Aula 01 - Estrutura da Contabilidade Brasileira PDF

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Summary

Esta aula apresenta a importância da contabilidade para as entidades (empresas) e como ela pode ser usada para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. A contabilidade é um instrumento para fornecer informações para a tomada de decisão no mundo dos negócios.

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ESTRUTURA DA CONTABILIDADE BRASILEIRA AULA 1 Profª Edenise Aparecida dos Anjos CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à nossa aula. Vamos apresentar a você a importância da contabilidade para as entidades (empresas) e como ela pode ser usada para auxiliar as pessoas a t...

ESTRUTURA DA CONTABILIDADE BRASILEIRA AULA 1 Profª Edenise Aparecida dos Anjos CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à nossa aula. Vamos apresentar a você a importância da contabilidade para as entidades (empresas) e como ela pode ser usada para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. CONTEXTUALIZANDO A contabilidade é um instrumento que fornece a maioria das informações úteis para a tomada de decisão no mundo dos negócios. Seu objetivo é evidenciar a situação patrimonial (saúde financeira e econômica) de uma entidade. A técnica contábil permite que todas as transações (movimentações) que envolvem recursos monetários, no ambiente dos negócios de uma entidade, sejam registradas (contabilizadas), estruturadas e apresentadas em relatórios contábeis, com uma linguagem clara e objetiva, para que seus usuários as utilizem como base para analisar, interpretar e tomar decisões. No entanto, para entender como a contabilidade registra as transações que ocorrem em uma entidade, como a técnica é aplicada, ou como seus relatórios são preparados, é necessário conhecer a estrutura conceitual da contabilidade, que se resume a um conjunto de normas, conceitos e definições que determinam, ainda, a classificação dos elementos que compõem os demonstrativos contábeis, assim como a qualidade das informações. Enfim, vamos apresentar todas as terminologias usadas pelos profissionais da contabilidade para o exercício da função, comuns no ambiente dos escritórios de contabilidade e/ou departamentos contábeis nas entidades. Bons estudos! TEMA 1 – ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA CONTÁBIL O que é contabilidade? Em termos conceituais, a contabilidade é uma ciência social aplicada ao ambiente dos negócios, que estuda e controla o patrimônio das entidades. Resumindo, é a ciência do controle econômico e financeiro de uma entidade. A contabilidade é definida ainda como ciência social aplicada, metodologicamente sistemática, concebida para captar, registrar, acumular, 2 resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade. Essa última definição se aproxima da ciência prática – ou melhor, se aproxima da realidade da contabilidade inserida no ambiente de negócios. 1.1 Contabilidade no ambiente de negócios Para descrever a contabilidade no ambiente dos negócios, é importante observar para quem ela é mantida. Assim, pode-se dizer que a contabilidade é um instrumento de controle e registro do patrimônio de pessoas jurídicas públicas ou privadas (comércios, indústrias, prefeituras, ONGs etc.). Pode ainda ser aplicada ao controle do patrimônio de pessoas físicas, quando forem equiparadas a pessoas jurídicas. As pessoas jurídicas ou físicas para quem a contabilidade é mantida são denominadas entidades. Entidade é um termo genérico usado para se referir a todos os tipos de organizações jurídicas, com ou sem fins lucrativos. Por exemplo: indústrias, comércios, associações, prefeituras, escolas, bancos, prestadores de serviços, entre outras. A contabilidade estuda e controla o patrimônio das entidades, mas como se dá o processo? Vamos a um exemplo, em que consideramos a inserção da contabilidade no ambiente de uma empresa. Veja a representação na Figura 1. A empresa, representada na figura pelos sócios (proprietários), desenvolve suas atividades, negociando produtos ou serviços. A contabilidade, por sua vez, registra todas as movimentações que envolvem os recursos econômicos, como compra e venda de mercadorias, registrando, mensurando e emitindo relatórios para atender as necessidades informacionais de seus usuários. 