🎧 New: AI-Generated Podcasts Turn your study notes into engaging audio conversations. Learn more

O_desenvolvimento_da_pessoa_do_nascimento_à_terceira_idade_Kathleen.pdf

Loading...
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...

Full Transcript

Há um século, a puberdade começava aos 15 anos ou mais. Logo depois desta idade, a maioria das garotas se casava e a maioria dos rapazes encontrava trabalho. Dizem que a adolescência começa com a biologia e termina com a cultura. Se é assim, então há 100 anos a adolescência durava alguns poucos mese...

Há um século, a puberdade começava aos 15 anos ou mais. Logo depois desta idade, a maioria das garotas se casava e a maioria dos rapazes encontrava trabalho. Dizem que a adolescência começa com a biologia e termina com a cultura. Se é assim, então há 100 anos a adolescência durava alguns poucos meses. Agora a adolescência dura muitos anos. A puberdade começa antes dos 13 anos e as responsabilidades de adultos são muitas vezes adiadas até a adultez emergente, ou mais tarde. Nos próximos três capítulos (percorrendo dos 11 aos 18 anos), começamos com a biologia (este capítulo), consideramos a cognição (Capítulo 15), e depois discutimos a cultura (Capítulo 16). A adolescência atrai extremos, suscitando as mais altas esperanças e os piores medos dos pais, professores, oficiais de polícia, servidores sociais e as próprias crianças. Padrões e fatos podem lançar um jovem à destruição ou ao sucesso. Entender essa fase do desenvolvimento é o primeiro passo para garantir uma adolescência satisfatória, em vez de devastadora. O Início da Puberdade Começos Invisíveis PERSPECTIVAS OPOSTAS: Álgebra às 7 Horas da Manhã? Caia na Real Idade e Puberdade UMA VISÃO DA CIÊNCIA: Estresse e Puberdade Muito Cedo, Muito Tarde Crescimento e Nutrição Crescendo e Ficando Mais Forte Deficiências da Dieta Distúrbios Alimentares Desenvolvimento do Cérebro Uma Necessidade de Cuidado UM CASO PARA ESTUDO: “Em Que Você Estava Pensando?” Benefícios do Desenvolvimento do Cérebro do Adolescente Maturidade Sexual Características Sexuais Atividade Sexual Problemas Sexuais dos Adolescentes O QUE VOCÊ VAI SABER? 1. Uma vez que a puberdade começa a qualquer momento dos 8 aos 14 anos, como é possível prever seu início para uma criança em particular? 2. Por que alguns adolescentes decidem passar fome, enquanto outros comem demais? Se os impulsos sexuais na adolescência são poderosos e inevitáveis, por que existem 3. tantas variações nas taxas de gravidez e DSTs entre os adolescentes? Escutei uma conversa entre três adolescentes, entre elas minha filha Rachel; todas já haviam passado aqueles anos em que somos desajeitadas e agora eram bonitas. Estavam discutindo as imperfeições de seus corpos. Uma falou da gordura de sua barriga (que barriga? Eu não via nada), outra de seu pescoço comprido (escondido por seu cabelo sedoso, longo até os ombros). Rachel queixou-se não só de seu mindinho torto, mas também de seus pés! O fato de que crianças crescem e se tornam homens e mulheres não é estranho para nenhum adulto. Mas, para os adolescentes, uma autoconsciência aumentada muitas vezes desencadeia surpresa e até mesmo horror, alegria e desespero a respeito de características específicas de seu desenvolvimento. Como aquelas três, os adolescentes prestam atenção aos detalhes de seu crescimento. Este capítulo descreve as especificações biossociais dos corpos que crescem e da sexualidade que emerge. Tudo isso começa com hormônios, mas outras mudanças invisíveis podem ser ainda mais poderosas – como o ritmo da maturação neurológica, que ainda não permite que adolescentes, como essas três, percebam que as pequenas imperfeições são insignificantes. >> O Início da Puberdade puberdade O tempo entre a primeira investida dos hormônios e o completo desenvolvimento físico de adulto. A puberdade normalmente dura de 3 a 5 anos. Muito mais anos são necessários para conseguir a maturidade psicossocial. A puberdade se refere aos anos de crescimento físico e amadurecimento sexual rápidos, que concluem a infância produzindo uma pessoa de tamanho, forma e sexualidade de adulto. As forças da puberdade são desencadeadas por uma cascata de hormônios, que produzem crescimento externo e mudanças internas, incluindo emoções intensificadas e desejos sexuais. O processo da puberdade normalmente começa entre os 8 e os 14 anos de idade. A maior parte do crescimento físico e do amadurecimento termina cerca de quatro anos depois do aparecimento dos primeiros sinais, embora alguns indivíduos (especialmente os meninos) ainda adquiram estatura, peso e músculos até os 20 anos ou mais. menarca O primeiro período menstrual de uma menina. A menarca sinaliza que ela já começou a ovular. A gravidez é biologicamente possível, mas a ovulação e a menstruação são muitas vezes irregulares durante anos depois da menarca. Para as meninas, as mudanças observáveis da puberdade normalmente começam com o crescimento dos mamilos. Logo são visíveis alguns poucos pelos no púbis, seguidos por um surto de crescimento, que alarga os quadris, conduz ao primeiro ciclo menstrual (menarca), aumenta a quantidade de pelos no púbis e promove a maturação dos seios (Susman et al., 2010). A média de idade da menarca entre garotas de peso normal é de cerca de 12 anos e 8 meses (Rosenfield et al., 2009), embora variações de tempo sejam muito normais. espermarca A primeira ejaculação de esperma de um menino. As ereções podem ocorrer ainda na infância, mas a ejaculação sinaliza a produção de esperma. A espermarca pode ocorrer durante o sono (em um “sonho molhado”) ou por estimulação direta. Especialmente para os Pais de Adolescentes Por que os pais culpam os hormônios pelas mudanças de humor nos adolescentes? Para os rapazes, a sequência comum é o crescimento dos testículos, início de crescimento dos pelos do púbis, crescimento do pênis, primeira ejaculação do fluido seminal (espermarca), aparecimento de pelos no rosto, pico de crescimento com a voz ficando mais grave, e crescimento final dos pelos do púbis (Biro et al., 2001; Herman-Giddens et al., 2012; Susman et al., 2010). A idade típica da espermarca é pouco antes dos 13 anos, perto da idade da menarca. Começos Invisíveis hormônio Uma substância química orgânica, que é produzida por um tecido do corpo e transportada através da corrente sanguínea para outro, a fim de afetar alguma função fisiológica. Estas são as mudanças visíveis da puberdade, mas o processo inteiro começa com um evento invisível, um aumento marcante dos hormônios. Hormônios são produtos químicos do corpo que regulam a fome, o sono, o humor, o estresse, o desejo sexual, a imunidade, a reprodução, e muitas outras funções do corpo, incluindo a puberdade. Durante toda a adolescência, os níveis de hormônio estão em correlação com as mudanças fisiológicas e com o desenvolvimento autorrelatado (Shirtcliff et al., 2009). pituitária Uma glândula no cérebro que responde a um sinal do hipotálamo produzindo muitos hormônios, incluindo aqueles que regulam o crescimento e que controlam outras glândulas, entre as quais a glândula adrenal e as gônadas. glândulas adrenais Duas glândulas, localizadas acima dos rins, que produzem hormônios (incluindo os “hormônios do estresse” epinefrina [adrenalina] e norepinefrina [noradrenalina]). Você aprendeu, no Capítulo 8, que a produção de muitos hormônios é regulada em regiões profundas do cérebro, em que sinais bioquímicos do hipotálamo e de outra estrutura do cérebro, a pituitária, entram em ação. A pituitária produz hormônios que estimulam as glândulas adrenais ou suprarrenais, localizadas acima dos rins, do outro lado na parte mais baixa das costas. As glândulas adrenais produzem mais hormônios. eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) Sequência de produção de hormônios originada no hipotálamo que se move para a pituitária e depois para as glândulas adrenais. Muitos hormônios que regulam a puberdade seguem esta via, conhecida como o eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) (veja a Figura 14.1). Anormalidades do eixo HPA na adolescência estão associadas a distúrbios alimentares, de ansiedade, e depressão. Esses e muitos outros tipos de psicopatologia, que aparecem pela primeira vez ou pioram na puberdade, estão relacionados aos hormônios e aos genes (Dahl & Gunnar, 2009). De fato, há grande probabilidade de as anormalidades no eixo HPA serem responsáveis pelo repentino aumento dos casos de depressão clínica no início da adolescência (Guerry & Hastings, 2011); rupturas do eixo HPA são um resultado de abuso sexual na infância (discutido em breve) (Trickett et al., 2011). Hormônios Sexuais gônadas As glândulas sexuais em pares (ovários nas mulheres, testículos nos homens). As gônadas produzem hormônios e gametas. eixo HPG (hipotálamo-pituitária-gônada) Sequência de produção de hormônios que tem origem no hipotálamo, move-se para a pituitária e, em seguida, para as gônadas. estradiol Um hormônio sexual, considerado o estrógeno principal. As mulheres produzem muito mais estradiol do que os homens. testosterona Um hormônio sexual, o mais conhecido dos andrógenos (hormônios masculinos); secretado em quantidade muito maior pelos homens do que pelas mulheres. Na adolescência, a pituitária ativa não só as glândulas adrenais, mas também as gônadas ou glândulas sexuais (ovários nas mulheres; testículos nos homens), seguindo outra sequência denominada o eixo HPG (hipotálamo-pituitária-gônada). Um hormônio em particular, GnRH (hormônio liberador da gonadotrofina), provoca o crescimento das gônadas e aumenta drasticamente a produção de hormônios sexuais, principalmente o estradiol nas meninas e a testosterona nos meninos. Esses hormônios afetam a forma e a função do corpo, produzindo hormônios adicionais que regulam o estresse e a imunidade (E. A. Young et al., 2008). FIGURA 14.1 Sequência Biológica da Puberdade A puberdade começa com um sinal hormonal que parte do hipotálamo para a glândula pituitária, ambos em regiões muito profundas dentro do cérebro. A pituitária, por sua vez, envia uma mensagem hormonal, através da corrente sanguínea, para as glândulas adrenais e para as gônadas para produzir mais hormônios. Os estrógenos (incluindo o estradiol) são hormônios femininos, e os andrógenos (incluindo a testosterona) são hormônios masculinos, embora ambos os sexos tenham um pouco de cada um. As mensagens bioquímicas do eixo HPG ativam os ovários para produzir altos níveis de estrógenos, e os testículos para produzir aumentos drásticos de andrógenos. Esses “aumentos bruscos de hormônios” afetam o corpo, o cérebro e o comportamento, antes que quaisquer sinais visíveis de puberdade apareçam, “muito antes da adolescência” (Peper & Dahl, 2013, p. 134). Finalmente, essas gônadas ativadas produzem espermas ou óvulos maduros liberados na menarca ou na espermarca. Isso significa que existe o potencial para concepção, embora o pico de fertilidade ocorra de quatro a seis anos mais tarde. Aumentos e diferenças hormonais podem também estar por trás das diferenças de sexo nas psicopatologias (Naninck et al., 2011; Steiner & Young, 2008). Esta é uma explicação para dois fatos notáveis: comparados a seus pares do outro sexo, os homens são duas vezes mais propensos a se tornar esquizofrênicos, e as mulheres duas vezes mais propensas a se tornar deprimidas. Especialmente para os Adolescentes Alguns jovens de 14 anos têm relações sexuais de forma desprotegida e depois se tranquilizam ao saber que a concepção não ocorreu. Isto significa que eles não precisam se preocupar com a contracepção? Entretanto, o efeito psicológico mais óbvio dos hormônios na puberdade é o despertar e o aumento do interesse pelo sexo. Os primeiros objetos sexuais são normalmente não alcançáveis – uma estrela de um filme, um(a) professor(a), um irmão (ou irmã) mais velho(a) de um amigo – mas, pela meia adolescência, as fantasias geralmente se fixam em outro(a) adolescente. Não somente o corpo