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This document provides a biography of Luís Vaz de Camões, a significant Portuguese poet and writer. It details some of his major works, such as Os Lusíadas and background information. The text describes his life, travels, and important aspects of his literary career.

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LUÍS VAZ DE CAMÕES A Biblioteca Municipal de Coimbra comemora, em 2024, os 500 anos do nascimento do poeta português. Janeiro – biografia Fevereiro – O amor em Camões Março – Os Lusíadas...

LUÍS VAZ DE CAMÕES A Biblioteca Municipal de Coimbra comemora, em 2024, os 500 anos do nascimento do poeta português. Janeiro – biografia Fevereiro – O amor em Camões Março – Os Lusíadas Abril – Obra literária Maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa Junho – Símbolo nacional português Julho – Inês de Castro n’ Os Lusíadas Agosto – Canto IV, a batalha de Aljubarrota Setembro – Camões e as Tágides © José Malhoa Outubro – o tema da mudança em Camões Luís Vaz de Camões Poeta português, filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, Luís Vaz de Camões terá nascido por volta de 1524, não se sabe exatamente onde, e morreu a 10 de junho de 1580, em Lisboa. Pensa-se que estudou Literatura e Filosofia em Coimbra, tendo tido como protetor o seu tio paterno, D. Bento de Camões, frade de Santa Cruz e chanceler da Universidade. Tudo indica que pertencia a uma aristocracia empobrecida, que procura no serviço das armas um modo de vida. A história de Luís Vaz de Camões confunde-se com as memórias de um Portugal em expansão, estando circunscrita por muitos pontos de interrogação. Atribuem-se-lhe vários desterros: um para Ceuta, onde se bateu como soldado e em combate perdeu o olho direito; o segundo para Constância, entre 1547 e 1550, porventura resultante de ofensas a uma certa dama da corte. Em Lisboa levava, ao que parece, uma vida de estúrdia, tendo sido preso no tronco da cidade por haver assaltado, numa briga, com outros companheiros seus, um servidor do paço. Saiu logo no ano seguinte, inteiramente perdoado pelo agredido e pelo rei, conforme se lê numa carta enviada da Índia, para onde partiu nesse mesmo ano, quer para mais facilmente obter perdão quer para se libertar da vida lisboeta, que o não contentava. Segundo alguns autores, terá sido por essa altura que compôs o primeiro canto de Os Lusíadas. Na Índia parece não ter sido feliz. Goa dececionou-o. Tomou parte em várias expedições militares e, numa delas, no Cabo Guardafui, escreveu vários belos poemas. Viajou de seguida para Macau, onde exerceu o cargo de provedor-mor de defuntos e ausentes, e escreveu, na gruta hoje reconhecida pelo seu nome, mais seis Cantos do famoso poema épico. Em data que é impossível precisar, Camões naufragou nas costas do Camboja, ou atual Vietname, salvando das águas o manuscrito d' Os Lusíadas, como ele próprio declara (X, 128). Nesse naufrágio viu morrer a sua "Dinamene", rapariga chinesa que se lhe tinha afeiçoado. Ao cabo de três anos de serviço militar, provavelmente em 1556, Camões foi licenciado, tendo depois aceitado, tanto quanto é possível julgar, o desempenho de funções públicas. Em Goa sofreu caluniosas acusações, dolorosas perseguições e duros trabalhos, vindo Diogo do Couto a encontrá-lo em Moçambique, em 1568, "tão pobre que comia de amigos", trabalhando n'Os Lusíadas e no seu Parnaso, "livro de muita erudição, doutrina e filosofia", segundo o mesmo autor. A 24 de Setembro de 1571, Camões obteve de D. Sebastião o alvará que lhe permite imprimir Os Lusíadas por um período de dez anos. Em 1572 sai a obra, em Lisboa, em casa do impressor António Gonçalves e, em 28 de julho do mesmo ano, D. Sebastião concede ao poeta uma tença anual de 15000 réis, a pagamento desde 12 de março, pelos serviços que este lhe havia prestado na Índia, e não apenas para o compensar pela publicação d' Os Lusíadas. Esta tença foi paga irregularmente, mas sempre na sua totalidade, dela beneficiando, por ordem de Filipe II de Espanha, a mãe do poeta, que lhe sobreviveu. É graças a esta documentação que sabemos que a morte de Camões ocorreu em Lisboa, a 10 de Junho de 1580. Os últimos anos de Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não morreu de fome foi devido à solicitude de um escravo Jau, trazido da Índia, que ia de noite, sem o poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia seguinte. O certo é que morreu a 10 de junho de 1580, sendo o seu enterro feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Um fidalgo letrado seu amigo mandou inscrever-lhe na campa rasa na Igreja de Sant'Ana (Lisboa) um epitáfio significativo: "Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu." Em 1880, as ossadas do poeta foram trasladadas para o Mosteiro dos Jerónimos. Se a escassez de documentos e os registos autobiográficos da sua obra ajudaram a construir uma imagem lendária de poeta miserável, exilado e infeliz no amor, que foi exaltada pelos românticos (Camões, o poeta maldito, vítima do destino, incompreendido, abandonado pelo amor e solitário), uma outra faceta ressalta da sua vida. Camões terá sido de facto um homem determinado, humanista, pensador, viajado, aventureiro, experiente, que se deslumbrou com a descoberta de novos mundos e de "Outro ser civilizacional". Por isso, diz Jorge de Sena: "Se pouco sabemos de Camões, biograficamente falando, tudo sabemos da sua persona poética, já que não muitos poetas em qualquer tempo transformaram a sua própria experiência e pensamento numa tal reveladora obra de arte como a poesia de Camões é." A 10 de junho, comemora-se o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Livremente