3 Figura 1 – Contabilidade no ambiente de uma empresa EMPRESA Proprietário/Sócios Fazem negócios (compra, produz e vende) REGISTRA TODOS OS DADOS GERADOS NAS TRANSAÇÕES DOS NEGÓCIOS: (COMPRA, PRODUÇÃO E VENDAS) PREPARA RELATÓRIOS CONTÁBEIS PARA FINS GERAIS Os sócios e demais usúarios de posse das informações geradas nos relatórios tomam decisões. Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock; Indypendenz/Shutterstock. 4 Para que a contabilidade registre todas essas operações, é necessário aplicar um processo sistemático (por meio de uma técnica denominada de partidas dobradas), trabalhando conceitos e classificações dos elementos patrimoniais (caixa, mercadorias para revenda) e de resultados (vendas, despesas, lucros), de acordo com as normas contábeis elaboradas pela estrutura conceitual da contabilidade, que no Brasil é definida pelo CPC 00. Desse modo, as transações desenvolvidas pelas entidades serão registradas e mensuradas em valores monetários, para avaliar o Patrimônio da entidade e seus resultados, com vistas a medir seu desempenho em determinado período. Buscando consolidar tais aspectos conceituais, Borinelli e Pimentel (2018) apresentam uma consolidação das definições de contabilidade, baseando-se em três elementos distintos. Figura 2 – Definição de contabilidade É uma ciência social aplicada como base de sustentação para todas as discussões teóricas e práticas. A CONTABILIDADE É um conjunto de funções sistemáticas, É o estudo do que identifica, registra, patrimônio de uma acumula, interprete, entidade e suas gerando informações. variações. Fonte: Elaborado com base em Borinelli; Pimentel, 2018. Saiba mais Patrimônio: é um conjunto de elementos necessários para a existência de uma entidade. Composto por tudo que a empresa tem ou dispõe para desenvolver suas atividades. Classificação: ○ Ativos: bens, direitos (recursos econômicos), como estoques, máquinas, equipamentos, entre outros. ○ Passivos: obrigações para com outras partes (reinvindicações), impostos a pagar, fornecedores a pagar, salários a pagar etc. 5 ○ Patrimônio líquido: valor residual do patrimônio da empresa (ativos menos passivos é igual a patrimônio líquido). São exemplos de elementos do Patrimônio líquido, o capital Inicial da empresa e lucros do período. Usuários: os interessados nas informações úteis para tomada de decisão. Pode ser a própria empresa. Neste caso, são classificados como usuários internos (proprietários, gerentes, funcionários) e os usuários externos (entidade, como bancos, fornecedores, sindicatos, governo, funcionários, entre outros). Informações úteis: são informações geradas de acordo com as normas contábeis, relevantes e de qualidade que auxiliam a tomada de decisão de seus usuários. Vejamos mais alguns dados relevantes. Em 2008, foi criado no Brasil, pelo Conselho Federal de Contabilidade, em conjunto com demais órgãos, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, com o intuito de: Promover a Convergência das Normas Contábeis Brasileiras às Normas Internacionais de Contabilidade: em termos gerais, quer dizer que a contabilidade praticada no Brasil possui a mesmas normas e estrutura conceitual das praticadas ao redor do mundo. Centralizar a emissão de normas contábeis: a contabilidade possuía uma pluralidade de normas e legislação emitidos por diversos órgãos. Após a criação do CPC, somente este emite normas e pronunciamentos contábeis. Ter uma representação e processos democráticos na emissão das informações, ou seja, o CPC, quando observa, a necessidade do alinhamento das normas às normas internacionais, revisão, ou elaboração de novos pronunciamentos submete-as a audiências públicas para aprovação dos órgãos associados (Adriano, 2019). O primeiro documento emitido pelo CPC foi a estrutura conceitual para relatório financeiro, mais conhecida como CPC 00. Esse momento, a Contabilidade Brasileira, tinha à sua disposição dos documentos: Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade: emitida pela Deliberação n. 29 de 1986, da Comissão de Valores Mobiliários, obrigatória para as sociedades anônimas. 