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Aula 19 - EDO - Sistemas PDF

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UFSCar

2024

Marcelo J. D. Nascimento

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differential equations systems of differential equations mathematics lecture notes

Summary

These lecture notes cover systems of differential equations, focusing on a specific example of a mass-spring system. The document elaborates on the concepts and methodology for solving such systems using physical examples. Key figures and sections highlight the mathematical formulation and associated analysis for understanding the dynamic behavior.

Full Transcript

EDO - Sistemas Professor Responsável: Marcelo J. D. Nascimento Departamento de Matemática UFSCar / São Carlos 26 de agosto de 2024 Marcelo Nascimento EDO Sistemas de Equações Diferenciais Diversos problemas fı́sicos nos conduzem à necessidade de...

EDO - Sistemas Professor Responsável: Marcelo J. D. Nascimento Departamento de Matemática UFSCar / São Carlos 26 de agosto de 2024 Marcelo Nascimento EDO Sistemas de Equações Diferenciais Diversos problemas fı́sicos nos conduzem à necessidade de estudar sistemas de equações diferenciais simultâneas em várias variáveis. Um desses problemas é dado pelo sistema massa-mola composto. F1 (t) F2 (t) k1 k2 k3 m1 m2 x1 x2 Dois objetos de massas m1 e m2 movem-se em uma superfı́cie sem atrito, ligados por três molas cujas constantes de elasticidade são k1 , k2 e k3 , respectivamente, e sob influência de forças externas F1 (t) e F2 (t). Marcelo Nascimento EDO Denote por x1 (t) e x2 (t) os deslocamentos horizontais das massas em relação às suas posições de equilı́brio. m1 m2 x1 = 0 x1 x2 = 0 x2 A B C m1 m2 x1 x2 Observe que o alongamento total da mola B é x2 − x1 (x2 > x1 ). Marcelo Nascimento EDO Forças sobre o corpo de massa m1 : F1 m1 sentido do movimento (+) k1 x1 k2 (x2 − x1 ) Da lei de Hooke (A lei de Hooke diz que a força restauradora F⃗ é proporcional ao deslocamento da mola e a constante k é chamada de constante de elasticidade) as molas exercem forças restauradoras sobre o corpo de massa m1 −k1 x1 no sentido oposto ao movimento e k2 (x2 − x1 ). Marcelo Nascimento EDO Logo a força resultante sobre m1 é −k1 x1 + k2 (x2 − x1 ) + F1 (t). Da segunda lei de Newton, obtemos F⃗ = −k1 x1 + k2 (x2 − x1 ) + F1 (t) ou d2 x1 m1 = −k1 x1 + k2 (x2 − x1 ) + F1 (t). dt2 Analogamente, as forças sobre o corpo de massa m2 : F2 m2 sentido do movimento (+) k3 x2 k2 (x 2 − x1 )Nascimento Marcelo EDO Novamente pela lei de Hooke as forças que atuam no corpo de massa m2 são −k3 x2 , −k2 (x2 − x1 ) e + F2 (t). Da segunda lei de Newton, obtemos d2 x2 m2 = −k3 x2 − k2 (x2 − x1 ) + F2 (t). dt2 Portanto, o movimento dos objetos é descrito pelo sistema de equações  d2 x1 m1 2 = −k1 x1 + k2 (x2 − x1 ) + F1 (t)      dt d2 x2    m2  = −k3 x2 − k2 (x2 − x1 ) + F2 (t). dt2 Marcelo Nascimento EDO Um sistema de equações diferencias de 1a ordem em geral, pode se escrito como    x′1 = f1 (t, x1 ,... , xn )  x′ = f2 (t, x1 ,... , xn )  2.. (1)   .   ′ xn = fn (t, x1 ,... , xn ), onde f1 , f2 ,... , fn são funções definidas em algum domı́nio de Rn+1 e x1 ,... , xn são as funções incógnitas. Resolver o sistema (1) significa encontrar um intervalo I ⊂ R e n funções ϕ1 , · · · , ϕn definidas em I tal que: 1) ϕ′1 (t),... , ϕ′n (t) existem para todo t ∈ I; 2) (t, ϕ1 (t),... , ϕn (t) ∈ D para todo t ∈ I, onde D é o domı́nio de f1 ,... , fn ; 3) ϕ′j (t) = fj (t, ϕ1 (t),... , ϕn (t)), para todo t ∈ I e j = 1,... , n. Marcelo Nascimento EDO Um Problema de Valor Inicial (P.V.I.) para um sistema de equações de ordem 1 é dado por:     x′1 = f1 (t, x1 ,... , xn ) x′2 = f2 (t, x1 ,... , xn )   ..  . x′n = fn (t, x1 ,... , xn )      x(t ) = x0 ,... , x (t ) = x0 ,  0 1 n 0 n onde x01 ,... , x0n ∈ R. Marcelo Nascimento EDO Exemplo 1 Considere a equação de ordem 2 y ′′ = g(t, y, y ′ ), (2) onde g é uma função dada. Escreva a equação (2) como um sistema de ordem 1. Prova: Faça a mudança de variáveis: ® y1 = y y2 = y ′. Segue da mudança e de (2) que podemos escrever (2) como o sistema y1′ = y2 ® (3) y2′ = g(t, y1 , y2 ). Marcelo Nascimento EDO Exemplo 2 Mostre que (2) e (3) são equivalentes (no sentido de soluções). Prova: De fato, se ϕ é uma solução de (2) em I, então o par y1 (t) = ϕ(t) e y2 (t) = ϕ′ (t) é uma solução de (3) em I por y1′ (t) = ϕ′ (t) = y2 (t) e (2) y2′ (t) = ϕ′′ (t) = g(t, ϕ(t), ϕ′ (t)) = g(t, y1 (t), y2 (t)). Reciprocamente, se (ϕ1 (t), ϕ2 (t)) é uma solução de (3) em I então y(t) = ϕ1 (t) (primeira componente) é solução de (2) em I pois y ′′ (t) = ϕ′′1 (t) = (ϕ′1 (t))′ = ϕ′2 (t) = g(t, ϕ1 (t), ϕ2 (t)) = g(t, ϕ1 (t), ϕ′1 (t)) = g(t, y, y ′ ). Marcelo Nascimento EDO Exemplo 3 Uma equação diferencial de ordem n y (n) = g(t, y, y ′ ,... , y (n−1) ) (4) pode ser reduzida a um sistema de n equações diferenciais de primeira ordem pela mudança de variáveis y1 = y, y2 = y ′ ,... , yn = y (n−1). Então a equação (4) é equivalente ao sistema  ′ y1 = y2   y2′ = y2   .. . (5)  ′      yn−1 = yn y ′ = g(t, y, y ′ ,... , y (n−1) )  n Prova: A justificativa é análoga a prova do exemplo anterior. Marcelo Nascimento EDO Observação 4 Se cada uma das funções f1 , f2 ,... , fn em (1) for linear em x1 , x2 ,... , xn então dizemos que o sistema (1) é linear. Caso contrário, (1) é dito não-linear. Um sistema de n equações diferenciais lineares de ordem 1 tem a forma  ′ x1 = a11 (t)x1 +... + a1n (t)xn + g1 (t)  ... (6)  x′ = a (t)x +... + a (t)x + g (t).  n n1 1 nn n n Se gj (t) = 0, para todo j = 1,... , n, dizemos que o sistema (6) é homogêneo. Caso contrário, é dito não-homogêneo. Marcelo Nascimento EDO Notação: Adotaremos a seguinte notação:       a11 (t)... a1n (t) g1 (t) x1 (t) A(t) = .......  , G(t) = ..  e X(t) = ...    ..  .  