Summary

Este livro, escrito por Sheikh Aminuddin Mohamad, explora vários aspectos da vida da mulher no Islã. Aborda temas como poligamia, controle de natalidade, infertilidade e aborto, analisando diferentes perspectivas islâmicas. O livro também contempla a história da mulher muçulmana e sua liderança.

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SHEIKH A M IN U D D IN M O H A M AD 31 mulher no Isslam - Publicação do: Instituto Isslâmico Hamza Cidade da Matola Moçambique Sheikh Aminuddin Mohamad A MULHER NO ISSLAM VOLUME II À minha esposa Munira e à...

SHEIKH A M IN U D D IN M O H A M AD 31 mulher no Isslam - Publicação do: Instituto Isslâmico Hamza Cidade da Matola Moçambique Sheikh Aminuddin Mohamad A MULHER NO ISSLAM VOLUME II À minha esposa Munira e às minhas filhas, Aissa, Warda, Raissa, Yussrá, Nawal e Fátima, dedico este livro, com carinho e amor. Publicação do INSTITUTO ISSLÂMICO HAMZA ÍNDICE VOLUME II A POLIGAMIA..............................................................................1 O CONTROLO DA NATALIDADE.......................................................27 O ponto de vista Isslâmico........................................................37 A contracepção..........................................................................40 Métodos Reversíveis.................................................................48 Métodos Irreversíveis................................................................48 As consequências fatais da adopção do controle de natalidade como umapolítica nacional................... 60 A INFERTILIDADE.............................................................................66 A clonagem.............................................................................73 Mãe de aluguer, mãe portadoraou mãe gestativa.................... 79 A fertilização da esposa após a morte do marido (fertilização póstuma)....................................................86 O ABORTO 87 Opiniões das quatro escolas de jurisprudência à cercado aborto................................ 93 Formas de compensação..........................................................98 Quem deve pagar o Al-Gurrah..................................................99 Ad-Diyah........................................................................... 100 Al-Kaffárah...........................................................................101 O aborto devido a defeitos no feto..........................................103 CAPITULO IV A FEMINILIDADE...........................................................................107 Alguns assuntos íntimos femininos......................................... 107 A mulher e o período menstrual.............................................. 115 0 Nifáss..........................................................................118 A gravidez e o parto................................................................125 A amamentação e o seu período...........................................127 A excisão feminina (circuncisão).............................................129 Miscelâneas...........................................................................129 A MULHER MUÇULMANA NA HISTÓRIA........................................131 O papel da mulher muçulmana contemporânea....................144 A QUESTÃO DA LIDERANÇA..........................................................156 A questão da mulher como juiz nos tribunais........................162 Será que a mulher pode liderar o Salat?................................163 A participação da mulher no exército ou na polícia................ 171 SERÁ QUE A MULHER É IGUAL AO HOMEM?.............................175 O HIJAB 203 A história do Hijab...................................................................220 Escravatura mental..................................................................221 A mulher e o Massjid...............................................................226 A voz da mulher.......................................................................229 O véu noutras religiões............................................................231 CAPÍTULO III A POLIGAMIA Apesar de a palavra “poligamia” ser a mais comummente usada para designar a prática de um homem dispor de mais de uma mulher, o termo mais correcto é “poliginia”. Não foi o Isslam que introduziu a poligamia, pois ela já existia na Arábia e noutras sociedades. Desde os primórdios da Humanidade que A poligamia foi sempre uma prática instituída e reconhecida em quase todas as sociedades humanas, e fez sempre parte integrante das civilizações humanas conhecidas. De acordo com Will Durant no seu livro “The Story of Civilization - Volume I”, os teólogos medievais julgavam que Muhammad S.A.W. implantara a poligamia. Mas, esta antecedera já o ressurgimento do Isslam por alguns anos, sendo a forma de casamento predominante no mundo primitivo. Muitas são as causas que estão por detrás da sua generalização. A sua prática era mais comum entre a realeza, mas às vezes era também praticada por pessoas vulgares. Entre os hindus na índia, a poligamia existia desde tempos antigos, e aparentemente não havia restrição alguma no número de mulheres que um homem podia ter. No Rig Veda e noutras escrituras hindus mencionam-se muitos casos de reis e heróis que tinham várias mulheres. Um Brahmin, pertence a uma alta casta, mesmo nos nossos tempos modernos, tem o privilégio de casar quantas mulheres ele desejar. (AmeerAli) Os Babilónios, os Africanos, e outros povos, praticavam a poligamia. Na era Bíblica a poligamia era comum, e a maior parte dos famosos profetas tinham várias mulheres. Abraão (Ibrahim A.S.) tinha duas mulheres, Jacob (Yaqub A.S.) e Moisés (Mussa A.S.), tinha cada um deles quatro mulheres. O rei David (Dawud A.S.) tinha noventa e nove mulheres e 1 concubinas (2, Samuel, 5:13), o rei Salomão (Suleiman A.S.) tinha setecentas mulheres e trezentas concubinas. (I, Reis, 11:3). Gedeão, um dos profetas do povo de Israel, tinha 70 filhos próprios, porque possuia numerosas mulheres, para além de concubinas. (Juízes, Cap.9, Vers. 30 e 31). De acordo com a Lei Talmúdica, a poligamia é permitida no judaísmo. (A Guide to Jewish Religion Pratice, New York, 1979). A lei Mosaica não impunha nenhuma restrição no número de mulheres que um judeu podia ter. Mas mais tarde, o Talmud de Jerusalém limitou o seu número à capacidade de o marido conseguir mantê-las condignamente. Gustav Le Bon diz: “A prática de poligamia era muito comum entre o povo de Israel, não havendo nenhuma lei civil ou religiosa que a ela se opusesse”. Jesus Cristo nunca se pronunciou contra a poligamia, antes pelo contrário, ele confirmou a Lei de Moisés, e nesta a poligamia é formalmente reconhecida. Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas. Não vim revogá-la mas completá-la.” (S. Mateus 5-17) Eminentes teólogos cristãos, como Lutero, Melancton, Bucer e outros (Dictionaire de La Bible e Polygamie) não teriam hesitado em considerar a poligamia legal a partir da parábola das dez virgens contida no Evangelho de Mateus (25:1-2) na qual Jesus Cristo prevê a possibilidade de um homem casar- se com até dez moças em simultâneo. Se a poligamia fosse proibida no Cristianismo, Jesus Cristo não teria apresentado a Parábola da “Felicidade no Reino do Céu” recorrendo ao exemplo de algo proibido. Portanto, a lei não pode ser alterada por os cristãos não quererem beneficiar da autorização que Jesus Cristo lhes transmitiu. Não há nada no Novo Testamento que abrogue ou retire essa permissão. O muito citado texto de S. Mateus, 19, Vers. 2 9: “Ora eu digo-vos, se alguém repudiar sua mulher, excepto em caso de adultério, e casar-se com outra, cometeu adultério”. Este versículo proibe o divórcio, mas não a poligamia. O homem que deixa a sua mulher sem nenhuma razão válida, casando-se com outra, está cometendo adultério contra a sua primeira mulher. Portanto, a ofensa pode ser evitada mantendo o casamento com a primeira mulher. Mesmo assim as igrejas actualmente toleram o adultério e a fornicação, mas no seu conceito não há maior pecado do que casar-se com uma outra mulher. Os padres da igreja europeia começaram a opôr-se à poligamia desde pelo menos o ano 600 DC. Mas antes disso os reis cristãos e imperadores na Europa - Valentinian, Lothair da França, Papin, Carlos Magno e Barba Rossa - praticaram e permitiram a prática da poligamia ilimitada. O rei Henrique VIII da Inglaterra (1491 - 1547), tinha seis mulheres. O imperador Luis VI tinha três nulheres, e teve a quarta que deu à luz um varão chamado Constantin, que reinou depois do pai o Império Romano do Oriente. Assim, pode-se dizer que na religião cristã original, a poligamia era permitida, e é por isso que os antigos cristãos tinham várias mulheres. A Lei Islâmica não aboliu a poligamia, permitiu-a como recurso em caso de necessidade, sendo preferível do que outras alternativas. Contudo, restringiu o número máximo de mulheres em simultâneo à quatro, e na condição de se ser justo no tratamento a dispensar a todas elas. O único versículo do Alcorão que se refere à poligamia é o seguinte: “E se receais que não podereis ser justos com as órfãs, então casai-vos além delas com as mulheres que vos agradam, duas, três, ou quatro; contudo, se receais que não podereis manter justiça e igualdade entre (todas) elas, então casai só com uma, ou contentai-vos com as escravas que possuís. Isso é mais adequado, para evitar que cometais injustiças. ” Cap. 4, Vers. 3 Este versículo foi revelado imediatamente após a batalha de Uhud, quando a comunidade islâmica ficou com muitos órfãos, viúvas e algumas prisioneiras de guerra. Não se limitava apenas às órfãs, tinha e tem aplicação nas leis de casamento no Isslam. 0 texto Alcorânico impôs condicionantes na permissão da poligamia, pois se o simples receio de não se poder ser justo para com todas as esposas, já torna harám (proibido) casar-se com mais de uma mulher, e para esses é obrigatório limitar-se a apenas uma. O Profeta S.A.W. disse: “Quem tem duas mulheres e tende a dedicar-se mais a uma delas, i.é, não as trata por igual, no Dia da Ressurreição ele surgirá com uma parte (flanco) inclinado”. (At-Tirmizi, Abu Daud, An-Nassai) E diz: “O homem que se casa com mais de uma mulher e não as trata por igual, i.