6 Princípios Fundamentais de Contabilidade, emitido pelo Conselho Federal de Contabilidade, promulgado pela Resolução n. 750, de 1993. O que é importante saber? No Brasil, tem-se apenas uma estrutura conceitual contábil vigente, elaborado pelo CPC, disponibilizado pelo CFC, como também pelo NBC TG Estrutura Conceitual, e alinhados com as normas internacionais de contabilidade, que dá suporte conceitual e bases para a elaboração de normas, pronunciamentos, políticas e demais documentos relativos, assim como as características qualitativas e quantitativas da informação contábil. Conforme segue: 1ª Versão: 14 mar. 2008 Revisão 1: 15 dez. 2011 Revisão 2: 10 dez. 2019 TEMA 2 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Demonstrações contábeis são relatórios produzidos pela contabilidade com informações sobre as movimentações dos negócios realizados por uma entidade. Esses relatórios sintetizam, de forma estruturada, a informação contábil para a tomada de decisão, visando atender as necessidades comuns dos usuários que as tomam como fonte de informações (Borinelli; Pimentel, 2018). Assim, pode-se dizer que a contabilidade gera e divulga informações por meio de seus Relatórios Financeiros denominados Demonstrações Contábeis. Vamos agora aprender sobre os principais demonstrativos contábeis e a sua finalidade. 2.1 Objetivo dos Relatórios Financeiros para Fins Gerais As demonstrações contábeis fornecem informações financeiras sobre os recursos econômicos (exemplos: mercadorias para revenda, duplicatas a receber de clientes) da entidade que reporta, reivindicações (exemplos: fornecedores a pagar, impostos a pagar), contra a entidade que são úteis aos principais usuários na tomada de decisões referentes ao fornecimento de recursos à entidade (CPC, 2019). São preparadas de forma sistemática e ordenada a partir da escrituração contábil de todas as movimentações que possam ser medidas monetariamente no desenvolvimento da atividade fim de uma entidade. 7 Quadro 1 – Tipo de informações contábeis OS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS DEVEM FORNECER INFORMAÇÕES SOBRE: A posição patrimonial e financeira da entidade em determinado período. O desempenho, se essa entidade consegue gerar lucros como resultados; Mudanças no fluxo financeiro da empresa (entradas e saídas de dinheiro do caixa por exemplo); Mudanças no fluxo patrimonial da empresa (como o patrimônio da empresa foi formado em determinado período). A atuação dos proprietários/gestores na administração dessa entidade. Fonte: Elaborado com base em Borinelli; Pimentel, 2018. As informações geradas pelos demonstrativos contábeis devem ser úteis para uma ampla gama de usuários, que inclui proprietários/sócios e administradores, como também investidores, fornecedores e credores por créditos, auditores, governo e demais interessados. Entende-se, desse modo, que as demonstrações contábeis são relatórios padrões, ou seja, têm a finalidade de fornecer o mesmo tipo de informação a todos os usuários. Caso algum usuário ou grupo de usuários necessite de informação adicional, devem solicitar à entidade. A elaboração dos demonstrativos contábeis se dá a partir do “processo contábil”, que consiste em coletar dados da empresa, registrar ou processar, gerar informações e divulgar os relatórios. Figura 3 – Processo Contábil para elaboração dos demonstrativos contábeis 1. DADOS 2.PROCESSAMENTO coletar os dados dos eventos realizados analisar os eventos, mensurá-los pela entidade, a partir dos documentos (atribuir valor) e reconhecê-los referentes às transações. Por exemplo, (registrar, contabilizar), tudo segundo as compras e vendas de mercadorias. diretrizes contábeis (estrutura conceitual e normas). 3. INFORMAÇÕES 4. DIVULGAÇÃO/EVIDENCIAÇÃO gerar os relatórios contendo as (DISCLOSURE) informações contábeis decorrentes do divulgar as demonstrações contábeis processamento dos dados e registros. aos diversos usuários, de acordo com necessidades e/ou exigências legais. Fonte: Gelbcke; Martins; Santos, 2018. A informação contábil divulgada deve ser classificada como útil para a tomada de decisão por parte dos usuários. Assim, a informação, para ser útil, 8 deve ser clara e objetiva, apresentada no tempo certo, passível de ser comparada com período anteriores ou com outras empresas, e representar fielmente a situação financeira e econômica da entidade no período de sua divulgação. Por exemplo: se o gestor observar que o lucro de uma filial da empresa XX vem diminuindo nos últimos anos, impactando negativamente os resultados da organização como um todo, pode decidir, com base nas informações contidas nos últimos demonstrativos contábeis, se a unidade será descontinuada. Para melhor entender o conteúdo apresentado até aqui, vamos conhecer os elementos que compõem os demonstrativos contábeis e suas classificações. TEMA 3 – ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO BALANÇO PATRIMONIAL E DRE Contabilmente, os elementos das Demonstrações Contábeis são classificados em Contas Patrimoniais, que compõem o Balanço Patrimonial, e Contas de Resultados, que compõem a Demonstração do Resultado. 