e o cérebro são afetados pelos hormônios; o comportamento também é – aparecendo atitudes como flertar, chorar e bater a porta. A puberdade é um exemplo de um sistema dinâmico que inclui todos os aspectos do desenvolvimento, um afetando o outro. Surtos emocionais bruscos e impulsos libidinosos podem começar com os hormônios, mas depois os próprios pensamentos podem provocar processos fisiológicos e neurológicos, e não apenas ser o resultado deles. Os hormônios da puberdade tornam os adolescentes mais jovens mais vulneráveis ao estresse e, desse modo, ficam irritados ou angustiados mais rapidamente (Goddings et al., 2012; Klein & Romeo, 2013). Em seguida, essas emoções aumentam os níveis de hormônio. Por exemplo, as reações de outras pessoas em relação ao surgimento dos seios e de barbas, ou formas do corpo, invocam pensamentos e frustrações no adolescente, o que resulta no aumento da produção de hormônio e das explosões emocionais, um intensificando o outro. Ritmos do Corpo ritmo circadiano O ciclo dia-noite das atividades biológicas, que ocorre aproximadamente a cada 24 horas (circadiano significa “cerca de um dia”). O cérebro da toda criatura viva responde ao ambiente com ritmos naturais que se elevam e caem em horas, dias e estações. Por exemplo, o peso do corpo e a altura são afetados pelo período do ano. A taxa de crescimento das crianças aumenta para a altura durante o verão e para o peso durante o inverno. Alguns biorritmos ocorrem em um ciclo de um dia-noite que dura aproximadamente 24 horas, chamados de ritmos circadianos. (Circadiano significa “cerca de um dia”.) A puberdade afeta tanto o biorritmo sazonal quanto o diário. >> Resposta para os Pais dos Adolescentes: Se alguma coisa faz os adolescentes gritar “Eu odeio você”, bater portas ou chorar inconsolavelmente, os pais podem achar que estão ocorrendo problemas hormonais. Isso torna fácil negar sua responsabilidade pessoal pela raiva do adolescente. Entretanto, pesquisas sobre estresse e hormônios sugerem que essa atribuição confortável de culpa é muito simplista. O hipotálamo e a pituitária regulam os hormônios que afetam os padrões de estresse, apetite, sono etc. Esses hormônios na puberdade causam atraso na fase dos ciclos circadianos de dormir- despertar. O atraso está na reação do corpo à luz do dia e ao escuro. Para a maioria das pessoas, a luz da manhã acorda o cérebro. É por isso que as pessoas que lutam contra a insônia são estimuladas a dar uma caminhada pela manhã. Entretanto, na puberdade, o ritmo circadiano é demorado; então muitos jovens ficam bem acordados e com fome à meia-noite, mas ficam meio dormindo, com pouco apetite ou energia a manhã inteira. Adicionado ao padrão dia-noite do adolescente, alguns indivíduos (especialmente homens) estão naturalmente mais alertas à noite do que de manhã, um traço genético chamado vespertinidade. Exacerbada pelo atraso da fase da puberdade, a vespertinidade coloca os adolescentes em risco de realizar atividades antissociais, pois eles estão acordados quando os adultos estão dormindo. Outro resultado da vespertinidade e da alteração global do ritmo circadiano em uma sociedade que é programada para adultos, não para adolescentes, é que, a cada ano do ensino médio, os adolescentes vão ficando cada vez mais privados do sono (Carskadon, 2011). Para piorar, “a luz de espectro azul da TV, do computador e das telas de dispositivos pessoais podem ter efeitos particularmente fortes no sistema circadiano dos seres humanos” (Peper & Dahl, 2013, p. 137). Ver televisão tarde da noite, trabalhar no computador ou escrever textos para amigos às 10 horas da noite interfere no sono noturno normal. Dormir até tarde nas manhãs de fim de semana é um sinal de privação, não de compensação. A privação do sono e os esquemas de sono irregulares conduzem a diversos perigos específicos, incluindo insônia, pesadelos, distúrbios do humor (depressão, distúrbios de conduta, ansiedade) e dormir enquanto está dirigindo. Além disso, os indivíduos que estão com sono não raciocinam nem aprendem tão bem quanto se estivessem descansados. A privação do sono é particularmente provável entre adolescentes, não só nos Estados Unidos, mas também em muitas outras nações (Eaten et al., 2010; Roenneberg et al., 2012). A cada ano do ensino médio, menos alunos conseguem ainda 8 horas de sono, o mínimo necessário para um corpo jovem (veja a Figura 14.2). Muitos adultos ignoram as implicações deste fato, como as Perspectivas Opostas explicam a seguir. Idade e Puberdade Normalmente a quantidade de hormônios aumenta entre 8 e 14 anos, e sinais visíveis da puberdade aparecem um ano mais tarde. Essa faixa de seis anos é muito grande para muitos pais, professores e crianças, que querem localizar com exatidão uma idade mais precisa. Felizmente, se uma pessoa conhece os genes, gênero, gordura corporal e estresse de uma criança, é possível prever o tempo de duração da puberdade. (Veja, mais adiante, Visualizando o Desenvolvimento.) FIGURA 14.2 Cabeças Sonolentas Três em cada quatro alunos do ensino médio estão privados do sono. Mesmo indo dormir à meia-noite, eles têm que acordar antes das 8, como quase todos fazem. Logo, eles passam o dia inteiro cansados. (Nos Estados Unidos, o 9o ao 12o anos equivalem ao último ano do ensino fundamental e aos três anos do ensino médio.) Quiz de Observação Como você pode observar, os problemas são piores para as garotas. Por que é assim? PERSPECTIVAS OPOSTAS Álgebra às 7 Horas da Manhã? Caia na Real Os pais às vezes lutam com a biologia. Eles podem mandar seus adolescentes bem acordados “ir dormir” ou cortar a ligação de um colega que telefona depois de 10 da noite, podem estabelecer o toque de recolher cedo, ficar acordados até os adolescentes chegarem em casa, ou arrastar seu filho para fora da cama para ir para a escola – o mesmo filho que, há uma década, aprendeu a ficar na cama até 7 da manhã. Nesse ínterim, os adolescentes brigam com os pais. Entre os motivos está o ritmo circadiano deles, que faz com que voltar a dormir cedo e acordar cedo seja quase impossível. Adolescentes privados do sono dormem na escola (veja a Figura 14.3) e abusam das drogas (ora para ficar acordados, ora para dormir) (Mueller et al., 2011; Patrick & Schulenberg, 2011). Dados sobre o ritmo circadiano e o cérebro dos adolescentes convenceram os cientistas sociais da University of Minnesota a solicitar a 17 distritos escolares que iniciassem as aulas do ensino médio às 8h30 da manhã ou mais tarde. Os pais discordaram. Muitos (42 por cento) acharam que as aulas do ensino médio deveriam começar antes das 8 da manhã. Alguns (20 por cento) queriam seus filhos adolescentes fora de casa antes das 7h15 da manhã; somente 1 por cento dos pais com filhos mais jovens pensava assim (Wahlstrom, 2002). Outros adultos tinham seus próprios motivos para querer que o ensino médio começasse mais cedo. Os professores em geral achavam que a aprendizagem era mais eficiente de manhã; os motoristas de ônibus odiavam a hora do rush; os funcionários das lanchonetes queriam estar livres pelo meio da tarde; a polícia queria os adolescentes fora das ruas pelas 4 horas da tarde; os treinadores necessitavam de que os eventos esportivos ocorressem depois das aulas e terminassem antes de escurecer; empresários contratavam adolescentes para o turno do início da noite; grupos comunitários queriam que as academias de ginástica da escola estivessem disponíveis no fim da tarde. FIGURA 14.3 Sonhando e Aprendendo? Este gráfico mostra a porcentagem de estudantes dos Estados Unidos que, uma vez por semana ou mais, dormem na sala de aula, ou estão muito cansados para se exercitar. Não são mostrados aqueles que estão muito cansados o tempo todo (59 por cento dos estudantes do ensino médio) ou aqueles que cochilam na sala de aula quase todos os dias (8 por cento). (Nos Estados Unidos, o 9o ao 12o anos equivalem ao último ano do ensino fundamental e aos três anos do ensino médio.) Apenas um distrito escolar tentou começar mais tarde. Em Edina, Minnesota, os horários das escolas de ensino médio mudaram de 7h25-14h05 para 8h30-15h10. Depois de um ano de teste, a maioria dos pais (93 por cento) e virtualmente todos os alunos gostaram do novo horário. Um estudante disse: “Eu só adormeci na escola uma vez este ano todo; no ano passado, eu dormia umas três vezes por semana” (citado em Wahlstrom, 2002, p. 190). Menos alunos mataram aula, chegaram atrasados, foram desrespeitosos ou ficaram doentes (a enfermeira da escola se tornou uma advogada). As notas aumentaram. Aquilo chamou a atenção de outros distritos. As escolas de ensino médio de Minneapolis mudaram o início das aulas, de 7h15 para 8h40 da manhã. Novamente, as taxas de comparecimento e as notas melhoraram. As administrações escolares de South Burlington (Vermont), West Des Mines (Iowa), Tulsa (Oklahoma), Arlington (Virginia), Palo Alto (Califórnia) e Milwaukee (Wisconsin) votaram para iniciar as aulas do ensino médio mais tarde, passando, em média, de 7h45 para 8h30 da manhã (Tonn, 2006; Snider, 2012), como fez uma escola particular em Rhode Island (Owens et al., 2010). Vantagens inesperadas apareceram: uso mais eficiente da energia, menos depressão de adolescentes e, em Tulsa, resultados atléticos sem precedentes. Muitos distritos escolares mantiveram seus horários tradicionais estabelecidos para que os ônibus pudessem trazer os adolescentes para a escola e depois voltar para pegar as crianças mais novas. Isso foi antes de os perigos da privação do sono serem conhecidos. Agora a evidência está clara: “a ciência está aí, a vontade de mudar não” (Snider, 2012). De 1990 a 2009, a comunidade de Fairfax (Virginia) discutiu, formando dois grupos opostos: SLEEP (Começar Mais Tarde para Obter Excelência na Proposta Educacional, em inglês Start Later for Excellence in Education Proposal) versus (WAKE) (Preocupados em Manter as Disciplinas Extracurriculares, em inglês Worried About Keeping Extra- Curriculars). Um repórter esportivo argumentou: Começar mais tarde poderia atrapalhar os times sem campos de treinamento com iluminação. Também atrapalha as crianças que trabalham depois da escola para economizar e pagar o colégio ou ajudar a manter a família. Ou os professores que trabalham em um segundo emprego ou dão as aulas no fim da tarde. Atrapalha aqueles que habitualmente precisam parar atrás de muitos ônibus durante os horários de rush. Limita as crianças que poderiam procurar depois da aula ajuda acadêmica para o dever de casa ou se inscrever em um clube ou em um time. Prejudica famílias que dependem das crianças do ensino médio para tomar conta dos irmãos menores depois da escola. Limita os grupos comunitários que usam as dependências da escola no fim da tarde ou início da noite. [Williams, 2009] Esse repórter escreveu que a ciência estava do lado da mudança, mas a realidade não estava. Para os desenvolvimentistas, é claro, a ciência é a realidade. Entretanto, em 2009, o conselho educacional de Fairfax votou para manter o início das aulas do ensino médio às 7h20 da manhã. Os advogados persistiram. Na oitava tentativa, em 2012, o conselho finalmente estabeleceu uma meta: escolas de ensino médio não deveriam começar antes das 8 horas da manhã. Um grupo foi contratado para planejar como colocar em prática essa meta. >> Resposta para os Adolescentes: Não. O sexo precoce tem muitos riscos, mas é verdade que a gravidez é menos provável (embora bastante possível) antes dos 15 anos. No entanto, isso pode levar a um falso sentido de segurança. A concepção é mais provável nos últimos anos da adolescência do que em qualquer outro período da vida. Genes e Gênero >> Resposta para o Quiz de Observação: As garotas têm tendência de ficar mais tempo estudando, conversando com as amigas, e, de manhã, demoram mais para ficar prontas. Outros dados mostram que muitas garotas dormem menos de 7 horas por noite. Cerca de dois terços da variação da idade da puberdade se devem à