é, com justiça, será ressuscitado com metade das suas faculdades paralisadas. (Al-Bukhari) Naufal Bin Muawiyah narra que: “Quando eu abracei o Isslam, tinha cinco mulheres. Perguntei ao Profeta acerca disso e ele disse: deixa uma e mantenha quatro”. (Sharhus-Sunnat) Umeira Al-Assad diz que quando eu abracei o Isslam, tinha oito mulheres, mencionei isso ao Profeta SAW e ele me disse: escolha de entre elas quatro. (Relato de Abu Daud) Ibn Ornar narra que Gailan Bin Salamah As-Saqafi quando abraçou o Isslam tinha dez mulheres, desposadas nos tempos de jahiliyah. Elas também, abraçaram o Isslam na mesma altura. Então, o Profeta S.A.W. disse: “Mantenha quatro mulheres e deixa as restantes”. (Ahmad, At-Tirmizi, Ibn Majah, Al-Bukhari) Os comentadores do Alcorão enumeraram as circunstâncias excepcionais que não só justificam a poligamia como até a tornam necessária. Eis aqui alguns problemas difíceis e complexos que podem ser resolvidos através da poligamia, e para os quais os defensores acérrimos da monogamia não têm soluções. Por exemplo: 1 - Nos casos de guerra Nos casos de guerra, o maior número de mortes regista-se nos homens, criando assim o desequilíbrio, pois o número de 4 mulheres viúvas e orfãs, ultrapassa o dos homens. Segundo as estatísticas, só no Afganistão devido a guerra prolongada, existem quase cem mil viúvas. Se a poligamia não fosse permitida como forma de apoiar as orfãs, as viúvas, e também para unir em casamento as solteiras, não só resultaria na miséria económica de muitas famílias, mas também resultaria em práticas imorais como a prostituição, adultério, anarquia sexual, etc. Tal desintegração social só pode ser travada se por lei um homem puder casar-se com mais de uma mulher. O semanário “Record” de Lagos, de 20/04/1901, citava um artigo da “Truth” Londrina, escrito por uma senhora inglesa: “O número de raparigas vagabundas aumentou, tendo causado perturbação na nossa sociedade. Como mulher, olho para estas jovens com pena. Mas será que a minha piedade e simpatia fazem alguma coisa para modificar tal situação, ou ajuda a curar tal mal”? O que Thomas disse foi excelente. Ele diagnosticou o mal e prescreveu-lhe um remédio. Afirmou que a única solução era permitir ao homem contrair casamento com mais de uma mulher, pois assim a calamidade seria erradicada, uma vez que dessa forma as jovens serão esposas. O postulado europeu “um homem, uma esposa”, revela-se desastroso para um homem que de um lado é casado com uma única mulher, mas de outro, tem filhos ilegítimos que se transformam numa grande chaga e um grande fardo para a sociedade. Se a poligamia fosse permitida, nada disso aconteceria. A Poligamia deve ser considerada natural e legítima. Portanto, a opção não é entre a poligamia e a monogamia, mas sim entre a poligamia oficial e as relações sexuais promíscuas, cujas consequências dispensam comentários. 2 - Incapacidade de procriação por parte da mulher Pode dar-se o caso de a mulher ser estéril e a sua cura revelar-se impossível, e o desejo natural de ter filhos que é o objectivo principal do casamento, e uma das felicidades da vida, levar o homem a contrair outro casamento, sem se querer divorciar da primeira mulher por ainda se amarem. 3 - Virilidade anormal por parte do homem Está científicamente provado que alguns homens são por 5 natureza dotados de uma virilidade anormal, sendo por isso demasiado fogosos, não se conseguindo saciar com apenas uma mulher. Se a esse tipo de homens não for permitida a poligamia, decerto que na tentativa de satisfazer o seu ímpeto sexual acabará inflingindo maus tratos, e até uma certa crueldade à mulher, isto sem pôr de lado a satisfação sexual com recurso à prática do adultério e nalguns casos com violação e estupro. A excitação sexual no homem é contínua, mas nem sempre a mulher está disponível para o coito. Por isso, pode não ser capaz de satisfazer os desejos do marido devido ao período menstrual que dura quase uma semana, todos os meses. O estado avançado de gravidez também constitui impedimento na maior parte dos casos. Há o impedimento derivado do corrimento pós-parto, pois nesse período ela não pode satisfazer as necessidades biológicas do seu marido por ser proibido pela Lei Isslâmica sendo prejudicial à saúde. Por isso o marido pode necessitar de desposar uma outra mulher. Para este tipo de homem a solução é a pologamia. 4 - Indisponibilidade curta ou prolongada para a actividade sexual por parte da mulher A mulher pode estar sofrendo de uma doença grave e crónica, como a paralisia, a epilepsia, ou outra doença contagiosa ou estar mentalmente insana, não podendo satisfazer o desejo sexual do seu marido devido a abstinência e frieza sexuais prolongadas, que fazem com que algumas mulheres detestem o acto sexual. O que é que o marido deve fazer nesse caso? Divorciá-la e desposar uma outra mulher? Na monogamia, em nenhuma circunstância ele pode ter mais de uma mulher. Continuará, ele aparentemente agarrado à monogamia praticando relações sexuais ilícitas? Isso é um grande pecado, além de desperdício de dinheiro e energia fora de casa, e com risco de contrair doenças venéreas. A poligamia é sem dúvidas a única saída, pois desposando outra mulher, esta pode cuidar do marido, e eventualmente ajudar a cuidar da esposa doente. 6 5 - Incapacidade contínua de assumpção do papel de dona de casa Pode haver casos em que a mulher tem crianças pequenas, e padece de doença incurável, não sendo capaz de fazer os trabalhos de casa e de outro lado o marido não ter meios para contratar uma empregada para fazer esses trabalhos, para além das necessidades naturais da vida conjugal. Para esses casos é preferível casar-se do que recorrer à imoralidade. 6 - Desencorajamento da prostituição, adultério e fornicação A prostituição, o adultério, a fornicação, etc. também podem ser controlados e desencorajados ao se assumir a poligamia, pois esta preservará a sociedade dos prejuízos decorrentes do sexo ilícito. O Dr. Gustav Le Bon, um intelectual francês diz: “O regresso à poligamia, à relação natural entre os sexos, curará muitos males como a prostituição, as doenças venéreas, a sida, o aborto, a miséria provocada pela proliferação de filhos ilegítimos, a desgraça de milhões de mulheres solteiras, resultado da desproporção entre homens e mulheres, o adultério e mesmo a inveja, pois a mulher desconsiderada encontrará consolação no seu conhecimento de que não foi enganada secretamente pelo seu marido”. 7 - Concessão de filhas em casamento a maridos virtuosos Os pais, naturalmente desejam um marido virtuoso para concederem às suas filhas em casamento. Se não encontrarem, preferem dar em casamento as suas filhas a bons maridos, mesmo que já sejam casados. Na monogamia, estas meninas inocentes acabam casando-se com homens solteiros, mas depravados, transformando as suas vidas num inferno, ou então condenam-se ao celibato ficando solteiras toda a vida. Para escapar a estas duas situações a alternativa é a poligamia. 8 - A menopausa e o desinteresse sexual por parte da mulher Geralmente as mulheres envelhecem mais cedo do que os homens, pois a partir dos 45/50 anos entram na menopausa, e algumas desinteressam-se da actividade sexual. Mas há 7 homens cuja actividade sexual se prolonga-se para além dos 75 anos. Neste caso, como é que o homem se irá satisfazer sexualmente? DEUS dotou a mulher de atractivos físicos, garantindo assim uma relativa paixão no casal. Quando essa paixão esmorece, o relacionamento entre marido e mulher fica afectado. Nesse caso, se se não permitir que o homem se case com outra mulher, ele tentará formas de se livrar dela, enveredando eventualmente pela via do adultério, pois ele já não encontra o prazer natural na sua mulher, procurando por isso obtê-lo junto a outras mulheres mais atractivas. A poligamia será a melhor solução para estes casos. 9 - A gravidez de risco e o desinteresse sexual por parte da mulher O Dr. Westmark acrescenta um outro motivo à limitação da prática de relações sexuais: durante a gravidez. Algumas mulheres desinteressam-se da prática de relações sexuais durante o período de gravidez optando pela abstinência, devido ao desconforto que sentem. Alguns médicos especialistas em obstectrícia consideram as relações sexuais durante o período de gravidez prejudiciais à saúde da mulher bem como do feto. 10 - A desobediência e o mau comportamento da mulher Se a mulher for mal criada e desobediente, revelando-se difícil a mudança do seu comportamento, pode também levar o homem a desposar outra mulher. 11 -A propensão natural do homem para a diversificação na experiência sexual Ainda de acordo com o Dr. Westmark, “outro argumento básico para a poligamia, é o natural e forte instinto polígamo do homem comparativamente à mulher, que por natureza é monógama”. Na verdade o homem é mais propenso à diversificação na experiência sexual do que a mulher e isto leva esta a afirmar repetidamente que o homem é por instinto polígamo. Para além destas, pode haver outras circunstâncias que justificam a poligamia. A poligamia no sistema Isslâmico, foi permitida assim como 8 foi referido como solução às grandes doenças (prostituição, corrupção, crimes e doenças sexuais, etc.). No sistema ocidental, a poligamia é encarrada como algo reprovável, próprio de um mundo não civilizado, fazendo-se vista grossa à situação actual das sociedades, onde tende a imperar o homosexualismo, a prostiuição, a pedofilia, a corrupção de menores, etc.. Por isso é que hoje, segundo este sistema, não é permitido a celebração do casamento de alguém com outrém quando o seu anterior não tenha sido dissolvido, impedimento absoluto que é também consagrado na Lei Moçambicana (artigo 1601Q, Al.c) do Código Civil; esta lei foi instituída no tempo colonial e está em vigor até hoje, estranhamente não havendo a preocupação por parte dos moçambicanos (e dos africanos em geral) de adaptá-la à sua realidade social - onde a poligamia é considerada parte dos seus usos e costumes. Isto prova que o sistema coidental, que foi imposto na era das colonizações, está hoje de tal forma incutido nos africanos que acabaram perdendo aquilo que eram os seus valores sociais (tradicionais). Em África a poligamia é uma questão sociológica e tradicional, não tendo nada a ver com a religião. No conceito do homem africano, o principal objectivo do casamento é a procriação, pois para ele a glória reside na procriação, e quando da união com uma mulher não nascem filhos, ele desposa outra mulher, sem contudo se divorciar da mulher supostamente estéril. Na sociedade tradicional africana, o número de mulheres e crianças, constituía a medida do seu sucesso na vida, e as crianças eram consideradas a garantia de protecção e segurança social para o homem quando atingisse a velhice. A posse de muitas mulheres e filhos era cosiderada sinónimo de riqueza e nobreza, sendo comum o homem ter dezenas de filhos. A poligamia era um costume antigo, e para um africano isso não era apenas razoável, mas quase uma instituição essencial. Por exemplo, na Iboland (Nigéria), África Ocidental, constitui tradição obrigatória um homem casar-se com mais de uma mulher, pois caso contrário será considerado uma criatura 9 fraca na comunidade e junto aos outros homens da sua idade. Mesmo as esposas de um homem não se opõem que o marido despose mais uma, pois concebem isso como um acréscimo de mão obra, aliviando o trabalho de cada uma tanto no lar como na lavoura. A maior parte dos africanos acha que a monogamia é uma instituição trazida pelos missionários cristãos, e encaram-na como parte da cultura europeia imposta aos africanos recém- convertidos. Portanto, a monogamia é considerada uma instituição, quando a poligamia é aceite como parte da tradição africana. Se um cristão se tornasse polígamo, era excomungado da igreja, não sendo baptizado. O encontro da “International Missionary Council”em Tambaram em 1938, emitiu o seguimte comunicado acerca da atitude cristã em relação à poligamia: “A igreja tem de manter a sua insistência na monogamia. Este não é um assunto que pode ser resolvido pela consciência individual, o critério é a vontade de Deus para as pessoas que Ele salvou e gloririficou em Cristo. A monogamia não é apenas um factor de civilização, mas também é vital para a vida da igreja”. Contudo, as provas indicam que actualmente essas regras já não são estritamente aplicadas, especialmente no que respeita à Igreja Anglicana, pois muitos dos seus membros são polígamos e nada foi feito para expulsá-los da congregação de fiéis, e as suas esposas continuam sendo membros da congregação, apesar de a lei oficial não ter sido revogada. A Igreja Católica continua ainda muito apegada à monogamia, sendo prática oficial dos seus membros. A poligamia é estritamente proibida, e