adaptado de: Porto Editora – Luís de Camões na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024- 01-23 12:42:02]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$luis-de-camoes O amor em Camões O poema de Camões é um soneto italiano. O soneto é uma forma fixa de poesia que consiste em quatro versos: os dois primeiros com quatro estrofes (quartetos) e os últimos com três estrofes (tercetos). Começa com a apresentação de um tema, que passa a ser desenvolvido, e, geralmente no último verso, contém uma conclusão que esclarece o tema. A poesia de Camões segue a fórmula do soneto clássico. É decassílabo, o que significa que contém dez sílabas poéticas em cada estrofe. A sílaba poética, ou sílaba métrica, diferencia-se da gramatical porque ela é definida pela sonoridade. A contagem das sílabas numa estrofe termina na última sílaba tónica. O formato do soneto clássico e a sonoridade estão diretamente relacionados ao conteúdo do poema. Nas onze primeiras estrofes temos o desenvolvimento de um raciocínio, e, nessas estrofes, observamos uma sonoridade próxima das rimas e da pausa na sexta sílaba métrica. O tema da poesia é desenvolvido por meio do silogismo, que é um sistema de raciocínio desenvolvido por Aristóteles em que as afirmações prepositivas levam a uma conclusão lógica. No poema de Camões, as preposições são feitas nos dois quartetos e no primeiro terceto, sendo a última estrofe a conclusão do silogismo. Camões exprime a dualidade desse sentimento de uma forma exemplar: alcançando o cerne de um dos sentimentos mais complexos que existem; que nos provoca tanto prazer e sofrimento ao mesmo tempo. A poesia amorosa de Camões é sensual, do homem tragado pela volúpia do corpo, encantado pela forma feminina, do boémio apaixonado e exaltado, tudo numa medida em que mantém um certo zelo pela imagem cantada, ainda quando o retrato é o da dor e da decepção amorosa, da traição ou do abandono. O tema amoroso em Camões tem uma vertente melancólica, à sombra do desencanto do eu perante a impossibilidade de se cumprir a plenitude da felicidade a partir do amor. O poema torna-se intemporal na medida em que o tema abordado é universal e as figuras usadas para desenvolvê-lo são complexas e belas. Camões consegue conciliar imagens muito opostas para explicar o que é o amor. O Amor, assim como tudo na vida, é um jogo de dualidades, de ambiguidades, que faz parte do cerne do ser humano. Não existe sentimento humano que possa ser explicado de forma clara e simples. Porém, alguns poetas conseguem exprimir de forma inteligível coisas tão complexas como o amor. Mais, a palavra Amor (do latim amore) é uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou a uma coisa. O uso do vocábulo, contudo, empresta-lhe outros tantos significados, quer comuns, quer conforme a ótica de apreciação, tal como nas religiões, na filosofia e nas ciências humanas. Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo amor? (Rimas, Soneto 5, p. 119 OS LUSÍADAS Publicado no século XVI é considerado um dos mais importantes livros portugueses. Os Lusíadas é um poema épico formado por 1.102 estrofes e 8.816 versos, todos em oitavas decassilábicas, sujeitas em esquema rímico fixo e dividido em dez cantos e apresenta a seguinte estrutura épica: proposição ou prólogo; invocação a uma divindade; dedicatória; relato das aventuras de Vasco da Gama; conclusão ou epílogo. Publicada em 12 de março de 1572, há 452 anos, a célebre criação do poeta Luís Vaz de Camões, teve duas edições e ambas impressas por António Gonçalves. Tem por título “Os Lusíadas de Luiz de Camões. Com privilegio real. Impressos em Lisboa, com licença da Santa Inquisição, e do Ordinário; em casa de António Gonçalves, impressor, 1572”. Qual a origem do nome Lusíadas? Essa palavra foi adjetivada por André de Resende, contemporâneo de Camões, antes que este lançasse a sua obra. Deriva de Lusus, personagem legendário, companheiro de Baco, considerado como povoador da região que viria a ser Portugal, cujo nome passou aos Lusitani, habitantes locais. Qual é o tema central de Os Lusíadas? Trata-se de uma epopeia com dez cantos onde o autor glorifica os feitos dos portugueses através da epopeia dos descobrimentos. Narra a descoberta do caminho marítimo para o Oriente por Vasco da Gama e encerra ainda uma síntese da História pátria. Como Camões salvou Os Lusíadas? A publicação do poema só foi possível porque (diz a tradição) Camões terá conseguido salvar os seus manuscritos de um naufrágio que sofreu no regresso da Índia. Conta-se que nadou com um braço e com o outro salvou os manuscritos. Onde está a primeira edição de Os Lusíadas? A primeira edição de Os Lusíadas viu a luz do dia, em março de 1572. A epopeia de Luís Vaz de Camões foi vendida por apenas 85 cêntimos ao Ateneu Comercial do Porto em 1904 e, em 2024, vale mais de 350 mil euros. A obra valorizou centenas de milhares de euros em 120 anos. Onde está o original de Os Lusíadas? Na Biblioteca Nacional da Espanha, Madrid. Em quantas línguas está traduzido Os Lusíadas? Podemos encontrar versões d’Os Lusíadas em espanhol (1580), francês (1735), alemão (1806-1807), italiano (1658), húngaro (1865), holandês (1777), inglês (1655), russo, japonês, dinamarquês, sueco e até em concani ou esperanto. O investigador Amadeu Ferreira traduziu Os Lusíadas, em 2010, para a língua mirandesa, após oito anos de trabalho. Foi traduzido, em 2021, para turco por um antigo estudante de Erasmus, Ibrahim Aybek, que acredita que a leitura da epopeia dos portugueses pode também revelar uma certa admiração do poeta pelos turcos. A mais antiga edição latina da qual se tem notícia foi feita por Frei