.1 4 - A Relação de Jesus para com o Reino 2 - A Apresentação e Pregação do Reino (13.54-19.1) (8.1-11.1) a) Narrativa introdutória (13.54-17.21) a) Narrativa introdutória (8.1-9.34) b) Discurso: (17.22-19.1) b) Discurso: Missões (9.35-11.1) - Mateus 26.1 5 - A Última Apresentação Formal do Reino aos judeus (19.2-26.1) a) Narrativa introdutória (19.2-23.39) IBPM b) Discurso: Escatologia (24.1-26.1) 2.5. O Propósito do Evangelho O propósito do autor é demonstrar, sem deixar dúvida, que Jesus é o grande Messias, o Filho de Deus, o verdadeiro Rei prometido de Deus e esperado por muitos anos pela nação judaica. O objetivo do autor é organizar e sistematizar suas conclusões acerca de Jesus, o Cristo. Os Evangelhos foram escritos nos dias de crescente separação entre a sinagoga e a Igreja. Mateus escreveu para combater os dois erros extremos do legalismo e do antinomismo. Dentro da apresentação do Evangelho de Mateus como "o Evangelho do Reino", podemos observar os seguintes propósitos: - O Propósito LITÚRGICO do Evangelho. - O Propósito KERIGMÁTICO (15.24; 10.5,6; 8.11; 24.14; 28.20). - O Propósito DIDÁTICO. - O Propósito APOLOGÉTICO. 2.6. O Tema de Mateus O tema do Evangelho de Mateus é "O Reino do Céu", e o próprio Jesus é verdadeiramente o Rei desse Reino. 3. O Evangelho Segundo Marcos 3.1. Introdução Conforme visto, o Evangelho de Marcos é o mais antigo de todos os quatro Evangelhos e serviu de fonte de pesquisa para os outros. Elaborado por Adriano Moreira 3 3.2. Autoria O Evangelho de Marcos não traz no seu conteúdo o nome do autor, entretanto, no início do segundo século A.D., a autoria deste Evangelho foi atribuída a João Marcos, filho da Maria cuja casa serviu de refúgio de Pedro após escapar da prisão (At. 12.12). O mesmo Marcos que Paulo e Barnabé levaram com eles na Primeira Viagem Missionária (At 12.25). Primo de Barnabé (Cl 4.10,11) que continuou com ele após a separação de Paulo na Segunda Viagem Missionária (At 13.13; 15.37,39). As referências a João Marcos, além das já citadas, são as seguintes: Fm 24; 2 Tm. 4.11; 1 Pd 5.12-13; Mc 14.51-52. 3.3. Data e Local da Escrita A possível data da escrita de Marcos é tirada da probabilidade do local onde Marcos teria escrito o seu Evangelho. Muitas são as evidências de que Marcos esteve em Roma e de lá escreveu o seu Evangelho. Entre essas evidências citamos: - A larga aceitação prematura do livro na igreja ocidental; - Se Paulo escreveu a epístola aos Colossenses de Roma, marcos estava em Roma nessa ocasião; - Se Paulo escreveu 2 Tm e se Timóteo fez o que Paulo pedira, Timóteo e Marcos, então, chegaram a Roma antes da morte de Paulo; IBPM - Se Babilônia, em 1 Pd 5.13 é uma referência velada a Roma, então Marcos estava em Roma com Pedro quando essa carta foi escrita; A data da escrita aproxima-se do início dos conflitos entre a Judéia e Roma e que culminaram com a guerra judaico-romana (66-70 A.D.) e coincide com a proximidade da morte de Paulo, o incêndio de Roma e a estada de Pedro em Roma. Daí a data mais provável seria por volta de 65 A.D. 3.4. Propósito A igreja estava passando por um grave momento. Era uma igreja-mártir. Havia necessidade de uma declaração clara e completa acerca de Jesus Cristo, que havia morrido numa cruz romana, uma vindicação de Jesus e da comunidade cristã. Havia a necessidade de um desafio à fé e a certeza do triunfo final. O Evangelho de Marcos é uma chamada à fé (Mc 5.36; 11.22). Fé significa coragem (6.50, 10.49), fé significa seguir a Jesus (1.17,18; 2.14,15; 3.7; 5.24). O evangelho é uma chamada à entrega, seja qual for o preço. A nota predominante é "Podeis?" (Mc 10.38). Seguir a Jesus é entrar no Reino de Deus (10.13- 31), é estar com ele (Jesus), formando uma nova família (3.14, 5.18; 1.20, 29-36; 3.19-21,31-35; 6.1-6). 3.5. Marcos e Pedro Percebemos a grande afinidade de Marcos com Pedro pelo fato de Marcos ter estado com Pedro em Roma. Os pais da igreja são enfáticos ao afirmarem que João Marcos coletou seu material de Pedro. 3.6. Teologia A teologia de Marcos é centrada em Jesus como o Servo do Senhor. Seu versículo chave pode ser Mc 10.45. O Evangelho de Marcos é realista, vivo e prático e vai diretamente aos feitos de Jesus, ressaltando seus milagres. Assim, Marcos descreve o "serviço" prestado pelo Servo do Senhor. Filho do Homem é o tratamento predileto de Marcos para Jesus. Dessa forma Marcos exalta a humanidade de Jesus, sem, contudo, rebaixar sua divindade, pois demonstra pelos milagres e poder de Jesus sobre os demônios que ele era o Cristo, o Filho de Deus. Elaborado por Adriano Moreira 4 3.7. Esboço do Evangelho de Marcos INTRODUÇÃO (1.1-13) O MINISTÉRIO DE JESUS NA GALILÉIA (1.14-6.29) O MINISTÉRIO DE JESUS EM REDOR DA GALILÉIA (6.30-44) O MINISTÉRIO DE JESUS NO CAMINHO PARA A JUDÉIA (10.1-16.8) AS APARIÇÕES DE JESUS (16.9-18) A ASCENSÃO DE JESUS (16.19,20) 4. O Evangelho Segundo Lucas 4.1. Introdução O Evangelho de Lucas tem particularidades que o torna um dos mais belos livros já escritos. Algumas características que são peculiares a Lucas são as ênfases que ele dá em assuntos como: mulheres (1.5-7, 26-56; 2.34, 36-38, 51), crianças (1.41,76,80; 2.7,12,16,33,40), pobres (1.48, 53; 2.24; 4.18), samaritanos (9.51-56; 10.25-37), a oração (2.37; 3.21), o Espírito Santo (1.41,67; 2.25-27; 3.22; 4.1,14), o regozijo (1.24-25,28,46-56,64; 2.10,13,21,28,38,41) e a partilha (3.11-14). IBPM 4.2. Autoria É aceito de forma quase que unânime o fato de que Lucas escreveu tanto o Evangelho de Lucas como o Livro de Atos dos apóstolos: no início de cada Livro o autor se dirige a mesma pessoa, no prefácio de Atos o autor se refere a um volume anterior acerca dos atos de Cristo, além da semelhança de estilos e de vocabulário. Os dois livros se complementam no sentido de que o primeiro, o Evangelho de Lucas, relata os princípios da história do cristianismo e o segundo, a continuidade e o estabelecimento do cristianismo, fato esse que fica patente ao observarmos o término de Atos. O que se sabe de Lucas pode ser encontrado nas seguintes referências: Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm 4.11 e daí se chega às seguintes conclusões: Lucas era médico, era gentio, era companheiro do apóstolo Paulo. Marcião, ao compor o seu cânon do Novo Testamento, adotou uma versão mutilada do Evangelho de Lucas quando, um anti-marcionita, ao fazer uma crítica a Marcião em defesa do Evangelho de Lucas, escreve: “Lucas é um sírio de Antioquia, um médico por profissão, que foi discípulo dos apóstolos, e posteriormente acompanhou Paulo até o seu martírio. Serviu ao Senhor sem cessar, solteiro, sem filhos, e dormiu com a idade de 84 anos na Beócia, cheio do Espírito Santo”. 4.3. Data e Lugar da Obra Com relação à data de Lucas, é preciso considerar o fato de que Marcos lhe serviu de fonte de consulta e, se isso for aceito como verdadeiro, a data da escrita do Evangelho de Lucas deve ser colocada após a escrita do Evangelho de Marcos. Uma data mais aproximada para Lucas ter escrito o seu Evangelho e Atos dos Apóstolos seria por volta de 70 d. C. O local da escrita, tem-se como evidência mais antiga, um prólogo Anti-Marcião, que afirma que Lucas escreveu de Acaia. Por causa do número de referências a Antioquia da Síria (treze em Atos) essa cidade não somente foi o lar de Lucas, mas também o lugar de onde escreveu Lucas-Atos. Entretanto, o máximo que se pode afirmar com convicção é que Lucas-Atos foi escrito de fora da Palestina. Elaborado por Adriano Moreira 5 4.4. Alvo do Escritor O PROPÓSITO DE LUCAS AO ESCREVER O SEU EVANGELHO PODE SER ASSIM RESUMIDO: EMBASAMENTO DA VERDADE DO EVANGELHO (LC 1.4). PRODUZIR UM RELATO ORDENADO DOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO. DISCERNIMENTO CORRETO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO. A PARUSIA. 4.5. Estrutura e Esboço do Evangelho de Lucas A estrutura do Evangelho de Lucas pode ser assim organizada: PREFÁCIO: 1.1-4 NARRATIVA DO NASCIMENTO E INFÂNCIA DE JESUS: 1.5-2.52 ATIVIDADE DE JESUS NA GALILÉIA: 3.1-9.50 CAMINHADA A JERUSALÉM, PRIMEIRA PARTE: 9.51-13.30 CAMINHADA A JERUSALÉM, SEGUNDA PARTE: 13.31-19.27 JESUS EM JERUSALÉM: 19.28-24.53 Um esboço resumido do Evangelho de Lucas pode ser: IBPM PREFÁCIO (1.1-4) AS NARRATIVAS DO NASCIMENTO E INFÂNCIA DE JESUS (1.5-2.52) INTRODUÇÃO AO MINISTÉRIO DE JESUS (3.1-4.13) O MINISTÉRIO NA GALILÉIA E NAS CIRCUNVIZINHANÇAS (4.14-9.50) A CAMINHADA A JERUSALÉM (parte 1) – 9.51-13.30 A CAMINHADA A JERUSALÉM (parte 2) – 13.31-19.27 O MINISTÉRIO EM JERUSALÉM (19.28-22.53) A PAIXÃO DE JESUS (22.54-23.56) A RESSURREIÇÃO DE JESUS (24.1-49) A ASCENSÃO DE JESUS (24.50-53 5. Evangelho Segundo João 5.1. Introdução Embora o Evangelho de Lucas seja considerado a mais bela literatura do Novo Testamento, não sobrepuja a sublimidade e a invulgaridade do Evangelho de João. O Evangelho de João é o mais teológico de todos os evangelhos. Apenas sete milagres são narrados nele e nenhuma parábola. Os discursos de Jesus são centrados em sua própria pessoa e não no Reino de Deus como é a ênfase nos demais evangelhos. O Evangelho de João apresenta uma estreita relação de Jesus com seus discípulos e seu conteúdo discute profundamente a natureza de Jesus Cristo e o significado da fé nele. 5.2. Autor Elaborado por Adriano Moreira 6 O autor do quarto Evangelho era alguém familiarizado com a tradição judaica (Jo 1.19-28); Alguém que conhecia as rivalidades entre judeus e samaritanos pelo que se depreende do encontro de Jesus com a mulher samaritana (4.9); Alguém que conhecia a geografia palestina e seus detalhes, como o Poço de Siloé, a aldeia de Betânia, o ribeiro Cedron, detalhes que apontam para fora de Jerusalém (9.7; 11.18; 18.1); Alguém que conhecia a Galiléia (1.44; 2.1) e Samaria (4.5,6,21). O autor do quarto Evangelho foi alguém que se colocou dentro da narrativa do texto ao citar o pronome “nós” como participante dos eventos que narra, além de colocar-se como testemunha do que estava escrevendo (1.14; 19.35). O autor descreve o ambiente em que se dão os fatos com tantos detalhes que demonstra ter estado presente no momento dos acontecimentos que narra (4.6; 2.6; 12.3,5). O autor se identifica como “o discípulo amado”, dizendo ser ele o que escreveu este evangelho (13.23; 21.20-24). Essas características apontam para alguém muito próximo de Jesus, um dos doze apóstolos que esteve IBPM muito perto de Jesus na última ceia (13:23), no julgamento (18:15,16) e na cruz (19:26,27). Assim, João, o apóstolo, filho de Zebedeu e de Salomé, que, provavelmente, era irmã de Maria, mãe de Jesus (Mc 1.19,20; Mt 27.56; Mc 15.40; Jo 19.25). 