os polígamos não podem ser baptizados enquanto não renunciarem a todas as mulheres, excepto a uma. As suas mulheres não podem ser baptizadas enquanto estiverem na sua companhia. No que respeita à Igreja Católica, essas mulheres não são suas esposas no sentido real do termo, mas sim suas concubinas. Por isso elas estão privadas de receber o sagrada eucaristia que outros cristãos praticantes recebem. Eles estão privados de um enterro cristão, e as suas oferendas são rejeitadas. Não há dúvidas que a Igreja Católica tomou todas as medidas enérgicas para extirpar completamente a poligamia da 10 sua congregação, tornando todos os seus membros monógamos. G. R. Scott também diz que “O homem é essencialmente polígamo e o desenvolvimento da civilização alastrou esta poligamia inata.” O direito ao casamento é o direito humano mais natural. Sob pretexto algum ninguém deve ser privado deste direito. É um direito a que todos podem reclamar, tal como o direito ao trabalho, ao sustento, à habitação, à educação e à liberdade são considerados parte dos direitos básicos e fundamentais de Ser Humano. E toda a mulher desejater descendentes próprios, isto é, filhos, e como o número de mulheres excede o dos homens, só a poligamia pode dar esse direito a todas elas. Proibir a poligamia é uma traição à Humanidade, pois é retirar um direito natural que as mulheres têm de se quererem casar. Portanto, a monogamia é a regra, mas a poligamia é uma excepção e é condicional, limitada às circunstâncias acima mencionadas. E porque no Isslam não se pode obrigar nenhuma mulher a casar-se sem o seu consentimento, se ela contudo aceitar casar-se com um homem que já tem mulher, a sua opção é legítima. Embora de acordo com alguns juristas, essa cláusula não seja vinculativa, tem até certo ponto um impacto psicológico no marido. Se ela for muito sensível pode tomar o poder de Talaq nas suas mãos caso ele (o marido), venha a desposar outra mulher, ou pode incluir num acordo de casamento a celebrar previamente, a cláusula do direito ao divórcio ou indemnização monetária, caso ele venha a casar-se com outra mulher. Contudo, não é muito aconselhável que ela imponha este tipo de condições, por contrariar o que DEUS permitiu no Alcorão. Nas palavras de uma eminente intelectual, a Dra. Annie Besant, “No ocidente há uma pretensa monogamia, mas na realidade o que lá existe é a poligamia irresponsável. A amante é abandonada quando o homem se farta dela, e afunda-se gradualmente passando a ser mulher da rua, pois o primeiro namorado não lhe garante nenhum futuro, sendo centenas de vezes pior que a mulher abrigada (amparada) e mãe, numa situação polígama. Sem dúvidas é melhor, mais feliz, mais respeitável e mais digno para a mulher, viver uma situação 11 polígama, unida a um só um homem, com uma criança legítima nos seus braços, e rodeada de respeito, do que ser humilhada e lançada na rua da amargura, sem abrigo e sem cuidados, não raras vezes com uma criança ilegítima, sem a protecção da lei, sem acesso a uma maternidade normal, sem abrigo e sem cuidados primários, desprezada e sujeita a tornar-se vítima de qualquer noctívago”. (Position of Woman in Isslam, Khurshid Ahmad) Aqui, alguns críticos podem eventualmente levantar uma questão: Porque é que o Isslam permite a poligamia e não a poliandria (uma mulher ter mais que um marido)? A resposta é simples: Não obstante o factor espiritual de amor que influencia as relações entre o homem e a mulher, a razão biológica determinante para a excitação sexual nos dois sexos é a procriação. E enquanto que uma mulher só pode conceber de cada vez uma criança de um só homem, e tem que carregá-la nove meses antes de ela poder conceber de novo, o homem pode gerar uma criança cada vez que coabita com a mulher. Portanto, a inclinação polígama no homem é biologicamente justificável. Se uma mulher se casasse com vários homens, no fim do ano haveria grandes confusões , pois seria impossível determinar o paternidade da criança, pois cada um reivindicaria o direito a tal criança. Consta que um grupo de quarenta mulheres se juntou e se apresentou perante Ali R.T.A., perguntando-lhe: Porque é que o Isslam permite a poligamia e não permite a poliandria? Não é isso uma discriminação injusta? Ali R.T.A. mandou que trouxessem pequenos copos de água entregando a seguir um a cada uma daquelas mulheres. Depois pediu-lhes para que despejassem a água contida nos copos numa grande bacia que fora colocada no centro da assembleia. As mulheres deitaram a água na bacia e então Ali R.T.A. pediu que cada uma voltasse a encher o seu copo com água, mas estipulou que cada uma deveria recolher a mesma água que tivera anteriormente no copo e que tinha lançado na bacia. Elas perguntaram como isso seria possível, pois a água tinha-se misturado e a separação era impossível. Ali R.T.A. 12 disse-lhes então, que se uma mulher tivesse vários maridos, manteria necessáriamente relações sexuais com todos eles e ficaria grávida. Nessa altura, perguntou ele, como seria possível distinguir o filho de cada um? Portanto, se o homem se mantiver fiel a todas as suas esposas, a estrutura familiar manter-se-á intacta. Mas se se permitir a uma mulher ter mais do que um marido, a estrutura familiar desintegrar-se-á, pois ninguém poderá determinar com exactidão a paternidade biológica das crianças que forem nascendo. Para além disso, as estatísticas revelam um elevado número de casos de cancro de útero em mulheres que praticam a prostituição na Europa e América, devido à diversidade de esperma que lhes é depositada no útero. Em países onde a prostituição é permitida, os respectivos governos obrigam por lei que as prostitutas se submetam a exames médicos periódicos, não só para se protegerem a si mesmas, mas também aos homens, das vulgo DTS - Doenças de Transmissão Sexual, evitando assim a sua expansão. Mesmo com a tomada destas medidas sanitárias, aparecem casos de DTS. Porém, nunca ouvimos falar da obrigatoriedade de exames médicos periódicos para mulheres casadas, pois em condições normais, estas não estão expostas às mesmas infecções a que estão as prostitutas, e se eventualmente acontecer, tal deve-se à infidelidade com prostitutas, pois as bactérias causadoras das DTS só se propagam quando as mulheres são visitadas sexualmente por vários homens. Por isso o Isslam não permite a poliandria. Na Arábia, antes da chegada do Isslam, a poligamia era praticada sem restrições, pois um homem podia-se casar com quantas mulheres quisesse. Com o ressurgimento do Isslam, este problema social foi sendo paulatinamente resolvido. Primeiro limitou-se para quatro o número máximo de mulheres em simultâneo que um homem poderia desposar. À seguir, o Isslam impôs como condição para um homem desposar mais de uma mulher, que ele se sentisse em condições de ser na generalidade justo para com todas as suas esposas, isto é, suprir todas elas por igual, tanto em termos materiais como espirituais e carnais. De facto, ao autorizar a poligamia condicionada, o Isslam 13 salvaguardou a honra da mulher e incumbiu o homem de cuidar dela, evitando também a sua humilhação e sujeição às várias doenças de origem sexual que atingem a sociedade. A Enciclopédia Americana escreve: “Embora a monogamia seja a forma mais prevalecente de casamento, estudos mostram que ela não é considerada a mais ideal e preferida. Numa investigação feita em 565 sociedades do mundo, 75% preferem a poligamia, ligeiramente menos de 25% preferem a monogamia, e menos de 1% preferem a poliandria. Todavia, maior parte dos casamentos nessas sociedades são monógamos”. Quem meditar no Sharia, encontrará algumas coisas decretadas Halal e outras Harám. No capítulo da Poligamia, DEUS não a tornou obrigatória (Fardh) para o homem, mas declarou-a halal, deixando a sua adopção ao critério de cada um. Portanto, quem quiser que se case com mais de uma, e quem não quiser que se limite a uma, cada um conforme a sua capacidade. Porém para se evitarem confusões e anarquia no seio da família o Sharia impôs condições e regras para a prática da poligamia. Portanto, quem quiser usufruir da autorização tem que tomar em consideração todos os aspectos ligados a essa lei. Não se deve beneficiar da permissão da poligamia em prejuízo da prática de justiça, pois esta é que está ligada e condiciona aquela. Caso contrário surgirão muitos males na terra, que poderão pôr em causa a própria religião Isslâmica. Actualmente, as mulheres não aceitam que o seu marido se case com uma outra mulher, isto porque ela receia que o seu marido ao assim proceder, se incline mais para a nova mulher, abandonando-a por completo. A autorização da poligamia está condicionada à justiça, portanto não se pode beneficiar apenas de uma parte da lei (a autorização da poligamia) deixando outra (a justiça) sendo por isso que as pessoas, comentem que: “o fulano casou-se com uma outra mulher, mas já não liga a primeira, ou não liga aos filhos da primeira e só está inclinado para a segunda mulher”. Quem recear não poder ser justo com as duas então não lhe é permitido (é Haram) casar-se com outra, devendo obrigatoriamente limitar-se a uma. A outra condição para a prática da poligamia é o homem ter posses (meios financeiros), para dar provisão e sustento a 14 todas suas mulheres, e essa obrigação mantém-se enquanto a mulher é sua esposa, não ficando isento dessa responsabilidade ao casar-se com outra, pelo contrário, a obrigatoriedade aumenta. Portanto, quem não tem capacidade financeira de sustentar a segunda mulher em paridade com a primeira, então não lhe é permitido casar-se com a segunda, e sobre isso DEUS diz: “Aqueles que não possuem recursos para se casarem, que se mantenham castos, até que DEUS os enriqueça de Sua graça.” Cap. 24, Vers. 33 Neste versículo, DEUS diz que quem não tem capacidade de sustentar uma mulher e pagar o Mahr (dote), deve-se abster de casar, seja esse o seu primeiro casamento ou o segundo. Alguns Hadices também confirmam isso. Os que criticam o Isslam não vêm que actualmente a monogamia forçada é a principal causa de múltiplos males na sociedade, como a prostituição, as discussões odiosas, a inveja excessiva da mulher e a mera relação física muitas vezes sem amor. A inveja natural feminina não se deve ao facto de o homem amar outra mulher, mas sim ao facto de ela se sentir abandonada. O professor Dunlop acha que pode haver alguns indivíduos que não conseguem alcançar a completa satisfação na monogamia, e possam talvez atingir a plenitude no casamento poligâmico, e que os sistemas futuros deixarão os indivíduos livres para formarem e optarem pelo tipo de casamento que é mais vantajoso para eles. Apesar de o Isslam permitir a poligamia, geralmente uma pequena minoria de homens muçulmanos a pratica. A maioria vive na monogamia, pois a poligamia não é obrigatória e ninguém diz que o polígamo é melhor muçulmano que o monógamo. Portanto, é errado pensar-se que todo o muçulmano é polígamo. Sem dúvidas que não há homem que pertença a qualquer grau de virtude, que não tenha, pelo menos na imaginação ou no sonho possuído mais de uma mulher. Todos os homens passaram por essa fase, pois, enquanto um homem normal, por 15 regra, é atraído para o coito, por quase todas as mulheres jovens e saudáveis, a mulher em relação ao homem já é diferente. Ela pode ser muito mais constante que o homem do ponto de vista sexual. No Ocidente a monogamia é por lei, obrigatória, mas na prática os homens vivem à maneira poligámica. E com a liberdade sexual e de ajuntamento de ambos os sexos em praças, escolas