Tomé de Faria, bispo de Targa. A obra foi impressa em Lisboa, em 1622. A tradução latina foi feita em versos hexâmetros dactílicos, o metro heroico, uma característica comum em poemas épicos. Tomé de Faria deixou de traduzir as últimas doze estâncias do Canto X, substituindo-as por uma apóstrofe ao rei D. Manuel, em sete versos hexâmetros, em vez das últimas estâncias do poema. THE LUSIADS, em inglês, reúne o poema épico de Luís Vaz de Camões com a tradução realizada em 1880 por Sir Richard Francis Burton, tido como um dos grandes eruditos e tradutores britânicos de sempre. Mais que uma obra literária, pode-se dizer que é uma obra de arte, tal foi o empenho do autor em mantê-la com esta regularidade formal, conservando a métrica, as rimas e os versos em decassílabos da epopeia de Camões. A primeira edição em árabe da obra poética mais célebre da literatura portuguesa tem 1000 exemplares e foi lançada no Dubai, em janeiro de 2022, pela Livraria Lello. A tradução árabe ficou a cargo de Abdeljelil Larbi, professor de Literatura Árabe no Instituto Universitário de Lisboa. Após um cuidadoso trabalho de tradução que demorou dois anos a ficar concluído e incluiu uma completa pesquisa documental, o tradutor destaca que “a língua árabe e os leitores árabes, ganharão com a presença desta obra nos seus países”. Obra literária A produção literária de Camões abrange quatro modos: o épico (com Os Lusíadas), o lírico (em Rimas), o dramático (com os seus "autos" ou "comédias": Anfitriões, Filodemo e El-Rei Seleuco) e o didático (nas suas cartas, publicadas inicialmente na obra Rimas). Os Lusíadas (1572) — epopeia Alguns estudiosos afirmam que Camões começou a escrever Os Lusíadas por volta de 1552, quando estava preso. Ao voltar para Goa, sofreu um naufrágio e quase perdeu os originais da sua obra-prima. Diz-se que nadou com um braço enquanto o outro permanecia erguido e segurava o manuscrito. Anos mais tarde, em 1572, publicou Os Lusíadas, dedicado a rei D. Sebastião (1554-1578), que concedeu ao autor uma pensão durante três anos. É o único livro publicado em vida do autor. Anfitriões (1587) — teatro Anfitriões é uma comédia, escrita em forma de auto. Foi publicada em 1587 (após a morte do autor), sendo uma adaptação do Amphitryon de Plauto, onde acentua o caráter cómico do mito de Anfitrião, destacando a omnipotência do amor, que subjuga até os imortais, também seguindo a tradição vicentina. Filodemo (1587) — teatro Filodemo é uma comédia, escrita em forma de auto. Foi composto na Índia e dedicado ao vice-rei Dom Francisco Barreto. Trata-se de um texto sobre a moralidade, em cinco atos, de acordo com a divisão clássica, sendo uma de três obras que se lhe atribuem e que se manteve mais viva no interesse da crítica pela multiplicidade de experiências humanas que descreve e pela agudeza da observação psicológica. O tema versa sobre os amores de um criado, Filodemo, pela filha, Dionisa, do fidalgo em casa de quem serve, com traços autobiográficos. O conteúdo geral da obra combina o nacionalismo e a inspiração clássica, na tradição das comédias de Gil Vicente. El rei Seleuco (1545/1616) — teatro El-Rei Seleuco (escrito em 1545, impresso pela primeira vez em 1616) é uma peça de teatro. Trata-se de um auto que satiriza a nobreza. A trama baseia-se na intenção do rei de desposar a mulher que o seu filho ama. A atribuição da autoria de El-Rei Seleuco a Camões é, porém, controversa. A sua existência não era conhecida até 1654, quando apareceu publicada na primeira parte das Rimas. Não dá detalhes sobre a sua origem e teve poucos cuidados na edição do texto. A peça também diverge em vários aspetos das outras duas que sobreviveram, tais como em sua extensão, bem mais curta (um ato), na existência de um prólogo em prosa e no tratamento (menos profundo) e menos erudito do tema amoroso. O tema, da complicada paixão de Antíoco, filho do rei Seleuco, por sua madrasta, a rainha Estratonice, foi tirado de um fato histórico da Antiguidade transmitido por Plutarco e repetido por Petrarca e pelo cancioneiro popular espanhol, trabalhando-o ao estilo de Gil Vicente. Rimas (1595) — poesia lírica A poesia camoniana é caracterizada pelo uso da medida nova, isto é, versos decassílabos (10 sílabas). No entanto, alguns dos seus poemas dialogam com o trovadorismo (poesia medieval). Portanto, apresentam redondilhas, que são versos de cinco ou sete sílabas. Os seus poemas são compostos em versos regulares. As principais temáticas da poesia camoniana são o desconcerto do mundo e a inconstância, marcadas por uma visão antropocêntrica. Adepto do neoplatonismo, a sua poesia idealiza o amor e a mulher amada. Além disso, o poeta demonstra uma visão filosófica do amor, definido por meio de antíteses e paradoxos. Luís de Camões lendo Os Lusíadas, por António Carneiro Camões lendo Os Lusíadas a D. Sebastião, em litografia de 1893. Crédito: Shutterstock Direitos de autor: Copyright (c) 2021 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa O Dia Mundial da Língua Portuguesa é comemorado a 5 de maio. A data foi instituída em 2009, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o propósito de promover o sentido de comunidade e de pluralismo dos falantes do português, tendo sido designado por Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. Em 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) proclamou esta data como Dia Internacional da Língua Portuguesa ou Dia da Língua Portuguesa nas Nações Unidas. A língua portuguesa, também designada português, é uma língua indo-europeia românica flexiva ocidental originada no galego-português falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Com a criação do