genética, evidente não só nas famílias, mas também nos grupos étnicos (Dvornyk & Waqar-ul-Haq, 2012; Susman et al., 2010). Afro-americanos alcançam a puberdade cerca de sete meses mais cedo do que americanos de origem europeia ou hispânicos, enquanto a média de americanos de origem chinesa é de muitos meses mais tarde. As diferenças étnicas são evidentes também em outros continentes. Por exemplo, meninas do norte da Europa atingem a menarca aos 13 anos e 4 meses em média, enquanto meninas do sul da Europa alcançam aos 12 anos e 5 meses (Alsaker & Flammer, 2006). Os cromossomos sexuais têm um efeito marcante. Em altura, a média das garotas é cerca de dois anos à frente da média dos garotos. Entretanto, o pico de crescimento das garotas ocorre antes da menarca, enquanto, para os garotos, o aumento na altura ocorre relativamente tarde, depois da espermarca. Desse modo, quando nos referimos às mudanças hormonais e sexuais, as garotas estão menos de um ano à frente dos garotos (Hughes & Gore, 2007). Um garoto do sexto ano, com fantasias sexuais a respeito das garotas mais altas de sua classe, não é pervertido nem precoce; seus hormônios estão à frente de seu crescimento visível. Gordura Corporal Outra influência importante no início da puberdade é a gordura corporal, pelo menos nas meninas. Garotas com sobrepeso alcançam a menarca anos mais cedo do que as que estão malnutridas. A maioria das garotas deve pesar pelo menos 45 quilos antes de experimentar seu primeiro período (Berkey et al., 2000). Embora a má nutrição sempre atrase a puberdade, a gordura corporal pode não ser tão necessária para os garotos bem-alimentados. Um estudo descobriu que garotos americanos que estão acima do peso alcançam a puberdade mais tarde, e não mais cedo do que os outros (J. M. Lee et al., 2010). No mundo inteiro, crianças que vivem em áreas urbanas são, com mais frequência, superalimentadas e pouco exercitadas em comparação com crianças de áreas rurais. Provavelmente seja por isso que, na Índia e na China, a puberdade comece mais cedo nas cidades do que nas vilas mais remotas, um ano antes em Varsóvia do que na Polônia rural, um ano mais cedo em Atenas do que em outras partes da Grécia (Malina et al., 2004). A gordura corporal também explica por que jovens alcançam a puberdade aos 15 anos ou mais em algumas partes da África, embora seus parentes na América do Norte amadureçam muito mais cedo. Similarmente, a má nutrição pode explicar por que a puberdade começava em torno dos 17 anos na Europa do século XVI. tendência secular O longo intervalo para cima ou para baixo de certo conjunto de medições estatísticas, ao contrário de uma variação cíclica menor, mais curta. Como exemplo, durante os dois últimos séculos, devido à melhora da alimentação e dos cuidados médicos, as crianças têm tendência de alcançar sua estatura adulta mais cedo, e essa estatura aumentou. Especialmente para os Pais Preocupados com a Puberdade Precoce Suponha que a filha de 9 anos de seu primo acabou de ter seu primeiro período menstrual e que seu primo culpa os hormônios do suplemento alimentar por essa puberdade “precoce”. Você mudaria a dieta de sua filha jovem? Desde então, a puberdade vem ocorrendo em idades cada vez mais baixas (um exemplo da chamada tendência secular, a tendência para mudanças no crescimento do ser humano com a melhora da nutrição). O aumento da disponibilidade de alimentos acarreta ganho de peso na infância, e isso tem levado a uma puberdade mais precoce e a uma estatura média maior. Devido à tendência secular, há séculos todas as gerações têm atingido a puberdade mais cedo que as anteriores (Floud et al., 2011; Fogel et al., 2011). Uma curiosa pequena evidência da tendência secular é que nos Estados Unidos os presidentes das décadas recentes são mais altos do que eram os mais antigos (James Madison, o quarto presidente, tinha 1,63 m; Barack Obama tem 1,85 m). A tendência secular parou nos países desenvolvidos porque agora a nutrição permite que todas as pessoas alcancem seu potencial genético. Atualmente, os rapazes não olham mais para baixo para ver seus pais baixinhos, ou as garotas para suas pequenas mães, a menos que tenham nascido na Ásia ou na África, onde a tendência secular permanece. Existe uma exceção possível nos países desenvolvidos para a afirmação de que “a tendência secular parou”. A puberdade que começa antes dos 8 anos, chamada puberdade precoce, parece mais comum, embora ainda rara (talvez 2 por cento). O aumento pode ser causado por mais obesidade na infância ou por novos produtos químicos. Os especialistas discordam a respeito de sua prevalência e das causas. Hormônios Geralmente os hormônios, como também os genes, afetam as diferenças de sexo, altura e peso, mas fatores adicionais podem diretamente desencadear o início da puberdade. Muitos cientistas suspeitam de que a puberdade precoce ou tardia seja causada por substâncias presentes nos suprimentos alimentares. O gado é alimentado com esteroides para aumentar a massa e o leite, e centenas de produtos químicos e hormônios são usados para produzir mais alimentos e bebidas que as crianças consomem. Tudo isso pode afetar o apetite, a gordura corporal e os hormônios sexuais, com efeitos particularmente evidentes na puberdade (Wang et al., 2005). leptina Um hormônio que afeta o apetite; acredita-se que afete também o início da puberdade. Os níveis de leptina aumentam durante a infância, e o pico ocorre em torno dos 12 anos. Um hormônio produzido naturalmente pelo corpo afeta definitivamente o início da puberdade. Esse hormônio é a leptina, que regula o apetite e a energia. Sem leptina, a puberdade não ocorre. Entretanto, níveis anormalmente altos de leptina se correlacionam com a obesidade. Uma menina com esse problema tem chances de experimentar a puberdade precoce, que também termina relativamente cedo, interrompendo o crescimento. Desse modo, a menina mais gorda pode se tornar a mais alta no quinto ano e depois a mais baixa no ensino médio. Geralmente a gordura corporal produz leptina (se uma pessoa se exercita demais e come pouco, a puberdade pode atrasar) e a fome comumente aumenta a leptina de maneira que a pessoa procura alimentação. Uma vez que o indivíduo ganhou peso, os níveis mais altos de leptina diminuem o apetite (Elias & Purohit, 2013). A maior parte das pesquisas sobre leptina tem sido feita com camundongos, que ficam gordos ou magros, dependendo dos níveis desse hormônio, mas o quadro é mais complicado para seres humanos. O impacto preciso de todos os produtos químicos presentes no ar, na água ou na dieta sobre o sistema reprodutor de seres humanos ainda não é conhecido. Parece que o sistema feminino é especialmente sensível não somente à leptina, mas também aos fatores do ambiente, talvez porque a gestação e o crescimento pré-natal ocorram em corpos femininos. A leptina é um fator no início da puberdade, mas muitos outros hormônios, produtos químicos, genes e forças psicossociais estão envolvidos (Elias, 2012). Estresse O estresse acelera o início da puberdade, especialmente se os pais de uma criança estão doentes, são viciados em drogas, ou divorciados, ou se a vizinhança é violenta e pobre. Um estudo sobre garotas que sofreram abuso sexual descobriu que elas começaram a puberdade sete meses mais cedo, em média, do que um grupo de comparação semelhante (Trickett et al., 2011). Particularmente para garotas que são geneticamente sensíveis, a puberdade chega cedo se as interações familiares são estressantes, porém acontece mais tarde se suas relações familiares são de apoio (Ellis et al., 2011; James et al., 2012). Desse modo, a idade da menarca é influenciada pelos genes da criança e também pela situação da família, como a sensibilidade diferencial poderá prever. [Link: A sensibilidade diferencial foi explicada no Capítulo 1.] Estresses menores – primeiro dia em uma nova escola, acampamento de verão longe de casa, uma briga com a(o) melhor amiga(o) – também desencadeiam a menarca em uma garota cujo corpo está pronto. Há vinte anos, muitos cientistas eram céticos a respeito da ligação entre estresse e puberdade, sugerindo que a puberdade precoce pudesse provocar estresse e não o inverso, mas agora a ligação parece clara. (Veja, a seguir, Uma Visão da Ciência.) Muito Cedo, Muito Tarde Para a maioria dos adolescentes, a ligação entre puberdade e hormônios é irrelevante. Apenas um aspecto associado ao momento em que a puberdade ocorre é importante: quando acontece com seus amigos. A puberdade pode aumentar ou diminuir o status de uma pessoa com os pares. Ninguém quer ser demasiado precoce ou demasiado tardio. UMA VISÃO DA CIÊNCIA Estresse e Puberdade Hipoteticamente, os efeitos do estresse sobre a puberdade poderiam ser indiretos, um marcador para outros fatores, não uma causa direta da puberdade precoce. Por exemplo, é possível que crianças de famílias disfuncionais comam alimentos menos saudáveis (ganhando, desta maneira, peso excessivo) ou herdem genes de suas mães estressadas para ter uma puberdade precoce, e aqueles genes levem as mães a se divorciar. Qualquer uma dessas possibilidades poderia ser a causa da puberdade precoce. Entretanto, diversos estudos longitudinais mostram uma ligação direta entre o estresse e a puberdade precoce. Por exemplo, um estudo com 756 crianças descobriu que a menarca precoce se correlacionava com estilo de parental idade severa de uma década atrás. Os pais tinham a tendência de demandar respeito, dar palmadas com frequência, e muito raramente abraçar as crianças quando bebês (Belsky et al., 2007). Sabe-se que esse estilo de parentalidade pode aumentar o nível do hormônio do estresse, o cortisol; sabe-se também que o cortisol afeta a puberdade. Assim, é plausível a ligação entre o estresse e a puberdade. Um estudo posterior das mesmas meninas aos 15 anos, controlado para diferenças genéticas, descobriu que o tratamento severo na infância aumenta os riscos relacionados ao sexo (mais parceiros sexuais, gestações precoces, doenças relacionadas ao sexo), mas não outros riscos (drogas, crime) (Belsky et al., 2010). Esta descoberta sugere que o estresse desencadeia o início precoce da produção dos hormônios sexuais (que tornam a atividade sexual mais compelida), mas esse estresse não aumenta a revolta generalizada. O impacto direto do estresse na puberdade parece evidente. Por que o cortisol mais alto desencadearia a puberdade? Em vista do que é conhecido sobre desenvolvimento ideal, faz mais sentido o estresse retardar a puberdade. Se a puberdade fosse retardada, então os adolescentes estariam ainda com aparências e comportamento de crianças, o que poderia evocar a proteção do adulto para a criança, em vez de evocar o desejo sexual ou a raiva nos adolescentes. A proteção é especialmente necessária em lares dominados por conflito, ou monoparentais; porém, esses lares levam a uma puberdade precoce, e menos carinho e atenção dos pais. Uma explicação vem da teoria epigenética: Atingir a maturidade rapidamente e se relacionar de maneira promíscua intensificaria a aptidão reprodutora mais do que o desenvolvimento tardio, a união cuidadosa e o investimento forte na paternidade. Esta última estratégia, ao contrário, faria mais sentido biológico, exatamente pelos mesmos motivos, intensificando a aptidão reprodutora, em condições contextuais de apoio e dedicação. [Belsky et al., 2010, p. 121] Em outras palavras, historicamente, quando as condições hostis ameaçavam a sobrevivência da espécie, era importante que os adolescentes se reproduzissem cedo e com frequência. A seleção natural aceleraria a puberdade para aumentar a taxa de nascimento, especialmente se muitos adultos morressem antes de sua fase mais fértil. Ao contrário, em tempos pacíficos, a puberdade poderia ocorrer mais tarde, permitindo que as crianças adiassem a maturidade para gozar anos extras de cuidados dos pais e dos avós. Os genes se envolveram para responder de maneira diferente à guerra e à paz. É claro