e locais de trabalho, são raros os homens, talvez um em mil, que possam jurar no leito de morte que nunca conheceram mais do que uma mulher durante toda a sua vida. O Dr. Mercier diz que “A mulher, é por natureza monogâmica e o homem contém em sí próprio o elemento da poligamia”. Portanto, é óbvio que se por natureza o homem é mais polígamo, então a lei do casamento não pode perder a visão deste facto importante, e algumas providências devem ser tomadas para homens que têm o seu instinto sexual mais forte, caso contrário as relações sexuais ilegítimas tornar-se-ão mais frequentes. Um sistema social que em nenhuma circunstância permita a poligamia, está constantemente ameaçado por tendências destrutivas devido a frequentes aberrações sexuais. A poligamia deve ser permitida condicionalmente assim como recomenda o Isslam, mas não há justificação para proibi- la terminentemente por lei, pois a proibição sem ter em conta estas circunstâncias, pode levar o homem a cometer o adultério, especialmente em sociedades que toleram o mantismo e a prostituição. Devido à várias razões, algumas das quais aqui mencionadas, o Isslam não aboliu completamente a instituição da poligamia. Mas restringiu-a, impondo que se deva ser justo para com as mulheres, e se o homem recear não poder ser justo no tratamento e na provisão do sustento económico, espiritual e carnal com todas elas, então deve limitar-se à apenas uma mulher. A mulher muçulmana moderna, que está se agitando pela abolição da poligamia, tem de perceber e valorizar a posição tomada pelo Isslam para satisfazer as exigências do tempo e da natureza humana. Tentar lutar contra a corrente da natureza é muito prejudicial e acarreta graves consequências. Mas os que combatem a 16 poligamia não vêm estas coisas que afectam negativamente à sociedade inteira. Para eles, a “ansiedade sexual” é uma necessidade meramente biológica que pode ser realizada sem se sujeitar a severas restrições familiares e do casamento. Mudam frequentemente de namoradas sem formalidades de dotes, pensão, alimento, ou divórcio. Têm sempre uma secretária ao seu lado, que lhes serve de mulher. “É inegável que a poligamia, ou mais concretamente, o princípio que lhe é subjacente, não está confinado aos muçulmanos. Pondo-se o assunto mais claramente, quem pode honestamente afirmar que a moral sexual do Ocidente é superior à do Oriente”? The Sphere, London, May, 22, 1928 - Lancelot Lawton Ao banir a poligamia e tolerar o sexo permissivo, o ocidente e os seus seguidores, estão à beira de uma grande crise social e sexual. A lacuna criada pela abolição da poligamia foi preenchida pela prpstituição. Segundo Ben Lindesy, “existem cinquenta mil concubinas e praticam-se anualmente quinze milhões de abortos só na cidade de Nova Yorque, para além dos incidentes com raptos e violação, que ocorrem, um em cada minuto. (fíevolt of Modern Youth) Instalando nas mentes das mulheres modernas o falso conceito de igualdade e liberdade, esses arruinadores da moral tornaram-na cega, não só em termos de justiça mas também em termos de razão e de consideração pragmática, pois as mulheres permitiram que as suas emoções fossem exploradas e a sua honra fosse lançada ao ar. As mulheres só encontrarão a verdade descobrindo as razões que se escondem por detrás da propaganda viciosa quando fizerem uma análise despida de quaisquer emoções, Não há dúvidas que DEUS permite a poligamia. Proibi-la é para nós recusar aquilo que Ele e o Seu Mensageiro nos permitiram. Deus legislou para nós e pronunciou as Suas ordens em termos bem claros. Determinar o que é lícito e o que é ilícito não é trabalho do homem mas sim de Deus. Portanto declarar a poligamia ilegal equivale a rebelar-se contra DEUS e Seu Mensageiro. E DEUS diz: 17 “Ó vós que credes! Não deveis proibir as boas coisas que Deus vos tornou licitas. E não deveis ultrapassar a medida (limite), pois Deus não ama os que ultrapassam a medida (os limites)” Cap. 5, Vers. 87 O ser humano tem de saber que o Isslam é uma religião prática e não ordena algo impossível aos seus adeptos e seguidores. E se fosse impossível ser-se justo para com duas, três ou quatro mulheres, uma proibição clara poder-nos-ia ter chegado acerca da poligamia. Os primeiros muçulmanos praticavam a poligamia assim como foi permitida. Se eles não tivessem sido justos, o Profeta tê-los-ia admoestado. O Profeta S.A.W. ia ter com as suas esposas alternadamente e era justo para com elas. A justeza e a igualdade exigidas, é a aparente, o que está na capacidade humana, e isso só pode ser na provisão e na dormida. Quanto ao amor, isso não está na capacidade humana e ninguém o pode controlar. E por isso Deus perdoa, desde que não afecte as outras obrigações. E DEUS diz: “Enão vos inclineis totalmente para uma delas”. Isto é, para uma mulher. Cap. 4 , Vers. 129 O Sheikh Abu Bakr Ibn-AI-Arabi diz: Ninguém pode controlar o seu coração, pois ele está inteiramente nas Mãos de DEUS. Aisha R.T.A. narra que o Profeta S.A.W., costumava dizer: “Ó DEUS, esta é a minha divisão naquilo que eu posso controlar, (coisas materiais, mundanas). Portanto, não me censure naquilo que está nas Tuas Mãos e que eu não posso controlar (assuntos sentimentais, do coração)”. (At-Tirmizi, Abu Daud, Ibn Majah). É uma alusão àquilo que está no seguinte versículo: “E Jamais podereis ser justos (no amor e no sentimento) com vossas mulheres embora vos esforceis nisso. Pelo menos não vos inclineis completamente para uma delas deixando a outra suspensa como se estivesse abandonada, porém, se 18 estabelecerdes a concórdia e temerdes (a DEUS), sabei que Deus é Indulgente e Misericordioso Cap. 4, Vers. 129 Um homem que tem várias mulheres, pode viajar com quem quiser, pois não lhe é obrigatório praticar a igualdade nas viagens (isto é, se se fez acompanhar de uma esposa numa viagem, não tem que se fazer acompanhar de outra na viagem seguinte). Porém, é sempre melhor sortear, fazendo-se acompanhar daquela cujo nome sair, pois o Profeta S.A.W. assim costumava proceder. E para que nenhuma se sinta prejudicada ou preterida, assim também devemos proceder. Isto porque para casos de viagem não foi instituído nenhum direito para a mulher. O homem pode viajar sem se fazer acompanhar de nenhuma delas. Portanto, se ele quiser-se fazer acompanhar de quem quiser, pode fazê-lo, e esse período não é contado na partilha dos dias que deve passar com cada uma. (Al-Hidayah). É permitido a uma mulher ceder o seu dia a favor de outra mulher companheira sua, na poligamia assim como fez a Sauda Bint Zamaa, uma das esposas do Profeta, que cedeu o seu dia a favor da Aisha RTA, ou deixar ao critério do marido escolher onde quer passar o dia. A esposa que cedeu o seu dia, se quiser mais tarde pode retirar a sua cedência e exigir o seu direito de volta na rotatividade. O Imamo Shafih diz que se um homem casar-se com uma virgem quando ele já tem outra mulher (uma ou mais), então ele deve ficar com a virgem após o casamento sete dias, e depois de decorrido este período de tempo, pode retomar a rotatividade dos seus dias entre elas. Porém, se a nova mulher já era casada (divorciada ou viúva), então ele passará com ela três dias e depois retomará o sistema de rotatividade entre todas. Porém, o Imamo Abu Hanifa discorda disso e diz que não há diferença entre a nova e a antiga mulher. O marido tem que tratá-las por igual em tudo e não discriminá-las em nada. (Al-Hidaiyah) As m ulheres também não devem invejar desnecessariamente as suas irmãs ou tramar algo contra elas. Infelizmente algumas mulheres muçulmanas, devido à 19 ignorância actuam erradamente, quando o seu marido contrai um outro casamento. Algumas delas expulsam-nos da casa, privando-os dos seus haveres e instigando os seus filhos contra os próprios pais. Tudo isso é um grande pecado e é desafiar o Alcorão e Hadice. Não é digno para uma mulher, que reivindique ser muçulmana fazer isso. As instruções do Isslam são em benefício da raça Humana em todos os tempos e climas. O Isslam conseguiu livrar a mulher de uma posição subalterna, elevando-a a uma posição de respeito e dignidade. O homem é por natureza polígamo e a mulher monógama, e a razão disso é que no homem geram-se milhões de espermatozóides, enquanto que na mulher, no período de evolução o ovário fornece apenas um óvulo para ser fecundado. Will Durant diz: “O homem é polígamo por natureza e só uma sanção moral muito forte, um conveniente grau de pobreza e de trabalho árduo e a vigilância ininterrupta da esposa o pode persuadir (e impor) a monogamia”. (The Story of Civilization, Part V, P.575) Henri De Montherlant da França escreve: “Ser fiel não é difícil para o homem. É, antes, impossível. Uma mulher é feita para um homem e um homem é feito para a vida e para todas as mulheres”. A poligamia é prática natural de alguns homens em tçdos os países, e de todos os homens em alguns países. É uma instituição excelente que eleva o nível moral dos que a praticam. Confere estabilidade à família, e como resultado final, torna a mulher infinitamente mais respeitada e mais feliz. A poligamia legal é melhor do que a monogamia hipócrita que alguns praticam. Muitos julgam que a poligamia faz parte dos direitos dos homens e que a poliandria faz parte dos direitos da mulher, quando de facto, a poligamia faz parte dos direitos da mulher e a poliandria nem faz parte dos direitos dos homens nem das mulheres. É contra o interesse e vantagens dos homens e é por essa razão que a poliandria, tal como a prostituição foi sempre algo repugnante para a mulher. O que nos parece bastante estranho é que o ocidente proíbe a poligamia, mas permite o homossexualismo pois está legalizado, privando ainda mais as mulheres de arranjar maridos. 20 Portanto, para eles, é proibido um homem trazer para esposa uma rival do sexo feminino, mas se trouxer um rival do sexo masculino, já não há mal nenhum, i.