an1 (t)... ann (t) gn (t) xn (t) Logo, o sistema (6) pode ser representado na forma compacta X ′ = A(t)X + G(t). (7) Teorema 5 (Existência e Unicidade) Suponha que as funções aij (t) e gi (t), 1 ≤ i, j ≤ n sejam contı́nuas em um intervalo aberto I. Dados t0 ∈ I e x0 ∈ Rn , existe uma única solução X(t) de (7), definida em I com X(t0 ) = x0. Prova: Ver J. Sotomayor, EDO, Textos Universitários do IME/ USP, 2011. Marcelo Nascimento EDO Teorema 6 (Princı́pio da Superposição de Soluções) Se X 1 (t) = (x11 (t)... x1n (t))T e X 2 (t) = (x21 (t)... x2n (t))T são soluções do sistema de equações homogêneo X ′ = A(t)X, (8) então qualquer combinação linear C1 X 1 (t) + C2 X 2 (t) com C1 e C2 constantes arbitrárias, também é solução de (7). Prova: Substituição direta. Marcelo Nascimento EDO Teorema 7 Sejam X 1 (t),... , X n (t) soluções de (8) e t0 ∈ I. Então X 1 (t),... , X n (t) são l.d. se, e somente se os vetores X (t0 ),... , X (t0 ) são l.d. em Rn. 1 n Prova: (⇐) Suponha que X 1 (t),... , X n (t) são l.d. Então exis- tem constantes c1 ,... , cn não todas nulas tais que c1 X 1 (t) +... + cn X n (t) = 0, ∀t ∈ I. Logo, em particular c1 X 1 (t0 ) +... + cn X n (t0 ) = 0, com c1 ,... , cn não todas nulas, ou seja, os vetores X 1 (t0 ),... , X n (t0 ) são l.d. em Rn. Marcelo Nascimento EDO (⇒) Suponha que os vetores X 1 (t0 ),... , X n (t0 ) são l.d. em Rn. Então existem constantes c1 ,... , cn não todas nulas tais que c1 X 1 (t0 ) +... + cn X n (t0 ) = 0. (9) Defina φ(t) = c1 X 1 (t) +... + cn X n (t), onde c1 ,... , cn são as constantes acima. Note que φ satisfaz (8) (pelo princı́pio da superposição). Além disso, de (9) segue que φ(t0 ) = 0. Ou seja, φ é solução do P.V.I. ® X ′ = A(t)X X(t0 ) = 0. Mas Ψ(t) ≡ 0 também é solução desse P.V.I. Do Teorema 5 segue que φ(t) = 0, ∀t ∈ I, e X 1 (t),... , X n (t) são l.d. Marcelo Nascimento EDO Corolário 8 Sejam X 1 (t),... , X n (t) soluções de (8) e t0 ∈ I. Então X 1 (t),... , X n (t) são l.i. se, e somente se os vetores X (t0 ),... , X (t0 ) são l.i. em Rn. 1 n Prova: A prova é direta do Teorema anterior. Teorema 9 O conjunto S das soluções de (8) é um subespaço vetorial do espaço C(I, Rn ) (funções contı́nuas de I em Rn ) de dimensão n. Prova: Segue do Princı́pio da Superposição que S é um su- bespaço vetorial de C(I, Rn ). Vamos mostrar que a dimensão de S é n. Marcelo Nascimento EDO Primeiro, vamos mostrar que (8) possui n soluções l.i. Para isso, considere {e1 ,... , en } a base canônica do Rn , ou seja, e1 = (1, 0,... , 0),... , en = (0, 0,... , 0, 1) e os P.V.I.’s X ′ = A(t)X ® (10) X i (t0 ) = ei , i = 1,... , n e t0 ∈ I. Do Teorema 5 cada P.V.I. admite uma única solução e do Co- rolário 8, como {e1 ,... , en } são l.i. em Rn segue que X 1 (t),... , X n (t) são soluções l.i. de (8) e t0 ∈ I. Resta mostrar que {X 1 (t),... , X n (t)} gera S. Seja X(t) uma solução qualquer de (8) e t0 ∈ I. Como X(t0 ) ∈ Rn então pode ser escrita como combinação linear de {e1 ,... , en }, ou seja, existem constantes não todas nulas tais que X(t0 ) = c1 e1 +... + cn en = (c1 ,... , cn ). Marcelo Nascimento EDO Considere o P.V.I. X ′ = A(t)X ® (11) X(t0 ) = (c1 ,... , cn ). Claramente X(t) é solução de 11. Além disso, φ(t) = c1 X 1 (t) +... + cn X n (t) é solução de (8) do Princı́pio da Superposição e φ(t0 ) = c1 X 1 (t0 )+...