que esse raciocínio evolucionista não se aplica mais. Hoje, a atividade e reprodução sexuais são mais prováveis de destruir sociedades do que proteger as espécies. Entretanto, o genoma tem sido formatado durante milênios; se existe um alelo que inicia a puberdade, que responde pelas condições sociais, ele vai responder no século XXI, como fez há milhares de anos. Meninas Pense sobre a menina de ciclo precoce. Se ela tem seios visíveis aos 10 anos, os meninos de sua idade irão provocá-la; eles ficam tensos com a presença de uma criatura sexualizada em seu meio. Ela deve ajustar seu corpo que está em transformação em uma cadeira escolar concebida para crianças menores; ela pode acabar escondendo seus seios em camisas maiores e blusas volumosas; ela pode se recusar a se despir em um vestiário coletivo. Meninas com o ciclo de maturação precoce tendem a ter autoestima menor, mais depressão e uma imagem do próprio corpo mais pobre que as outras meninas (Compian et al., 2009). Às vezes, garotas com maturação precoce têm namorados mais velhos, que são atraídos pela feminilidade de suas formas e pela inocência própria da idade. Ter um namorado mais velho dá um status para essas meninas, mas também aumenta o risco do uso de drogas e álcool (Weichold et al., 2003), bullying na relação e violência física (desse mesmo namorado) (Schreck et al., 2007). Garotas com ciclo de maturação precoce entram em relacionamentos abusivos com mais frequência do que as outras, talvez porque se sentem solitárias e porque seu julgamento social ainda é imaturo. Depressão e suicídio são também riscos para garotas que atingem maturação precoce, especialmente se elas são geneticamente predispostas à vespertinidade e tem privação de sono (Negriff et al., 2011). Garotos A pesquisa durante estes últimos 100 anos tem sempre descoberto que a maturidade feminina precoce é mais prejudicial do que proveitosa, mas o grupo geracional ao qual pertencem parece ser crucial para garotos. Garotos que atingiram a maturidade precoce e que nasceram em torno de 1930 muitas vezes se tornaram líderes no ensino médio e ganharam mais dinheiro quando adultos (M. C. Jones, 1965; Taga et al., 2006). Contudo, desde aproximadamente 1965, os riscos associados à maturidade masculina precoce têm superado os benefícios. No século XXI, rapazes com maturidade precoce são mais agressivos, desrespeitam as leis e abusam do álcool mais do que aqueles que atingem a maturidade mais tarde (Biehl et al., 2007; Lynne et al., 2007). Isto não é surpreendente: um rapaz que está experimentando aumentos rápidos na produção de testosterona e cujo corpo parece mais de um homem do que de uma criança tem mais probabilidades de causar problemas para os pais, para a escola e para a polícia. Para ambos os sexos, a puberdade precoce está relacionada com a atividade sexual e paternidade na adolescência, que, por sua vez, se relaciona com a depressão e outros problemas psicossociais (B. Brown, 2004; Siebenbruner et al., 2007). Não só a puberdade precoce é estressante, mas a velocidade da mudança é difícil também. Os rapazes com maior propensão de se tornar depressivos são aqueles para os quais a puberdade ocorreu mais cedo e mais rapidamente (Mendle et al., 2010). Na adolescência, a depressão é muitas vezes mascarada pela raiva. Aquele garoto de 12 anos furioso e brigão pode ser mais triste do que maluco. A puberdade tardia também pode ser difícil, especialmente para garotos (Benoit et al., 2013). Rapazes com desenvolvimento lento tendem a ser mais ansiosos, deprimidos, tendo medo do sexo. As garotas são menos atraídas por eles, e os treinadores os escolhem para seus times com menos frequência. Todos os adolescentes querem atingir a puberdade “no tempo”. Eles muitas vezes superestimam ou subestimam sua maturidade, ou se tornam deprimidos, se não estão na média (Conley & Rudolph, 2009; Shirtcliff et al., 2009; Benoit et al., 2013). Entretanto, os efeitos não são causados só pela biologia; os contextos familiares e, especialmente, a pressão dos colegas podem tornar pior a puberdade precoce ou tardia (Mendle et al., 2012; Benoit et al., 2013). Diferenças Étnicas >> Resposta para os Pais Preocupados com a Puberdade Precoce: Provavelmente não. Se ela está acima do peso, sua dieta deverá mudar, mas a hipótese de hormônio é especulativa. Genes são o principal fator; ela compartilha somente um oitavo dos genes com sua prima. A puberdade que é tardia pelos parâmetros mundiais, aos 14 anos ou mais, não é algo preocupante se os amigos estão atrasados também. Africanos bem nutridos tendem a experimentar a puberdade poucos meses antes que os europeus, e os asiáticos, poucos meses mais tarde, mas todos eles se desenvolvem bem se seus colegas de classe estão no mesmo padrão (Al Sahab et al., 2010). Isso é verdade dentro daqueles continentes, como também em países como os Estados Unidos e o Canadá, lar de muitos jovens com raízes em outros lugares. Para adolescentes de todas as ascendências étnicas, a aprovação dos colegas é mais importante do que a aprovação dos adultos ou a compreensão histórica (Green et al., 2006; Sentse et al., 2010). As variações do momento da puberdade podem adicionar tensões entre grupos em escolas multiétnicas. Por exemplo, em uma escola de ensino médio na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, os “garotos asiáticos mais calmos”, menores e mais magros eram provocados, muito além do que poderiam suportar. Quando um garoto americano de origem asiática que era maior reagiu a um insulto étnico brigando, ele foi o herói para seus pares asiáticos, embora as autoridades o tenham punido por sua atitude (Lei, 2003). Em uma escola de ensino médio da Califórnia, estudantes samoanos eram uma pequena minoria da população da escola, mas eram mais avançados na puberdade. Eles ganharam o respeito de seus colegas. Foram aceitos como pacificadores entre os dois grupos mais numerosos, afro-americanos e americanos de origem mexicana (Staiger, 2006). Tamanho e maturidade são importantes para adolescentes em todos os países. Por exemplo, um estudo de mais de 3000 estudantes australianos, principalmente de origem inglesa, descobriu que aqueles com um desenvolvimento tardio tinham quatro vezes mais chances de ferir a si mesmos (se cortando ou se envenenando). Certamente, isto representa um indicativo marcante de uma depressão muito séria (Patton et al., 2007). Estudos adicionais confirmaram a correlação entre puberdade fora do tempo e depressão, em ambos os sexos. Esses estudos também descobriram que outros fatores – principalmente relacionamentos com colegas e com os pais – tornam pior a puberdade fora de hora (Benoit et al., 2013). RESUMINDO A puberdade normalmente começa entre 8 e 14 anos (geralmente por volta dos 11 anos) em resposta a uma cadeia de reações de hormônios do hipotálamo para a pituitária, e daí para as glândulas adrenal e sexuais. Os hormônios afetam as emoções e o corpo. Os adolescentes têm explosões súbitas de raiva, tristeza e desejo sexual que são causadas não só pelos hormônios, mas também pelas reações das outras pessoas às mudanças do corpo da pessoa jovem. Essas reações causam respostas emocionais nos jovens; em seguida, as emoções afetam os hormônios, que desencadeiam um comportamento adicional. A interação dinâmica entre hormônios, genes, comportamento de adolescente e regras sociais é evidente no ritmo circadiano e nos programas de ensino médio. Genes, gordura corporal, hormônios e tensão afetam o início da puberdade, especialmente entre as meninas. Para ambos os sexos, a puberdade precoce ou tardia é menos desejável do que a puberdade na mesma idade dos colegas; a maturidade fora de hora pode levar à depressão, ao abuso de drogas e a outros problemas. >> Crescimento e Nutrição A puberdade acarreta transformação em todas as partes do corpo, cada mudança afetando outras. Aqui discutimos o crescimento biológico, a nutrição que abastece esse crescimento, e os distúrbios de alimentação que o interrompem. Em seguida vamos enfocar dois outros aspectos da transformação da puberdade: a reorganização do cérebro e a maturidade sexual. Crescendo e Ficando Mais Forte surto de crescimento O crescimento físico relativamente inesperado e rápido que ocorre durante a puberdade. Cada parte do corpo aumenta em tamanho dentro de um programa. O peso normalmente antecede a altura, e o crescimento dos membros antecede o crescimento do tronco. O primeiro conjunto de mudanças é conhecido como surto de crescimento – um salto súbito, irregular, no tamanho de quase todas as partes do corpo, transformando as crianças em adultos. O crescimento prossegue, das extremidades para o núcleo (o oposto do crescimento proximodistal que ocorreu antes). Desse modo, dedos das mãos e dedos dos pés crescem antes das mãos e dos pés; mãos e pés crescem antes de braços e pernas; braços e pernas crescem antes do tronco. Esse crescimento não é sempre simétrico. Um pé, um peito ou mesmo uma orelha podem crescer mais tarde do que os outros. FIGURA 14.4 Pouca Diferença Ambos os sexos desenvolvem pernas mais longas e mais fortes durante a puberdade. Devido ao tronco ser a última parte do corpo a crescer, muitas crianças púberes têm temporariamente pés grandes, pernas longas e cintura curta. Se adolescentes jovens reclamam que seus jeans não se ajustam, provavelmente eles estão certos, mesmo se aqueles mesmos jeans se ajustaram quando seus pais os compraram há um mês. (Um sinal do rápido crescimento do corpo ocorre quando os pais têm que comprar os sapatos de seus filhos na seção de adultos.) Sequência: Peso, Altura, Músculos Quando começa o surto de crescimento, as crianças comem mais e ganham peso. Exatamente quando, onde e quanto ganham em peso depende da hereditariedade, de hormônios, dieta, exercício e do gênero. Por volta dos 17 anos, uma garota tem, em média, duas vezes a porcentagem de gordura corporal de um garoto da mesma classe, cujo peso aumentou principalmente nos músculos (Roche & Sun, 2003). Um surto de ganho de altura segue ao surto de ganho de peso, e então, de um a dois anos mais tarde, ocorre o surto dos músculos. Desse modo, as gordurinhas e o jeito desengonçado do início da puberdade geralmente desaparecem ao final da adolescência. Os músculos dos braços se desenvolvem particularmente nos garotos, fazendo com que eles tenham, aos 18 anos, o dobro da força que tinham aos 8. Outros músculos são de gênero neutro. Por exemplo, ambos os sexos correm mais rápido de um ano para outro na adolescência, e os garotos não são muito mais rápidos que as garotas (a menos que as garotas escolham diminuir o ritmo) (veja a Figura 14.4). Crescimento dos Órgãos Em ambos os sexos os órgãos maturam quase da mesma maneira. Os pulmões triplicam em peso; por conseguinte, os adolescentes respiram mais profunda e lentamente. O tamanho do coração dobra, ao passo que os batimentos cardíacos ficam mais lentos, o que diminui a frequência do pulso enquanto aumenta a pressão sanguínea (Malina et al., 2004). Consequentemente, a resistência melhora. Alguns jovens podem correr quilômetros ou dançar por várias horas. As células sanguíneas vermelhas aumentam em ambos os sexos, porém mais drasticamente nos rapazes, o que ajuda o transporte de oxigênio durante exercícios intensos. Ambos, peso e altura, aumentam antes dos músculos e dos órgãos internos. A fim de proteger músculos e órgãos imaturos, um treinamento atlético e levantamento de peso devem ser adaptados para o tamanho de um adolescente no ano anterior. Lesões decorrentes de esportes são os acidentes mais comuns nas escolas, e aumentam na puberdade. Um motivo é que o surto de crescimento em altura precede o aumento de massa dos ossos, tornando os adolescentes jovens particularmente vulneráveis às fraturas (Mathison & Agrawal, 2011). Um sistema de órgãos, o sistema linfoide (que inclui as amígdalas e as adenoides), diminui em tamanho; assim, os adolescentes são menos susceptíveis a doenças respiratórias. A