3.1 Elementos que compõem o Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é um dos principais relatórios contábeis, sendo considerado uma demonstração da estática patrimonial, como uma foto que registra um momento específico, retratando a situação patrimonial no fim de um período. Este relatório evidencia não apenas as transações comerciais e financeiras, mas todas as atividades da entidade, desde a sua constituição. Para entender as informações contidas no Balanço Patrimonial, é preciso saber como é composto o patrimônio de uma entidade. O patrimônio é composto por um conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa ou entidade. Bens são as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades de pessoas e entidades (Marion; Santos, 2018). 9 Figura 4 – Bens BENS MÓVEIS BENS IMÓVEIS Os bens são os que podem ser são os bens que não podem ser removidos. removidos do local onde se encontram. Exemplos: móveis, estoques, veículos, Exemplos: terrenos e edifícios. máquinas, equipamentos, ferramentas. BENS TANGÍVEIS BENS INTANGÍVEIS São os bens constituidos de matéria. São os bens não consituidos de matéria, Exemplos: móveis, estoques, veículos, incorpóreos. máquinas, equipamentos, ferramentas. Exemplos: marcas, patentes, licenças. Por direito entende-se o poder que a entidade possui para exigir algo de outra parte ou alguma coisa. Por exemplo: Quando uma entidade comercial vende suas mercadorias a prazo, passa a ter o direito de receber por esta venda nas datas futuras; passa a ter o direito de receber do seu cliente, registrando na contabilidade como Duplicatas a receber. Ao fazer uma aplicação financeira em um banco, obtém-se o direito de receber juros como remuneração pelo dinheiro aplicado (poupança). Exemplos de direitos: duplicatas de clientes a receber, aluguel a receber, títulos a receber, impostos a recuperar etc. Obrigações representam as dívidas a pagar de uma pessoa ou entidade. São os exigíveis (reinvindicações), ou seja, os compromissos que a empresa precisará pagar ou honrar até a data do vencimento. As entidades adquirem obrigações no decurso normal de suas atividades. Por exemplo, ao comprar mercadorias (estoques) a prazo para revender, gera a obrigação de pagar seus fornecedores. Ao contratar mão de obra, funcionários, estes trabalham 30 dias para receber no quinto dia útil, que são os salários a pagar. Tem-se ainda outras contas a pagar, empréstimos a pagar, impostos a pagar etc. Observe que o patrimônio (bens, direitos e obrigações) de uma pessoa ou entidade normalmente é visto de maneira positiva. Assim, para medir a riqueza, utiliza-se a seguinte equação do Patrimônio Líquido: 10 Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações O patrimônio líquido corresponde ao valor residual, ou seja, o valor que sobraria para os sócios ou acionista caso a empresa descontinuasse as atividades. Assim, no relatório do Balanço Patrimonial, por convenção, a parte positiva da empresa fica do lado esquerdo (Ativo), pois são os recursos econômicos da empresa. Do lado direito (Passivo + Patrimônio Líquido), a parte negativa, como as obrigações a pagar, que são as reinvindicações que reduzem o patrimônio líquido da entidade. Vejamos uma representação gráfica do Balanço Patrimonial. Quadro 2 – Representação simplificada do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL RECURSO ECONÔMICO REIVINDICAÇÕES Bens + Direitos Obrigações Caixa Duplicatas a receber Salários a pagar Estoques Fornecedores a pagar Móveis e utensílios Impostos a recolher Veículos Impostos sobre o lucro a pagar Máquinas e equipamentos Empréstimos a pagar Terrenos e edifícios Financiamentos a pagar Marcas e patentes, licenças Contabilmente, esses elementos patrimoniais são classificados como contas conforme segue. Quadro 3 – Elementos patrimoniais Ativos: Pela sua capacidade de trazer benefício econômico para a entidade, ou seja, se converter em dinheiro no caixa da empresa. Por exemplo, os