+cn X n (t0 ) = c1 e1 +...+cn en = (c1 ,... , cn ). Lembre que X i (t) são soluções de (10) e portanto X i (t0 ) = ei. Portanto, φ também é solução de (11) e do Teorema 5 φ(t) = X(t), t ∈ I. Marcelo Nascimento EDO Observação 10 O teorema anterior diz que se conhecermos n soluções linear- mente independentes {X 1 (t),... , X n (t)} de (8), ou seja X ′ = A(t)X então toda solução de (8) será da forma c1 X 1 (t) +... + cn X n (t). Por essa razão esta expressão é chamada de solução geral de (8). Marcelo Nascimento EDO Exemplo 11 Considere o sistema de equações diferenciais x′1 = x2 ® Å ã ′ 0 1 X = X, x′2 = −x1 − 2x2 −1 −2 Å ã x1 onde X =. Encontre a solução geral do sistema. x2 Prova: Observe que esse sistema procede da equação de segunda ordem y ′′ + 2y ′ + y = 0, fazendo a mudança x1 = y e x2 = y ′. Sabemos que y1 (t) = e−t e y2 (t) = te−t são duas soluções l.i. desta equação. Marcelo Nascimento EDO Logo e−t te−t Å ã Å ã 1 2 X (t) = e X (t) = −e−t (1 − t)e−t são duas soluções do sistema. Como Å ã Å ã 1 1 2 0 X (0) = e X (0) = −1 1 são l.i. em R2 , segue pelo Corolário 8 que X 1 (t) e X 2 (t) são soluções l.i. do sistema dado. Do Princı́pio da Superposição (Teorema 6) e do Teorema 9 segue que a solução geral do sistema é dada por Å −t ã te−t Å ã 1 2 e X(t) = c1 X (t) + c2 X (t) = c1 + c2 , −e−t (1 − t)e−t onde c1 e c2 são constantes quaisquer. Marcelo Nascimento EDO Definição 12 Dizemos que uma matriz X(t) (n × n) é matriz solução do sistema X ′ = A(t)X se cada coluna de X(t) é solução do sistema. Definição 13 Dizemos que uma matriz X(t) (n × n) é matriz fundamental (M.F.) para o sistema X ′ = A(t)X se X(t) é uma matriz solução e detX(t) ̸= 0 para todo t ∈ I (I intervalo de existência). Ou seja, suas colunas são soluções l.i. do sistema X ′ = A(t)X. Observação 14 Se X(t) é matriz solução, então detX(t) é chamado de Wronski- ano das n soluções X 1 ,... , X n e denotado por W [X 1 ,... , X n ](t). Marcelo Nascimento EDO Observação 15 Seja X(t) uma M.F. para o sistema X ′ = A(t)X então se X 1 (t),... , X n (t) são as colunas de X(t) segue que a solução geral da equação linear homogênea (8) será da forma X(t)c, onde c = (c1 ,... , cn ). Marcelo Nascimento EDO Teorema 16 (Abel-Liouville) Se X(t) é uma matriz soluções de X ′ = A(t)X em algum inter- valo I, t0 ∈ I, então ˆ t  detX(t) = detX(t0 )exp trA(s)ds , ∀t ∈ I, t0 onde trA(s) é o traço de A(s), isto é, a soma dos elementos da diagonal principal de A(s). Marcelo Nascimento EDO Observação 17 O teorema anterior afirma que se X(t) é uma matriz