5.3. Data e Local Tem sido difícil datar o Evangelho de João. As possibilidades variam desde 40 a 140 d.C. Apesar de todas as dificuldades, tem-se procurado um consenso em torno de uma data posterior à destruição de Jerusalém e que coadune com a teologia, julgada avançada, do Evangelho de João. Prefere- se, assim uma data em torno do final do primeiro século d. C. quando a Igreja tinha atingido uma certa medida de maturidade, e quando havia necessidade de avançar no ensino do que dizia respeito a natureza da fé. O lugar provavelmente foi da Ásia Menor, de Éfeso. 5.4. Propósito Bem mais fácil de identificar é o propósito do Evangelho de João, pois o próprio autor o revela no capítulo 20.30,31. Nesta referência se tem não só o propósito, mas também uma estrutura construída em torno de palavras especiais utilizadas por João. As palavras SINAIS, CREAIS e VIDA se ligam numa relação de interdependência: SINAIS: João organiza o Evangelho em torno de 7 milagres, onde seis deles só aparecem nesse Evangelho. São os seguintes os sete sinais: a transformação da água em vinho nas bodas de Caná (2.1-11); a cura do filho de um régulo (oficial do rei, possivelmente Herodes Antipas); Cura de um homem paralítico (5.1-9); multiplicação dos pães e dos peixes (6.1-14); caminhando sobre as águas (6.16- 21); cura do cego (9.1-12); ressurreição de Lázaro (11.1-46). CREAIS: Os sinais são para que creais. Esta é a palavra-chave desse Evangelho, usada 98 vezes por João. Significa entrega completa do indivíduo a Cristo. Nisto a fé produz a dinâmica do crescimento da vida cristã. Convencido por sinais, o crente avança num processo crescente de fé. VIDA: Soma total de tudo o que é concedido ao crente na salvação. É a mais alta experiência de que a humanidade é capaz. Elaborado por Adriano Moreira 7 5.5. Estrutura, Conteúdo e Esboço A estrutura do Evangelho de João pode ser construída em torno do seu propósito. Uma vez que os sinais descritos por João servem a este propósito, pode-se estruturar o quarto Evangelho em torno dos sinais descritos, o que pode ser tomado também como um esboço desse Evangelho: TEMA: O Evangelho da Fé PRÓLOGO: 1.1-18 ​ O LOGOS em sua existência eterna absoluta (1.1) ​ O LOGOS em relação a criação (1.2-18) O LIVRO DOS SINAIS: Primeiro sinal: Transformação da água em vinho em Caná. Ensino: Jesus é o cumpridor do velho e o doador do novo (1.19-3.36) Segundo sinal: A cura do filho do régulo. Ensino: Jesus é superior à dimensão do espaço (4.1-54) IBPM Terceiro sinal: A cura do homem paralítico. Ensino: Jesus é superior à dimensão do tempo e revela a Unidade do ser e atividade do Pai e do Filho (5.1-47) Quarto sinal: Alimentação das multidões (6.1-14) Ensino: Jesus é sustentador e provedor da vida Quinto sinal: O caminhar sobre as águas (6.16-21) Ensino: Jesus é o Salvador e superior às leis naturais Sexto sinal: A cura do cego (9.1-12) Ensino: Jesus é superior aos infortúnios e é a luz do mundo (7.10-10.42) Sétimo sinal: Ressurreição de Lázaro e ressurreição de Jesus Cristo (11.1-46; 13.1-20.31). Ensino: Jesus é superior à morte, é Emanuel - Deus conosco. EPÍLOGO (21.1-25) O Senhor e o corpo de discípulos (21:1-14) O Senhor e os discípulos como indivíduos ( 21:15-23) Observações conclusivas (21:24-25). Elaborado por Adriano Moreira 8 6. O Livro De Atos Dos Apóstolos 6.1. Introdução Pelo que se pode depreender da introdução do livro de Atos dos Apóstolos, ele é um segmento do Evangelho de Lucas, pois ambos se referem ao mesmo destinatário: Teófilo. Desta forma, as mesmas bases já citadas para comprovarem a autoria de Lucas para o terceiro Evangelho, se aplicam também para o livro de Atos. Portanto, quanto ao autor do livro dos Atos dos Apóstolos será conveniente estudar o que já foi escrito a respeito do Evangelho de Lucas. 6.2. Data Uma vez admitindo-se que Atos dos Apóstolos é um segundo volume dos escritos de Lucas, temos uma primeira pista para datarmos Atos, isto é: foi escrito em data posterior ao Evangelho de Lucas e antes da destruição de Jerusalém com o término da guerra judaico-romana. O que coloca Atos dentro de uma data aproximada de 70 d.C. IBPM 6.3. Propósito O livro de Atos dos Apóstolos começa fazendo uma retrospectiva do final do Evangelho de Lucas e isto mostra que o propósito de Lucas era o mesmo para os dois volumes escritos: fazer um registro ordenado da vida de Jesus Cristo e seu ministério, desde o seu nascimento até o cumprimento da promessa da descida do Espírito Santo e a sua atuação no ministério da Igreja que é a própria continuação do ministério de Jesus Cristo. Portanto, o propósito de Lucas ao escrever Atos dos Apóstolos não foi para mostrar a expansão geográfica do cristianismo, não foi para narrar os feitos do Espírito Santo, também não foi para narrar os atos dos apóstolos, tampouco foi para relatar sobre o catolicismo primitivo, mas foi para REGISTRAR A BASE (Evangelho de Lucas) e O CRESCIMENTO DA IGREJA (Atos). Em Atos dos Apóstolos temos a continuação do ministério de Jesus pela Igreja que ele mesmo fundara. 6.4. Características O livro dos Atos dos Apóstolos é considerado o único livro histórico do Novo Testamento. Portanto, Atos dos Apóstolos é de valor inestimável para a compreensão dos primórdios, da origem, do desenvolvimento e estabelecimento da Igreja de Jesus Cristo. A história do livro de Atos abrange um período que vai da crucificação de Cristo (cerca de 29 d.C.), até o fim da prisão de Paulo em Roma (60 d.C.). 6.5. Esboço POR SEÇÕES: Introdução (1.1-11) Origem da Igreja: Jerusalém (1.12-8.3) Período de transição: Samaria (8.4-11.18) Elaborado por Adriano Moreira 9 Expansão para os gentios (11.19-21.14) Prisão e defesa de Paulo: Cesaréia e Roma (21.15-28.31) PELOS REGISTROS DE CRESCIMENTO: Atos 2.47 Atos 5.14 Atos 6.7 Atos 9.31 Atos 12.24 Atos 16.5 Atos 19.20 Atos 19.21 a 28.31 - fatos sobre a vida de Paulo PELOS REGISTROS DAS PERSONAGENS COMO FIGURAS CENTRAIS: Pedro (capítulos 1 a 5) Estêvão (capítulos 6 e 7) IBPM Pedro, Barnabé, Filipe, Saulo de Tarso (capítulos 8 a 12) Paulo (capítulos 13 a 28) PELA COMPARAÇÃO ENTRE OS MINISTÉRIOS DE PEDRO E PAULO Pedro o apóstolo dos judeus; Paulo, dos gentios. Pedro trabalhou muito em Jerusalém; Paulo, no mundo gentio. O discurso de Pedro no dia de Pentecoste (2.14-40); o discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia (13/16-42) A cura de um coxo por Pedro (3.1-10), a cura de um coxo por Paulo (14.8-10) O juízo de Pedro sobre Ananias e Safira (5.1-11), o juízo de Paulo sobre Elimas (13.6-11). A libertação de Pedro da prisão em Jerusalém (5.19,21; 12.1-11), a libertação de Paulo da prisão em Filipos (16.19-30). Os ensinos de Pedro e de Paulo sobre o Espírito Santo (2.38; 19.2-6). O papel da ressurreição de Jesus Cristo nas mensagens de Pedro e de Paulo (2.24-36; 3.15,26; 4.2; 5.30; 10.40,41 – 13.30-37; 17.3,18,31; 24.15,21; 25.19; 26.8,23). 6.6. A Conclusão do Livro de Atos O livro de Atos dos Apóstolos termina de forma incomum com um advérbio: DESIMPEDIDAMENTE. Certamente o autor, Lucas, quis mostrar que, a despeito da prisão de Paulo, a obra do Senhor Jesus Cristo não terminara, porém avançava desimpedidamente. Elaborado por Adriano Moreira 10 7. A Carta Aos Romanos 7.1. Introdução Esta carta tem sido descrita de várias maneiras: “o evangelho segundo Paulo”. “O coração do evangelho para o coração do Império”. “O evangelho da justiça de Deus”. “A mais extensa e cuidadosa composição de Paulo, a mais claramente construída, ultrapassando todas as outras em importância teológica”. 7.2. Autenticidade e Autoria De todos os escritos de Paulo, este é o que mais se caracteriza pelo labor teológico, e profunda penetração nas verdades cristãs. É obra de mérito teológico, literário e filosófico, excelente compêndio de dialética, e supera a muitas congêneres da literatura judaica. O cristianismo não tem, no cânone das Escrituras, um livro de tamanho descortino com este. Nele é que Paulo lança os fundamentos da sólida doutrina da justificação pela fé, e demonstra a natureza vicária da morte de Jesus. O argumento, por fim, contrapõe-se à doutrina da eficácia das boas-obras, e prova que a raça humana não está condenada implicitamente por causa do desmerecimento dessas mesmas obras. Em contraste com o ensino judaico, o apóstolo coloca a máxima cristã: a fé em oposição às obras é o IBPM significado da salvação. Consideremos a epístola como um escrito de Paulo. A menos que você duvide da existência de Paulo. Os argumentos contra a autoria paulina tem sido incapazes de provar e até mesmo os teólogos mais liberais aceitam a autoria paulina. 7.3. Propósitos e Peculiaridades da Carta Paulo quer apresentar a doutrina cristã sistematicamente, para uma igreja não apostólica. Paulo queria preparar o caminho para a sua chegada em Roma. Um propósito polêmico da carta seria uma ação contra o movimento separatista de cristãos judeus na igreja. Uma forte oposição aos judeus incrédulos. Romanos é uma carta escrita para uma igreja desconhecida. Sua lista de saudações é singular. A obra é tanto um tratado teológico como uma carta. É a maior de todas as epístolas paulinas (a Magna Carta do cristianismo). A carta dá uma interpretação própria e especial ao Antigo Testamento. A carta não trata de problemas práticos. 7.4. Destinatário O trabalho evangelístico de Paulo incluía o campo missionário da cidade de Roma. Visitara muitas cidades das terras gentílicas nas quais semeou e colheu abundantemente o que férteis corações produziram quando germinou a semente da fé; mas não tivera ainda oportunidade de estar em Roma. Nem por isso deixou de comunicar-se com os crentes da metrópole; fê-lo por meio da epístola (1.7). Creio que a igreja em Roma é fruto da expansão do cristianismo forçada pela perseguição nos dias de Estevão. Naturalmente a congregação se constituiu, a princípio, dos que fugiram à perseguição em Jerusalém. Elaborado por Adriano Moreira 11 Havia dois grupos distintos na igreja: o judaico e o gentílico. Mas a epístola não separa um nem despreza o outro. A igreja devia ser de gentios que vieram a Cristo através do judaísmo, e não direto do paganismo. Era judaica porque Paulo discute como judeu com judeus, e gentílica porque se dirige como a tais (11.13). 