Reino de Portugal, em 1139, e a expansão para o sul na sequência da Reconquista, deu-se a difusão da língua pelas terras conquistadas e mais tarde, com as descobertas portuguesas, para o Brasil, África e outras partes do mundo. O português foi usado, naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura a língua portuguesa também influenciou várias línguas. Durante a Era dos Descobrimentos, os marinheiros portugueses levaram o seu idioma para lugares distantes. Como resultado dessa diáspora, o português dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja língua primária é o português. É língua oficial em antigas colônias portuguesas, nomeadamente, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, todas na África. Além disso, por razões históricas, falantes do português, ou de crioulos portugueses, são encontrados também em Macau (China), Timor-Leste (língua oficial), em Damão e Diu e no estado de Goa (Índia), Malaca (na Malásia), em enclaves na ilha das Flores (Indonésia), Baticaloa no (Sri Lanka) e nas ilhas ABC no Caribe. É uma das línguas oficiais da União Europeia, do Mercosul, da União de Nações Sul-Americanas, da Organização dos Estados Americanos, da União Africana e dos Países Lusófonos. Tem, aproximadamente 280 milhões de falantes, e o português é a 5.ª língua mais falada no mundo, a 3.ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul do planeta. O português também é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais conhecidas figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões). MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS “Este dia mundial é um reconhecimento justo da relevância global da língua portuguesa. Estou seguro de que o seu futuro continuará a ser enriquecido pela diversidade e solidariedade de todas as suas vozes.” — António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas na ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa 2021 Dados Eurocid: Links relacionados Dia Mundial da Língua Portuguesa 2023 | Camões, Instituto da Cooperação e da Língua Dia Mundial da Língua Portuguesa | Rede de Bibliotecas Escolares Dia Mundial da Língua Portuguesa | UNESCO Delegação Permanente de Portugal junto da Unesco Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) UE - Lusofonia | Portal Eurocid Camões - símbolo nacional português A identificação de Camões e da sua obra como símbolos da nação portuguesa parece datar, como acredita Vanda Anastácio, do início da monarquia dual de Filipe II de Espanha, pois aparentemente o monarca entendeu que seria de interesse prestigiá-los como parte de sua política para assegurar a legitimidade do seu reinado sobre os portugueses, o que justifica a sua ordem de imprimir duas traduções em castelhano de Os Lusíadas em 1580, pelas universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, e sem as submeter à censura eclesiástica. Mas Camões tornou-se especialmente importante em Portugal no século XIX, quando, conforme afirmaram Lourenço, Freeland, Souza e outros autores, Os Lusíadas sofreu um processo de releitura e mitificação por alguns dos expoentes do Romantismo local, como Almeida Garrett, Antero de Quental e Oliveira Martins, que o colocaram como um símbolo da história e do destino que estaria reservado ao país. Até mesmo a biografia do poeta foi readaptada e romantizada para servir aos seus interesses, introduzindo-se uma nota messiânica a seu respeito no imaginário popular da época. Os objetivos principais desse movimento eram compensar o saudosismo dos tempos de glória e a perceção então prevalente de Portugal como uma periferia pouco significativa da Europa, e dar à sua história um sentido mais positivo, abrindo-lhe novas perspetivas de futuro. Essa tendência atingiu um ponto alto por ocasião das comemorações do tricentenário da morte do poeta, realizadas entre 8 e 10 de junho de 1880. Monumento ao poeta na Praça de Luís de Camões, Num momento de crise por que Portugal passava, quando se questionava a no Bairro Alto, em Lisboa. legitimidade da monarquia e se ouviam fortes reivindicações pela democracia, a figura do poeta tornou-se um foco para a causa política e um motivo para reafirmações do valor português contra um pano de fundo ideológico positivista, agregando diferentes segmentos da sociedade, como foi sintetizado nas notícias dos jornais: "O Centenário de Camões neste momento histórico, e nesta crise dos espíritos tem a significação de uma revivescência nacional"... "É sublime o acordo entre as conclusões científicas das mais elevadas inteligências da Europa e a intuição da alma popular que encontram em Camões o representante duma literatura inteira e a síntese da nacionalidade"... "Todas as forças vivas da nação se aliavam nesse grande preito à memória do homem cuja alma foi a síntese grandiosa da alma portuguesa". Sugestivamente, o comité organizador das festividades intitulou-se "Comité de Salvação Pública". Diversos estudos críticos vieram a luz no momento, incluindo estrangeiros, e a festa nas ruas atraiu enorme público. O tricentenário foi comemorado no Brasil com entusiasmo semelhante, com publicação de estudos e cerimónias em muitas cidades, transbordando os círculos intelectuais, e tornou-se um pretexto para um estreitamento das relações entre os dois países. Em vários outros países a data foi noticiada e comemorada. Durante o Estado Novo essa ideologia não foi muito modificada na essência, mas sim na forma de interpretação. O poeta e a sua obra-prima tornaram-se instrumentos propagandísticos de consolidação do Estado e passou-se a divulgar então uma ideia de que Camões era não apenas um símbolo nacional, mas um símbolo cujo significado era