solução de X ′ = A(t)X então, ou detX(t) ̸= 0, para todo t ∈ I ou detX(t) = 0, para todo t ∈ I. Teorema 18 Seja X(t) uma matriz solução de X ′ = A(t)X em I. Então X(t) é matriz fundamental se, e somente se, detX(t0 ) ̸= 0 para algum t0 ∈ I. Prova: (⇒) Suponha que X(t) é matriz fundamental, então as colunas de X(t) são soluções l.i. para todo t ∈ I e portanto, detX(t) ̸= 0, para todo t ∈ I. Em particular, detX(t0 ) ̸= 0 para algum t0 ∈ I. (⇐) Suponha que detX(t0 ) ̸= 0 para algum t0 ∈ I, do Teorema de Abel-Liouville segue que detX(t) ̸= 0, para todo t ∈ I. Portanto, X(t) é matriz fundamental. Marcelo Nascimento EDO Sistemas Lineares com Coeficientes Constantes Considere o sistema X ′ = AX, (12) onde A = (aij ), i, j = 1,... , n é uma matriz n × n constante. Vamos procurar por soluções na forma X(t) = eλt v, (13) onde o número λ e o vetor constante v = (v1... vn )T ̸= (0... 0)T devem ser determinados. Substituindo (13) em (12), obtemos λeλt v = A(eλt v) eλt ̸=0,∀t ⇐⇒ λv = Av. (14) O número λ que satisfaz (14) é chamado de autovalor de A e v é chamado de autovetor associado a λ. Marcelo Nascimento EDO A equação (14) é equivalente à (A − λI)v = 0, (15) onde I é a matriz identidade. Para que a equação (15) tenha solução v ̸= 0, a matriz A − λI não pode ser invertı́vel. Logo, devemos ter pA (λ) = det(A − λI) = 0. (16) Observação 19 Note que a expressão pλ (A) = det(A−λI) é um polinômio de grau n em λ, chamado de polinômio caracterı́stico de A. Assim, do Teorema Fundamental da Álgebra a equação pλ (A) = 0 possui n raı́zes λ1 ,... , λn que podem ser reais ou complexas (contando multiplicidade). Marcelo Nascimento EDO Exemplo 20 Se v é um autovetor de A associado a λ, então u = cv, c ̸= 0, também é um autovetor de A associado a λ. Prova: Basta observar que Au = A(cv) = cAv = cλv = λu. Marcelo Nascimento EDO No que segue, vamos estudar as diferentes possibilidades para os autovalores. Caso 1: Todos os autovalores são reais e distintos. Sejam v1 ,... , vn autovetores associados aos autovalores λ1 ,... , λn , respectivamente. Então v1 ,... , vn são l.i. De fato, se n = 1, Ok. Suponha que v1 ,... , vn são l.i. e provemos que v1 ,... , vn , vn+1 são l.i. Considere a combinação linear c1 v1 +... + cn vn + cn+1 vn+1 = 0. (17) Logo, A(c1 v1 +... + cn vn + cn+1 vn+1 ) = A(0) = 0 se, e somente se c1 Av1 +... + cn Avn + cn+1 Avn+1 = 0 se, e somente se c1 λ1 v1 +... + cn λn vn + cn+1 λn+1 vn+1 = 0. Marcelo Nascimento EDO Agora, multiplique (17) por λn+1 e subtraia da igualdade acima para obter c1 (λ1 − λn+1 )v1 +... + cn (λn − λn+1 )vn = 0. Por hipótese, v1 ,... , vn são l.i., logo c1 (λ1 − λn+1 ) =... = cn (λn − λn+1 ) = 0. Como λi ̸= λj , i ̸= j, segue que c1 =... = cn = 0. Logo, (17) se reduz à cn+1 vn+1 = 0 e como vn+1 ̸= 0, segue que cn+1 = 0. Concluı́mos por indução sobre n que v1 ,... , vn são l.i. para todo n. Marcelo Nascimento EDO Logo, as funções X1 (t) = eλ1 t v1 ,... , Xn (t) = eλn t vn são n soluções l.i. de (12) pois para t = 0, X1 (0) = v1 ,... , Xn (0) = vn são l.i. Portanto, X1 (t) = eλ1 t v1 ,... , Xn (t) = eλn t vn formam uma base para o espaço das soluções. Marcelo Nascimento EDO Caso 2: Autovalores complexos Se λ = α + iβ, β ̸= 0 é um autovalor de A e v = v1 + iv2 , v2 ̸= 0 é um correspondente autovetor, então z(t) = eλt v é uma solução com valores complexos de (12). Lema 21 Se z(t) = x(t) + iy(t) é uma solução com valores complexos de (12) então x(t) e y(t) são soluções a valores reais de (12). Prova: Temos que x′ (t) + iy ′ (t) = z ′ (t) = Az(t) = A[x(t) + iy(t)] = Ax(t) + iAy(t). Logo, a igualdade é válida se, e somente se x′ (t) = Ax(t) e y ′ (t) = Ay(t). Marcelo Nascimento EDO Exemplo 22 Determine uma base de soluções reais para Å ã 1 −1 x′ = x. 5 −3 Prova: Temos que 1−λ −1 p(λ) = det(A − λI) = = (1 − λ)(−3 − λ) + 5 5 −3 − λ = λ2 + 2λ + 2. Logo, os autovalores de A são λ = −1 ± i. Marcelo Nascimento EDO Vamos procurar um vetor v ̸= 0 tal que (A − λ1 I)v = 0, ou seja, ïÅ ã Å ãò Å ã Å ã 1 −1 1−i 0 a 0 + = 5 −3 0 1−i b 0 se, e somente se ® (2 − i)a − b = 0 Å ãÅ ã Å ã 2−i −1 a 0 = ⇐⇒ 5 −2 − i b 0 5a − (2 + i)b = 0 ⇒ b = (2 − i)a. Marcelo Nascimento EDO Å ã 1 Logo, um autovetor associado a λ1 = −1 + i é v = ea 2−i função ãÅ Å ã 1 (−1+i)t −t 1 z(t) = e = e (cos(t) + i sen(t)) 2−i 2−i e−t cos(t) e−t sen(t) Å ã Å ã = −t + i −t e (2 cos(t) + sen(t)) e (2 sen(t) − cos(t)) é uma solução com valores complexos. Logo e−t cos(t) e−t sen(t) Å ã Å ã x(t) = −t e y(t) = −t e (2 cos(t) + sen(t)) e (2 sen(t) − cos(t)) são duas soluções reais l.i. e portanto formam uma base de soluções reais. Observe que se t = 0, Å ã Å ã 1 0 x(0) = e y(0) = 2 −1 que são l.i em R2. Marcelo Nascimento EDO Exemplo 23 Encontre uma base de soluções reais para Ñ é 1 −5 0 ′ x = 1 −3 0 x. 0 0 1 Prova: Temos que p(λ) = det(A − λI) 1−λ −5 0 = 1 −3 − λ 0 0 0 1−λ = (−3 − λ)(1 − λ)2 + 5(1 − λ) = (1 − λ)[(1 − λ)(−3 − λ) + 5] = (1 − λ)(λ2 + 2λ + 2). Logo os autovalores são: λ1 = 1 e λ2,3 = −1 ± i. Marcelo Nascimento EDO Vamos procurar pelo autovetor associado ao autovalor λ1 = 1. Ou seja, queremos encontrar v ̸= 0 tal que (A − λ1 I)v = 0, ou seja Ñ éÑ é Ñ é 0 −5 0 a 0 ® −5b = 0 1 −4 0 b = 0 ⇐⇒ 0 0 0 c 0 a − 4b = 0 de onde obtemos a = b = 0. Assim, um autovetor associado a λ1 = 1 é Ñ é 0 v= 0. 1 Segue que Ñ é 0 x1 (t) = et 0 1 é uma solução do sistema. Marcelo Nascimento EDO Agora, vamos procurar pelos autovetores associados a λ = −1+i. Vamos procurar por v ̸= 0 tal que (A − λI)v = 0, ou seja, Ñ é Ñ é Ñ é Ñ é 1 −5 0 −1 + i 0 0 a 0  1 −3 0 − 0 −1 + i 0  b = 0 0 0 1 0 0 −1 + i c 0 Ñ éÑ é Ñ é 2−i −5 0 a 0 ⇐⇒ 0 −2 − i 0 b = 0 0 0 2−i c 0 e então devemos ter  (2 − i)a − 5b = 0  ® a = (2 + i)b a − (2 + i)b = 0 ⇒  c = 0. (2 − i)c = 0  Marcelo Nascimento EDO Logo, um autovetor associado a λ = −1 + i é Ñ é 2+i v= 1. 