estoques que se convertem em vendas, as máquinas que produzem os produtos para venda, da estrutura física que permite o desenvolvimento das atividades. Passivos: Pela sua capacidade de financiar a entidade. São as reinvindicações, ou seja, as obrigações a pagar. Por exemplo: os fornecedores que vendem as mercadorias a prazo, os funcionários que trabalham 30 dias para receber no quinto dia útil após o período laboral, o governo por permitir que a entidade desenvolva atividade econômica e recolha os tributos devidos em uma determinada data após o fato gerado, etc. Patrimônio A diferença entre os Ativos e Passivos, ou seja, o valor residual que líquido: pertence aos sócios. Por exemplo, os lucros acumulados registrados no Patrimônio líquido e que ainda não foram distribuídos a parte dos sócios como dividendos. 11 Assim, apresenta-se uma estrutura simplificada (sem a classificação da estrutura com os elementos de curto prazo – circulante e de longo prazo – não circulante) do Balanço Patrimonial, de acordo com suas respectivas contas. Quadro 4 – Representação simplificada do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVOS PASSIVO Caixa Salários a pagar Duplicatas a receber Fornecedores a pagar Estoques Impostos a recolher Móveis e utensílios Impostos sobre o lucro a pagar Veículos Empréstimos a pagar Máquinas e equipamentos Financiamentos a pagar Terrenos e Edifícios Marcas e patentes PATRIMÔNIO LÍQUIDO Licenças Deste ponto em diante, sempre que nos referirmos a um Ativo, estaremos tratando de um bem ou direito; ao Passivo, das obrigações a pagar; ao Patrimônio Líquido, como valor residual (Ativo – Passivo). Para promover o entendimento da estrutura do Balanço Patrimonial, vamos a um exemplo. A empresa Descolada Ltda apresentou o seguinte patrimônio em determinado período. Tabela 1 – Descolada Ltda Contas Em reais Caixa 200,00 Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Estoques 12.200,00 Moveis e utensílios 8.000,00 Veículo 50.000,00 Salários a pagar 1.200,00 Fornecedores a pagar 7.500,00 Financiamento do Veículo 30.000,00 Qual o patrimônio Líquido da Empresa Descolada Ltda? A partir dos dados apresentados, vamos elaborar o Balanço. Inicialmente, anote ao lado de cada conta, identificando qual conta é de ativo e qual conta é passivo (utilize os conceitos de bens, direitos e obrigações). 12 Tabela 2 – Contas Contas Em reais Classificação Caixa 200,00 Ativos - Bem Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Ativos - Direito Estoques 12.200,00 Ativos - Bem Móveis e utensílios 8.000,00 Ativos - Bem Veículo 50.000,00 Ativos - Bem Salários a pagar 1.200,00 Passivo - Obrigação Fornecedores a pagar 7.500,00 Passivo - Obrigação Financiamento do Veículo 30.000,00 Passivo - Obrigação Na sequência, elabora-se o Balanço Patrimonial. No cabeçalho, apresenta o tipo de Relatório e Empresa. Indica-se em termos monetários se foi elaborado em moeda corrente (real), dólar, euro. Lembrando que os demonstrativos elaborados e divulgados no Brasil devem estar em moeda corrente nacional (real). Informar ainda o período de tempo, utilizado para elaborar este Balanço. Normalmente, este período corresponde a um exercício social (12 meses) compreendendo o período de janeiro a dezembro (fins de imposto de renda). Inserido o cabeçalho, organiza os elementos patrimoniais já classificados, Ativos do lado esquerdo e Passivo do lado direito. Tabela 3 – Balanço patrimonial: empresa Descolada Ltda BALANÇO PATRIMONIAL EMPRESA DESCOLADA LTDA Janeiro a dezembro de 2019 (em mil de reais) BALANÇO PATRIMONIAL EMPRESA DESCOLADA LTDA Janeiro a dezembro de 2019 (em mil de reais) ATIVOS PASSIVOS Caixa 200,00 Salários a pagar 1.200,00 Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Fornecedores a pagar 7.500,00 Estoques 12.200,00 Financiamento do Veículo 30.000,00 Moveis e utensílios 8.000,00 Veículo 50.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ??? Na sequência somar o total de ativos e total de Passivos. 13 Tabela 4 – Balanço patrimonial: empresa Descolada Ltda BALANÇO PATRIMONIAL EMPRESA DESCOLADA LTDA Janeiro a dezembro de 2019 (em mil de reais) ATIVOS 72.900,00 PASSIVOS 38.700,00 Caixa 200,00 Salários a pagar 1.200,00 Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Fornecedores a pagar 7.500,00 Estoques 12.200,00 Financiamento do 30.000,00 Veículo Móveis e utensílios 8.000,00 Veículo 50.