tão particular à sensibilidade portuguesa que só poderia ser compreendido pelos próprios portugueses. A ironia é que esta abordagem gerou efeitos contrários imprevistos, e aquele mesmo estado, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, queixava-se de que a comunidade internacional não entendia Portugal. Três anos depois da Revolução de abril de 1974 Camões foi associado publicamente às comunidades portuguesas de além-mar, tornando-se a data de sua morte o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", no intuito de dissolver a imagem de Portugal como um país colonizador e se criar um novo senso de identidade nacional que englobasse os muitos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo. Essa nova ideologia foi reafirmada nos anos 80 com a publicação de Camões e a Identidade Nacional, um volume elaborado pela Imprensa Nacional contendo declarações de importantes figuras públicas da nação. A sua condição de símbolo nacional permanece nos dias de hoje, e outra evidência do seu poder como tal foi a transformação, em 1992, do Instituto de Língua e Cultura Portuguesa em Instituto Camões, que passou da administração do Ministério da Educação para a do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Tendo influenciado a evolução da literatura portuguesa desde o século XVII, Camões continua a ser uma referência para muitos escritores contemporâneos, tanto em termos de forma e conteúdo como se tornando ele mesmo um personagem em outras produções literárias e dramatúrgicas. Vasco Graça Moura considera-o o maior vulto de toda a história portuguesa, por ter sido o fundador da língua portuguesa moderna, por ter como ninguém compreendido as grandes tendências do seu tempo, e por ter conseguido dar forma, através da palavra, a um senso de identidade nacional e erguer-se à condição de símbolo dessa identidade, transmitindo uma mensagem que se mantém viva e atual. E como afirmou Iolanda Ramos, "O nome do poeta surge como um símbolo da união do mundo lusófono. Nesta medida, ganha lugar de destaque a acção exercida pelo Instituto Camões que, em Portugal tal como no estrangeiro, mantém vivo o nome desta figura ímpar e sublinha o elo que a une a outras personalidades nossas contemporâneas. O simples vínculo do nome de Camões a autores consagrados da língua portuguesa, como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, José Saramago, Eduardo Lourenço e Sophia de Mello Breyner Andresen incentiva, por sua vez, os mais curiosos a informarem-se sobre o poeta que dá nome ao Prémio Busto de Camões na praça de Portugal (Prémio Camões) outorgado todos os anos desde 1989". da Corunha, Galiza, (Espanha). Retirado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es COIMBRA - MONUMENTO A LUÍS DE CAMÕES O monumento em homenagem a Luís de Camões foi uma iniciativa dos Estudantes da Universidade de Coimbra, por ocasião das comemorações dos trezentos anos da morte do poeta, decorrendo a sua inauguração em 8 de maio de 1881, próximo da Porta Férrea, local onde foi colocado na altura. Em 1948 foi desmontado e retirado deste local para dar lugar ao atual edifício da Faculdade de Letras (altura em que decorriam as obras de remodelação da alta coimbrã). Em 1983 voltou a ser reerguido sendo reinaugurado a 19 de junho, na Rua do Arco da Traição, nas traseiras do edifício das Faculdades de Física e Química, encostado ao edifício do Instituto de Justiça e Paz, tarefa conseguida através dos esforços conjuntos da Associação dos Antigos Estudantes da Universidade de Coimbra, a Direção-Geral da Académica de Coimbra, da Reitoria da Universidade e da Câmara Municipal de Coimbra. Em 2005 por iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra, o monumento foi COIMBRA - MONUMENTO A LUÍS DE CAMÕES novamente transferido de local, passando para o fundo da Avenida Sá da Bandeira (faixa central), onde atualmente ainda se encontra, tendo decorrido Autor: António Augusto Gonçalves (1848-1932) a sua reinauguração no dia 14 de setembro do mesmo ano. Retirado de: https://www.culturacentro.gov.pt/pt/museus/museu-virtual-de-arte- Materiais da Peça: Pedra calcária e publica/coimbra/coimbra/monumento-a-luis-de-camoes/ bronze, 153 cm OS LUSÍADAS – INÊS DE CASTRO, DE LUÍS DE CAMÕES Inês de Castro é um episódio lírico-amoroso que simboliza a força e a veemência do amor em Portugal. O episódio ocupa as estâncias 118 a 135 do Canto III de Os Lusíadas e relata o assassinato de Inês de Castro, em 1355, pelos ministros do rei D. Afonso IV de Borgonha, pai de D. Pedro, seu amante. É narrado, em sua maior parte, por Vasco da Gama, que conta a história de Portugal ao rei de Melinde. Considerado um dos mais belos momentos do poema, é a um só tempo um episódio histórico e lírico: por trás da voz do narrador, e da própria Inês, percebe-se a voz e a expressão pessoal do poeta. Camões, através da fala de Vasco da Gama, destaca do episódio sua carga romântica e dramática, deixando em segundo plano as questões políticas que o marcam. Fernão Lopes, Garcia de Resende e Antônio Ferreira já haviam explorado, em prosa, em verso e no teatro, respetivamente, a figura histórica de Inês Pires de Castro: Dom Pedro, Príncipe de Portugal, filho do Rei Afonso IV, era casado com D. Constança, mas se apaixonara por Inês de Castro, dama de companhia de D. Constança e filha ilegítima de um nobre galego. Pedro e Inês, por Ernesto Condeixa Com a morte de D. Constança, Inês foi morar em Coimbra às margens do Rio Mondego e D. Pedro, futuro Rei de Portugal, viúvo, queria selar seu amor com Inês fazendo dela sua rainha. Os terríveis verdugos trouxeram Inês e seus filhos perante o Rei. Depois de ouvir a sentença, Inês ergueu os