é., se a rival da esposa tiver barba e bigode então a poligamia não é um mal, já é um acto digno e humano, e adaptado às exigências do mundo civilizado. Essa é a solução que eles encontraram. A revista “The Demographic Annual” de 1962, publicada pela O.N.U. relata o número alarmante de crianças ilegítimas que é de 60% na América Latina e 75% na Guiana Britânica. A santidade do casamento quase que desapareceu, os jovens de ambos os sexos vivem juntos sem se casarem. Mas os mesmos peritos da O.N.U. quando foram para o Egipto, que é considerado o mais avançado e moderno país árabe, para recolher informações sobre demografia, ficaram espantados ao deparar com uma percentagem de crianças ilegítimas que era inferior a 10%. E quando investigaram as razões para esta percentagem insignificante de crianças ilegítimas na sociedade Egípcia, verificaram que tal devia-se à poligamia e ao hijab. O Isslam permitiu a poligamia para ajudar a criar nos seus adeptos a virtude da castidade, pureza de carácter, temor a Deus e auto-disciplina. Decerto que o coração e os olhos do polígamo não se sentirão atraídos ao ver outras mulheres. E assim ele conseguirá proteger-se do adultério, das doenças venéreas, da prostituição, e a santidade da instituição do casamento continuará intacta. Deve ficar bem claro que as mulheres também são humanas como os homens e elas também são sensíveis aos desejos carnais, e se durante um longo período não forem satisfeitas, podem acabar cometendo alguma transgressão. Um governo pode dar todo o tipo de assistência e apoio às viúvas, cujos maridos morreram na guerra na defesa da pátria, mas para satisfazer as suas necessidades sexuais elas terão que recorrer a um novo casamento, pois de outra forma teriam que pecar. Imagine-se que numa guerra morresse um milhão de homens, o que seria das suas esposas viúvas e jovens que eles deixaram? Como irão satisfazer às suas necessidades sexuais? Bertrand Russel diz: “E, em todos os países onde há um excesso de mulheres, é uma injustiça óbvia, que aquelas que, por uma necessidade aritmética, se vêm forçadas a continuar solteiras, sejam 21 obrigadas ao afastamento de uma experiência sexual.” Foi para manter a pureza da sociedade que o Isslam permitiu a poligamia condicional. O homem deve ser forte fisicamente para conseguir satisfazer as necessidades sexuais das suas esposas, e financeiramente capaz de suportar equitativamente as despesas de todas elas. Se ele não tiver essas capacidades, então deve contentar-se com apenas uma mulher, não podendo casar com outras enquanto esta vive for viva. A questão da poligamia surge porque o número das mulheres ultrapassa o dos homens, pois se o número existente de mulheres fosse igual ao dos homens, e cada um casasse com a mulher a ele destinada, não se colocaria a questão da poligamia. Segundo a predição do Profeta Muhammad SAW, chegará altura em que a proporção será de cinquenta mulheres para um homem. (An-Nassai) Não só nos seres humanos, mas até mesmo nos animais, o número de femeas é superior ao dos machos. Portanto, se isto é um facto comprovado, o que devemos fazer com as mulheres excedentes que não conseguem um homem só para si? Se as deixarmos solteiras como é que irão satisfazer as suas necessidades carnais? Não poderão vir a recorrer a métodos ilícitos corrompendo a sociedade com todas as consequências nefastas daí decorrentes? Em muitas sociedades humanas, o número de mulheres ultrapassa o dos homens. Por exemplo, nos Estados Unidos da América, o excedente de mulheres é de pelo menos oito milhões. Num país como a Guiné, existem 122 mulheres para cada 100 homens). O que é que a sociedade deveria fazer perante este desiquilíbrio entre o número de homens e mulheres? Uns podem pensar que a solução seria o celibato, outros sugerem o infanticídio feminino, outros ainda podem achar que a solução é tolerar todo o tipo de actividade sexual: a prostituição, a prática do sexo fora do casamento, homossexualismo, lesbianismo, etc. O problema de desiquilíbrio entre os sexos torna-se grave em tempo de guerra. Depois da segunda guerra mundial, havia um excedente de mais 7.300.000 mulheres na Alemanha, (de entre elas, 3,3 milhões eram viúvas). 22 Existiam para cada 167 mulheres com idades entre os 20 e os 30 anos, 100 homens da mesma faixa etária. Consta num Hadice que o Profeta S.A.W. disse: “De entre os sinais de Quiyamat, está a morte de homens e a sobrevivência de mulheres até que a proporção numérica atingirá 50 mulheres por cada homem." (Relato de Al-Bukhari, Musslim, At-Tirmizi, An-Nassai e Ibn Majah) E consta na Bíblia: Naquele dia, sete mulheres lançarão mão de um só homem. (Isaías 4 Vers. 1) Perguntemo-nos, o que seria melhor e mais dignificante para mulher. Ser uma segunda mulher, com respeito e dignidade, continuar solteira, ou prostituir-se? É interessante aqui mencionar a realização em 1948 de uma conferência juvenil internacional para se discutir o desequilíbrio entre os sexos na Alemanha. Quando se tornou claro que nenhuma solução era unânime, alguns participantes sugeriram a poligamia. A reacção inicial da congregação foi uma mistura de choque e desgosto. Contudo, após um cuidadoso estudo da proposta, os participantes concordaram que essa seria a única solução. Consequentemente a poligamia foi incluída entre as recomendações finais da conferência. (Sabiq, op. Cit. P.191) Hoje o mundo possui muito mais armamentos de destruição massiva do que no passado (as armas químicas, nucleares e biológicas), o que pode provocar um acentuado desiquilíbrio entre os sexos, fazendo com que a poligamia se torne uma prática indispensável à sobrevivência de muitas mulheres. Gostaria de exortar as mulheres que ainda são solteiras a manterem-se castas, não perdendo esperanças de um dia virem a casar-se, procriar e ter uma vida feliz, mesmo que já tenham ultrapassado a idade dos trinta ou quarenta anos, pois há muitas que se casam depois dessa idade. Não adianta entristecer-se ou entregar-se ao desespero, pois este é inimigo do bom senso e da razão. Deve-se sempre manter a fé e a convicção de que aquilo que DEUS destinou, acabará 23 acontecendo, pois Ele melhor conhece a situação de cada uma. O Profeta S.A.W. diz: “O caso do crente é admirável, e isto é exclusivo a ele. Em todas as situações ele está bem, e se algo agradável o atinge, ele faz Shukr (é grato), e se é atingido por algo desagradável, ele faz Sabr (é paciente), e nos dois casos ele só ganha”. (Relato de Musslim) Uma mulher por não se ter casado e estar conformada com o seu destino, pode estar ganhando grandes recompensas, o que pode não estar acontecendo com uma mulher casada, por exemplo, se for desobediente ao seu marido. Portanto, a paciência é uma virtude, e DEUS promete aos pacientes, generosas recompensas. E no Akhirat Ele estará satisfeito com elas. Este mundo é passageiro, para poucos dias. A Bíblia por outro lado, por vezes recorre a poligamia forçada, pois diz que uma viúva que não tem filhos tem que se casar com o irmão do marido falecido, mesmo que ele já seja casado, e independentemente do consentimento dela. (Génesis 38:8-10). Se o cunhado for muito novo para casar, então ela terá que esperar até que ele se torne apto para o casamento. Ela só tornar-se-á livre se o cunhado se recusar a casar com ela. Esta lei Bíblica é praticada ainda hoje em Israel. (Hazleton, op. Cit. PP45-46) De salientar que actualmente, em muitas sociedades isslâmicas a prática da poligamia é rara, porque a diferença no número de homens e mulheres é pequena. Pode-se dizer seguramente que o número de casamentos polígamos no mundo isslâmico é menor relativamente ao número de relações extra-maritais no ocidente. Portanto, os homens no mundo isslâmico são muito mais monógamos que os homens no ocidente. Citemos aqui o que diz Billy Graham, famoso evangelista cristão, sobre a poligamia: “Se o Cristianismo não consegue fazer isso, o prejuízo é dele. O Isslam permitiu a poligamia como solução para os males sociais, e autorizou um certo grau de latitude à natureza humana, mas apenas estritamente dentro do quadro da lei”. Os países cristãos aparentemente fazem um grande “show off” de monogamia. Mas actualmente eles praticam a poligamia. Todos sabemos o papel que desempenha o amantismo na sociedade ocidental. 24 Neste aspecto, o Isslam é uma religião fundamentalmente honesta, permitindo ao muçulmano casar-se com uma segunda mulher se de facto ele tiver necessidade, mas proibe terminantemente todas as relações amorosas clandestinas, para salvaguardar a moral da sociedade. Napoleão constatou que embora apenas um entre doze muçulmanos tivesse mais de uma mulher, a poligamia contribuía na mistura de raças e cor, e estabelecia a união geral e a igualdade. Os que não consentem a poligamia, acham que é completamente legítimo pela lei, enganar a sua mulher, sem o seu conhecimento ou consentimento. Qual é então a prudência legal por detrás desta contradição? Será que essa lei foi feita para premiar a depravação e castigar a honestidade? Este é sem dúvidas um dos grandes paradoxos da nossa civilização moderna. Mariyam Jamila, uma americana de origem judaica que abraçou o Isslam e é uma acérrima defensora da sua causa, diz o seguinte sobre a poligamia: “A poligamia é permitida no Isslam porque todas as relações sexuais fora do casamento são terminantemente proibidas. No Sharia não há dois pesos e duas medidas, pois o pesado castigo, tanto para o adúltero como para a adúltera é o mesmo. Por isso, se o homem não está satisfeito com uma mulher, insistindo na relação com uma outra mulher, deve-se casar com ela, assumindo toda responsabilidade, tanto do sustento das suas esposas como a paternal para com as crianças. De facto o homem é polígamo por instinto. Portanto, as duas únicas alternativas à poligamia limitada permitida no Isslam são: a) divorciar a primeira mulher atirando-a juntamente com os filhos para fora de casa, sem protecção nem provisão; ou, b) manter em segredo as relações ilícitas com outra mulher à revelia da sua esposa. Decerto que nenhuma mulher aceita que o seu marido tome uma rival permanente para partilhar a sua cama, mas as alternativas do divórcio ou do sexo ilícito são piores males”. The Criterion, Vol. 13. Mariyam Jamila Answer Questions. January - February 1978 25 O Profeta Muhammad S.A.W. praticou a poligamia, mas tal não tinha em vista a busca do prazer carnal, como os inimigos do Isslam dizem, pois vejamos: 1- Quando ele era jovem foi casto e modesto, como então poderia ser luxurioso e lascivo na idade mais avançada e na velhice? 2- Ele trabalhou longos anos para Khadija R.T.A. antes de se casar, e ela, face ao seu bom comportamento propôs-lhe casamento. Não foi o Profeta S.A.W. que lhe propôs casamento. 3- Se ele fosse luxurioso, após a morte de Khadija, depois de ter herdado toda a riqueza poder-se-ia ter casado com outras raparigas virgens e bonitas. Mas a seguir pensou em casar-se com Sauda R.T.A. e outras que tinham uma idade avançada e já tinham sido casadas. 4- Fez “ILÁ” com as suas esposas por um período de um mês, i.é, jurou não se aproximar delas. Um luxurioso pode suportar tão longo período de abstinência sexual? 5- Ele deu a opção as suas esposas, entre manterem-se junto dele naquelas difíceis condições ou divorciar-se delas dando-lhes provisão. Como é que um luxurioso pode ter a coragem de se arriscar assim? Imagine-se se elas optassem por se separarem dele, o que é que ele faria? 6- Ele tinha ocupado a maior parte do seu tempo na propagação do Isslam, fazendo Ibadat durante as noites, com tanto fervor que os pés se lhe inchavam. E então onde é que lhe restava tempo para estar junto delas? 7- A vida era-lhe difícil, pois às vezes não tinha nada para comer de manhã, e então ele fazia intenção de jejum. Sabendo- se que o jejum limita o ímpeto sexual, como é que poderia dar- se ao desfrute com tantas mulheres? 8- Muitas mulheres ofereciam-se para se casar com ele, mas ele não aceitava. Um luxurioso faria isso? Portanto, ele casou-se com várias mulheres, mas por motivos religiosos, humanos e políticos. Se um homem káfir, com mais de quatro mulheres abraçar o Isslam, terá que escolher d’entre elas quatro, divorciando-se das restantes. 