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ??? Para calcular o Patrimônio líquido voltamos à equação do Patrimônio Líquido: (Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações) = (Patrimônio Líquido = Total de Ativos – Total de Passivos) Patrimônio Líquido = 72.900,00 – 38.700,00 Patrimônio Líquido = 34.200,00 Para fechar o Balanço Patrimonial da Empresa Descolada Ltda, inserimos o Valor do Patrimônio Líquido. Tabela 5 – Balanço patrimonial: empresa Descolada Ltda BALANÇO PATRIMONIAL EMPRESA DESCOLADA LTDA Janeiro a dezembro de 2019 (em mil de reais) ATIVOS 72.900,00 PASSIVOS 38.700,00 Caixa 200,00 Salários a pagar 1.200,00 Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Fornecedores a pagar 7.500,00 Estoques 12.200,00 Financiamento do Veículo 30.000,00 Móveis e utensílios 8.000,00 Veículo 50.000,00 PATRIMONIO LÍQUIDO 34.200,00 E agora o balanço patrimonial está fechado? Ainda não, pois precisamos somar agora o Total de Ativos e o Total de Passivos mais Patrimônio Líquido. Motivos? No Balanço Patrimonial, a soma total dos ativos deve ser igual à soma total dos passivos + patrimônio líquido. E se o resultado da soma for diferente? Simples, está errado, deixou-se de contabilizar ou somar uma conta, sendo preciso voltar e verificar onde está a inconsistência, corrigir. 14 Veja na figura a seguir uma representação da equivalência Patrimonial, em que obrigatoriamente a soma total dos ativos deve ser igual à soma dos Passivos + Patrimônio Líquido. Figura 5 – Equivalência Patrimonial Crédito: Tetiana Sukhorukova/Shutterstock. Vamos somar e verificar se Balanço Patrimonial da Descolada vai fechar. Tabela 6 – Balanço patrimonial: empresa Descolada Ltda BALANÇO PATRIMONIAL EMPRESA DESCOLADA LTDA Janeiro a dezembro de 2019 (em mil de reais) ATIVOS 72.900,00 PASSIVOS 38.700,00 Caixa 200,00 Salários a pagar 1.200,00 Duplicatas a receber de clientes 2.500,00 Fornecedores a pagar 7.500,00 Estoques 12.200,00 Financiamento do Veículo 30.000,00 Móveis e utensílios 8.000,00 Veículo 50.000,00 PATRIMONIO LÍQUIDO 34.200,00 TOTAL DO ATIVOS 72.900,00 TOTAL DO PASSIVO + 72.900,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO= Pronto, fechamos nosso primeiro balanço! Aprendemos sobre os elementos que compõem o Balanço Patrimonial. Vamos agora às contas (elementos) que compõem a Demonstração do Resultado, para entender como o Lucro ou Prejuízo de uma empresa é formado. 3.2 Elementos que compõem a Demonstração do Resultado 15 Assim como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado é um demonstrativo tradicional obrigatório. Tem como objetivo evidenciar como o lucro é formado em determinado período por meio da confrontação das Receitas de vendas do período, menos despesas do período de forma dedutiva. Quadro 5 – Demonstração do resultado DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE 2019 EMPRESA SÓ RESULTADOS LTDA (+) RECEITA de Vendas do período (-) DESPESAS do período (=) RESULTADO DO PERÍODO (LUCRO OU PREJUÍZO) Entende-se, assim, que é um demonstrativo que evidencia o desempenho da empresa e sua capacidade de gerar resultados por meio de suas atividades. O Lucro representa o ganho ou recompensa obtido nas transações desenvolvidas por uma entidade. É reconhecido na venda de produtos ou serviços, obtido de forma dedutiva: receitas menos despesas incorridas no período. Representa ainda o aumento do capital monetário da entidade, apurado na Demonstração do Resultado e transferido para o Patrimônio Líquido (CPC, 00). Por outro lado, o prejuízo representa a diminuição do capital monetário do Patrimônio Líquido de uma entidade. Evidencia a ineficiência da empresa em gerar resultados positivos – ou seja, as receitas não foram suficientes para cobrir todas os custos e despesas da entidade. Agora vamos entender os elementos que compõem a Demonstração do Resultado: Contas de Receitas e Despesas. Figura 6 – Elementos da Demonstração DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO RECEITAS DESPESAS 3.2.1 Receitas 16 As receitas representam a entrada de recursos no caixa de uma entidade. São oriundas da atividade principal da empresa, como a indústria, que obtém receitas nas vendas de produtos acabados. Uma prestadora de serviços obtém receitas na prestação de serviços prestados, e uma empresa comercial na venda de mercadorias adquiridas para revenda. As Receitas de uma empresa, que