7.5. Lugar e Data Paulo estava na casa de Gaio (16.23). E Gaio morava em Corinto (1 Co 1.14). Paulo ia para Jerusalém e levava as coletas levantadas na Macedônia e na Acaia (15.25,26). É o princípio de uma viagem que acabaria em Roma. O itinerário fica bem conhecido mediante a combinação destes textos: At 20.1-3,22; 19.21; 21.15. Paulo passou pela Macedônia e estava na Acaia, e dali saíra para Jerusalém e chegaria até Roma. Estabelecidas estas coisas, conclui-se que a carta foi redigida durante a 3ª viagem missionária. Paulo a começou por Antioquia, passou 3 anos em Éfeso; seguiu para a Macedônia e veio para Corinto onde ficou 3 meses. Em Corinto escreveu a epístola aos Romanos. Se Paulo de fato passou o inverno na Acaia, como é de se esperar, não se estará fora da data optando pela do princípio do ano de 58 a.D. 7.6. Doutrinas Teológicas Básicas na Carta aos Romanos IBPM Pecado: 1.18-32 - idéias erradas a respeito de Deus; 2.1-16 - Paulo diz que ele também é culpado; 2.17-28 - o conhecimento da Lei não nos justifica; 3.9-20 - todos são culpados; 3.23 - todos pecaram como indivíduos isoladamente; 5.12-21 - justificação em Cristo do pecado em Adão. Lei: 2.12-29 - a vontade de Deus e a lei são sinônimos; 3.19-31 - a justiça de Deus se manifesta também fora da lei. A lei revela a fraqueza da carne e do pecado; 5.20 - sobreveio a lei para aumentar nossos problemas? A lei foi abolida pela graça? Não ela foi confirmada. Ira e Julgamento: 1.18; 2.5,8; 3.5-8; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19. Ira de Deus é conseqüência do pecado. Justificação: verso chave 1.16,17; 3.21-26. Expiação/Sacrifício: 5.6-11; 3.24-25. Paulo demonstra a iniciativa divina quanto a situação catastrófica da humanidade pecadora. Reconciliação: 5.10-11. É um estado de hostilidade entre Deus e o homem que termina pela reconciliação. Nós ganhamos o acesso, entramos no estado de paz pela morte de Cristo. Santificação: capítulos 6 a 8. Em todos estes textos nós temos um desenvolvimento da doutrina - santificação dá uma idéia de separação. O próprio conceito de batismo (6.1-14) vem dentro deste contexto de santificação. Uma nova obediência (6.15-23), libertos da lei no aspecto legal não no moral (7.1-6), na nova vida em Cristo (7.7-25), vida no espírito (8). A vida prática: capítulos 12 a 16. A nossa vida comum em Cristo (12), o relacionamento do cristão com os poderes ou autoridades cívicas (13.1-7), o crente em relação as crises (13.11-14), o relacionamento com os fracos (14.1-15.6). Judeus e Gentios: capítulos 9 a 11. Nós temos estes aspectos da justiça de Deus revelada nos propósitos eternos. Elaborado por Adriano Moreira 12 8. As Cartas Aos Coríntios 8.1. Introdução A cidade de Corinto localizada na parte sul da Grécia, situada junto ao ínstimo, está numa faixa muito estreita de terra servindo de passagem entre o norte e o sul, todo o tráfego de mercadorias passava por lá. A vida era muito movimentada, o comércio era bem fluente por toda a cidade, perfumes, lãs, escravos, etc. A cidade tinha vários apelidos: ponte da Grécia, sala de estar da Grécia, era mais ou menos como Londres e Paris. Ali havia os jogos ínstimos que só eram inferiores aos jogos olímpicos. Korinthiazesthai - forma de vida pecaminosa determinada pela embriaguez, imoralidade, que era bastante freqüente entre os moradores. Dentro da cidade havia o morro de Acrópole, ali havia o templo da deusa do amor Afrodite. Neste templo trabalhavam 1000 sacerdotizas que eram prostitutas sagradas e isso caracterizava a cidade porque ao terminar o trabalho no templo elas desciam para a cidade e tomavam conta dela. Corinto virou sinônimo de riqueza, luxo, imoralidade. A cidade de Corinto é muito antiga e inicialmente foi usada na construção de navios gregos de guerra. No ano de 146 a.C. foi destruída na conquista dos Romanos, pois se tornara o centro de resistência. No ano 46a.C. Júlio César a reconstruiu, transformando-a numa colônia romana capital da província da Acaia e IBPM colocou ali veteranos do exército romano principalmente oficiais. 8.2. Paulo e Corinto Paulo ficou mais tempo em Corinto do que em outra cidade com exceção de Éfeso (18 meses). É tão fácil lembrar que a história ficou registrada em At 18.1-17. Quando chegou a Corinto ele estava desanimado depois de um bom início em Filipos foi logo perseguido por fanáticos e a mesma coisa aconteceu em Tessalônica e Beréia. E em Atenas não teve muito sucesso (1 Co 2.3). Os seus companheiros Silas e Timóteo ficaram na Macedônia. Chegando em Corinto se hospedou logo na casa de Priscila e Áquila, judeus expulsos de Roma por um decreto do Imperador Cláudio (18.3), discutia todos os sábados na sinagoga. Foi então falar aos gentios e muitos coríntios foram salvos. Após a sua saída de Corinto Paulo visitou a cidade pelo menos três vezes e escreveu 4 cartas. A primeira quando a igreja foi organizada; a segunda foi a visita dolorosa (2 Co 2.1); a terceira foi depois da 2ª carta ter sido escrita (2 Co 13.1). As quatro cartas são: 1ª é a carta anterior (1 Co 5.9); a 2ª é 1 Co; a 3ª é a carta severa (2 Co 2.4); a 4ª é 2 Co. 8.3. Autenticidade e Autoria Poucos escritos canônicos do período da formação do Novo Testamento obtiveram tão fácil aceitação como estes. As provas que lhe asseguram a apostolicidade são valiosas, tanto externas como internas. Clemente de Roma e os demais pais da igreja também concordam com a autoria paulina. As provas internas são abundantes. Elas retratam a personalidade inconfundível de Paulo e o seu caráter ilibado. As cartas se relacionam com Atos dos Apóstolos (1 Co 3.6; 4.17 com At 19.21-22; 1 Co 16.19, 5-6 com At 20.1-3; 1 Co 1.14 com At 18.8). Estas provas e outras que facilmente se podem ver da relação íntima que há entre ambas as epístolas, são suficientes para esclarecer-nos a autenticidade e a autoria. Elaborado por Adriano Moreira 13 8.4. A Igreja de Corinto Corinto, a capital da província grega da Acaia, situada no sopé do monte Corinto, foi construída para fins militares como fortaleza, cuja missão era defender o Peloponeso das invasões inimigas. Era a porta do Peloponeso fechada com dobradiças pesadas e maciças em suas portas. Passa por ela um canal que liga os mares Egeu e Iônico entre si. Com topografia privilegiada, em pouco tempo tornou-se uma das mais importantes cidades gregas, o centro comercial e cultural da redondeza - a lâmpada de toda a Grécia - como dizia Cícero. Foi destruída pelo exército romano em 146 a.D. e 100 anos mais tarde foi reconstruída. Ressurgiu insólita, desafiando as cidades que lhe furtaram a glória de há muito disputada; e, populosa e florescente, recuperou tudo o que perdera, menos o espírito grego que sempre fizera de seu povo um povo de bons costumes. Se primitivamente fora conhecida pela ciência e pelas artes que estimulava, reconstruída, celebrizou-se pela devassidão a que se entregara, tanto que nela imperava a lascívia. A colônia judaica era a única força moral e religiosa, o dique resistente que se opôs a esse estado de coisas lastimável. As sinagogas desempenharam excelente papel no saneamento moral da sociedade. Paulo buscou contato com os judeus, com os quais manteve palestras publicamente, e lhes anunciava a Jesus. Mais um pouco e crescia o número de obreiros no novo campo missionário. Timóteo e Silas são os IBPM melhores colaboradores. Paulo encontrara o casal Áquila e Priscila. O evangelho passou a ser pregado em casa desses irmãos. Nascia a igreja cristã na cidade de Corinto. Não foi sem sacrifícios que aí se impôs o cristianismo. Tumultos e outros obstáculos apareceram, engendrados pelos judeus intolerantes, que não se conformavam com a mensagem do Senhor. As cartas são documentos que atestam a facilidade com que a igreja se dividia para lutar contra si mesma, como se o mundo, o diabo e a carne não lhe fossem os verdadeiros adversários. Estes problemas da igreja em Corinto permaneceram já que a igreja estava num centro cosmopolita. Era preciso aproveitar da melhor maneira as circunstâncias do trabalho para que a igreja dividida não se prejudicasse mais do que se prejudicara. Paulo não resolvera para sempre os problemas, mas durante o seu pastorado, coibiu os abusos, desde a licença até o desvirtuamento da Ceia do Senhor, que, de um ato de fé que era, ia se parecendo com banquete pagão. Não foi desprezada pelo apóstolo, antes foi amada e cuidada com paciência. 8.5. Integridade e Propósito A correspondência de Paulo com a igreja de Corinto não está, infelizmente, conservada em ordem. As dificuldades continuaram na igreja, coadjuvadas por demonstrações de hostilidade a Paulo. A primeira carta havia criado certa animosidade. Mas o apóstolo não foi a Corinto. Decidiu enviar a Tito para desfazer o impasse havido entre a igreja e o pastor. Tito levara uma nova carta, uma em que o velho apóstolo defende veementemente a legitimidade do seu apostolado. Passada a refrega, de novo Paulo abre o coração, e, por via de outra carta, volta-se amoroso aos crentes de Corinto. É leve, terna e conselheira repassada de um tom especial de bondade, preço cobrado a terceira carta que se parece mais com uma repulsa a um insulto. Paulo devia explicações à igreja. Mandara a Tito e agora explica o motivo. Não escondeu a causa. Fez-lhes saber que embora o levasse a intenção, evitara o encontro para os poupar (2 Co 1.15-24). Manso e atencioso escreve desde 2 Co 7.2 até 9.15, e promete visitar a igreja e, nessa ocasião, tomar as ofertas destinadas as crentes pobres de Jerusalém. Elaborado por Adriano Moreira 14 8.6. Local e Data Paulo viera a Corinto e depois de demorar alguns dias em Atenas (At 18.1). Um ano e meio se passaram e ele seguira para Éfeso acompanhado de Áquila e Priscila. Depois sozinho, ele continuou o ciclo de suas viagens para Cesaréia, Jerusalém e Antioquia, concluindo-o pela região Frígio-Gálata (At 18.18-23). Mais um pouco e retornava para a Ásia, e por três anos trabalhou em Éfeso dirigindo dali o movimento evangelístico em toda a província (At 19.1 a 20.31). 