26 O CONTROLE DE NATALIDADE OS MOTIVOS QUE LEVARAM OS EUROPEUS AO CONTROLE DE NATALIDADE Quando em 1492 se “descobriu” o continente americano e em 1498 Vasco da Gama “descobriu” o caminho marítimo para a índia, a Europa conheceu um desenvolvimento comercial assinalável, surgindo então uma nova classe: a dos comerciantes e dos empresários. Quando as pessoas viram as suas atenções desviadas da agricultura para o comércio, a revolução industrial ganhou espaço, e a Europa entrou na era da chamada economia industrial moderna. Construiram-se grandes fábricas e as camadas populacionais dos meios rurais abandonaram as suas casas, imigrando para as cidades onde as oportunidades de trabalho e os padrões de vida eram atractivos. Assim, as cidades tornaram-se densamente povoadas em detrimento das zonas rurais que foram ficando cada vez mais desertas. Milhões de pessoas apinhavam-se em áreas muito pequenas. Este afluxo de gente do campo para as cidades criou problemas económicos e sociais bastante complexos. A luta pela sobrevivência tornou-se mais forte, a concorrência aumentou, os padrões morais e os valores sociais degradaram-se, surgindo um novo estilo de vida. A habitação escasseou e consequentemente as rendas de casa subiram, com todos os problemas de acomodação daí decorrentes. Os membros da família que trabalhavam ganhando assim o sustento, desenvolviam alguma aversão em relação aos que só consumiam sem poder dar qualquer contributo financeiro. Criar os filhos e manter as esposas tornou-se um fardo para os pais e maridos. Todos ambicionavam o máximo de benefícios das receitas e não queriam partilhar isso com ninguém, tentando reduzir ao mínimo os seus dependentes. Surgiram então circunstâncias que favoreceram oportunidades para que as mulheres também ganhassem a vida trabalhando. Tiveram que abandonar as suas responsabilidades domésticas e procurar emprego em fábricas e escritórios, constituindo assim mão de obra barata e abundante, o que favorecia os interesses capitalistas. Tendo elas assumido o fardo económico de auto-sustento, tornou-se difícil conciliarem a actividade profissional e a função de procriação e de cuidados a dispensar às crianças, pois era difícil para uma mulher que passava todo o dia a trabalhar contribuindo com a sua porção para os gastos da família, cumprir cabalmente com a função maternal, desde a gravidez, ao parto, à amamentação do seu bebé, etc., o que requeria alguns anos. Assim, as mulheres no ocidente encaravam um dilema. Se optassem por cumprir com a sua função maternal, estariam ausentes do emprego durante um longo período, tornando-se “parasitas” aos olhos dos seus maridos, o que elas queriam evitar. De outro lado as longas ausências no emprego atentavam contra os interesses do patrão. Portanto, surgia assim uma oportunidade para os médicos que foram em seu socorro propondo-lhes métodos anti-conceptivos, lançando assim as fundações para a chamada “Emancipação da Mulher”. E decorrido todo este tempo a mulher torna-se agora vítima de um processo vicioso contra o seu próprio feminismo, pois acha uma estupidez renunciar aos prazeres que a vida fora de casa supostamentamente proporciona, a favor de uma vida alegadamente monótona da mulher doméstica. O desconforto da gravidez e o aturado trabalho de cuidar de crianças, aparentemente prejudica outros afazeres e prazeres da vida. A mulher pensa assim, porque tenta apresentar-se charmosa, bela, elegante, atraente, fina, jovial e sexy perante os homens. Está disposta a gastar sem olhar a custos no vestuário e nos cosméticos, mas em contrapartida não se predispõe a gastar a favor dos seus filhos, o que é condenável. Da mesma forma, a mentalidade materialista fez do homem um ser extremamente ganancioso e egoísta. Nos dias que correm a maior parte dos homens tentam acumular o máximo de riquezas para o seu bem-estar e conforto pessoal. Ninguém deseja que alguém reivindique uma porção nos seus rendimentos, seja o pai, a mãe, os irmãos ou mesmo os seus próprios filhos. Os ricos criaram um estilo de vida próprio, porém a classe média também tenta concorrer com o padrão de vida dos ricos. 28 Arraigaram-se de tal maneira aos luxos supérfluos que a vida para eles se tornou sem significado, e portanto, um homem com um baixo rendimento acha extremamente difícil sustentar-se a si mesmo, e muito menos providenciar o essencial aos seus filhos, e por isso recorre ao controlo de natalidade. Portanto, podemos concluir que eles é que no início cometeram o erro ao mudarem o seu estilo de vida, concentrando-se nos prazeres e no materialismo e depois quando cairam nas dificuldades cometeram outro erro, ao quererem manter esse estilo de vida e praticar o controlo de natalidade. E o resultado foi o declínio no crescimento populacional no ocidente. A 3 de Março de 1944 o Rei George VI da Inglaterra, estabeleceu formalmente um painel de peritos para estudarem o impacto do declínio na taxa de natalidade neste país. No relatório final divulgado cinco anos mais tarde, estes peritos concluiram que a fertilidade dos ingleses decara, sendo o nível de reposição da população frequentemente mais baixo, enquanto que nos povos orientais o nível conheceu uma aumento notável. A tendência geral para a baixa fertilidade na Inglaterra foi, segundo os peritos, um fenómeno comum com a maior parte dos seguidores da civilização ocidental, virtualmente confinada a ela. Mais ainda, os mesmos especialistas determinaram que a diminuição do número de integrantes de famílias do país resultou da prática generalizada de controlo de natalidade, estando convencidos que a situação indiciava o declínio moral da nação. Há muito a dizer no que respeita ao declínio de uma sociedade na sua reprodução, o que indica que alguma coisa está mal na sua atitude para com a vida, podendo possivelmene envolver outras formas de decadência. Os peritos notaram também que o rápido crescimento da população durante os séculos XVIII e XIX, tornara possível o domínio da região no mundo. Porque a situação de declínio dos níveis de reprodução no ocidente, relativamente aos paises menos industrializados poderia alterar substancialmente a correlação de forças, o que por seu lado poderia eventualmente constituir ameaça a alguns paises do ocidente, os líderes europeus e norte americanos decidiram que a única resposta ao dilema do declínio da 29 fertilidade no ocidente seria tomar medidas tendentes a reduzir a taxa de natalidade nos paises subdesenvolvidos. Por outras palavras, só quando os europeus se revelaram incapazes de competir no “jogo de números” é que surgiu o conceito de “explosão demográfica”. Mas será que a explosão demográfica é real ou é um mito? O objectivo continua sendo a persuassão a outros paises a seguirem políticas conducentes à mesma decadência que custou à Inglaterra a sua fertilidade. Os movimentos modernos de controlo de natalidade nasceram logo após a II Guerra Mundial, pois uma Europa enfraquecida, com os níveis de crescimento populacional extremamente baixos, facilmente poderia ser conquistada por outros povos. Em 1905 o governo dos EUA apelou aos americanos brancos a aumentarem a taxa de natalidade. Entretanto são os mesmos paises ocidentais que através da ONU pressionam sistematicamente outras nações a travarem o crescimento da população sob o pretexto de que o aumento da taxa de natalidade trava o seu desenvolvimento. Porém, o facto é que eles mesmos não estão convictos do que dizem, pois quando se trata dos seus paises criam até incentivos ao aumento da taxa de natalidade. E a história de cem anos de intervenção activa para aumentar a fertilidade na Europa, revela-nos a importância extraordinária que a questão da natalidade merecia e continua a merecer no Ocidente. A França é um dos paises ocidentais que tenta muito activamente aumentar a taxa de natalidade. A educação e difusão do controlo de natalidade é proibida por lei. Ironicamente, é neste país onde a intervenção oficial para encorajar a formação de grandes famílias começou desde o século XIV, sendo um dos primeiros países em que a tendência para famílias pouco numerosas se tornou moda. O governo francês oferece assistência social gratuita com o objectivo explícito de encorajar e estimular os pais a aumentarem o número de integrantes de uma família, considerando a procriação um dever patriótico de todo o cidadão francês. Para encorajar a mulher francesa a dar à luz, o governo francês chega a pagar pensões de maternidade que atingem o valor mensal de oitocentos dólares. Estabeleceram outros incentivos como a redução de taxas, aumento de sordenado, etc., não só para os pais biológicos, 30 mas também para os que adoptam crianças. Várias propostas, muitas delas tomando eventualmente a forma de leis, procuravam penalisar os adultos que se mantivessem solteiros, com o intuito de inibir a expansão de controlo de natalidade. Com essas medidas de encorajamento começou-se a aumentar a taxa de natalidade. Simultâneamente eram formadas comissões legislativas especiais para estudarem a questão do despovoamento na França. Na Alemanha, segundo peritos, o governo terá que incentivar a imigração de cidadãos estrangeiros que tenham filhos, pois um terço das mulheres alemãs recusam-se a procriar. O governo alemão decidiu que após 2004 como incentivo aos pais que têm filhos, aliviará os impostos, não o fazendo porém em relação aos que não procriam ou não se casam. (Revista Al-Kawthar, Kuwait, nQ24, Outubro de 2001) Actualmente na Europa a taxa de natalidade é muito baixa, continuando em declínio, mas os ocidentais estão desenvolvendo todo o tipo de campanhas além fronteiras, nos países do Terceiro Mundo, para o controlo de natalidade. Em 1984 o Parlamento Europeu emitiu um apelo a todos os estados membros no sentido de adoptarem “medidas práticas” tendentes a aumentar o crescimento da população doméstica. A declaração advertiu que já em 1950 a percentagem da Europa na população mundial era de 8,8%, e que até 2025 seria de pouco menos de 2% caso até lá a taxa de natalidade não sofresse um aumento. No apelo acrescentava-se ainda que a tendência de crescimento populacional teria um efeito decisivo no desenvolvimento da Europa e determinaria o significado do papel que a Europa desempenharia no mundo nas décadas subsequentes. Muitas nações no mundo, enfrentam um rápido declínio como consequência da diminuição do número de nascimentos. Segundo Steve Moore, da Cato Institute de Washington, “Se o catastrófico número de nascimentos no Japão não for elevado, dentro de 500 anos só restarão no planeta alguns 15 japoneses”. Portanto nós, os países do Terceiro Mundo, devemos tomar lição daquilo que os europeus passaram. Entretanto a Europa e os EUA têm como prioridade na sua 31 agenda exterior, a continuação da imposição de restrições nas taxas de natalidade em regiões em desenvolvimento a longo prazo. Promovem e recorrem a várias formas, até mesmo a esterilização forçada. Os fazedores da política ocidental estão constantemente a apelar para uma maior vigilância na batalha contra o crescimento populacional que ocorre maioritariamente nas nações do Terceiro Mundo. Comparemos as estatísticas sobre a densidade populacional entre o ocidente e os países do Terceiro Mundo, para vermos se nestes há de facto explosão demográfica ou não. Por exemplo, na França a densidade populacional é de 107 habitantes por Km2. Na Inglaterra é de 242, na Holanda é de 387, em Israel é de 291, na Alemanha é de 230 e em Portugal é de 107,8 habitantes por Km2. No Japão é de 336, quase igual à da Bélgica que é de 335 habitantes por Km2. Na Coreia do Sul a densidade populacional é de 476, em Taiwan é de 607, em Hong Kong e Singapura é de 6.428 e 6.450 respectivamente. Olhemos agora para a outra face da moeda. O Zimbabwe, onde está sendo feita uma grande campanha de esterilização, a sua densidade populacional é de 29 habitantes por Km2. A Nigéria que é o país mais populoso de África tem 96 habitantes por Km2, o Gana tem 83, o Irão 41, o Kénia 50 e a República dos Camarões 32. Ainda que por artes mágicas a população do Irão quadruplicasse numa noite, o país continuaria tendo menos que metade da densidade populacional do Japão. A República dos Camarões necessitaria de aumentar onze vezes a sua população actual para igualar à da Bélgica. No Peru a densidade populacional é de 21 habitantes por Km2 e no Brasil que é um país com enormes recursos naturais é de 20 habitantes por Km2. Na República Democrática do Congo (Ex-Zaire) a densidade populacional é de 22, na Somália é de 11, no Congo