0 E a função Ñ é Ñ é 2+i 2+i z(t) = e(−1+i)t 1 = e−t (cos(t) + i sen(t)) 1 0 0 Ñ −t é e (cos(t) + i sen(t))(2 + i) = e−t (cos(t) + i sen(t)) 0 Ñ −t é Ñ −t é e (2 cos(t) − sen(t)) e (cos(t) + 2 sen(t)) = e−t cos(t) +i e−t sen(t) 0 0 é solução a valores complexos do sistema dado. Marcelo Nascimento EDO Portanto uma base para o sistema dado é Ñ é Ñ −t é 0 e (2 cos(t) − sen(t)) x1 (t) = et 0 , x2 (t) = e−t cos(t) 1 0 e−t (cos(t) + 2 sen(t)) Ñ é x3 (t) = e−t sen(t) 0 pois se t0 = 0, então    x1 (0) = 0 0 1 , x2 (0) = 2 1 0 e x3 (0) = 1 0 0 são vetores l.i. do R3. Marcelo Nascimento EDO Caso 3: Autovalores Repetidos Se λ é um autovalor de multiplicidade k > 1, temos duas possi- bilidades: (a) existem k autovetores l.i. associados a λ; (b) existem menos de k autovetores l.i. associados a λ; No caso (a) tudo se passa como quando os autovalores são dis- tintos. Se v1 ,... , vk são autovetores l.i. associados a λ, então eλt v1 ,... , eλt vk são soluções l.i. Marcelo Nascimento EDO Exemplo 24 Determine uma base de soluções para o sistema Ñ é 3 2 4 x′ = 2 0 2 x. 4 2 3 Prova: Sabemos que p(λ) = −λ3 + 6λ2 + 15λ + 8, logo os autovalores são: λ1 = λ2 = −1 e λ3 = 8. Para λ = −1, procuramos por v ̸= 0 tal que (A − λI)v = 0, ou seja  4a + 2b + 4c = 0 Ñ éÑ é Ñ é 4 2 4 a 0  2 1 2 b = 0 ⇐⇒ 2a + b + 2c = 0 4 2 4 c 0  4a + 2b + 4c = 0  ⇐⇒ b = −2(a + c). Marcelo Nascimento EDO   v1 = 1 −2 0. Se a = 0 e c = 1 Se a = 1 e c = 0 obtemos obtemos v2 = 0 −2 1. Claramente v1 e v2 são l.i. Logo x1 (t) = e−t 1 −2 0 e x2 (t) = e−t 0 −2 1   são duas soluções l.i. Para λ = 8, temos  −5a + 2b + 4c = 0 Ñ éÑ é Ñ é −5 2 4 a 0  2 −8 2 b = 0 ⇐⇒ 2a + −8b + 2c = 0 4 2 −5 c 0  4a + 2b − 5c = 0  ⇐⇒ a = c = 2b.  Assim, um autovetor é v3 = 2 1 2 e x3 (t) = e8t 2 1 2  é uma terceira solução l.i. do sistema dado. Marcelo Nascimento EDO No caso (b) não é possı́vel encontrar k autovetores l.i. associados a λ, o que significa que existem soluções de (12) que não podem ser expressas usando-se apenas funções exponenciais e vetores constantes. Vamos ilustrar através de um exemplo: Exemplo 25 Resolva o sistema Å ã ′ 1 −1 x = x. 1 3 Prova: Observe que p(λ) = (λ − 2)2 , e portanto λ = 2 é autovalor de A de multiplicidade 2. Procuremos por vetores v ̸= 0 tais que (A − λ1 I)v = 0. Temos que ® −a − b = 0 Å ãÅ ã Å ã −1 −1 a 0 = ⇒ ⇒ b = −a. 1 1 b 0 a+b=0 Marcelo Nascimento EDO Logo, v1 = 1 −1 e x1 (t) = e2t 1 −1 é uma solução.   E não existe uma segunda solução da forma e2t v que seja l.i. com x1 (t). Vamos tentar uma solução na forma x2 (t) = te2t v, v ̸= 0. Substituindo no sistema, temos e2t v + 2te2t v = A(te2t v) ⇐⇒ e2t (v + 2tv) = te2t Av ⇐⇒ v + 2tv − tAv = 0, ∀t ⇐⇒ v = 0. Marcelo Nascimento EDO Vamos tentar x2 (t) = te2t v + e2t w, onde v e w são vetores constantes. Substituindo no sistema (x′ = Ax), temos e2t v + 2te2t v + 2e2t w = A(te2t v + e2t w) ⇐⇒ 2te2t v + e2t (v + 2w) = te2t Av + e2t Aw ⇐⇒ 2tv + v + 2w = tAv + Aw. Igualando temos em t e termos constantes, temos