9. A Carta Aos Gálatas 9.2. Introdução A Galácia é uma larga tira de terra na Ásia menor habitada por uma raça mista, onde predominavam os gauleses, que provavelmente vieram da região conhecida hoje como França mais ou menos no ano 300 a.D., e a saída deu-se por uma campanha militar. Há várias correntes sobre a que grupo específico mandou Paulo a carta. As duas principais são: Galácia do Sul ou do Norte (At 16.6. 18.23). A Galácia, tornou-se uma província romana no ano de 25 d.C., depois que o último rei gaulês morreu. A patrística defende que Paulo escreveu a Galácia do Norte. Porém, não há referências no livro de Atos de que Paulo tenha visitado a Galácia do Norte. Se pensarmos na Galácia do IBPM Sul, a carta seria a primeira que Paulo escreveu. Se o contrário esta teria sido escrita após o Concílio de Jerusalém (Atos 15), no ano 49 d.C. Por que se deduz que Paulo a escreveu após o Concílio? Porque se fizermos um paralelo entre a carta dos Gálatas e alguns textos de Atos, veremos que há consideráveis semelhanças (Gl 1.2 com At 13.14; 14.21; Gl 1.18 com At 9.26; Gl 2.2 com At 11.30). 9.2. Autoria Gálatas goza do privilégio da unanimidade na questão de sua autoria paulina. Desde a patrística, os reformadores, os liberais, os contemporâneos aceitam a autoria de Paulo para esta epístola. Usando Gálatas é possível formar um retrato de Paulo. Por exemplo: 1.13 há uma visão de sua vida pré- cristã; 1.14 indica que Paulo queria fazer carreira dentro do judaísmo; 1.15-16 relata seu chamamento apostólico; 1.11 diz que Paulo recebeu sua missão diretamente de Cristo e não de homem algum; 1.11 apresenta um pregador em essência e não um teólogo teórico; 2.2 diz que Paulo busca um isolamento para organizar suas idéias e preparar-se para executar suas tarefas e que a sua experiência na Arábia foi um contato direto com Cristo e não espiritual; 2.19-20 destaca uma experiência pessoal de Paulo com Cristo Vemos também um Paulo humano, e alguns sentimentos profundamente humanos na carta: 1.16 - atônito; 3.1 - decepção; 4.11 - temeroso; 4.20 - perplexidade; 2.14 - franqueza. Seus aspectos físicos também são mencionados: 4.13 - enfermidade da carne; 4.15 - problemas na vista; 4.14 - não tinha uma aparência desagradável; 6.17 - há dúvidas, de que as “marcas” seriam reais ou simbólicas. 9.3. Lugar e Data A carta trata da questão que motivou o Concílio de Jerusalém, e destina-se às igrejas que Paulo fundara durante a primeira viagem missionária. Paulo e Barnabé, depois de irem às cidades de que falam Atos 13 e 14, voltaram seguindo o mesmo percurso, e de novo chegaram à Antioquia da Síria, o ponto de partida. Demoraram-se ali algum tempo, e se surpreenderam com a chegada de uns homens que desceram de Jerusalém e andavam por toda parte Elaborado por Adriano Moreira 15 ensinando a circuncisão segundo o rito de Moisés, como condição para se salvar. A controvérsia de Paulo e Barnabé com eles foi inevitável. Estes pediram que os apóstolos e presbíteros de Jerusalém fossem ouvidos a respeito do assunto da polêmica. Paulo, de volta da viagem, e sabedor de que alguns já acompanhavam os judaizantes, escrevera a carta às igrejas da Galácia, muitíssimo admirado de que tão depressa estivessem os crentes passando do evangelho da graça de Cristo para um evangelho diferente (1.6). A epístola fora escrita de Antioquia da Síria, e data do intervalo das chamadas primeira e segunda viagens missionárias, um pouco depois das primeira e segunda viagens missionárias, um pouco depois da reunião de Jerusalém, lá pela última parte do ano de 49 a.D 9.4. A Igreja Durante a sua viagem Paulo parou na Galácia por causa de uma enfermidade (4.13), e ele entendia que sua enfermidade foi uma intervenção do Espírito Santo de Deus. A ênfase da mensagem aos Gálatas foi Cristo crucificado. Aparentemente foi recebido como “anjo de Deus” (4.14). O apóstolo foi quem fundou ali na Galácia uma igreja (1.6) e Paulo e os Gálatas fizeram um verdadeiro voto de amor (4.15). 9.5. Os Propósitos da Carta Os Celtas possuíam um temperamento volúvel, gostavam da variedade e se admiravam da aderência. IBPM Quando os judaizantes passaram por lá, anunciando a salvação por obras e a necessidade da circuncisão eles abraçaram este pensamento (1.6-9). Paulo quando ouviu deste desvio doutrinário da igreja, reconheceu a necessidade de uma intervenção urgente. E há os que defendem que ele mesmo escreveu a carta (6.11). Obviamente o propósito é atacar uma heresia judaizante que estava penetrando na igreja. O que era a heresia judaizante? Os cristãos judeus que exigiam a observância da lei judaica e os seus costumes e principalmente a circuncisão (Atos 15.1) se opunham a mensagem de Paulo sobre a fé e a liberdade cristã alcançada pela graça de Deus. Toda a carta é um grito de alerta, uma explosão homilética (4.11; 5.4; 5.7; 2.16; 5.1). 9.6. Peculiaridades da Carta Há um tom estranho de rigor nesta carta. Ele inicia a carta sem nenhuma palavra de louvor e ações de graça. Não há nenhum pedido de oração nesta carta. Gálatas trata em controvérsia, que Romanos expõe sistematicamente, principalmente a doutrina da justificação pela fé. Ênfase a natureza interior e espiritual da fé cristã em contraste com o legalismo, liberalismo (2.20; 1.16; 4.6; 4.19). Mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento Gálatas é um instrumento de emancipação do cristianismo. Emancipação do que? Do judaísmo, do legalismo, romanismo, liberalismos, ritualismos, etc. 9.7. Relevância de Gálatas Para Hoje É uma advertência séria contra o legalismo - os legalistas judaizantes eram sinceros em sua forma de praticar o cristianismo. Também os legalistas atuais são sinceros. O método legalista é muito atraente e facilita um procedimento simples. Nós precisamos reexaminar os nossos princípios básicos. Esse formalismo que existia na Galácia também existe hoje e da mesma forma prejudica a igreja. Elaborado por Adriano Moreira 16 É um ataque a tendência moderna da libertinagem - ao mesmo tempo que condena o legalismo ataca a libertinagem. A epístola aos Gálatas tem a mensagem de que o bem-estar da comunidade às vezes depende de nossa liberdade. Antes da liberdade deve vir o amor ao próximo, ao irmão e a comunidade (5.13; 5.22). O uso que Paulo faz do Antigo Testamento - citações diretas, alusões indiretas, alegorias. Será que o uso é normativo? Será que está sendo estabelecida em Gálatas uma norma hermenêutica? 10. A Carta Aos Efésios 10.1. Introdução A epístola ao Efésios tem duas partes distintas: uma doutrinária e outra inteiramente prática. A doutrinária discute o ensino sobre eleição (1.4-5). É um mistério, e seu conhecimento implica a posse de toda a Sabedoria, e o assentimento da mensagem messiânica - o que crê tem o selo do Espírito Santo - o penhor da herança para a possessão de Deus (1.14). Os três últimos capítulos se esgotam em considerações práticas. Exortações aos crentes para que se mantenham unidos. Recomendações especiais sobre a unidade da fé - um só Senhor, uma só fé, um só batismo (4.5). O autor mostra como Cristo é a cabeça da igreja, e em que sentido a comunidade cristã deve IBPM compreender e manter a unidade. Em seguida vem um capítulo dedicado aos novos crentes, e que trata do contraste entre a santidade cristã e os costumes gentílicos, como coisas que se opõem. Como complemento, aparece uma exposição de caráter privado - conselhos sobre a família, deveres conjugais, reciprocidade de afeição de pais para com filhos, e obrigações entre senhores e servos (5.22 e 6.9). 10.2. Destinatários Diz-se comumente que a carta se destina à igreja de Éfeso. Alguns acham que ela foi escrita aos Laudicenses. Seria Efésios uma carta circular? Há muita semelhança entre Efésios e Colossenses. A Igreja de Colossos foi invadida por idéias heréticas. A de Éfeso nem tanto. Embora haja em cada uma das cartas propósito especial, em ambas há passagens cujo conteúdo é comum. A parte consagrada à disciplina está cheia de ordenanças e conselhos, os quais, nas duas cartas, são os mesmos. Há, por fim, mais semelhanças de linguagem de que de idéias. Mas estas coisas não prejudicam a autoria paulina de Efésios. 10.3. Lugar e Data Efésios foi escrita na mesma ocasião que a carta de Colossenses. Quem a levou foi Tíquico (6.21), quando foi a Éfeso para confortar os crentes. A epístola pertence aquele grupo de cartas paulinas escritas do cárcere em Roma, e a redação data do ano 62 a.D. 10.4. Peculiaridades de Efésios A carta de Efésios foi escrita para cristãos que não entendiam as riquezas que temos em Cristo. Fala o livro de riquezas, plenitude, herança (1.7, 3.8, 3.16). Outra palavra chave é graça que aparece 12 vezes; a palavra glória surge 8 vezes; a expressão “em Cristo” aparece 27 vezes. Elaborado por Adriano Moreira 17 Efésios 3.20 tem sido considerado a chave de toda a carta no tocante a sua mensagem. Efésios 3.19 - a plenitude de Deus, só por estar em Cristo é que esta plenitude é nossa por herança (4.13; 5.18). A idéia central da carta é que tudo isso é nosso na igreja, “corpo de Cristo”. Paulo define a igreja (3.3) como o mistério de Deus. Como entender o mistério de Deus? 1) Mistérios que nunca foram revelados em tempo algum (Dt 29.29); 2) Mistérios que Ele revelou ao seu povo através da História (Sl 27.14); 3) Mistérios que Deus guardou segredo de todos por um tempo, e finalmente revela ao seu povo. 10.5. Autenticidade da Carta Para um grupo esta carta é a mais sublime que Paulo escreveu. Para outro é reprodução de idéias paulinas que outro copiou. A autenticidade da carta é posta em dúvida. Os argumentos são diversos: a) Os que favorecem dizem que: 1) Pelas próprias declarações de Paulo - a carta começa da mesma forma que Colossenses e 2 Coríntios e Paulo utiliza a primeira pessoa do singular. 2) Pelo testemunho externo - no segundo século a carta já era reconhecida e circulava em todas as igrejas cristãs. 3) A estrutura é paulina - saudação inicial, gratidão, exposição doutrinária, exortações éticas, IBPM saudações finais e bênção. 4) Linguagem e detalhes literários - palavras comuns a Paulo e vocabulário bem próximo das cartas paulinas. 5) Afinidades teológicas - apesar de novas idéias o contexto ou o pano de fundo é inegavelmente Paulino. Os que contrariam dizem que: 1) Argumentos lingüísticos - palavras que não ocorrem noutras cartas nem no Novo Testamento. Um quarto das palavras de Efésios foram emprestadas de Colossenses. 