Brazaville e no Níger de 8, na Líbia, Botswana e Mauritânia é de 3 e na Namíbia é de escassos 2 habitantes por Km2 e Moçambique 18,3 habitantes por Km2. Na Mongólia, que é o país com mais baixa densidade populacional no mundo, vive em cada Km2 uma média de 1,6 pessoas. A zona com maior densidade populacional no mundo, Macau, 32 ex-colónia Portuguesa na China, vivem 27000 pessoas por cada Km2. A China, considerado o país mais populoso do mundo, que pratica a política anti-natalidade mais repressiva do mundo, só tem 131 habitantes por Km2, o que o torna 46% menos populoso comparativamente à Inglaterra, e um terço da da Holanda. A índia que é o segundo país mais populoso do mundo tem a densidade de 286 habitantes por Km2, portanto, menos que o Japão que tem 336. Se a sua densidade populacional aumentasse atingindo a de Taiwan, poderia albergar mais de dois biliões de habitantes. Se o Sudão quisesse atingir a alta densidade populacional da Coreia do Sul, teria que adicionar à sua actual população que é de 28,5 milhões, a de toda a China. Se os supostos seis biliões de habitantes, que se acredita constituírem a população mundial, vivessem todos no Brasil, cuja superfície é de 8.5 biliões de Km2, a densidade populacional seria exactamente de 702, e isso não seria nem o dobro da densidade populacional de Holanda, sendo um nono da de Hong Kong ou Singapura. O resto da terra, estaria completamente vazia. Os países que rapidamente se industrializaram desde meados do século XX, como é o caso do Taiwan e da Coreia do Sul, são dos mais densamente povoados na terra, enquanto que outros como o Congo e o Gabão, que possuem recursos naturais abundantes, têm a densidade populacional acentuadamente mais baixa, mas mantêm-se relativamente pobres. Esta concentração de esforços por parte dos ocidentais tem como meta o desencorajamento do surgimento de indústrias no Terceiro Mundo. Recorrem ao falso argumento de preservação do meio ambiente e a contenção do crescimento populacional, fundamentandos nos objectivos da chamada “segurança global”. Porém, a tendência nos países do Terceiro Mundo aponta para o crescimento e a industrialização, enquanto que a população do ocidente (norte) está envelhecendo e a sua economia, em declínio. As potências ocidentais raramente são sinceras com os países do Terceiro Mundo e as suas ex-colónias. Suscita-nos sempre dúvidas, se com estas campanhas de combate ao 33 crescimento populacional de facto desejam o bem estar dos outros. 0 controlo de natalidade tem dois aspectos: 1 - Planeamento familiar, isto é, a limitação do nascimento de crianças a um número específico. 2 - Controlo da população, isto é, a regulação do crescimento da população de tal modo que isso não exceda um determinado limite. O conceito de “Controlo de Natalidade” baseia-se na “Teoria Malthusiana” segundo a qual “enquanto a acomodação na terra e a colheita de terras acessíveis é limitada e os recursos económicos para sustentar o Homem também são escassos, a proporção do crescimento da população humana não é. Consequentem ente isso continuará a aum entar descontroladamente chegando eventualmente a proporções explosivas de não restar espaço e em que a terra acessível não poderá suportar essa expansão populacional, e a maior parte da humanidade sofrerá e morrerá de fome”. O Reverendo F.R. Malthus, um clérigo anglicano e reputado economista inglês dos finais do século XVIII (1766-1834) diz que o marido e a mulher devem exercer o auto-controlo para limitar o crescimento da população. Contudo, ele não recomendou o uso de contraceptivos actuais, mas prescreveu a receita antiga de abstinência, isto é, casasse tarde e sujeitar- se à auto-restrição na vida matrimonial. É com base nessa teoria que hoje para se alcançar tal objectivo se permitem todos os métodos incluindo o aborto. A “Teoria Malthusiana” está ultrapassada, pois baseavaa- se na tese de que “cada país terá que produzir alimentos para o seu consumo”. Hoje o mundo está muito desenvolvido, já foram inventados meios de transporte sofisticados, que facilitam a deslocação de homens e bens. Através de camions, comboios, barcos e e até aviões, já se podem transportar para países longínquos alimentos e outros bens em grandes quantidades. Hoje um país pode importar toda a sua alimentação desde que tenha meios para o fazer, havendo disso exemplos tanto na Europa como no Médio Oriente. Além disso, já não há necessidade de se controlar a 34 natalidade para impedir o crescimento populacionaLporque ocorreram factores que contribuem para o abaixamento do crescimento populacional, senão vejamos: O aumento da riqueza reduziu o crescimento populacional, pois geralmente os ricos, magnatas, médicos, advogados etc., devido ao seu padrão de vida têm famílias pequenas, o mesmo não se verificando entre os pobres e as classes médias. O desejo sexuai em pessoas com formação superior enfraquece devido ao seu esforço intelectual intenso, abstendo- se muitos deles de contrair casamento. Portanto o aumento da educação também trava de certa forma o aumento da população. Em países desenvolvidos, as mulheres evitam o casamento porque preferem uma vida folgada e sem compromissos matrimoniais. Têm aversão às crianças, pois no seu conceito, criar filhos é maçador. Devido à imoralidade, e às DTS, o vigor sexual também enfraquece. As guerras proliferam por todo o lado, com toda a sua sanha mortífera, dizimando milhares de inocentes. As duas grandes guerras mundiais travadas no século vinte, vitimaram mais vidas do que as perdas totais em guerras travadas em mais de cinquenta séculos passados. Se o custo humano na primeira guerra mundial (1914-1918) foi de aproximadamente quinze milhões de pessoas (civis e militares), o número de mortes inflingido pela segunda guerra mundial (1939-1945) excedeu cinquenta e um milhões. Mais de 128 guerras civis e regionais, depois da segunda guerra mundial, consumiram mais outros trinta milhões de seres humanos não se vislumbrando um fim a este reino de terror e destruição. Os armamentos de destruição nos EUA e Rússia, são suficientes para destruir o mundo mais de quinze vezes. Só Israel tem um arsenal que pode destruir metade do mundo. E não há fim a expansão da sofisticação da máquina de guerra. Além disso, são as epidemias, doenças, terramotos, desastres, etc. que vão reduzindo a população mundana. Portanto, não há razão para a prevalência do receio de explosão demográfica e a subsequentemente falta de alimentos.. De salientar que a verdadeira comparação não é entre a população e a alimentação, mas sim entre a população e a riqueza. Pois se a população aumentar e a riqueza mantiver-se no seu estado ou diminuir então haverá crise, mas se com o aumento da população simultâneamente houver aumento de 35 riqueza, então o nível da vida da população poderá até melhorar. Portanto, a teoria de Malthus está ultrapassada, pois quando ele sugeriu as medidas de controlo de natalidade a situação do mundo era uma, e agora é outra. Depois de Malthus, apareceu Marshal que também abordou este tema da população, dizendo que o seu aumento ocorre devido a dois motivos: 1 - Mais nascimentos em relação às mortes, portanto um aumento natural. Porém isto está relacionado com costumes ligados a casamentos, mas mesmo esses costumes estão sendo afectados pelos seguintes factores: a. Climatéricos Os que vivem em países quentes casam-se cedo e os que vivem em países frios casam-se tarde; b. Dificuldades nos cuidados a dispensar às crianças Verifica-se que a idade de casamento varia em função das classes sociais, por exemplo, os membros da classe média casam-se tarde, os trabalhadores profissionais casam-se um pouco mais cedo que eles, e os trabalhadores sem profissão, de entre este grupo são os que mais cedo se casm. O motivo disso está claro, pois os membros de classe média para manterem o seu respeito e honra na sociedade precisam de gastar muito dinheiro, por isso só se casam quando acham que já ganharam o suficiente para manter e satisfazer as necessidades da família. O caso dos trabalhadores é diferente, pois quando eles atingem a idade entre os vinte e os vinte e cinco anos, julgam que já ganharam o máximo, acabando por se casarem, e os membros da classe baixa, neste aspecto são diferentes, pois quando atingem a idade de dezoito anos, se tiverem ganho algo, acabam casando-se. c. Os usos e costumes Para além dos impedimentos de ordem natural, estes também afectam o crescimento populacional. 36 2 - Imigração: Verifica-se que muita gente, devido a dificuldades financeiras emigram para outros países, o que afecta profundamente a população desse país. Portanto na base daquilo que Marshal diz, também não há necessidades de controlo de natalidade, pois a própria situação do mundo e as suas alterações estão a servir para o controlo de natalidade. Em alguns países são as condições climatéricas, noutros são os usos e costumes, noutros são as dificuldades financeiras da população, e noutros é a imigração para o exterior que diminui a população. O PONTO DE VISTA ISSLÂMICO Antes de procurarmos saber se o Isslam aprova os métodos artificiais para a limitação e o controlo de natalidade devemos dirigir a nós próprios as seguintes perguntas: 1. Como muçulmanos, qual é o nosso conceito de crença em Deus? 2. Não estará a prática do controlo de natalidade contra os princípios isslâmicos que nos orientam em todos os ramos da vida? 3. Que lugar é que ocupamos aqui na terra? 4. Qual é o princípio económico básico no Isslam? 5. Será que o controlo de natalidade tem lógica? 6. Qual foi o resultado dos que o praticaram? Nós acreditamos que DEUS, Todo Poderoso é “Rabbul- Ãlamina”, isto é, Nutridor dos mundos. Ele é o Criador, o Nutridor, o Sustentador, o Protector, o Preservador, e o Senhor de tudo o que está no Universo. Nós cremos que DEUS criou- nos e ao Universo e colocou nele antes de nos criar tudo o que necessitaríamos para viver. DEUS tomou a responsabilidade de sustentar todas as criaturas da terra: “Não existe ser vivo na terra cujo sustento não dependa de 37 Deus. Ele conhece a sua estância temporal e permanente, porque tudo está registado num livro claro”. Cap. 11, Vers. 6 Neste versículo Deus diz claramente que todas as almas que Ele cria neste mundo, Ele próprio garante também as suas necessidades. Ele conhece bem o local delas, temporário ou permanente e faz-lhes chegar a provisão. Se Deus já tomou a responsabilidade de suprir a todas as criaturas vivas, então com que direito o ser humano, que é fraco, quer interferir no sistema de Deus? E noutro versículo diz: “E no céu, está vosso sustento e tudo quanto vos foi prometido. Pelo Senhor do céu e da terra! Tudo isto é tão certo quanto é certo que falais”. Cap. 51 Vers. 22-23 Aqui Deus jura, para nos tranquilizar, que o sustento de todos está garantido. DEUS criou tudo numa forma equilibrada e proporcional. As fontes de todas as forças potenciais e energéticas estão com DEUS, e são inesgotáveis e ilimitadas: “E não há coisa alguma cujos tesouros não estejam Connosco. E não a fazemos descer senão na medida determinada”. Cap. 15, Vers. 21 Os que creêm nestes versículos são obrigados a acredirtar que Deus não criou as pessoas sem planear e não deixou para outros a preocupação de tratarem do seu sustento. Não é possível que Ele não saiba que as Suas criaturas estão aumentando e que a comida é limitada. Antes de criar qualquer criatura, Ele tratou da sua alimentação. O bebé antes de chegar ao mundo já tem a sua alimentação no ventre da mãe, depois de nascer tem no peito da