figuram na primeira linha da demonstração do Resultado, são decorrentes da atividade principal da empresa. Quadro 6 – Demonstração do resultado DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Empresa Comercial Descolada Ltda (em mil R$) RECEITA DE VENDAS DE MERCADORIAS (-) Despesas administrativas, comerciais e financeiras (=) Resultado do período (Lucro ou Prejuízo). Mas existem outros tipos de receitas? Sim, pois as empresas podem auferir receitas financeiras (rendimento de aplicações financeiras), receitas de aluguéis, arrendamento mercantil etc. Via de regra, as receitas correspondem às vendas de produtos ou serviços prestados. Por exemplo: quando uma empresa comercial adquire mercadorias para revenda, estabelece um preço de venda para seu produto, que seja, um valor superior aos seus custos de aquisição, estabelecendo uma margem de lucro. Ao vender essas mercadorias, ela obtém receitas de vendas, ou seja, troca as mercadorias adquiridas por um bem (Ativos), representado pela entrada de dinheiro no caixa se for a vista, ou reconhece o direito de receber do seu cliente em uma data futura. Receitas são definidas aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos no patrimônio líquido (CPC, 2019). Figura 7 – Definição de receitas Aumento dos benefícios RECEITAS econômicos Que resultam em reduções nos passivos aumentos nos ativos aumentos no patrimônio líquido Fonte: CPC, 2019. 17 Aumentos nos ativos é quando há uma venda de mercadorias (Ativos). Aumentam as contas de ativos, caixa se for a vista ou clientes a receber, o que em contrapartida resultam em aumentos no patrimônio líquido Reduções nos passivos é quando há pagamentos de uma dívida (obrigação). Este fato reduz o passivo, que resulta em aumentos no patrimônio líquido. Como assim aumentos no patrimônio líquido? Quando a empresa apura seus resultados em determinado período, o lucro ou prejuízo é transferido para a conta do Patrimônio líquido no Balanço Patrimonial. Por isso, são relatórios complementares, pois não é possível fechar um balanço patrimonial de uma empresa que está em pleno funcionamento operacional, sem o resultado do exercício. Mas como as entidades apuram receitas? Isso depende do tipo de empresa: Uma empresa de comércio apura suas Receitas de Vendas, quando vende suas mercadorias (estoques). Uma empresa prestadora de serviços apura receitas de prestação de serviços quando presta serviços; já uma indústria, quando vende sua produção. Observe que uma empresa aufere receitas na venda quando transfere a controle de seus ativos a outras partes (clientes). 3.2.2 Despesas Ao contrário das receitas, as despesas reduzem o benefício econômico futuro. Conceitualmente, “as Despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções no patrimônio líquido” (CPC, 2019, item 4.69). Diminuição dos DESPESAS benefícios econômicos futuros. Que resultam em REDUÇÕES NOS AUMENTOS NOS DIMINUIÇÃO no ATIVOS PASSIVO patrimônio líquido Figura 8 – Definição de receitas Fonte: CPC, 2019. 18 Mas como identificar uma despesa? As despesas representam o esforço que a uma empresa realiza para desenvolver sua atividade fim. Por exemplo, para que uma empresa comercial possa vender suas mercadorias, precisa manter uma estrutura, pagar despesas com aluguel da loja física, despesas administrativas, despesas com energia elétrica, despesas com internet, e despesas com salários e despesas com comissões dos vendedores. Observe que, para obter receitas por meio de vendas, é necessário investir em uma estrutura que garanta esse suporte. Entende-se assim que as Despesas são confrontadas com as Receitas. Receitas e despesas são elementos das demonstrações contábeis que se referem ao desempenho econômico da entidade. Exemplo: vamos supor que as duas empresas (Descolada e Fracassada), têm o mesmo ramo de atividade, estão localizadas no mesmo município, e tem os mesmos clientes alvos – ou seja, são concorrentes. Vamos considerar ainda que há mercado para as duas. Tabela 7 – Desempenho das empresas no ano de 2019 Demonstração do resultado Demonstração do resultado Descolada Ltda (em mil R$) Fracassada Ltda (em mil R$) Receita de Vendas 120.000 Receita de Vendas 120.000 (-) Despesas (95.000) (-) Despesas (125.000) (=) Lucro 25.000 (=) Prejuízo (5.000) Observe que, embora as duas empresas tenham obtido o mesmo valor de receitas por meio de suas vendas, em termos de