asma moderada, por exemplo, muitas vezes desaparece na puberdade – metade dos adolescentes tinha asma quando crianças (MMWR, 8 de junho de 2012). Além disso, os adolescentes têm menos resfriados e alergias do que crianças mais novas. Esta redução em susceptibilidade é ajudada pelo crescimento da laringe, que também dá vozes mais graves para ambos os sexos, o que é drasticamente mais evidente nos rapazes. Outro sistema de órgãos, a pele, se torna oleosa, com mais sudorese, mais propensa à acne. O cabelo também muda, tornando-se mais grosso e mais escuro. Novos pelos crescem debaixo dos braços, no rosto e sobre os órgãos sexuais (pelos pubianos, da mesma raiz latina que puberdade). O pelo visível no rosto e no peito é algumas vezes considerado um sinal de masculinidade, embora a pilosidade em qualquer sexo dependa dos genes e dos hormônios. As garotas retiram ou pintam os pelos visíveis da face e depilam as pernas, enquanto os garotos deixam crescer orgulhosamente costeletas, cavanhaques, bigodes etc. – com as características específicas dependendo da cultura e da coorte. Muitas vezes, como sinal de independência, os jovens deixam o cabelo crescer ou fazem cortes e penteados que seus pais não gostam. Para ficar mais atraentes, os adolescentes pensam muito e despendem muito tempo e dinheiro em seus cabelos – aumentando, passando gel, raspando, encrespando, esticando, dando brilho, escovando, penteando, moldando, pintando, umedecendo, secando… De muitas maneiras, o cabelo é, de longe, mais do que uma característica de crescimento; é uma exibição da sexualidade. Deficiências da Dieta Todas as mudanças da puberdade dependem de uma alimentação adequada, embora muitos adolescentes não se alimentem bem. Os jovens muitas vezes não tomam café da manhã, fazem fartos “lanches de meia-noite”, bebem muito refrigerante e consomem muitos petiscos processados. Uma razão para seus padrões alimentares é que seus hormônios afetam seu ritmo diurno, incluindo seu apetite; outra razão é a busca pela independência, que os faz evitar jantares em família e recusar comer aquilo que suas mães aconselham. O grupo e a idade são fundamentais. Nos Estados Unidos, cada nova geração se alimenta pior do que a anterior, e cada indivíduo aos 18 anos tende a ter uma dieta menos balanceada do que tinha aos 10 anos de idade (N. I. Larson et al., 2007). A maioria dos adolescentes consome a quantidade de calorias suficiente, mas, em 2011, somente 15 por cento dos estudantes de ensino médio comiam as três ou mais porções de vegetais recomendadas por dia (MMWR, 8 de junho de 2012). Deficiências de ferro, cálcio, zinco e outros minerais são especialmente comuns durante a adolescência. Como a menstruação esgota o ferro, a anemia é mais provável entre garotas adolescentes do que em qualquer outra faixa etária. Isto é verdadeiro em toda parte, especialmente no sul da Ásia e na África subsaariana, onde as garotas adolescentes raramente comem alimentos ricos em ferro, como carne e vegetais verdes. Não está disponível uma análise de laboratório confiável do ferro do sangue de uma grande amostra de garotas adolescentes em países em desenvolvimento, mas um estudo de mulheres de 18 a 23 anos de idade, em colégios da Arábia Saudita, descobriu que 24 por cento estavam clinicamente anêmicas, e 26 por cento tinham insuficiência de ferro, embora não estivessem tecnicamente anêmicas (Al-Sayes et al., 2011). Esses números são especialmente preocupantes, uma vez que, aparentemente, todas as mulheres universitárias na Arábia Saudita têm boa saúde, vêm de famílias saudáveis e nunca estiveram grávidas. Elas deveriam ser ricas e não pobres em ferro. Garotos em toda parte podem também ter deficiências de ferro, se executam trabalhos físicos ou praticam esportes intensivamente. Os músculos necessitam de ferro para crescimento e resistência. O indicador da anemia (isto é, o nível de ferro no sangue) é mais elevado para garotos do que para garotas, porque os garotos naturalmente precisam de mais ferro para ser saudáveis (Morón & Viteri, 2009). Ainda assim, muitos adolescentes de ambos os sexos desdenham alimentos ricos em ferro (vegetais verdes, ovos e carne) preferindo doces, batatas fritas e outras frituras pobres em ferro. Analogamente, embora a ingestão diária de cálcio recomendada para adolescentes seja de 1300 miligramas, em média os jovens nos Estados Unidos consomem 500 miligramas por dia. Cerca de metade da massa óssea de adultos é adquirida dos 10 aos 20 anos, o que significa que muitos adolescentes contemporâneos vão desenvolver osteoporose (ossos frágeis), uma das principais causas de incapacidade, lesão e morte, mais tarde na idade adulta. [Link: A osteoporose é discutida no Capítulo 23.] Um motivo para a deficiência de cálcio é que a ingestão de leite declinou. Em 1961, a maioria das crianças americanas bebia pelo menos 24 onças (cerca de ¾ de litro) de leite por dia, o que proporcionava quase toda (cerca de 900 miligramas) a sua necessidade diária de cálcio. Cinquenta anos depois, somente 15 por cento dos estudantes do ensino médio tomam essa quantidade de leite (MMWR, 8 de junho de 2012). No século XXI, a bebida mais consumida por indivíduos de 2 a 18 anos é o refrigerante (Dietary Guidelines for Americans, 2010). Não há quantidades significativas nem de ferro nem de cálcio nos refrigerantes. Escolhas Feitas Muitos economistas defendem um “estímulo” para encorajar as pessoas a fazer melhores escolhas, não só na alimentação, mas também em todos os outros aspectos de suas vidas (Thaler & Sunstein, 2008). Os adolescentes são muitas vezes “estimulados” na direção errada. A deficiência nutricional resulta de escolhas de alimento que os adolescentes jovens são atraídos a fazer. Os estabelecimentos de fast-food se encontram nas vizinhanças das escolas de ensino médio e, muitas vezes, possuem assentos extras que encorajam os adolescentes a comer e se socializar. Isto é especialmente verdadeiro em escolas com grandes populações hispânicas, o grupo com maior risco de obesidade (Taber et al., 2011). O preço influencia as escolhas de comida, principalmente para adolescentes, e os alimentos saudáveis são mais caros do que os não saudáveis. Para citar um exemplo específico: em 2014, uma salada do McDonald’s custava muito mais do que um hambúrguer. Além do mais, as deficiências nutricionais aumentam quando as escolas têm máquinas automáticas de venda que oferecem refrigerantes, lanches, especialmente para estudantes da escola média (Rovner et al., 2011). Um estímulo construtivo – atribuir preços mais altos para alimentos com pouco valor nutricional, colocá-los em locais menos atraentes e fazer escolhas mais saudáveis para as máquinas de venda automática – contribuiria para melhorar a nutrição dos adolescentes. Uma estratégia mais drástica seria proibir a compra de alimentos não saudáveis em todas as escolas – uma estratégia usada por 29 por cento das escolas do ensino médio dos Estados Unidos em 2002, e 69 por cento em 2008. Um número de leis cada vez maior exige que as escolas incentivem a alimentação saudável, e, cada vez mais, um número maior de escolas faz isso voluntariamente (Masse et al., 2013). Muitas medidas estão mais presentes nas escolas elementares do que no ensino médio. Não é surpreendente que as taxas de obesidade estejam caindo na infância, mas não na adolescência. Em 2003, apenas três estados americanos (Kentucky, Mississipi e Tennessee) tiveram taxas de obesidade nas escolas secundárias em torno de 15 por cento ou mais; já em 2011, 12 estados tinham altas taxas de obesidade. Imagem Corporal imagem corporal A ideia de uma pessoa sobre como é a aparência do próprio corpo. Uma razão para a má nutrição entre os adolescentes é a ansiedade em relação à imagem corporal – isto é, a ideia que uma pessoa tem da aparência de seu corpo. Poucos adolescentes acolhem bem cada mudança de seu corpo. Ao contrário, a maioria tende a enfocar e exagerar as imperfeições (como fizeram as três garotas no episódio que abre este capítulo). Dois terços das garotas da escola secundária dos Estados Unidos estão tentando perder peso, embora somente um quarto esteja realmente acima do peso ou obesas (MMWR, 8 de junho de 2011). Poucos adolescentes estão felizes com seus corpos, em parte porque quase nenhum parece com os corpos postados em revistas, vídeos etc., que são comercializados para jovens (Bell & Dittmar, 2010). A infelicidade com a aparência está no mundo inteiro. Um estudo longitudinal feito na Coreia encontrou que a insatisfação com a imagem corporal começa por volta dos 10 anos de idade e aumenta até os 15 ou mais, desencadeando depressão e pensamentos suicidas (Kim & Kim, 2009). Adolescentes na China têm ansiedade em relação ao aumento de peso similar a adolescentes dos Estados Unidos. Distúrbios Alimentares A insatisfação com a imagem corporal pode ser perigosa, até mesmo mortal. Muitos adolescentes, principalmente garotas, comem de maneira irregular (isto é, pulando refeições), ou ingerem fármacos (especialmente pílulas para dieta) a fim de perder peso; outros, sobretudo garotos, tomam esteroides para aumentar a massa muscular. Distúrbios alimentares são raros na infância, mas aumentam drasticamente na puberdade, acompanhados pela imagem distorcida do corpo, pela obsessão por alimentos e pela depressão (Bulik et al., 2008; Hrabosky & Thomas, 2008). Tais distúrbios muitas vezes não são reconhecidos nem tratados, agravando-se na idade adulta. Às vezes, os adolescentes saem de uma dieta obsessiva para um período de compulsão alimentar, depois para outro de excesso de exercício físico, e voltam novamente à dieta. A obesidade é um distúrbio da alimentação em todas as idades. [Link: A obesidade é discutida nos Capítulo 8, 17 e 20.] Aqui descrevemos dois outros distúrbios alimentares, que normalmente tendem a começar na adolescência. Anorexia Nervosa anorexia nervosa Um distúrbio alimentar caracterizado pela autoprivação de alimentos. Indivíduos afetados comem muito pouco, e muitas vezes exageram nos exercícios físicos voluntariamente, privando seus órgãos vitais de nutrição. A anorexia pode ser fatal. O índice de massa corporal (IMC) de 18 ou menos, ou a perda de mais de 10 por cento do peso corporal dentro de um mês ou dois, indica anorexia nervosa, um distúrbio caracterizado por passar fome de forma voluntária. A pessoa fica muito magra, correndo o risco de morrer por falência dos órgãos. Ficar muito magro(a) se torna uma obsessão. As pessoas que sofrem de anorexia se recusam a comer normalmente, porque sua imagem corporal está gravemente distorcida; elas podem acreditar que estão muito gordas quando, na realidade, estão perigosamente abaixo do peso. Embora a anorexia já existisse anteriormente, ela não foi identificada até a década de 1950, quando algumas mulheres jovens de classe alta se tornaram tão esqueléticas que morreram. Logo depois, a anorexia ficou evidente entre mulheres mais jovens (a variação saltou na puberdade e novamente na adultez emergente) de todas as rendas, países e etnias, e, sem demora, também entre homens (Chao et al., 2008). Certos alelos aumentaram o perigo (J. K. Young, 2010), com riscos mais altos entre as garotas com parentes próximos que sofrem de distúrbios alimentares ou depressão grave. Compulsão Alimentar bulimia nervosa Um distúrbio alimentar caracterizado por comer compulsivamente e purgar- se logo depois, normalmente por meio do vômito induzido e/ou uso de laxantes. Cerca de três vezes mais comum que a anorexia é a bulimia nervosa (também chamada de síndrome da compulsão-purga alimentar). Este distúrbio está clinicamente presente em 1 a 3 por cento das adolescentes e jovens adultas nos Estados Unidos. Elas comem compulsivamente, devorando milhares de calorias em uma ou duas horas, e depois se purgam por meio de vômito ou laxantes. A maioria está perto do peso normal e, por isso, não parecem se privar dos alimentos. Entretanto, correm riscos sérios de saúde, incluindo