2) Argumentos históricos - controvérsia entre judeus e cristãos. 3) Argumentos doutrinários - diferença na doutrina da igreja. A igreja em Efésios é universal, nas outras cartas a igreja é local. 4) A Cristologia é diferente - em Efésios muitas coisas atribuídas a Cristo em outras cartas são atribuídas a Deus. 5) Questões sociais - em Efésios são tratadas diferentemente. 10.6. Esboço I - RAZÕES PARA LOUVAR A DEUS (1.1-14) II - UM MODELO INSPIRADO DE INTERCESSÃO (1.15-23) III - A GRANDEZA DA NOSSA SALVAÇÃO (2.1-3.21) IV - IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DOS GRANDES PROPÓSITOS DE DEUS (4 a 6) 11. A Carta Aos Filipenses 11.1. Introdução Filipos era uma cidade que floresceu bastante, e se tornou grande de comércio e de indústria. Estes ramos de atividades se desenvolveram principalmente em Filipos, por causa da riqueza e do apoio que Roma lhe dera, graças à posição estratégica que ocupava. Filipos era uma cidade militarizada, verdadeira praça de guerra. O surto missionário a alcançou e bem depressa, em meio ao paganismo, uma igreja fiel que se manteve como depositária da nova fé. Elaborado por Adriano Moreira 18 11.2. A Igreja de Filipos Esta igreja é fruto da expansão missionária. Foi na Segunda viagem missionária que Paulo passou por Filipos. Começou o trabalho com uns poucos ouvintes à margem de um rio. Não havia crentes na cidade, e a própria colônia judaica era pequenina. Mas a colheita foi farta. Entre os convertidos havia uma senhora de muita influência na sociedade. Era Lídia, uma comerciante de púrpura. Depois, trabalhada com zelo, a igreja crescera a olhos vistos. Então precisou munir-se de oficiais (bispos e diáconos) para atender a todos os serviços. Era uma igreja viva espiritualmente. Os crentes não ficaram livres das influências perniciosas do paganismo e das doutrinas heréticas. De quando em quando, aparecia uma dificuldade desse gênero. Paulo os acudia solícito, dava-lhe conforto moral e espiritual, doutrinava-os paternalmente. E cada vez ia-se fortalecendo a união entre a igreja e o pastor. A igreja de Filipos foi assim. 11.3. Autoria A maioria dos autores primitivos atribuem a Paulo, sem dúvida, a chancela desta missiva. É largamente aceita a autoria nos dias de hoje. As condições da vida na época concordam com a evidência paulina (1.12- 16; 2.19-24; 3.4-6; 4.15), e se enquadram com a vida de Paulo e seu relacionamento com outras pessoas (Timóteo). Como também com a igreja de Filipos. IBPM 11.4. Caráter da carta Filipenses é uma carta mais particular que doutrinária. O motivo é agradecer aos crentes por terem enviado a Paulo um auxílio pecuniário em ocasião mui oportuna. Desobrigado deste dever, o apóstolo passa a contar as experiências que provara no cárcere, como pregara à guarda pretoriana e como alguns crentes se reanimaram na fé. Todas estas coisas eram, para ele, frutos da vida “escondida em Cristo”. Daí o conselho exuberante de verdade: “Tende em vós este sentimento que houve em Cristo” (2.5). Tece um hino à perfeição, para onde tende a experiência cristã, que é o prêmio da soberana vocação - Cristo Jesus. Agradece a igreja a estima, despede-se e abençoa os irmãos. 11.5. Local e Data Está patente que a carta procede da cidade de Roma, e que data da prisão de Paulo naquela metrópole. A data, então, é do ano de 62 a.D. 11.6. Peculiaridade da carta O destaque da alegria é notável dentro da epístola e aparece 14 vezes nas suas várias formas (gozo, alegria, regozijo). Há um mínimo de censura dentro da carta e, mesmo quando censura, o faz de uma forma diferente (4.2). A ênfase da carta repousa na gratidão missionária. Não contém citações ao Antigo Testamento. A inclusão de títulos de oficiais eclesiásticos: bispos e diáconos (1.1). A inclusão do hino cristológico (2.5- 11), que alguns autores dizem que era parte da liturgia das igrejas. Os problemas da igreja aparentemente eram desunião e perfeccionismo. Elaborado por Adriano Moreira 19 11.7. Tema A vida integral do Cristão 11.8. A integridade textual e aceitação no cânon A epístola não apresenta nenhum problema textual importante. Não há razão para duvidar que temos a carta substancialmente como Paulo a escreveu. Esta é uma das cartas sobre cuja canonicidade parece que houve poucas dúvidas. Foi citada por Clemente, Inácio e no cânon de Marcião. 11.9. Esboço Capítulo 1: A MENTE INTEGRAL (verso chave 21): A alegria que vence as circunstâncias Capítulo 2: A MENTE SUBMISSA (verso chave 3): A alegria a despeito das pessoas Capítulo 3: A MENTE ESPIRITUAL (verso chave 19-20): A alegria a despeito de coisas Capítulo 4: A MENTE SEGURA (verso chave 6-7): A alegria que vence a preocupação IBPM 12. A Carta Aos Colossenses 12.1. Introdução Por volta do ano 60 a.D. em Roma, numa casa alugada encontrava-se Paulo. Com ele estava Timóteo, companheiro de longas viagens e perseguições. Com eles também estavam Aristarco, Marcos, Onésimo e Lucas, o médico amado. Paulo recebera a pouco a visita de Epafras, o evangelista que havia fundado três igrejas no vale de Lico, no interior da província romana chamada Ásia: Colossos, Laodicéia e Hierápolis. Epafras expusera a Paulo a situação decorrente do surgimento de certas correntes teológicas que ameaçavam a saúde espiritual desta igreja. Com Paulo achava-se ainda Tíquico, que fazia as funções de secretário. O que foi escrito veio a tornar-se à carta aos colossenses. 12.2. A cidade de Colossos Colossos ficava no vale do rio Lico, um afluente do Meandro, na parte sulina da antiga Frígia, que se localizaria no oeste da Turquia moderna. Situada numa estrada comercial principal de Éfeso, esta cidade é freqüentemente mencionada pelos historiadores. Sua importância comercial vinha do seu centro de produção e manufatura de lã de ovelhas. Mas com o crescimento das cidades vizinhas Colossos ficou reduzida a condição de uma pequena cidade. Por ocasião da carta, a população de Colossos era composta de colonos indígenas, frígios, gregos e de judeus que haviam sido trazidos da Mesopotâmia e Babilônia no começo do século II a.C. 12.3. O povo e a Igreja de Colossos A população era mesclada e repleta de diversos valores culturais e religiosos. Adoravam a deusa Cibele (deusa-mãe da terra). A igreja de Colossos é fruto do trabalho de Epafras que levou as boas novas de Cristo àquela região. Ele era fruto do trabalho missionário do apóstolo Paulo em Éfeso (At 19.10) e natural da cidade de Colossos e mantinha a supervisão dos trabalhos ali. Elaborado por Adriano Moreira 20 As atividades locais eram dirigidas por Epafras que era auxiliado por Árquipo. Não obstante o cuidado destes obreiros, falsas doutrinas foram introduzidas no meio da congregação, e não só prejudicaram a fé dos crentes, como criaram uma liturgia que deslocava inteiramente o espírito do culto. A carta com as instruções cuidadosas de Paulo valeu para que a igreja fosse revigorada em sua espiritualidade, e os crentes ficassem fortalecidos na fé. 12.4. Data e Autor Optamos pela data de 60 a.C. e há quem opte por 62 d.C. O autor se apresenta como apóstolo: no sentido técnico da palavra, mensageiro, um agente autorizado, com direitos de um proclamador. Apesar de alguns questionarem a autoria paulina desta carta a grande maioria a confirma com clareza. 12.5. Ocasião e Propósito Mesmo estando a orar pelos colossenses, Paulo nunca chegara a visitá-los, até então. Por isso o seu grande cuidado em se informar através do relato de Epafras de todas as idéia que os mestres heterodoxos estavam divulgando naquela pequena cidade. IBPM Não é difícil entender o que perturbava a fé daqueles irmãos. No combate levantado na epístola, percebemos que a heresia era uma mistura ou apanhado de elementos judaicos e gnósticos (2.16,17). Por isso o propósito principal era : advertir os irmãos sobre o perigo das falsas doutrinas. Pois alguns intrusos entraram no seio da comunidade interessados no culto judaico, pregando ritualismo e doutrinas legalistas. Destas idéias, algumas quase vingaram entre os colossenses, e elas tendiam para o conceito do transcendentalismo de Deus. 12.6. Tema A supremacia de Cristo 12.7. Texto e Integridade Não há motivo para duvidar que temos o texto da carta substancialmente como Paulo o escreveu. Parece que na antigüidade não se levantou qualquer dúvida quanto à sua autenticidade e que a igreja não teve nenhuma dificuldade em reconhecer Colossenses como Escritura 12.7. Ligação com Efésios Está bem óbvio que as duas cartas estão relacionadas entre si. Ef 6.21,22 é quase que palavra por palavra de Cl 4.7.8. Efésios é mais profunda que Colossenses, por isso, sente-se que Efésios foi escrita depois. O propósito das duas cartas explica a diferença. A epístola aos Colossenses foi escrita a uma congregação específica, que confrontava um problema herético definido; a carta aos Éfesios foi uma carta circular, portanto mais geral em seu propósito. 12.8. Esboço da Carta Capítulo 1 – A Preparação Grandiosa Capítulo 2 – Heresia: Um Problema Grandioso no Seio da Igreja Capítulos 3 e 4 - Características da Nova Vida em Cristo Elaborado por Adriano Moreira 21 13. As Cartas Aos Tessalonicenses 13.1. Introdução A história da fundação da comunidade cristã de Tessalônica se acha em At 17.1-14. Paulo fundou aquela igreja durante aquilo que chamamos de sua “segunda viagem missionária”, tendo partido precipitadamente de Tessalônica, talvez no verão do ano 50 d.C., após ter conquistado certo número de convertidos. Em Tessalônica, Paulo, Timóteo e Silas sofreram severas perseguições da parte dos judeus incrédulos e, debaixo de pressão partiram para Beréia; depois para Atenas. Durante o período de evangelização em Tessalônica, o grupo se sustentou através de um trabalho manual árduo (1 Ts 2.9; 2 Ts 3.7b-8). 13.2. A Igreja de Tessalônica Apesar de que Tessalônica contava com numerosa população judaica, contudo, a igreja primitiva dali se compunha principalmente de pagãos que tinham abandonado os ídolos para abraçarem a fé cristã (1 Ts 1.9; 2.14; 2 Ts 2.13,14). IBPM Não sabemos dizer por quanto tempo Paulo ficou em Tessalônica. A narrativa do livro de atos nos dá a impressão de que o período foi curtíssimo (cerca de três semanas). 