olhos aos céus e disse: “Até mesmo as feras, cruéis de nascença, e as aves de rapina já demonstraram piedade com as crianças pequenas. O senhor, que tem o rosto e o coração humanos, deveria ao menos compadecer-se destas criancinhas, seus netos, já que não se comove com a morte de uma mulher fraca e sem força, condenada somente por ter entregue o coração a quem soube conquistá-lo. E se o senhor sabe espalhar a morte com fogo e ferro, vencendo a resistência dos mouros, deve saber também dar a vida, com clemência, a quem nenhum crime cometeu para perdê-la. Mas se devo ser punida, mesmo inocente, mande-me para o exílio perpétuo e mísero na gelada Cítia ou na ardente Líbia onde eu viva eternamente em lágrimas. Ponha–me entre os leões e tigres, onde só exista crueldade. E verei se neles posso achar a piedade que não achei entre corações humanos. E lá, com o amor e o pensamento naquele por quem fui condenada a morrer, criarei os seus filhos, que o senhor acaba de ver, e que serão o consolo de sua triste mãe.” por Columbano Bordalo Pinheiro Comovido com essas palavras, o Rei já pensava em absolver Inês, quando os verdugos, que defendiam a execução, sacaram de suas espadas e degolaram Inês. Isso aconteceu em 1355 e diz a lenda que D. Pedro, inconformado, mandou vestir a noiva com roupas nupciais, sentou o cadáver no trono e fez os nobres lhe beijarem a mão, daí falar-se que “a infeliz foi rainha depois de morta”. Na verdade, D. Pedro manda transladar o corpo de Inês do mosteiro com pompas de rainha para o mosteiro de Alcobaça em 1361, quando já era rei. Portanto, seis anos após o assassinato. Ao subir ao trono D. Pedro conseguiu que outro Pedro, o Cruel, rei de Castela, lhe entregasse os homicidas, que para lá fugiram, pois, os dois monarcas tinham um pacto de devolver um ao outro os respetivos inimigos. Para imortalizar seu amor por Inês, D. Pedro jurou em presença de sua corte que se havia casado clandestinamente com ela, transformando-a, dessa maneira, em rainha após a morte. Camões em Os Lusíadas, relata assim: Episódio de Dona Inês de Castro Quanta soube ganhar na dura guerra, Tu, só tu, puro amor, com força crua, (Os Lusíadas, Canto III, 118 a 135) O caso triste e dino da memória, Que os corações humanos tanto obriga, Passada esta tão próspera vitória, Que do sepulcro os homens desenterra, Deste causa à molesta morte sua, Tornado Afonso à Lusitana Terra, Aconteceu da mísera e mesquinha Como se fora pérfida inimiga. A se lograr da paz com tanta glória Que despois de ser morta foi Rainha. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Aos montes insinando e às ervinhas De outras belas senhoras e Princesas Nem com lágrimas tristes se mitiga, O nome que no peito escrito tinhas. Os desejados tálamos enjeita, É porque queres, áspero e tirano, Do teu Príncipe ali te respondiam Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas, Tuas aras banhar em sangue humano. As lembranças que na alma lhe moravam, Quando um gesto suave te sujeita. Estavas, linda Inês, posta em sossego, Que sempre ante seus olhos te traziam, Vendo estas namoradas estranhezas, De teus anos colhendo doce fruito, Quando dos teus fernosos se apartavam; O velho pai sesudo, que respeita Naquele engano da alma, ledo e cego, De noite, em doces sonhos que mentiam, O murmurar do povo e a fantasia Que a fortuna não deixa durar muito, De dia, em pensamentos que voavam; Do filho, que casar-se não queria, Nos saudosos campos do Mondego, E quanto, enfim, cuidava e quanto via Tirar Inês ao mundo determina, De teus fermosos olhos nunca enxuito, Eram tudo memórias de alegria. Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo co sangue só da morte ladina ó tu, que tens de humano o gesto e o peito Contra hûa dama, ó peitos carniceiros, Matar do firme amor o fogo aceso. (Se de humano é matar hûa donzela, Feros vos amostrais e cavaleiros? Que furor consentiu que a espada fina, Fraca e sem força, só por ter sujeito Qual contra a linda moça Polycena, Que pôde sustentar o grande peso O coração a quem soube vencê-la), Consolação extrema da mãe velha, Do furor Mauro, fosse alevantada A estas criancinhas tem respeito, Porque a sombra de Aquiles a condena, Contra hûa fraca dama delicada? Pois o não tens à morte escura dela; Co ferro o duro Pirro se aparelha; Traziam-na os horríficos algozes Mova-te a piedade sua e minha, Mas ela, os olhos, com que o ar serena Ante o Rei, já movido a piedade; Pois te não move a culpa que não tinha. (Bem como paciente e mansa ovelha), Mas o povo, com falsas e ferozes E se, vencendo a Maura resistência, Na mísera mãe postos, que endoudece, Razões, à morte crua o persuade. A morte sabes dar com fogo e ferro, Ao duro sacrifício se oferece: Ela, com tristes e piedosas vozes, Sabe também dar vida, com clemência, Tais contra Inês os brutos matadores, Saídas só da mágoa e saudade A quem peja perdê-la não fez erro. No colo de alabastro, que sustinha Do seu Príncipe e filhos, que deixava, Mas, se to assi merece esta inocência, As obras com que Amor matou de amores Que mais que a própria morte a magoava, Põe-me em perpétuo e mísero desterro, Aquele que despois a fez Rainha, Pera o céu cristalino alevantando, Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente, As espadas banhando e as brancas flores, Com lágrimas, os olhos piedosos Onde em lágrimas viva eternamente. Que ela dos olhos seus regadas tinha, (Os olhos, porque as mãos lhe estava atando Põe-me onde se use toda a feridade, Se encarniçavam, fervidos e irosos, Um dos duros ministros rigorosos); Entre leões e tigres, e verei No futuro castigo não cuidosos. E despois, nos mininos atentando, Se neles achar posso a piedade Bem puderas, ó