mãe. A medida que vai crescendo e a capacidade do estômago vai mudando a alimentação também vai se alterando. Isto não só acontece com pessoas, pois até mesmo com os animais. A falta de alimentos no mundo não é real mas sim aparente, 38 baseando-se em pressupostos fictícios. É um facto reconhecido que o potencial de produção de fruta, cereais e hortaliças duma parcela de terreno, não está limitado por DEUS a uma quantidade específica. Os métodos modernos de irrigação e cultivo são responsáveis pelo aumento extraordinário do rendimento e produção da mesma parcela de terreno que no passado produzia uma percentagem limitada de cereais, ou que era árida e deserta. Pensar que o mundo está abandonado e que poderá ocorrer uma explosão demográfica em que as pessoas morrerão à fome, é um ponto de vista dos que não acreditam em Deus. A “Teoria Malthusiana” não é nova, pois o mesmo conceito já existia no periodo de jahiliyah (era pré-isslâmica). O Isslam encoraja o casamento considerando-o obrigatório, e reprova o celibato. Esta posição do Isslam tem a sua origem, pois após Deus ter criado Adão, este viveu algum tempo sozinho no Paraíso, mas apesar de ter tudo, não tinho o sossêgo e a tranquilidade de que necessiava, e então Deus decidiu criar uma companheira, para ser sua esposa e a quem foi dado o nome de Eva (Hawwa). Não há dúvidas que o principal objectivo do casamento é a procriação para assim se proteger a espécie humana, e também para a satisfação sexual. O controlo de natalidade é diametralmente oposto a esse objectivo, pois o Profeta S.A.W. diz: “Casai com mulheres afectuosas e fecundas, pois eu orgulhar-me-ei do vosso grande número perante as outras comunidades”. (Relato Abu Daud, An-Nissai) O sexo é um desejo natural, assim como é a alimentação, e só através do casamento é que se satisfaz este desejo natural, pois fora dele é considerado pecado e crime. É natural que quando o homem se casa com uma mulher o resultado natural dessa união seja a procriação. E porque a satisfação sexual também é um dos objectivos do casamento, permite-se o “AzF’, em que ambos satisfazem a sua paixão carnal, evitando a concepção. Quando a união entre marido e mulher não resulta em progénie, causa muitas vezes a infelicidade. Portanto a procriação garante o amor entre os dois. O controlo reprodutivo 39 é contrário a isso. A contracepção significa a tomada de medidas para evitar a possiblidade de se dar à luz, e isso implica o não cumprimento do objectivo do casamento, que é a procriação. A CONTRACEPÇÃO O Alcorão que é a principal fonte de jurisdição isslâmica não faz nenhuma alusão categórica, se a contracepção é permitida ou não. Contudo, consta no Al-Bukhari e Musslim um Hadice em que, Jabir R.T.A. narra que se praticava o “Azl” (interrupção do coito) no tempo do Profeta S.A.W., quando o Alcorão estava sendo revelado, e o Profeta tinha sido informado disso, não tendo contudo proibido tal prática. Na base deste Hadice todos os Imamos são unânimes na permissibilidade do “Azl”, contanto que seja feito com o consentimento da mulher, pois Ornar Ibn Al-Khatab narra que o Profeta S.A.W. proibira a prática do “Azl” com uma mulher livre sem a sua permissão e consentimento. (Ibn Majah) Ibn Taimiyah diz no seu livro Mukhtassar Al-Fatawa, pág. 426, “quanto a “Azl”, alguns proibem, mas os quatro grandes Imames permitem-no com o consentimento mulher. Ibn Al-Qayim no seu livro Zádul-Maád Vol. 4, pág. 16, dá preferência à opinião que permite o “Azl”. Ele menciona vários Hadices que declaram isso permissível e conclui dizendo dizendo: “Esses Hadices são claros no que diz respeito o “Azl” No Nailul Autar o Imam Shaukani diz: “não há divergências entre os teólogos na permissão de “Azl” desde que a mulher dê o seu consentimento. O Imamo Gazali no seu livro “Ihyá Ulum El-Din” diz que é permitido evitar a gravidez, pois a proibição depende do texto ou da analogia textual, porém, não há nenhum texto relacionado a este problema e nem há analogia semelhante a ser seguida. O termo “Azl” deriva da palavra árabe “Azala” que literalmente significa “pôr de lado”, “separar” ou “remover”, e na prática “Azl” consiste na prática de sexo com interrupção momentos antes da ejaculação, para evitar que o esperma penetre no útero. Portanto, é uma relação sexual incompleta. E isso 40 corresponde ao ponto de vista isslâmico segundo o qual o homem e a mulher são companheiros de vida, pois um conforta o outro, sendo que, gerar e procriar é direito dos dois. Há motivos pessoais válidos e justificativos para o Azl, como por exemplo: 1 - Nos casos em que a saúde física ou mental da mulher for susceptível de ser ameaçada, caso conceba ou se as repetidas gestações enfraquecerem o seu organismo perigando a sua vida, como por exemplo se sofre de alguma doença cardíaca ou renal, anemia ou algum desequilíbrio psíquico e temer não poder dedicar os devidos cuidados à criança, então devido à necessidade de salvaguarda da sua saúde, pode-se praticar o Azl se um médico muçulmano o recomendar, pois em caso de extrema necessidade o Sharia permite coisas que em circunstâncias normais não permite. Por exemplo, consumir carne de animal morto (de morte natural) ou de porco é harám, mas em caso de fome, não existindo qualquer outro alimento, então não só é permitido como também se torna necessário para salvar a vida. 2 - Quando a mulher precisa de observar um intervalo entre as gestações para que o seu organismo se possa recuperar, permitindo que se possa prestar a cada criança a atenção e o cuidado na nutrição e na educação, pode-se praticar o Azl, pois se em cada ano nascer um bebé será muito difícil dar a atenção e o cuidado adequados que cada um requere. O intervalo desejável entre as gestações atinge-se quando de acordo com o Alcorão: “As mães amamentarão os seus filhos (com leite de peito) durante dois anos completos”. Cap. 2, Vers. 233 Na base deste versículo, alguns Álimos acham que tal implica que o intervalo mínimo entre o nascimento de crianças deve ser de 33 meses, sendo nove meses de gravidez e vinte e quatro de lactação, pois a ciência moderna já provou que 41 nada pode substituir o leite materno. Neste período, conceber pode ser prejudicial tanto para a mãe como para o seu bebé. Do versículo que se segue alguns Álimos concluiram que o período mínimo entre o nascimento de crianças é de 30 meses, sendo 24 para o desmame e o mínimo de 6 de gestação para que se forme um feto com relativa garantia de sobrevivência. O Alcorão diz: “Com dores sua mãe o carrega durante a sua gestação, e posteriormente sofre as dores do seu parto. E da sua concepção até ao desmame há um período de trinta meses”. Cap. 46, Vers. 15 De acordo com uma advertência do Profeta S.A.W., durante este período não é aconselhável uma nova gravidez. Ele era contra o facto de uma mulher conceber durante o período de amamentação, chamando isso de “Al-Ghailah”, isto é, assalto à criança, assim como consta no Hadice de Assmá Bin’t Zaid, narrado por Abu Daud. Portanto, como é que se deve nesse período evitar a gravidez? Abster-se de relações sexuais? Tal revela-se extremamente difícil, pois o período de abstenção de 2 anos é bastante longo, e a solução é a contracepção. É igualmente permitido recorrer a métodos anticonceptivos quando se achar que os tempos são maus e impera a corrupção. (Raddal-Mukhtar) É também permitido quando as relações entre o casal não são boas e há a probabilidade ou intenção de separação entre eles. 3 - Outra razão que pode justificar o Azl é a eventualidade de algum dos parceiros ou os dois sofrerem de alguma doença contagiosa ou defeito genético que por heredetariedade possa ser transmissível, temendo-se portanto gerar uma criança deform ada, com mongolismo, hemofilia ou sífilis. Outro motivo que pode legitimar a prática do Azl é quando a mulher é muito nova e o seu desenvolvimento físico e dos órgãos reprodutivos não tiver atingido ainda a robustez necessária, temendo-se a ocorrência de alguma doença 42 ou a incontinência, ou mesmo qualquer outra doença que devido à gravidez possa piorar provocando eventualmente a morte da gestante. Nestes casos podem-se tomar medidas de precaução através da contracepção para evitar tais nascimentos. E isso é diferente do aborto a que se recorre para matar os fetos deformados depois de a concepção já ter ocorrido. Disto depreende-se portanto que o médico muçulmano tem um papel muito importante a desempenhar no aconselhamento sobre os aspectos genéticos da gravidez. O Azl foi o único método contraceptivo usado em tempos remotos, praticado no tempo do Profeta S. A.W, embora não tão efectivo como os métodos modernos como a pílula ou o D.I.U. Porém, hoje a medicina já desenvolveu novos métodos de contracepção cujo objectivo é prolongar o intervalo entre os nascimentos dos seus filhos, ou evitar a gravidez até o tempo desejado para reduzir o número de crianças na família. Esses métodos são de dois tipos: reversíveis e irreversíveis, sendo alguns usados pelos homens e outros pelas mulheres. Os juristas muçulmanos já haviam abordado a questão relativa aos contraceptivos usados pelas mulheres. É interessante referir que já no século XIV da era cristã, o grande Imam e Jurista, Ibn Taimiyah Al-Hambali, (falecido no ano de 728 de Hijra), foi uma ocasião interrogado a cerca dos meios contraceptivos, se à mulher era permitido ou não inserir um “medicamento” no momento do coito para evitar que o esperma chegasse ao útero, e se caso tal “medicamento” não fosse retirado após as relações sexuais lhe era ou não permitido fazer o Salat obrigatório e jejuar após o indispensável banho de purificação. Respondeu que, no que dizia respeito ao cumprimento do Salat obrigatório e ao Jejum, os dois eram válidos, apesar de o tal “medicamento” permanecer dentro do seu organismo, mas quanto à permissibilidade do seu uso, havia uma diferença de opiniões entre os Álimos, pelo que seria mais prudente não recorrer ao tal método. (Fatawa Ibn Taymiyah) 43 Ibn Abedin Ash-Shami também considera permissível selar a abertura do útero. (Raddal - Mukhtar Maa Addurrul - Mukhtar) Por outro lado, Ibn Nujaim, o Jurista Hanafi, do século XV da era cristã, diz que “selar a abertura do útero” em analogia ao Azl, deve-se sujeitar ao consentimento do marido. Portanto, na mesma base, não há nenhuma objecção religiosa aos métodos contraceptivos modernos, dependendo do Niyat (intenção). Contudo, o uso de métodos contraceptivos é prejudicial à saúde assim como afirmam famosos médicos de craveira internacional. Por exemplo, o Dr. Amand Routh, M.D., F.R.C.P. disse perante uma comissão de investigação: “Eu não tenho dúvidas que a prevenção da maternidade por métodos artificiais produz invariavelmente danos físicos, mentais e morais aos que recorrem ao seu uso”. Os que acham que praticam os métodos contraceptivos para evitar a gravidez para se manter a beleza da mulher, devem saber que o uso de métodos contraceptivos é muita prejudicial à saúde da mulher. Consta na “Enciclopaedia Britannica”: “Investigações sugerem que pode haver vários riscos no uso de comprimidos para o controlo de natalidade. Há indicações de uma possível relação entre o uso dessas pílulas e o cancro da mama e do útero. Há também algumas provas de aumento da hipertensão, tolerância anormal de glucose e outras alterações bioquímicas, para além da possibilidade de alguns danos ligeiros genéticos ao ovo do ovário. A pílula pode também agravar as alergias associadas à asma, eczema e enxaqueca, e outras do

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