13.3. A Cidade de Tessalônica Tessalônica era a capital da província romana da Macedônia. Estava estrategicamente localizada sobre o golfo Termaico (cidade de Terma), a oeste de Calcidice. É provável que tenha sido fundada por Cassandro, em cerca de 315 a.C., tendo recebido o nome de sua esposa. A cidade desfrutou de autonomia local durante o período do império romano, tendo-se tornado a mais próspera de todas as cidades da Macedônia. 13.4. Autoria A própria epístola tem em seu subtítulo os nomes de Paulo, Silvano (Silas) e Timóteo; porque esses três haviam sido os fundadores daquela igreja, e continuavam juntos quando a epístola foi escrita, embora Paulo fosse o autor real da mesma. Nada existe na própria epístola, como conteúdo, estilo ou vocabulário, que nos sugira autoria não-paulina. 13.5. Data e Proveniência Não é difícil determinar a data da escrita desta epístola. É necessário associá-la às circunstâncias registradas em 1 Ts 3.1-7 em vinculação com At 17.13-16 e com o início do capítulo dezoito. É provável que no começo do verão de 50 d.C., ou mesmo antes, Paulo e seus companheiros tenham deixado Tessalônica apressadamente, sob pressão dos perseguidores. A comunidade cristã dali não fora ainda bem firmada. O grupo evangelizador dirigiu-se a Beréia, e dali partiu para Atenas. Paulo enviou Timóteo de volta a Tessalônica (1 Ts 3.1-7), enquanto ele mesmo gostaria de tê-lo feito; mas foi impedido de retornar (1 Ts 2.18). Elaborado por Adriano Moreira 22 A alusão de Paulo à “Acaia”, em 1 Ts 1.7, indica que ele se encontrava naquela região quando escreveu esta epístola (isto é, achava-se em Corinto, uma das principais cidades do território). Timóteo foi ajuntar-se a Paulo em Corinto, trazendo relatório de Tessalônica, o que motivou a escrita desta epístola. Podemos julgar que esta epístola foi escrita em Corinto cerca do fim de 50 d.C. ou começo de 51 d.C. 13.6. Motivo e Propósito A retirada apressada de Paulo, de Tessalônica, não lhe permitiu firmar a comunidade cristã dali conforme ele desejava fazê-lo. Paulo havia ensinado àqueles crentes algumas doutrinas, como: a parousia e ética cristã. Não sendo capaz de ir pessoalmente a Tessalônica, Paulo enviou Timóteo que lhe trouxe notícias da fé e das perseguições dos Tessalonicenses. Ouvindo o relatório de Timóteo, Paulo escreve para consolá-los na tribulação, para instruí-los sobre a parousia, e entre outras coisas, defender-se de acusações de adversários judeus (1 Ts 2.15-18). 13.7. Temas Centrais Apologias a falsas acusações (1 Ts 1.9; 2.1-13) Encorajar aos crentes sob perseguição (1 Ts 2. 14-16) IBPM Instruir acerca de questões morais (1 Ts 4.4) 13.8. Texto Não há sérias questões quanto ao texto desta carta. 13.9. Aceitação no Cânon Ela é incluída no cânon de Marcião e no Fragmento Muratoriano, e é citada nominalmente por Irineu (130- 202). 13.10. Tessalonicenses em Estudos Recentes Elucidar a história do contexto destas cartas. A sustentação de que 1 Tessalonicenses é uma obra composta. Atenção à forma da carta. A autoria de 2 Tessalonicenses. 13.11. Contribuição das Epístolas aos Tessalonicenses Conhecimento escatológico (1 Ts 4.17; 5.1-2) Solicitude pastoral de Paulo por seus convertidos. Acusações pessoais ao apostolado de Paulo (1 Ts 2.1-10). Verdades importantes sobre o tipo de vida que os congregados devem ter (1 Ts 4.3-8). Exortação a viver como filhos da luz (1 Ts 5.5). Lembrete de que estamos sujeitos ao juízo de Deus (2 Ts 1.5-10). Elaborado por Adriano Moreira 23 13.12. Conteúdo Saudação (1.1) Ação de graças e Defesa (1.2 - 3.13) Exortação e Instruções (4.1 – 5.28) Saudações e Benção Final (5.25-28) 14. Primeira Carta A Timóteo 14.1. Autoria Como já estudado na introdução as cartas pastorais, Paulo foi o autor desta epístola (1.1). 14.2. Local de Origem Não se sabe o suficiente para identificar com segurança o local de origem da epístola. A melhor proposta é IBPM a de que a carta foi escrita da Macedônia. Do texto de 1.3 dá a entender que ele havia estado com Timóteo em Éfeso, de onde se dirigiu à Macedônia. 14.3. Data Caso Paulo tenha sido solto da prisão em Roma e tenha esta carta no transcorrer de suas atividades missionárias subseqüentes, devemos atribuir esta carta uma data nos anos 60, provavelmente no início da década. Os anos de 63-65 é a mais provável, ou seja, entre o primeiro e o segundo aprisionamento em Roma. 14.4. Destinatário Na forma como se encontra, a carta é uma correspondência particular dirigida a Timóteo. Timóteo era filho de pai grego e de uma piedosa mulher judia, chamada Eunice. Esteve intimamente associado a Paulo a partir da Segunda viagem para Corinto, Macedônia, Éfeso e Jerusalém. 14.5. Ocasião e Propósito Paulo havia deixado Timóteo em Éfeso (1.3), para cuidar do crescimento organizacional da igreja e refutar os falsos mestres. A igreja já tinha anciãos (At 20.17, 28). Paulo esperava retornar logo, mas, para o caso de demorar, escreveu esta carta ( 3.13-15). 14.5. Tema Se tivermos que dar um tema a esta carta, optaríamos para o seguinte: ORDEM ECLESIÁSTICA. 14.6. Aceitação no Cânon Esta carta é citada por Policarpo, Atenágoras e escritores posteriores. É bastante claro que, por uma grande maioria, ela foi considerada como escrita por Paulo e aceita como canônica. Elaborado por Adriano Moreira 24 14.7. Contribuições de Primeira Timóteo É uma carta bastante pessoal (1.2) A carta lança luzes sobre o ministério da igreja cristã (3.1-13) A carta é um protesto contra controvérsias desnecessárias (1.4; 4.7; 6. 4,5,10) Nesta carta, Paulo se refere ao passado como meio de orientação para o futuro (1.3-11; 3.14-15) 14.8. Estrutura e Conteúdo Esta epístola pode ser dividida em três partes: 1. A necessidade de promover a sã doutrina (1.3-20) 2.A maneira ordenada para a adoração pública, através da organização (2.1-3.16) 3. O exemplo do ministro perante toda a igreja (4.1-6.21) IBPM 15. Segunda Carta A Timóteo 15.1. Autoria As mesmas provas externas e internas quanto a autoria de 1 Timóteo pelo apóstolo Paulo podem ser tomadas para comprovar que Paulo também escreveu a 2 carta a Timóteo. 15.2. Data Esta carta fica dentro de uma segunda prisão em Roma. Possivelmente esta prisão se deu em Acaia e de lá Paulo foi conduzido, preso, a Roma. Isso coloca esta carta num período compreendido entre 64-66 d.C. 15.3. Ocasião e Propósito Paulo demonstrou na sua primeira carta a Timóteo que estava preocupado quanto ao seu regresso a Éfeso e sua preocupação tinha razão de ser, pois Paulo, agora, é prisioneiro em Roma. Ele já havia estado perante o tribunal uma vez e a maioria de seus amigos o abandonaram (2 Tm 1.15-17; 4.10, 11,16). Paulo já estava prevendo o pior (4.11) e Paulo escreve a Timóteo para que este soubesse da sua situação e para pedir-lhe que vá a Roma. E, temeroso de que Timóteo não chegasse a tempo, Paulo concentra esforços em persuadir Timóteo sobre os princípios da tarefa que tem de executar (4.12). Em 2 Tm Paulo é visto enfrentando a morte, fazendo um resumo de seu ministério e motivando seu filho na fé. É uma carta pessoal, permeada de emoção e gratidão. 15.4. Estrutura e Esboço 1. Saudação (1.1-2) 2. Apelo e Desafio (1.3-18) 3. Os estímulos para Coragem em Face do Sofrimento (2.1-13) Elaborado por Adriano Moreira 25 4. Exortar a Lealdade à Palavra de Deus (2.14-4.8) 5. Instruções Pessoais (4.9-18) 6. Saudações (4.19-21) 7. Bençãos (4.22) 16. A Carta A Tito 16.1. Autoria Já discutida no escopo geral das cartas pastorais. 16.2. Data Cerca de 63-64 d.C., final do período compreendido em Atos dos apóstolos e antes da Segunda prisão de Paulo em Roma 16.3. Ocasião e Propósito IBPM A ocasião pressupõe uma visita de Paulo às Igrejas na região de Creta após a primeira prisão de Roma. O propósito de Paulo foi pedir a Tito para encontrar-se com ele em Nicópolis (3.12), uma vez que Tito havia ficado na ilha de Creta, responsável pelas igrejas daquela região. Paulo também procura encorajar Tito a cumprir a tarefa que deixou para ele realizar na ilha de Creta (1.5,6). Provavelmente a carta foi levada por Zenas e Apolo (3.13), para quem Tito é instruído a fazer provisão. Paulo usa a ocasião para escrever assuntos concernentes a igreja: a escolha de líderes, a identificação de falsos ensinos e como proceder com eles, e a necessidade de doutrinamento da igreja com sãos ensinamentos. 16.4 Esboço 1. Introdução (1.1-4) 2. As Qualificações e os Deveres dos Anciãos (1.5-16) 3. A Obra Pastoral de um Verdadeiro Ministro (2) 4. Exortações à Vida Piedosa (3.1-11) 5. Conclusão: Observações Pessoais e Benção (3.12-15) 17. A Carta A Filemom 17.1. Introdução Filemon era um latifundiário convertido durante a estada de Paulo em Éfeso. Onésimo roubara dinheiro e fugira (1.18) e na fuga provavelmente foi para Roma que era chamada de “a fossa da iniquidade” do Império. Em Roma Onésimo encontra-se com Paulo que o leva a Cristo (1.10) – existe a possibilidade de Onésimo ter sido preso e ali na cadeia Paulo o evangelizou. Elaborado por Adriano Moreira 26 A ordem correta dos fatos é que Onésimo voltasse para Filemon, seu senhor, a fim de sofrer o preço de seu erro, inclusive com a morte. A carta então foi escrita para garantir a boa aceitação do escravo convertido, pelo seu senhor. 17.2. Peculiaridade da Carta É a mais curta de todas as cartas e tem apenas 355 palavras no original grego. Alguns a intitulam como um bilhete pessoal ao invés de uma epístola. Embora que encontramos nela algumas características comuns as cartas: endereçamento (pois um bilhete seria estritamente pessoal) 1.2 – a carta foi endereçada para a igreja, constituindo-se um documento para ser lido em público. Uma carta a uma igreja incorporando uma carta a um indivíduo. A tática de Paulo é notável (8, 9, 17, 19, 21). Há também um jogo de palavras relacionadas com o nome de Onésimo (11), útil e inútil. Dá ao leitor uma visão de relance num lar cristão primitivo. Não contém ensinos teológicos, mas possui valores sociológicos. 