Sol, da vista destes, Que tão queridos tinha e tão mimosos, Que entre peitos humanos não achei. Teus raios apartar aquele dia, Cuja orfindade como mãe temia, Ali, co amor intrínseco e vontade Como da seva mesa de Tiestes, Pera o avô cruel assi dizia: Naquele por quem mouro, criarei Quando os filhos por mão de Atreu comia ! (Se já nas brutas feras, cuja mente Estas relíquias suas que aqui viste, Vós, ó côncavos vales, que pudestes Natura fez cruel de nascimento, Que refrigério sejam da mãe triste.) A voz extrema ouvir da boca fria, E nas aves agrestes, que somente Queria perdoar-lhe o Rei benino, O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes, Nas rapinas aéreas tem o intento, Movido das palavras que o magoam; Por muito grande espaço repetistes. Com pequenas crianças viu a gente Mas o pertinaz povo e seu destino Assi como a bonina, que cortada Terem tão piedoso sentimento (Que desta sorte o quis) lhe não perdoam. Antes do tempo foi, cândida e bela, Como co a mãe de Nino já mostraram, Arrancam das espadas de aço fino Sendo das mãos lacivas maltratada E cos irmãos que Roma edificaram: Os que por bom tal feito ali apregoam. Da minina que a trouxe na capela, O cheiro traz perdido e a cor murchada: Tal está, morta, a pálida donzela, As filhas do Mondego a morte escura O nome lhe puseram, que inda dura, Secas do rosto as rosas e perdida Longo tempo chorando memoraram, Dos amores de Inês, que ali passaram. A branca e viva cor, co a doce vida. E, por memória eterna, em fonte pura Vede que fresca fonte rega as flores, As lágrimas choradas transformaram. Que lágrimas são a água e o nome Amores. Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_ines_de_castro/ Canto IV - A Batalha de Aljubarrota Neste episódio, Vasco da Gama continua a contar acontecimentos importantes na história de Portugal ao rei de Melinde, neste caso, é a histórica Batalha de Aljubarrota. Camões começa o episódio retratando o início da batalha de forma interessante, dizendo que com o som da trombeta que iniciaria o confronto, até a Natureza ficou com medo. Os Castelhanos tinham uma enorme vantagem de quantidade em relação aos Portugueses, mas devido á astúcia dos Lusitanos, essa vantagem não seria muito grande porque os guerreiros portugueses tinham planeado uma estratégia infalível, a tática era a seguinte: O exército português dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os besteiros. Este tipo de tática defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura. Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque. O ataque castelhano foi um terrível fracasso, pois as ordens recebidas pelo exército Espanhol foi de atacarem logo com a cavalaria francesa para romper a linha defensiva Portuguesa. Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrar desorganizada e confusa. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo. Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Os restantes tentaram fugiram desordenadamente, mas muitos foram mortos devido á perseguição dos soldados Lusitanos e outros tantos foram mortos pelo povo Português e assim os corajosos guerreiros Portuguesas derrotaram os numerosos Castelhanos. Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga. Esta vitória permitiu a Portugal garantir definitivamente a sua Independência. Retirado de: https://epopeialusiadas.blogs.sapo.pt/1896.html The Battle of Aljubarrota (Castile vs Portugal, 1385). (British Library, Royal 14 E IV f. 204 recto) É uma batalha decisiva para assegurar a independência do país face a Castela, a potência vizinha que tencionava incorporar Portugal no seu reino. A batalha desenrola-se na tarde de 14 de agosto de 1385, no Chão da Feira, na zona de Aljubarrota. De um lado estão sete mil portugueses e algumas centenas de britânicos e do outro, cerca de 40 mil espanhóis e franceses. A posição escolhida por Nuno Álvares Pereira, Condestável de D. João I, as defesas e o tipo de armamento que se posiciona no campo de batalha vão decidir a vitória para o lado português, e uma derrota pesada para o adversário. Depois de dois anos de confrontos a vitória é tão esmagadora que assegura a D. João I a continuidade no trono português. RETIRADO DE: https://ensina.rtp.pt/artigo/batalha-aljubarrota-independencia/ Camões e as Tágides é uma pintura a óleo sobre tela de 1894 do artista português da época do Realismo Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), obra que está atualmente no Museu Grão Vasco, em Viseu. A composição como o seu título indica representa o fantástico encontro entre Luís de Camões e as Tágides a quem ele, seguindo os mestres da antiguidade, pediu inspiração na escrita de Os Lusíadas logo no início do poema épico, nas estrofes 4 e 5 do Canto I. Descrição A figura de Camões destaca-se ligeiramente à direita do grupo das Tágides, sentado sobre um rochedo, usando barba de acordo com os seus mais antigos retratos, de gibão negro e manto castanho, estendendo a mão direita e dirigindo o olhar para três Tágides, que se colocam do lado esquerdo. As Tágides apresentam-se nuas, sentadas na areia, com o cabelo apanhado e conversando com o poeta. A cena conta ainda com uma outra Tágide do lado esquerdo, quase esfumada na neblina que se evapora das águas do Tejo, e do lado oposto, um pouco mais distante, vislumbra-se ao longe a Torre de Belém. A figura do poeta, envolto num manto escuro e sentado num rochedo da praia, contrasta com a das Tágides inspiradoras, de corpos alvos e bem modulados. Os seus rostos, muito concretizados e quase familiares, opõem-se às formas dos elementos da natureza, difusos e representados em mancha. A composição é definida por uma diagonal, sublinhada pela posição