danos a seu sistema gastrointestinal e parada cardíaca por desequilíbrio de eletrólitos. Comer compulsivamente e se purgar são comportamentos comuns entre adolescentes. Por exemplo, uma pesquisa descobriu que, nos últimos 30 dias de 2012, 6 por cento de garotas do ensino médio nos Estados Unidos e 3 por cento de rapazes vomitaram ou tomaram laxantes para perder peso, com variação marcante por estado, de 4 por cento em Oklahoma a 10 por cento em Louisiana (MMWR, 8 de junho de 2012). Alguns adolescentes periodicamente comem compulsivamente, consumindo rapidamente grandes quantidades de sorvete, bolo ou qualquer lanche, até seu estômago doer. Tal compulsão é geralmente feita em segredo, pelo menos semanalmente, por vários meses. O compulsivo não se purga (nesse caso, não é bulimia), mas se sente fora de controle, angustiado e deprimido. Este é um novo distúrbio reconhecido em DMS 5 como transtorno de compulsão alimentar. Todos os adolescentes são vulneráveis a distúrbios alimentares de muitos tipos. Eles tentam novas dietas, ficam sem comer durante 24 horas (como fizeram 13 por cento de garotas do ensino médio nos Estados Unidos no último mês de 2011), ou tomam fármacos de dieta (6 por cento) (MMWR, 8 de junho de 2012). Muitos comem de maneira estranha (por exemplo, somente arroz ou somente cenouras), ou começam dietas não comuns. Cada episódio de compulsão, purgação ou jejum torna o próximo mais fácil. Uma combinação de causas leva à obesidade, anorexia, bulimia ou compulsão, com, pelo menos, cinco elementos comuns – imagens culturais, estresse, puberdade, hormônios e padrões da infância – que tornam mais provável um distúrbio alimentar. Como pode ser esperado, a partir da perspectiva desenvolvimentista, comer de maneira saudável começa com hábitos da infância e rotinas familiares. A maioria dos bebês que estão acima ou abaixo do peso nunca desenvolve problemas nutricionais, mas as crianças que estão acima ou abaixo do peso correm um risco maior. Particularmente na adolescência, a terapia baseada na família para distúrbios de alimentação é mais bem-sucedida do que a terapia que focaliza somente o indivíduo (Couturier et al., 2013). RESUMINDO As transformações da puberdade são drásticas. Garotos e garotas se tornam homens ou mulheres, fisicamente e neurologicamente. O crescimento se dirige das extremidades para o centro; assim, os membros crescem antes dos órgãos internos. O aumento do peso precede o da altura, que precede o crescimento dos músculos e dos órgãos internos. Todos os adolescentes estão vulneráveis à má nutrição; poucos são bem nutridos. O consumo insuficiente de ferro e cálcio é particularmente comum quando fast-foods e os lanches pouco nutritivos substituem as refeições da família. Garotos e garotas muitas vezes escolhem alimento de baixa qualidade em vez de uma dieta balanceada, em parte porque eles e seus colegas estão preocupados com a aparência física e aceitação social. A combinação de deficiências nutricionais com a pouca cultura dos colegas e com a ansiedade sobre a imagem do corpo, às vezes, causa obesidade, anorexia ou bulimia, influenciadas pela hereditariedade e por padrões da infância. Todos os problemas de nutrição dos adolescentes têm uma vida longa e consequências que ameaçam sua vida. >> Desenvolvimento do Cérebro Como outras partes do corpo, partes diferentes do cérebro crescem em ritmos diferentes. Mielinização e maturação ocorrem em sequência, procedendo do interior do cérebro para o córtex e de trás para frente (Sowell et al., 2007). Isso significa que o sistema límbico, incluindo a amígdala, o local de medo e de excitação intensos, amadurece antes do córtex pré-frontal, onde ocorrem o planejamento de ações, a regulação emocional e o controle do impulso. Além disso, os hormônios da puberdade têm como alvo a amígdala e outras partes importantes do eixo de HPA (Romeo, 2013), mas o funcionamento total do córtex requer maturação, que vai além dos anos da adolescência. Por esses motivos, as áreas do cérebro do adolescente, responsáveis pelo instinto e pela emoção, se desenvolvem antes das áreas de reflexão e análise. Puberdade precoce significa arroubos emocionais descontrolados. Uma Necessidade de Cuidado Tomografias do cérebro confirmam que o controle emocional, revelado pelos estudos de fMRI, não está totalmente desenvolvido até a idade adulta, uma vez que o córtex pré-frontal é limitado em conexões e acoplamento (Luna et al., 2013). Quando comparados com os cérebros dos adultos emergentes, os cérebros dos adolescentes mostram excitação elevada nos centros de recompensa. Os adolescentes procuram excitação e prazer, especialmente o prazer social da admiração dos pares (Galvan, 2013). De fato, quando estão sendo observados, os adolescentes acham excitante correr riscos dramáticos que produzem admiração dos outros, riscos que não ousariam correr se estivessem sozinhos (Albert et al., 2013). FIGURA 14.5 A Mesma Pessoa, mas Não o Mesmo Cérebro Estas imagens do cérebro fazem parte de um estudo longitudinal que compara repetidamente a proporção de massa cinzenta, da infância à adolescência. (A massa cinzenta se refere aos corpos de células de neurônios, que são menos proeminentes com a idade, pois certos neurônios não são usados.) A massa cinzenta é reduzida quando a massa branca aumenta, em parte por causa da poda neuronal durante os dez anos (os dois últimos pares de imagens aqui), permitindo que as conexões intelectuais se formem. De acordo com a explicação dos autores de um estudo incluindo este diagrama, os adolescentes podem “parecer adultos, mas cognitivamente eles ainda não são” (K. Powell, 2006, p. 865). Muitos tipos de psicopatologia aumentam na puberdade, especialmente quando a puberdade é precoce, trazendo extremo estresse antes que o córtex pré-frontal amadureça. Dois especialistas explicam que “são esperadas taxas mais elevadas de psicopatologias entre os que têm uma maturação precoce, porque seus sistemas neurocognitivos, que se desenvolvem lentamente, são incompatíveis com a rápida aproximação dos desafios sociais e afetivos no início da puberdade” (Ge & Natsuaki, 2009, p. 329). Especialmente para os Profissionais de Saúde Como vocês estimulam os adolescentes a buscar tratamento para DSTs? O fato de os lóbulos frontais (córtex pré-frontal) serem os últimos a amadurecer pode explicar algo que há muito tempo confunde os adultos. Muitos adolescentes são guiados pela excitação de novas experiências, sensações e colegas – esquecendo o cuidado que seus pais tentaram incutir neles. A seguir, um exemplo. UM CASO PARA ESTUDO “Em que Você Estava Pensando?” Laurence Steinberg é um famoso especialista em adolescência. Ele também é pai: Quando meu filho, Benjamin, tinha 14 anos, ele e três amigos decidiram sair furtivamente da casa onde estavam passando a noite e visitar a namorada de um deles por volta das 2 da manhã. Quando eles chegaram à casa da garota, posicionaram-se debaixo da janela do quarto dela, jogaram pequenas pedras na vidraça e tentaram escalar o lado da casa. A tecnologia moderna, infelizmente, tornou mais difícil agir como Romeu hoje em dia. Os garotos dispararam o alarme contra ladrão, que ativou uma sirene e simultaneamente enviou uma notificação direta para a delegacia de polícia, que despachou um carro da patrulha. Quando a sirene desligou, os garotos correram para a rua e bateram direto no carro da polícia, que estava se dirigindo para a casa da garota. Em vez de parar e explicar sua atividade, Ben e seus amigos se dispersaram e correram em direções diferentes pela vizinhança. Um dos garotos foi apanhado pela polícia e levado de volta para casa, onde seus pais estavam acordados, e o garoto foi interrogado. Fiquei sabendo deste caso na manhã seguinte, quando a mãe da garota ligou para nossa casa para nos contar o que Ben havia feito. … Depois de seu quase confronto com a polícia local, Ben retornou para a casa de onde tinha saído escondido e dormiu profundamente até eu acordá-lo telefonando, com raiva, dizendo para ele arrumar suas roupas e me esperar em frente à casa de seu amigo. Em nosso caminho, depois de fazer um longo discurso sobre o que ele tinha feito e sobre os perigos de correr da polícia armada, no escuro, quando eles acreditavam que podiam ter interrompido um roubo, fiz uma pausa. “O que você estava pensando?”, perguntei. “Esse é o problema, papai”, respondeu Ben. “Eu não estava pensando.” [Steinberg, 2004, pp. 51, 52] Steinberg entendeu que seu filho estava certo. Quando as emoções são intensas, especialmente com amigos por perto, a parte lógica do cérebro se fecha. Esse fechamento não se reflete em questionários que exigem que os adolescentes respondam perguntas por escrito, com papel e caneta, a respeito de dilemas hipotéticos. Nesses testes, a maioria dos adolescentes pensa cuidadosamente e responde corretamente. De fato, quando fortes emoções não são ativadas, os adolescentes podem ser mais lógicos que os adultos (Casey & Caudle, 2013). Eles recordam fatos que aprenderam em aulas de biologia ou saúde sobre sexo e drogas. Entretanto, a probabilidade de visitar uma hipotética colega de turma presumivelmente não provoca a mesma excitação que a possibilidade de surpreender a namorada com uma visita no meio da noite. É mais fácil colocar um preservativo hipotético, durante um ato sexual hipotético, do que colocar um verdadeiro quando alguém está nos estertores da paixão. É mais fácil apenas dizer não a uma cerveja hipotética do que a uma cerveja espumando e gelada em uma noite de verão. [Steinberg, 2004, p. 53] Ben atingiu a idade adulta muito seguro. Alguns outros adolescentes, com menos cuidados com a polícia ou com pais menos diligentes, não. A imaturidade do cérebro não é a origem de todos os “comportamentos problemáticos dos adolescentes”, mas o poder de “inibição da resposta, regulação emocional e organização” do cérebro dos adolescentes ainda é subdesenvolvido (Sowell et al., 2007, p. 59). Isso torna os adolescentes vulneráveis às pressões e tensões sociais, que tipicamente bombardeiam as pessoas jovens hoje em dia (Casey & Caudle, 2013). >> Resposta para os Profissionais de Saúde: Muitos adolescentes se preocupam demais com a privacidade e temem a interferência dos adultos. Isto significa que sua primeira tarefa é convencê-los de que você não faz julgamentos e que tudo é confidencial. A sequência normal da maturidade do cérebro (sistema límbico na puberdade, depois córtex pré-frontal em algum momento no começo dos 20 anos), combinada com o início da puberdade, significa que, para os adolescentes contemporâneos, as emoções regulam o comportamento durante anos. O sistema límbico, não controlado pelo córtex pré-frontal, que amadurece mais lentamente, torna irresistíveis as sensações poderosas – música alta, carros em alta velocidade, drogas fortes. Não quer dizer que o córtex pré-frontal se feche. Realmente, ele continua a amadurecer por toda a infância e adolescência, e, quando refletem, os adolescentes são capazes de avaliar melhor os riscos do que as crianças (Pfeiffer et al., 2011). É o equilíbrio e a coordenação entre as várias partes do cérebro que estão fora dos eixos, não o cérebro em si (Casey et al., 2011). Quando tomado por estresse, excitação, paixão, bombardeio sensorial, intoxicação por drogas ou carência alimentar extremos, o cérebro do adolescente é inundado por impulsos que podem envergonhar os adultos. Os adolescentes se gabam de estar tão bêbados, “loucos”, “chapados” – um estado que a maioria dos adultos procura evitar e não gosta de admitir. [Link: O abuso de álcool e de outras drogas é discutido no Capítulo 16.] Além disso, ao contrário dos adultos, alguns adolescentes escolhem passar uma noite sem dormir, não comer nada o dia inteiro, exercitar-se mesmo quando sentem dor, ou arriscar a se tornar pais ou contrair uma DST quando não usam preservativo. As partes do cérebro dedicadas à análise são imaturas até anos depois das primeiras investidas