17.3. Valores Históricos e Sociológico da Carta IBPM A consciência cristã a respeito da escravidão. Regras do lar (Cl 3.22; 4.1; Ef 6.5-9; 1 Co 7.21-23; 1 Tm 6.1-2; Tt 2.9-10; 1 Pd 2.18-21). “O que a epístola faz é levar-nos para uma atmosfera em que a instituição da escravidão somente poderia murchar e morrer. É a carta magna da verdadeira emancipação da dignidade humana” (F.F. Bruce). Emancipação da dignidade humana (1.16). Por que Paulo e o Novo Testamento não condenam explicitamente a escravidão? Havia uma questão política que envolvia o Império Romano, e se o cristianismo entrasse nessas áreas revolucionárias certamente a dificuldade seria bem maior, haja vista que o governo de Roma permitia a escravidão. Sendo assim, o cristianismo seguiria sua caminhada praticando o bem e sendo submisso aos governos e líderes. Respeitando as designações políticas que regiam a vida naquele período. Qual é a mensagem de Filemon para os cristãos do século XXI, diante das situações sociais deste tempo? A técnica da cooperação cristã. Como se viver no contexto social? Paulo constrói uma situação nesta carta, deste circuito de relacionamento, que por certo influenciaria na comunidade eclesiástica e secular. 17.4. Data e Origem da Carta A data e o lugar da redação desta carta se determinam por aquela que se enviou aos colossenses. Os portadores eram Onésimo e Tíquico. Onésimo depois de ir a Colossos, provavelmente, seguiu viagem até a moradia de Filemon. O local, portanto, é a cidade de Roma a data entre 59 e 60 de nossa era. 17.5. Autoria É ponto pacífico a autoria paulina, e toda a patrística afirma; as evidências externas como também as internas se harmonizam com a autoria paulina. Os nomes mencionados em Filemon aparecem noutros escritos de Paulo. Seria difícil entender por que alguém falsificaria esta autoria numa carta que nem toca em doutrinas. Elaborado por Adriano Moreira 27 17.6. Destinatário São em número de quatro os destinatários: Filemon, Alfa, Árquipo e a igreja que se reunia em casa de Filemon. Parece que Filemon se convertera na cidade de Éfeso, por instrumentalidade de Paulo (v.19); e por último, residia em Colossos. Era crente operoso, boa pessoa e hospitaleiro, que a todos recebia com agrado (vv. 5,7). Áfia, uma boa cristã, seria esposa de Filemon. Árquipo, na opinião de muitos, é filho do casal. Paulo o tem na conta de bom ministro da igreja em Colossos (Cl 4.7), ou mesmo em Laodicéia. Finalmente, os cumprimentos se estendem à igreja da casa de Filemon. Seria talvez uma pequena congregação dirigida por ambos Filemon e Árquipo. 17.7. Conteúdo A epístola tem uma incumbência doméstica. Paulo faz um pedido especial a Filemon: que receba de novo em casa a um escravo de nome Onésimo que fugira. Convertido, agora quer servir aos seus donos. 17.8. Integridade textual e aceitação no cânon IBPM Podemos aceitar que temos o texto substancialmente como Paulo o escreveu. E a canonicidade da carta é inquestionável. 17.9. Filemon em estudos recentes Grande parte do debate recente gira em torno do argumento de que esta carta é a mesma chamada “de carta de Laodicéia” (Cl 4.16). 17.10. Esboço 1) Saudação e louvor (1-7) 2) Onésimo (8-21) 3) Pormenores finais (22-25) 18. Epístola Aos Hebreus 18.1. Introdução Apesar de que poucos escritos do Novo Testamento sejam mais impressivos em sua eloqüência, beleza e força de expressão, nenhum livro dessa coleção apresenta maior número de problemas sem solução do que esta epístola aos Hebreus. Até o seu próprio título tem sido criticado, porquanto não se trata de uma epístola e, sim, de um excelente tratado, dirigido aos crentes de todas as regiões, e não apenas a algum isolado grupo de hebreus convertidos ao cristianismo. É chamada de epístola, e conforme alguém já disse, começa como um tratado, procede como um sermão, e termina como uma epístola. Elaborado por Adriano Moreira 28 18.2. Autoria A despeito de intermináveis disputas e escritos, nada nos levou a um veredicto mais certo acerca da autoria desse tratado do que o de Orígenes, que disse: “Quem escreveu esta epístola, só Deus o sabe”. Porém, que não se trata de uma das obras de Paulo, esse é o juízo quase unânime dos eruditos modernos. Acrescente-se a isso o fato de que o grego usado é melhor e mais clássico que o bom grego de Paulo. Por isso é que todo aquele que lê o N.T. grego jamais pode ver em Paulo o autor desta epístola. Há alguns nomes que são cogitados para a autoria de Hebreus: Barnabé, Apolo, Priscila e outros. 18.3. Local de Origem O trecho de Hebreus 13.24 parece dizer-nos que o autor escreveu de algum lugar na Itália. 18.4. Data e Destinatários É difícil ter certeza quanto à data de hebreus. Parece quase certo que este tratado foi escrito antes da destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 d.C. O trecho de Hb 10.1 parece indicar que a adoração no templo de Jerusalém ainda prosseguia. IBPM O título “Aos Hebreus” presumivelmente nos parece dar alguma indicação aos destinatários. Certamente exige o conceito de que estão em vista endereçados que eram crentes judeus. Embora muitas outras cidades tenham sido propostas, tais como Alexandria, Antioquia, Bitínia e Ponto, Cesaréia, Colossos, Corinto, Chipre, Éfeso e Samaria, a única outra proposta que tem granjeado apoio razoável é Roma. 18.5. Propósito Esse é um dos pontos claríssimos da epístola. O seu propósito central é reiteradamente afirmado. O autor adverte aos crentes-judeus que cuidassem de não voltar a seus antigos caminhos, de irreligiosidade ou de alguma religião inferior. A ênfase recai sobre a tendência de certos cristãos para a estagnação espiritual. O autor via que tais crentes não demorariam a duvidar da eficácia e da natureza ímpar da mensagem cristã e facilmente reverteriam para suas antigas formas religiosas. 18.6. Hebreus em Estudos Recentes As ênfases cristológicas peculiares de Hebreus. A menção a Melquisedeque. As inúmeras menções ao Antigo Testamento. Alguns temas de Hebreus exercem atração constante. 18.7. Tema O sacerdócio de Cristo é superior a todos os outros. A superioridade de Cristo. A revelação de Deus no Filho é final (1.1,2 a). Elaborado por Adriano Moreira 29 18.8. Conteúdo Seu valor se baseia, essencialmente, no quadro ousado que apresenta a respeito de Cristo. Um expressivo componente exortativo caminha paralelo às advertências de Hebreus: Temamos... (4.1) Procuremos, pois, entrar naquele repouso... (4.11) Retenhamos, firmemente a nossa confissão... (4.14) Cheguemos, pois,... ao trono da graça... (4.16) Prossigamos até à perfeição... (6.1) Cheguemo-nos... (10.22) Retenhamos, firmes, a confissão da nossa esperança... (10.23) Consideremo-nos uns aos outros... (10.24) IBPM Deixemos todo o embaraço... (12.1) Corramos com paciência a carreira... (12.1) Retenhamos a graça... (12.28) Saiamos, pois, a ele... (13.13) Ofereçamos sempre... sacrifício de louvor... (13.15). 18.9. Esboço TEMA: A revelação de Deus no Filho é final (1.1,2a) NATUREZA E PERFEIÇÕES DO FILHO (1.2b-10.18) APLICAÇÕES: A revelação em Cristo é completa e deve ser seguida. De outro modo, o desvio pode ter severo juízo de Deus, a perda da esperança (10.19-12.29). CONCLUSÃO: exortações, saudações pessoais e bênção (13.1-25) 19. Epístola De Tiago 19.1. Introdução Tiago é um dos livros problemáticos do N.T., em que quase todos os seus principais aspectos têm sido disputados. A epístola de Tiago não era conhecida e nem foi usada na igreja cristã durante três séculos, e isso pela razão simples, que consiste em como reconciliar Paulo com Tiago. Elaborado por Adriano Moreira 30 19.2. Confirmação Antiga e Autenticidade Orígenes, na primeira metade do século III d.C., foi o primeiro dos pais da igreja a identificar expressamente o livro, conferindo-lhe importância. 19.3. Autoria O livro identifica algum “Tiago” como seu autor. Mas, qual Tiago está em foco, que nos seja conhecido do N.T.? Os Tiagos do N.T. Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. Decaptado por Herodes Agripa I, em 44 d.C. (At 12.2) Tiago, filho de Alfeu, um dos doze (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13) Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19; 2.9,12; 1 Co 15.7; At 12.17; 15.13; 21.18) Tiago, o menor (Mc 15.40; Mt 27.56; Lc 24.10) Tiago, pai ou irmão de Judas Tadeu ou Lebeu (Lc 6.16; At 1.13) Já que o livro não identifica o “Tiago” que é chamado seu autor, e já que nos é possível descobrir que Tiago está em pauta, para todos os propósitos, o livro é anônimo. IBPM 19.4. Data Se a escolha do autor de um nome sob a égide de quem escreveria, foi influenciada pelo livro de Atos, então ele deve ter escrito após o ano 70 d.C.. Se a datarmos em 70-90 d.C., provavelmente não estaremos longe do alvo. 19.5. Proveniência Não há maneira de determinarmos “de onde” foi escrita essa epístola. Alguns defendem Roma, Alexandria e Cesaréia. Um bom alvitre é Jerusalém, especialmente se pensarmos que Tiago, irmão do Senhor, foi seu autor genuíno. Há indícios, na própria epístola, que parece relacionar o autor com a Palestina (1.6; 3.4, 11, 12,17, 18; 5.7). 19.6. Destino Tiago é uma epístola “católica” ou “universal”, que visa à igreja cristã inteira. A escolha de um destino parece ficar reduzida a: crentes judeus da dispersão e a igreja universal, composta de judeus e gentios. 19.7. Propósitos e Ensinamentos Mostrar que a vida cristã deve ser evidenciada por fé que se expressa em obras. Refutar as inovações acrescentadas à teologia paulina. Fornecer instruções éticas, tais como: oração (1.5); ira (1.19); boas obras (1.22); verdadeira religião (1.27); soberba (2.1); pecados da língua (3.1); mundanismo (4.1) e capitalismo (5.11). 19.8. Linguagem Foi escrita em grego excelente. É possível, todavia, que Tiago (irmão do Senhor?) podia ter tido seu trabalho cuidadosamente revisado por um discípulo cuja linguagem nativa foi o grego. Elaborado por Adriano Moreira 31 O vocabulário da epístola de Tiago se reduz acerca de quinhentas e setenta palavras. 19.9. Esboço Saudação (1.1) Religião prática e julgamentos (1.2-18) Religião prática e a Palavra de Deus (1.19-27) Religião prática e relacionamentos humanos (2.1-26) Religião prática e discurso (3.1-18) Religião prática e mundanismo (4.1-12 Religião prática e negócios (4.13 - 5.6) Apelos finais (5.7-20) 20. Primeira Epístola De Pedro IBPM 20.1. Introdução Os conflitos e as doutrinas e mensagens da Igreja foram desenvolvendo nos romanos uma certa antipatia pela Igreja e que culminou na perseguição implacável de Nero. A Igreja percebeu que os tempos estavam mudando e que o governo romano havia passado da tolerância à perseguição e os cristãos não sabiam como agir. Estavam esperando uma orientação de seus líderes. Entretanto, a maioria dos apóstolos fora assassinada, inclusive Paulo. É neste contexto histórico que Pedro escreve a sua primeira carta. 