da ninfa deitada em primeiro plano, prolongando-se pelo braço direito do poeta e seguindo pela zona escura entre as nuvens. A diagonal como que separa uma zona mais iluminada de outra em tons mais escuros. O olhar de duas das ninfas e a posição da perna esquerda do poeta indicam a mão de Camões como o centro da tela. Uma outra ninfa parece escutar algo (o vento, o rumor das águas, o próprio poeta?), enquanto uma quarta ninfa no meio das águas parece perscrutar o horizonte. As personagens agrupam-se num círculo central, fora do qual está de um lado uma ninfa e do outro, em contraponto, a Torre de Belém, definindo a linha do horizonte. Existem estudos preparatórios desta pintura, ou das personagens que a compõem, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado e na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa. Apreciação Segundo Almeida Coutinho, Camões e as Tágides é uma grande composição de estilo clássico, estando o assunto plasmado nas linhas convencionais de uma bela composição harmónica. As figuras das Tágides aparecem como que fazendo parte natural da própria vaga, são a sua espuma. O movimento dos dorsos e braços em cadência são, como a música em surdina, fundo do recitativo de Camões. O Artista, tendo necessidade de recorrer a modelo e por ser acentuadamente um visual, não pôde expandir livremente o seu lirismo e volta a ser o realista, observador rigoroso, que bastante se afasta do estudo inicial. Mas, ainda assim, a composição mantém uma elegância de linhas que a impõe como das melhores do Mestre. Em coleção particular de Lisboa, existem dois desenhos preparatórios desta composição, dando Columbano num deles, a lápis e de maior acabamento, largas ao seu lirismo de artista-poeta. História A obra foi exposta pela primeira vez, em 1894, na Galeria da Livraria Gomes, ao Chiado (Lisboa), tendo em 1896 sido exposta na Exposição Internacional de Berlim. Pertenceu depois à Galeria de Francisco Costa Falcão e mais tarde vendida no leilão realizado no início de 1930 onde foi adquirida pelo pintor José Campas, que a vendeu, por sua vez, em Abril desse ano, ao Museu Grão Vasco, que tinha então como seu primeiro diretor Francisco Almeida Moreira, passando a obra a estar exposta desde 1931 neste Museu. As Tágides em Os Lusíadas As Tágides são as ninfas do rio Tejo (em latim, Tagus) a quem Luís de Camões pede inspiração para escrever Os Lusíadas. A invocação da ajuda da Tágides ocorre quase no início da obra, nas estrofes 4 e 5 do Canto I: E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mim um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde celebrado Foi de mim vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloquo e corrente, Porque de vossas águas, Febo ordene Que não tenham inveja às de Hipocrene. Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda, Mas de tuba canora e belicosa, Que o peito acende e a cor ao gesto muda; Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no universo, Se tão sublime preço cabe em verso. Retirado de : https://pt.wikipedia.org/wiki/Cam%C3%B5es_e_as_T%C3%A1gides_(Columbano) O TEMA DA MUDANÇA NA OBRA DE LUÍS DE CAMÕES Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía. A melhor maneira de conhecer a lírica de Camões é através da análise ao soneto de Camões de incipit “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” O tema deste soneto é a mudança, uma temática frequente na Renascença (tempus fugit – “o tempo voa”), já que ao longo do poema o sujeito lírico refere várias transformações verificadas em si e no mundo. O sujeito poético reconhece que esta “mudança” engloba tudo: sentimentos, a nossa confiança, o carácter e, claro, os valores humanos. E elas são irreversíveis, sem retorno. No entanto, se as mudanças na Natureza (no seu processo de renovação) assumem um sentido positivo, o mesmo não acontece com as alterações de pendor negativo na vida do sujeito lírico. Há a realçar que, na opinião do poeta, até a maneira de mudar mudou. Desta forma, a mudança exerce-se, quer no mundo em que o Poeta se inclui, quer nele próprio. O eu poético demonstra o seu mais sincero espanto por já não se conseguir reconhecer no que vai mudando, uma vez que até a própria mudança está a modificar-se. Além disso, a ideia da passagem do Tempo, fundamental na lírica de Camões, é inexorável – na medida em que dela ninguém escapa e de qual todos somos “vítimas” – demonstra, precisamente, que as pessoas (mundo interno) modificam-se consoante as coisas (mundo externo) vão mudando e, desta forma, os nossos interesses e sentimentos (personalidade) também evoluem. […] Desta forma, importa realçar que nos deparamos com um soneto “perfeito”, isto porque temos uma distribuição, quanto ao seu conteúdo ideológico, estruturalmente sem falhas: na primeira quadra, o sujeito poético apresenta a ideia a aprofundar: a mudança; na segunda quadra, temos o suporte da tese; no primeiro terceto, surge a confirmação, no qual se concretiza, precisamente, a ideia apresentada anteriormente, patente nos sentidos opostos das mudanças que operam na Natureza e no sujeito; e, por fim, no segundo terceto, temos a conclusão, através da qual se faz a síntese da poética do soneto: até a própria maneira de mudar mudou. Ou seja, a mudança mais surpreendente é a de que já não se muda como era costume, isto é, verifica a mudança da própria mudança. Camões dá-nos, precisamente, esta multiplicidade, que devemos apreciar com a beleza dos seus poemas e com toda a sua pluralidade lírica que tanto eco faz na nossa literatura. Fontes: https://obarrete.com/2020/06/26/mudam-se-as-vontades-luis-de-camoes/

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