hormonais e dos primeiros desejos sexuais, quando os adolescentes começam a ter acesso a carros rápidos, armas letais e drogas perigosas. Meu amigo disse a seu vizinho, que deu para o filho um conversível vermelho quando ele terminou o ensino médio: “Por que você não deu logo para ele uma arma carregada?” Um exemplo de como se deve ser cauteloso com o cérebro que é atribulado pelas emoções do momento vem de adolescentes que enviam mensagens de texto enquanto estão dirigindo. Em uma pesquisa, 64 por cento dos indivíduos de 16 a 17 anos de idade, nos Estados Unidos, disseram que já estiveram em um carro quando o motorista estava escrevendo, como ocorre em todo estado e país, embora seja ilegal em quase toda parte (Madden & Lenhart, 2009). De modo geral, a despeito de terem reflexos mais rápidos e melhor visão do que nas idades mais avançadas, morreram muito mais adolescentes do que adultos em acidentes de veículos motorizados. Impulsos irrefletidos e decisões inadequadas são, quase sempre, as causas. Qualquer decisão, desde se é para comer uma pera ou até para qual universidade ir, requer equilibrar risco e recompensa, precaução e atração. Experiências, lembranças, emoções, e o córtex pré-frontal nos ajudam a escolher evitar algumas ações e realizar outras. Sendo as partes de recompensa dos cérebros dos adolescentes (as partes que respondem à excitação e ao prazer) mais fortes do que as partes de inibição (as partes que desejam precaução) (Luna et al., 2013), muitos adolescentes agem de maneiras que parecem temerosas para os adultos. Benefícios do Desenvolvimento do Cérebro do Adolescente É fácil criticar o comportamento do adolescente e pôr a culpa nos hormônios, nos colegas, na cultura ou no cérebro. Entretanto lembre-se, do Capítulo 1, de que diferença nem sempre é déficit, de que os ganhos como também as perdas fazem parte de cada estágio da vida. Existem benefícios e riscos em cada etapa do desenvolvimento, incluindo no cérebro. Com o aumento da mielinização e inibição mais lenta, as reações se tornam rápidas com a luz. Tal velocidade é valiosa. Por exemplo, os atletas adolescentes são campeões em potencial; rápidos e sem medo, eles disputam a bola, entram no corpo a corpo ou correm a toda velocidade quando seus pulmões estão a ponto de explodir. O ideal é que os treinadores tenham a sabedoria para direcionar essa coragem. Além do mais, quando as áreas de recompensa do cérebro ativam positivamente os neurotransmissores, os adolescentes ficam mais felizes. Um novo amor, o primeiro emprego, o ingresso na faculdade ou até um A em uma prova podem produzir um ímpeto de alegria, que vai ser lembrado e valorizado por toda a vida. Existem bons motivos evolucionários construtivos para os adolescentes questionarem a tradição. Quando as circunstâncias sociais e ecológicas mudam, alguém precisa perguntar se ter muitos filhos, comer bacon todo dia no café da manhã e queimar combustíveis fósseis ainda são boas práticas. Se todas as tradições fossem aceitas sem críticas, as práticas sociais se enrijeceriam e as sociedades morreriam. Além disso, é benéfico que os adolescentes corram risco e aprendam coisas novas, porque “a tarefa fundamental do adolescente – para atingir os níveis adultos de competência social – requer uma grande quantidade de ensinamentos sobre as complexidades das interações sociais dos seres humanos” (Peper & Dahl, 2013, p. 134). Isto é exatamente o que os cérebros dos adolescentes permitem que eles façam. O aumento das sinapses intensifica o desenvolvimento moral também. Os adolescentes questionam os mais velhos e estabelecem seus próprios padrões. Os valores abraçados na adolescência têm mais chances de durar do que aqueles adquiridos mais tarde, depois que as conexões do cérebro estão firmemente estabelecidas. Isto é uma vantagem se os valores dos adolescentes são menos autocentrados do que os valores das crianças, ou são mais culturalmente adaptados do que aqueles das gerações mais velhas. O fato de o córtex pré-frontal estar ainda em desenvolvimento “confere benefícios e também riscos. Ele ajuda a explicar a criatividade da adolescência e do início da idade adulta, antes de o cérebro se tornar fixado em seus padrões” (Monastersky, 2007, p. A17). A intensidade emocional dos adolescentes “se entrelaça com os níveis mais altos de aspiração humana: paixão por ideias e ideais, paixão pela beleza, paixão para criar música e arte” (Dahl, 2004, p. 21). Como uma aplicação prática, uma vez que os adolescentes estão aprendendo lições sobre a vida, aqueles que se preocupam com a próxima geração precisam ajudar a ter certeza de que essas lições são boas. RESUMINDO O cérebro se desenvolve de forma desigual durante a adolescência, com o sistema límbico à frente do córtex pré-frontal. Isso torna os centros de recompensa do cérebro mais ativos do que as áreas de controle, especialmente quando os adolescentes estão juntos. Como resultado, os adolescentes reagem rápido, antes de pensar duas vezes ou considerar as consequências. Sem controle do impulso, a raiva pode levar a palavras ofensivas e dolorosas, ou mesmo a ferimentos sérios; a luxúria pode levar à doença ou à gestação; a autoaversão pode levar à autodestruição. Essas mesmas qualidades do cérebro podem ser positivas, quando os adolescentes se apaixonam, se envolvem no trabalho ou nos estudos, ou questionam tradições sociais que não são mais relevantes. O desenvolvimento do cérebro de adolescente possibilita alegria e desespero; adolescentes são vulneráveis ao melhor e ao pior que as experiências da vida têm para oferecer. >> Maturidade Sexual A sexualidade é um aspecto complexo do desenvolvimento humano. Aqui consideramos as mudanças biológicas da puberdade e algumas variações e implicações culturais. As variações serão discutidas novamente em capítulos posteriores. Características Sexuais características sexuais primárias As partes do corpo que estão diretamente envolvidas na reprodução, incluindo a vagina, o útero, os ovários, os testículos e o pênis. As características do corpo, que estão diretamente envolvidas na concepção e gestação, são chamadas características sexuais primárias. Durante a puberdade, cada órgão sexual primário (os ovários, o útero, o pênis e os testículos) aumenta drasticamente de tamanho e desenvolve sua função plenamente. No fim do processo, a reprodução é possível. características sexuais secundárias Traços físicos que não estão diretamente envolvidos na reprodução, mas indicam a maturidade sexual, tais como a barba de um homem e os seios de uma mulher. Ao mesmo tempo que a maturidade das principais características sexuais ocorre, características sexuais secundárias se desenvolvem. Características sexuais secundárias são características corporais que não afetam diretamente a reprodução (por isso elas são secundárias), mas que sinalizam feminilidade e masculinidade. Uma característica secundária é a forma. Meninos e meninas jovens têm formas similares, mas, na puberdade, os ombros dos garotos se alargam e ficam cerca de 13 centímetros mais altos que os das garotas, enquanto as garotas desenvolvem os seios, e os quadris ficam mais largos. Essas curvas femininas são muitas vezes consideradas sinais de feminilidade, mas nem seios nem quadris largos são requeridos para a concepção; desse modo, são características sexuais secundárias, e não primárias. O padrão de crescimento do cabelo, na linha do couro cabeludo (pico da viúva), a proeminência da laringe (pomo de adão) e diversas outras características anatômicas diferem para homens e mulheres; todas são características sexuais secundárias que poucas pessoas observam. Como anteriormente explicado, o pelo facial cresce em ambos os sexos, afetado pelos hormônios sexuais e pelos genes. Características sexuais secundárias, como o pelo, são psicologicamente importantes, se não biologicamente. Os seios são um exemplo óbvio. Muitas garotas adolescentes compram “redutor”, “maximizador” ou “modelador” de mama, na esperança de que seus seios fiquem de acordo com uma imagem idealizada para o corpo. Durante os mesmos anos, muitos garotos ficam assustados ao notar um inchaço ao redor de seus mamilos – um resultado temporário de hormônios estranhos do início da puberdade. Se a mama de um garoto cresce é muito perturbador; tamoxifeno ou cirurgia plástica podem reduzir a tumefação, embora muitos médicos prefiram que o tempo cuide do problema (Morcos & Kizy, 2012). Atividade Sexual As características sexuais primárias e secundárias que acabamos de descrever não são as únicas manifestações dos hormônios sexuais. Fantasiar, flertar, dar as mãos, olhar fixo, ficar de pé, sentar, andar, exibir e tocar, tudo é feito de uma maneira particular para refletir o gênero, a disponibilidade e a cultura. Como já explicado, os hormônios disparam pensamentos e emoções, mas o contexto social molda os pensamentos em fantasias agradáveis, preocupações vergonhosas, impulsos assustadores ou contato real (veja a Figura 14.6). Um estudo recente sobre comportamentos sexuais, como dar as mãos, abraçar e trocar carícias entre adolescentes, descobriu que a maturidade biológica foi somente um fator para tais atividades ocorrerem ou não. Especialmente entre os jovens americanos europeus, aquelas garotas com baixa autoestima estavam mais propensas a se entregar à intimidade sexual (Hipwell et al., 2010). A respeito dos impulsos relacionados ao sexo, alguns especialistas acreditam que os garotos são mais influenciados pelos hormônios, e as garotas, pela cultura (Baumeister & Blackhart, 2007). Talvez. Se um relacionamento inclui intimidade sexual, as garotas parecem mais preocupadas com a intensidade do romance do que os garotos (Zani & Cicognani, 2006). As garotas esperam que seus parceiros digam: “Eu amo você para sempre”; os garotos gostam de ouvir: “Eu quero você agora.” FIGURA 14.6 Rapazes e Moças Juntos Os rapazes tendem a ser um tanto mais experientes sexualmente do que as moças durante os anos do ensino médio; mas, desde que começou a Pesquisa do Comportamento de Risco da Juventude, em 1991, a tendência tem sido no sentido de igualar as taxas de atividade sexual. Todos, entretanto, são influenciados por hormônios e pela sociedade, pela biologia e pela cultura. Todos os adolescentes têm interesses sexuais que não tinham anteriormente (biologia), que produzem comportamentos que os adolescentes de outros países não têm (cultura). Uma vez que somente as garotas podem ficar grávidas, seu desejo por um compromisso a longo prazo pode ser uma consequência da biologia, não da cultura. Se é assim, a diferença de gênero (garotas querendo amor versus garotos procurando sexo) pode desaparecer quando a contracepção torna rara a gravidez não desejada. Por qualquer que seja o motivo, a diferença de gênero enquanto experiência está se estreitando. Ela já tem sido revertida em algumas nações da Europa, como a Noruega, onde a educação sexual começa na infância. Ao chegar à adolescência, jovens noruegueses já sabem como evitar as consequências indesejáveis das relações sexuais. Em 1987, os rapazes noruegueses tinham sua primeira relação sexual quando eram quase um ano mais novos do que as garotas; em 2002, os sexos deram uma volta, e a média das garotas passou para meio ano a menos que a dos garotos (Stigum et al., 2009). Pode parecer que escolher parceiros e atividades sexuais seja um assunto privado e pessoal. A cultura e a coorte ainda dominam, como mostram claramente os dados sobre a idade da primeira experiência sexual. Em alguns países, os primeiros parceiros das garotas são significativamente mais velhos; em outros, isto é mais verdadeiro para os garotos. Na maior parte do século XX, as pesquisas na América do Norte reportaram atividades sexuais entre adolescentes de ambos os sexos cada vez mais cedo. Essa tendência reverteu-se nas últimas décadas; agora, a primeira atividade sexual ocorre em idades mais avançadas. Uma estatística ilustra essa nova tendência. Em 1991, 