que v e w devem satisfazer ® ® Av = 2v (A − 2I)v = 0 ⇒ Aw = v + 2w (A − 2I)w = v Marcelo Nascimento EDO A primeira dessas equações é satisfeita se v é um autovetor  as- sociado ao autovalor λ = 2, ou seja, v = 1 −1. Com esse autovetor v, substituindo na segunda equação obtemos Å ãÅ ã Å ã −1 −1 w1 1 (A − 2I)w = v ⇐⇒ = 1 1 w2 −1 ® −w1 − w2 = 1 ⇐⇒ w1 + w2 = −1 ou seja, w2 = −1 − w1. Portanto, fazendo w1 = 0, temos que w = 0 −1 satisfaz a segunda equação e então te2t Å ã Å ã Å ã 1 0 x2 (t) = te2t + e2t = −1 −1 −te2t − e2t é uma segunda solução l.i. com x1 (t). De fato, basta ver que (t0 = 0) os vetores   x1 (0) = 1 −1 e x2 (0) = 0 −1 são l.i. em R2. Marcelo Nascimento EDO Logo a solução geral do sistema é te2t Å ã Å ã 2t 1 x(t) = c1 e + c2 −1 −te2t − e2t onde c1 e c2 são constantes. Marcelo Nascimento EDO Procedimento Geral. Suponhamos que A tenha k < n autovetores linearmente inde- pendentes. Então teremos apenas k soluções linearmente inde- pendentes da forma eλt v, onde v é uma autovetor associado a λ. Para obter as n − k soluções que faltam, procedemos assim: (a) Para cada autovalor λ de A, com multiplicidade (algébrica) maior do que 1, procuramos por soluções x(t) = teλt v + eλt w, onde ® (A − λI)v = 0 (A − λI)w = v. O vetor w é chamado de autovetor generalizado. Marcelo Nascimento EDO (b) Se ainda não tivermos as n soluções l.i., devemos procurar soluções na forma t2 λt x(t) = e v + teλt w + eλt u, 2! onde  (A − λI)v = 0  (A − λI)w = v  (A − λI)u = w.  (c) Procedemos desse modo até obter as n soluções l.i. Marcelo Nascimento EDO Exemplo 26 Determine uma base de soluções para o sistema Ñ é 3 2 4 x′ = 2 0 2 x. 4 2 3 Prova: Sabemos que p(λ) = (2 − λ)3 , e portanto λ = 2 é um autovalor de multiplicidade 3. Procuremos por v ̸= 0 tal que (A − λI)v = 0, ou seja Ñ éÑ é Ñ é 0 1 3 a 0 ® b + 3c = 0 0 0 −1 b = 0 ⇐⇒ ⇐⇒ b = c = 0. 0 0 0 c 0 −c = 0 Marcelo Nascimento EDO  Assim, v = 1 0 0 e x1 (t) = e2t 1 0 0 = e2t 0 0   é uma solução do sistema. Como A possui apenas um autovetor l.i. associado a λ = 2, devemos procurar outra solução da forma x2 (t) = te2t v + e2t w onde v é autovetor de A e w é tal que (A − 2I)w = v. Temos Ñ éÑ é Ñ é 0 1 3 w1 1 ® w2 + 3w3 = 1 0 0 −1 w2 = 0 ⇐⇒ 0 0 0 w3 0 −w3 = 0,  ou seja, w3 = 0, w2 = 1, e w1 é qualquer. Logo, w = 0 1 0 e x2 (t) = te2t 1 0 0 + e2t 0 1 0.   Marcelo Nascimento EDO A terceira solução será da forma t2 λt e v + teλt w + eλt u, x(t) = 2!   onde v = 1 0 0 , w = 0 1 0 e u é tal que (A − 2I)u = w ou seja, Ñ éÑ é Ñ é 0 1 3 u1 0 ® u2 + 3u3 = 0 0 0 −1 u2 = 1 ⇐⇒ 0 0 0 u3 0 −u3 = 1, de onde obtemos u3 = −1, u2 = 3 e u1 é qualquer. Portanto, Ñ é Ñ é Ñ é 1 0 0 t2 2t x3 (t) = e 0 + te2t 1 + e2t 3. 2! 0 0 −1 Marcelo Nascimento EDO Essas três soluções são l.i., pois para t0 , Ñ é Ñ é Ñ é 1 0 0 x1 (0) = 0 , x2 (0) = 1 e x3 (0) = 3 , 0 0 −1 são l.i. em R3. Marcelo Nascimento EDO

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