20.2. Autor O autor identifica-se como “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1.1). E não existe nenhuma razão para se duvidar de que Pedro tenha escrito esta carta. Eusébio colocou a primeira carta de Pedro no grupo denominado “homologóumena”, ou seja, escritos cristãos universalmente reconhecidos e aceitos pelas igrejas. O autor, além de se identificar na própria carta, afirma ter sido uma testemunha dos sofrimentos de Jesus (1.8; 2.23,24; 5.1) e a própria carta revela muitos textos que trazem reminiscências dos ensinos de Jesus (1 Pd 2.12 com Mt 5.16; 1 Pd 2.13-17 com Mt 17.24-27). Simão Pedro, autor da epístola em pauta, é o mais conhecido dos apóstolos de Cristo. Era galileu, pescador de ofício e fora trazido a Cristo no princípio do seu ministério. Simão era o seu nome e Pedro (rocha) foi o apelido que Jesus lhe pôs predizendo que a sua natureza impulsiva e vacilante se tornaria tão estável e tão sólida como uma rocha. Elaborado por Adriano Moreira 32 20.3. Destinatário 1 Pedro é uma carta cujo destinatário está revelado no texto: “aos eleitos que são forasteiros da dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pd 1.1) o que caracteriza que esta carta foi escrita a um grupo específico de cristãos espalhado por uma área ampla. É uma carta circular, muito parecida com a Epístola de Paulo aos Gálatas. Esses cristãos estiveram sob pressões contínuas (1.6,7), o que era comum a todos os cristãos em todo lugar (5.9). Não se pode afirmar que esta carta foi escrita a judeus, mas sim a cristãos residentes nas áreas mencionadas no prólogo. 20.4. Local e Data Ao concluirmos que Pedro de fato escreveu esta carta temos que admitir que a data de escrita fica entre 65- 68 d.C. (antes da morte de Pedro). É possível que o período de perseguição a que se refere o autor seja o evidenciado por Nero (65-66 d.C.), e assim, a data da escrita desta carta estaria entre 65-66 d.C. Quanto ao local de escrita, a referência a “Babilônia” em 1 Pedro 5.13 nos dá uma pista muito importante. Uma interpretação vê “Babilônia” como um símbolo oculto para Roma. Isto é possível porque não há qualquer tradição que diga que Pedro tenha ido a Babilônia literal, dando-se como local de escrita a cidade IBPM de Roma. Além disso, Pedro menciona que João Marcos estava consigo quando a carta foi escrita e o mesmo João Marcos encontrava-se em Roma quando Paulo escreveu aos Colossenses. Isso, contudo, não é prova suficiente para dizer que Pedro fundou a Igreja de Roma. 20.5. Propósito Pedro escreveu a cristãos que estavam passando por profundas perseguições e sofrimentos, além de ameaçados pelos falsos mestres. Pedro encoraja os crentes a suportarem os sofrimentos (1.3). Pedro declara seu propósito como “exortação” (5.12), e a carta está repleta de conselhos práticos para ajudar nas relações sociais do dia-a-dia (2.13-3.17). A sombra da perseguição foi o que deu origem a esta carta. O sofrimento é uma das ênfases da epístola, sendo mencionada nada menos de 16 vezes. 20.6. Tema Se há um tema dominante na primeira carta de Pedro, este tema é: Perseverança e regozijo em meio ao sofrimento. 20.7. Estrutura e Conteúdo 1 Pedro é complexa em sua análise: começa (1.1,2) e termina (5.12-14) como uma carta; mas os aspectos normais da forma epistolar não aparecem na seção extensiva de (1.3-5.11). Por esta razão, várias sugestões são feitas quanto à unidade da epístola inteira. Fora os versículos introdutórios (1.1,2) e conclusórios (5.12-14), o corpo da epístola pode ser dividido em três partes: 1) A salvação: a chamada do crente (1.3-2.10); 2) Submissão: a conduta do crente na sociedade (2.11-3.12); 3) Sofrimento: o disciplinamento do crente (3.13-5.11). Elaborado por Adriano Moreira 33 20.8. A Teologia de Primeira Pedro O pensamento teológico de um autor bíblico está intimamente relacionado ao propósito dos seus escritos. Pedro escreve a uma Igreja que está sofrendo as hostilidades do Império Romano. O pensamento teológico de Pedro é desenvolvido a fim de manter viva a esperança da Igreja em meio ao sofrimento. O sofrimento do crente (1.6; 2.12,15; 4.12ss; 5.9) é visto como a tensão existente entre os cidadãos de um sistema mundano corrupto e os cidadãos dos céus. Portanto é natural que sofram, pois o mundo não é adequado à vida dos santos. O sofrimento deve: 1) ser motivo de regozijo (1.6); 2) trazer honra a Cristo (1.7); 3) resultar em alegria (1.8); 4) resultar em vida eterna e salvação (1.9); 5) ser encarado como físico e sempre temporário (1.24,25); 6) trazer-nos conscientização da transitoriedade neste mundo (2.10). Outros temas teológicos em primeira Pedro são: a) Deus (4.9; 1.15; 3.20; 5.10); b) ensinos morais (1.13,7; 2.12; 3.9,14; 4.5,14); c) Cristo e sua obra (2.3; 3.15; 1.3,21; 3.21; 2.21,22,24; 3.18-20); d) a doutrina do Espírito Santo (1.2; 2.5; 4.14); e) a doutrina da Igreja (2.5,9,10; 5.2,4); f) a esperança e vida eterna (1.3,7,13; 4.13; 5.1,5; 4.5,17,18); g) a descida de Cristo ao Hades (3.18-20) 20.9 Esboço IBPM INTRODUÇÃO (1.1,2) A VOCAÇÃO DO CRENTE: A SALVAÇÃO (1:3-2:10) A CONDUTA DO CRENTE: SUBMISSÃO (2:11-3:12) A DISCIPLINA DO CRENTE: O SOFRIMENTO (3:13-5:11) CONCLUSÃO (5:12-14) 21. Segunda Epístola De Pedro 21.1. Introdução A Segunda Carta de Pedro é, certamente, a mais desacreditada quanto a autenticidade. Os críticos dizem que esta carta era praticamente desconhecida antes do terceiro século e foi rejeitada como ilegítima por vários escritores patrísticos. Além disso, por causa da aceitação geral de 1 Pedro, há grande dúvida se as duas cartas poderiam ter vindo do mesmo autor, devido a diferenças estilísticas. Soma-se a estas duas razões a inegável relação existente entre esta carta e a carta de Judas. Entretanto essas dificuldades não devem produzir o descrédito na canonicidade de 2 Pedro, pois também existem muitos fatores que tornam esta carta importante para o povo de Deus. 21.2. Autoria Orígenes declarou que Pedro deixou uma carta reconhecida (1 Pedro) e uma segunda carta que levava o seu nome (2 Pedro). Eusébio citou Orígenes como tendo dito: “Pedro deixou uma epístola não contestada e talvez uma segunda, mas esta é contestada”. Orígenes cita 2 Pedro 6 vezes como escritura autorizada. Elaborado por Adriano Moreira 34 Um manuscrito de papiro do terceiro século, encontrado no Egito, Papiro Bodmer, contém 1 e 2 Pedro e Judas. O Apocalipse de Pedro, pseudo-epigráfico, contém alguns paralelos a 2 Pd 1.12-18 e há possíveis alusões encontradas em I Clemente, Hermas, Didaquê, Justino Mártir, Hipólito e Irineu. Uma razão para a hesitação da igreja em aceitar 2 Pedro pode ser devido ao número dos livros Pseudo- epigráficos antigos que foram atribuídos a Pedro. “O Evangelho de Pedro”, “A pregação de Pedro”, “Os Atos de Pedro”, “O Apocalipse de Pedro”, todos alegam terem sido escritos pelo apóstolo. Entretanto é bom também citar que 1 Pedro teve um amanuense (Silvano) e 2 Pedro não teve nenhum amanuense o que pode explicar as diferenças literárias 21.3. Local e Data de Escrita A 2ª Carta de Pedro faz referência a uma primeira carta (3.1) e se essa carta é a 1 Pedro, logo a data de 2 Pedro é posterior àquela e o destino também é o mesmo. Os receptores seriam parte daqueles a quem a primeira carta foi endereçada: Ásia Menor. A alusão ao Evangelho de Marcos (certamente produzido em Roma) tende a localizar ali a produção desta epístola (2 Pedro 1.15ss). 1 Pd 5.13 quase certamente coloca Pedro em Roma nos seus últimos anos de vida. IBPM Com a evidência disponível pode-se aceitar que Pedro é o autor de ambas as cartas canônicas atribuídas a ele. Com esta segurança, pode-se afirmar que Pedro escreveu esta segunda Epístola de Roma. Devido à falta de informação mais precisa, a data pode ser colocada entre 65-68 d.C. 21.4. Destinatário Esta epístola é dirigida àqueles que “... conosco obtiveram fé igualmente preciosa...”. Os outros que tinham tal fé seriam os apóstolos. Supostamente, os leitores endereçados tinham recebido a primeira epístola de Pedro (2 Pd 3.1). Também é dito que pertenciam à mesma área onde foram distribuídas algumas epístolas de Paulo, as quais tinham sido canonicamente aceitas (2 Pd 3.16). Desta forma pode-se concluir que a Ásia Menor foi a destinatária da 2 Carta de Pedro (1 Pd 1.1). 21.5. Comparação entre 2 Pedro e Judas Muito de 2 Pedro (2.1-3.3) é semelhante a Judas 3-18. Muitas das mesmas palavras, expressões e idéias ocorrem em paralelo nas duas epístolas: 2 Pd 2.1-3 com Jd 4; 2 Pd 2.5 com Jd 5; 2 Pd 2.4,6 com Jd 6,7; 2 Pd 2.10,11 com Jd 8,9; 2 Pd 2.15,16 com Jd 11,12; 2 Pd 2.17 com Jd 12,13; 2 Pd 2.18 com Jd 16; 2 Pd 3.2 com Jd 17; 2 Pd 3.3 com Jd 18. Há quatro teorias que tentam explicar esta relação: 1) 2 Pedro utilizou Judas; 2) Judas utilizou 2 Pedro; 3) ambas usaram uma mesma fonte de pesquisa a qual se perdeu; 4) as duas são inteiramente independentes (esta é improvável devida a grande semelhança). 21.6. Propósito Está claro dos capítulos dois e três que o propósito de 2 Pedro foi o de advertir os leitores contra a heresia ocasionada pelos falsos mestres. Há um consenso entre os estudiosos do NT que a heresia é do tipo gnóstica. Elaborado por Adriano Moreira 35 O segundo e o primeiro capítulos de II Pedro lançam um amargo ataque contra a heresia do gnosticismo libertino. O terceiro capítulo chama a atenção dos crentes que, devido a heresia, começaram a negligenciar a PAROUSIA, pois os falsos mestres haviam negado a segunda vinda de Cristo. A heresia atacada era a variedade libertina de gnosticismo (2 Pd 2.12 ss). Esse tipo de gnosticismo tentou tirar proveito dos ensinos de Paulo sobre a liberdade cristã, transformando-a em licença para a vida imoral (2 Pd 3.16). 21.7. Estrutura e Conteúdo Esta epístola pode ser dividida em três partes principais: a primeira seção (capítulo 1), mostra a base e a natureza do conhecimento salvífico. A segunda parte da epístola contém uma advertência contra o falso conhecimento, conforme proclamado pelos falsos mestres heréticos (2.1-22). O grande problema da igreja é que estes mestres parecem vir de dentro da própria igreja. A terceira parte procura mostrar como um crente deve viver e agir em face do ensino falso e do escárnio acerca da espera

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