62 por cento de americanos que cursavam o décimo primeiro ano (segundo ano do ensino médio) disseram ter tido relações sexuais, mas, em 2011, somente 53 por cento se manifestaram assim. As taxas variam por estado também, de 37 por cento de estudantes havaianos de ensino médio (do nono ano do fundamental ao terceiro do ensino médio) para um percentual alto de 59 por cento em Delaware (MMWR, 8 de junho de 2012), ambos menores do que anteriormente. A tendência para iniciar a atividade sexual mais tarde está presente no mundo inteiro, embora em muitos países, como também tem-se casado mais tarde, as relações sexuais pré-matrimoniais tenham se tornado mais comuns – incluindo entre jovens. Todavia, a maioria dos adolescentes do mundo é virgem, uma tendência registrada na China, onde, ao contrário de como era antes do ano 2000, o primeiro ato sexual não ocorre antes dos 20 anos, em média (Yu et al., 2013). Durante o mesmo período de tempo, um duplo padrão de medida (rapazes esperando ficar mais sexualmente ativos do que as garotas) encolheu em cada grupo étnico. Diferenças étnicas na atividade sexual estão se encolhendo também, com cada grupo menos sexualmente ativo. Entre 1991 e 2011, a experiência de relações sexuais entre estudantes de ensino médio entre afro- americanos diminuiu 26 por cento (de 81 para 60). Entre americanos de origem europeia, caiu 12 por cento (de 50 para 44); e, entre latinos, caiu 7,5 por cento (de 53 para 49) (MMWR, 8 de junho de 2012). Todos esses exemplos demonstram que uma experiência universal (aumento da produção de hormônios) que produz outra experiência universal (desenvolvimento de características sexuais primárias e secundárias) é influenciada pela coorte, pelo gênero e pela cultura. Outra pesquisa encontrou que a influência mais poderosa na atividade sexual dos adolescentes são os amigos próximos, não as normas nacionais para seus grupos sexuais ou étnicos. [Link: A influência dos colegas na atividade sexual dos adolescentes é discutida no Capítulo 16.] Problemas Sexuais dos Adolescentes Interesse e interação sexual fazem parte da adolescência; adolescentes cujos impulsos não são perseguidos pela vergonha e pelo medo estão mais propensos a desenvolver relacionamentos sadios na fase adulta (Tolman & McClelland, 2011). Embora a orientação seja necessária, os adolescentes são saudáveis e normais, não depravados ou maus, ao experimentar seus impulsos sexuais. Antes de enfocar nos riscos do sexo na adolescência, deve-se observar que diversos “problemas” são menos preocupantes agora do que nas décadas anteriores. Existem três especificidades: Os partos em adolescentes têm diminuído em todos os países. O número de bebês nascidos de adolescentes vem declinando na maioria dos países durantes as últimas décadas (Organização Mundial da Saúde, 19 de março de 2012). Nos Estados Unidos, partos com mães adolescentes (idade de 15 a 19 anos) diminuíram 25 por cento entre 2007 e 2011, em todas as raças e etnias, com a queda maior entre adolescentes hispânicas (Martin et al., 2010; CDC, 2013). Declínios similares são evidentes em outros países. Na China, a taxa de gestação entre adolescentes foi reduzida à metade, de 1960 a 2010 (reduzindo as previsões das Nações Unidas sobre a população mundial em 2050 em cerca de 1 bilhão). O uso de “proteção” aumentou. Contraceptivos, em particular o uso de camisinhas entre garotos adolescentes, têm aumentado de maneira marcante na maioria das nações, desde 1990 (Santelli & Melnikas, 2010). A U.S. Youth Risk Behavior Survey (Pesquisa de Comportamento de Risco da Juventude Americana) descobriu que 67 por cento de garotos sexualmente ativos do nono ano usavam camisinha durante suas relações sexuais mais recentes (MMWR, 8 de junho de 2012). A taxa de aborto entre adolescentes está baixa. Em geral, a taxa de aborto entre os adolescentes nos Estados Unidos tem caído todos os anos, desde que o aborto se tornou legal. A taxa hoje é cerca da metade do que era há 20 anos (Kost et al., 2013), mesmo que a taxa entre mulheres mais velhas tenha aumentado. Entretanto, internacionalmente, é muito difícil acompanhar as taxas de aborto entre adolescentes. Uma estimativa é de que 3 milhões de garotas, de 15 a 19 anos, submeteram-se a abortos de risco a cada ano, a maioria em países de renda baixa e média (WHO, 2012). Estas são tendências positivas, porém muitos aspectos da atividade sexual dos adolescentes permanecem problemáticos. Sexo Muito Cedo O sexo, naturalmente, pode ser excitante, afirmativo, provendo uma experiência de estreitar os laços. Entretanto, em comparação com o que era há um século, a atividade sexual dos adolescentes – especialmente se resultando em nascimento – é mais perigosa porque quatro circunstâncias mudaram: 1. Puberdade mais cedo e tabus sociais mais fracos significam que os adolescentes têm experiências sexuais em idades mais jovens. Sexo cedo se correlaciona com depressão e abuso de drogas. 2. A maioria das mães de adolescentes não têm marido para ajudá-las. Há um século, as mães de adolescentes eram casadas; agora, nos Estados Unidos, 85 por cento são descasadas. 3. Criar uma criança se tornou mais complexo e caro, e a maioria das avós de jovens está trabalhando; assim, poucas podem ajudar. 4. Doenças sexualmente transmissíveis são mais comuns e perigosas. Como você acabou de ler, o número de abortos e o número de partos em adolescentes estão declinando. Entretanto, nos Estados Unidos, a taxa de gravidez de adolescentes é a mais alta de todas as nações desenvolvidas (realidade entre todos os grupos étnicos). Tais gestações são arriscadas. Se uma garota grávida tem menos de 16 anos (a maioria não tem), ela está mais propensa a experimentar mais complicações do que as garotas um ou dois anos mais velhas – incluindo aborto espontâneo ou induzido, pressão sanguínea alta, morte fetal, nascimento prematuro, e recém-nascido com baixo peso. As adolescentes também têm taxas mais elevadas de problemas médicos, educacionais e sociais durante toda a vida, se ficarem grávidas. Existem muitos motivos, além da idade, para esses perigos. Pobreza e falta de educação se relacionam com a gravidez adolescente e com cada problema que acabamos de listar (Santelli & Melnikas, 2010). Além disso, adolescentes mais jovens, grávidas, são muitas vezes malnutridas, e adiam os cuidados pré-natais (Borkowski et al., 2007). Depois do nascimento, muitas vezes as mães adolescentes não são as mães mais responsivas de que os recém-nascidos necessitam; assim, é mais comum o apego inseguro. [Link: Tipos de apego e a importância do apego inicial foram discutidos no Capítulo 7.] Mesmo sem uma gestação, adolescentes que tiveram relações sexuais cedo correm o risco de ter problemas psicossociais. Um estudo com 3923 mulheres adultas nos Estados Unidos descobriu que aquelas que voluntariamente fizeram sexo antes dos 16 anos foram mais propensas a se divorciar mais tarde, quer tenham ficado grávidas, quer tenham se casado mais tarde com seu primeiro parceiro sexual. O mesmo estudo descobriu que adolescentes de qualquer idade, cuja primeira experiência sexual não tenha sido desejada (ou porque “não quisessem isto de fato”, ou porque “tinham sentimentos confusos sobre isto”), eram também mais propensas a experimentar o divórcio mais tarde (Paik, 2011). Sexo forçado é muito pior, naturalmente, como é explicado agora. Abuso Sexual abuso sexual de crianças Qualquer atividade erótica praticada por um adulto que excita, envergonha ou confunde uma criança, quer a vítima proteste ou não, quer haja o contato genital ou não. Especialmente para os Pais Preocupados com os Riscos que Seus Filhos Correm Você se lembra das coisas arriscadas que você fez na mesma idade e você está alarmado com a possibilidade de seu filho seguir seus passos? O que você faz? Dar à luz na adolescência é um risco, mas o abuso sexual é devastador, porque fere o desenvolvimento ao longo da vida. Abuso sexual de crianças é definido como qualquer atividade sexual (incluindo acariciar e fotografar) entre um adolescente e um adulto, com idade a partir dos 18 anos, como um limite comum (embora a idade legal varie por estado). Garotas são particularmente vulneráveis, embora garotos púberes estejam também em risco. A taxa de abuso sexual aumenta na puberdade, um tempo particularmente sensível porque muitos adolescentes mais novos estão confusos a respeito de seus próprios desejos sexuais e identidade (Graber et al., 2010). Praticamente todo problema adolescente, incluindo gravidez, abuso de droga, distúrbios alimentares e suicídio, é mais frequente em adolescentes que são abusados sexualmente. Isto é real no mundo inteiro. As Nações Unidas reportaram que todos os anos milhões de garotas no início da adolescência são forçadas a se casar ou a se prostituir (muitas vezes ao longo das fronteiras nacionais) (Pinheiro, 2006). Quase todos os países têm leis contra o abuso sexual de crianças, mas essas leis são raramente aplicadas. Sensacionalismos a respeito de um único caso abominável muitas vezes relegam os esforços sistêmicos para prevenir, monitorar e eliminar o tráfico sexual (Davidson, 2005). Infelizmente, a maioria das pessoas que abusam sexualmente de uma pessoa jovem é membro da família, que tipicamente isola a vítima, impedindo-a de ter amizades ou namoros que ajudem a desenvolver uma vida saudável e satisfatória. Pessoas jovens que são sexualmente exploradas tendem a ter medo de sexo e se desvalorizam ao longo de toda sua vida. >> Resposta para os Pais Preocupados com os Riscos que Seus Filhos Correm: Você está certo por estar preocupado, mas não pode manter seu filho (ou sua filha) trancado(a) durante a próxima década ou mais. Uma vez que você sabe que alguma rebeldia e irracionalidade são prováveis, tente minimizá-las, não se vangloriando de suas próprias explorações na juventude, reagindo firmemente para minorar infrações e tornando-se aliado dos professores de seu filho. Um estudo longitudinal com 84 vítimas reportadas de abuso sexual na infância (todas garotas) incluiu entrevistas com cada uma delas seis vezes durante 23 anos (Trickett et al., 2011). A fim de isolar os efeitos do abuso, os pesquisadores também seguiram o desenvolvimento de indivíduos com características sociodemográficas similares (SES, etnia etc.) que não foram abusados sexualmente. Cada traço examinado (desde aqueles que envolvem sexo diretamente até realizações mais sociais ou cognitivas em geral) mostrou uma incidência muito mais alta de problemas nas vítimas do que em seus pares não abusados. Os problemas incluíram atitudes relacionadas diretamente ao abuso (por exemplo, a maioria das adolescentes abusadas por seus pais biológicos pensavam no sexo como algo sujo, vergonhoso e perigoso) e comportamentos aparentemente desconectados (por exemplo, embora seu peso corporal estivesse em uma faixa normal na infância, 42 por cento eram obesas aos 20 anos). O desenvolvimento cognitivo – o desempenho na escola e o uso da linguagem – também estava comprometido. Entre os resultados mais problemáticos estavam as taxas mais elevadas de autodestruição, agressão e vitimização repetida – de abuso sexual e físico (Trickett et al., 2011) Quase a metade das garotas que foram abusadas se tornou mãe. Elas tiveram um total de 78 crianças, 3 das quais morreram na infância e 9 foram permanentemente retiradas de suas mães, que gravemente as maltratavam. Essas taxas eram muito mais altas do que as taxas entre as mães não abusadas dos mesmos grupos de renda e étnicos. No início deste capítulo, observamos que o sistema HPA regula a puberdade e muitas outras respostas fisiológicas. Muitas das mulheres anteriormente abusadas tinham regulagem de HPA anormal, com alterações de suas respostas ao cortisol. Essa condição produziu reações de estresse elevadas no início da adolescência, mas depois apresentou respostas anormais de baixo estresse na idade adulta. Felizmente, agora o a

Use Quizgecko on...
Browser
Browser