desempenho, a Descolada teve um bom desempenho em 2019, quando comparada com sua concorrente. Teve menos despesas, administrou melhor os seus recursos econômicos, e obteve lucro de R$ 25.000. Por outro lado, a empresa Fracassada não conseguiu otimizar suas despesas no período e obteve um prejuízo no valor R$ 5.000. Veja que a demonstração do resultado evidencia como os recursos econômicos geram resultados positivos para a empresa por meio da receita de vendas. Apontam ainda, como o lucro ou prejuízo é formado. Os usuários das demonstrações contábeis precisam de informações, tanto sobre a posição econômica da entidade, como sobre o seu desempenho econômico. Assim, embora receitas e despesas sejam definidas em termos de 19 mudanças em ativos e passivos (movimentando contas patrimoniais e de resultados simultaneamente), são indicativos de desempenho essenciais para a tomada de decisão. A partir desse entendimento, apresenta-se uma síntese demonstração do resultado. Quadro 7 – Síntese da Demonstração de Resultado DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (+) RECEITAS Recebimentos de receita de vendas das Aumento dos benefícios econômicos mercadorias Aumentam o Patrimônio Líquido - Aumenta conta Caixa ou banco. (aumentam o ativo/reduzem passivo) - Aumenta conta de clientes a receber (-) DESPESAS Sacrifício necessário para que haja a Reduzem os benefícios econômicos Futuros vendas de mercadorias (ativos). Diminuem o Patrimônio - Aumenta as contas a pagar (reduzem o ativo/aumentam o passivo) - Diminui a conta caixa ou banco. Mede o desempenho da empresa (LUCRO OU PREJUIZO) (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO - O lucro ou prejuízo são transferidos no final do exercício para o Patrimônio líquido no Balanço Patrimonial. Quadro 8 – Definições amplas de elementos dos demonstrativos contábeis Item Elemento Definição Recurso econômico presente controlado pela Recurso entidade como resultado de eventos passados. Ativo econômico Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. Obrigação presente da entidade de transferir um Passivo recurso econômico como resultado de eventos Reivindicação passados. Patrimônio Participação residual nos ativos da entidade após a líquido dedução de todos os seus passivos. Fonte: CPC, 2019. Exemplo de estruturação sistemática e ordenada para registros contábeis A contabilidade é a ciência do controle registra e mensura todas as transações que ocorrem no ambiente de uma entidade. Esse registro é sistemático e ordenado, ou seja, as contas contábeis são agrupadas em grupo de contas e codificadas, para que se possa fazer os registros. Por exemplo, os elementos das demonstrações contábeis são codificados por convenção como: 20 1. Ativos 2. Passivos 3. Receitas 4. Despesas Essa codificação permite que uma entidade estruture um Plano de Contas, que corresponde ao agrupamento das contas dentro da estrutura do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado, necessários para o registro sistemático, ordenado e cumulativo das transações de uma entidade. Exemplo de um recorte de um plano de contas, representando a codificação por níveis da conta caixa e bancos no Ativo de uma entidade: 1. Ativo 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Disponíveis 1.1.1.1 Caixa e bancos 1.1.1.1.1 Caixa 1.1.1.1.2 Banco Bradesco 1.1.1.1.3 Banco Santander TEMA 4 – USOS E USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Durante nossa aula, estudamos que as demonstrações contábeis são preparadas para fins gerais, tendo como finalidade atender as necessidades informacionais do maior número possível de usuários. Mas quem são esses usuários? Tem-se inicialmente dois tipos de usuários. Quadro 9 – Tipo de informações contábeis USUÁRIOS EXTERNOS: São os usuários externos da entidade, como fornecedores, investidores, credores por créditos, sindicatos, governo etc. USUÁRIOS INTERNOS: São os usuários internos da entidade. Como proprietários ou sócios, administradores, gestores etc. Os relatórios contábeis são preparados e divulgados, preferencialmente para os usuários externos, pois estes não têm acesso privilegiado a informação, dependendo das divulgações e publicações dos Demonstrativos Contábeis para a tomada de decisão. São classificados ainda como usuários 21 primários, em função dos objetivos dos demonstrativos contábeis de propósito geral, de atender necessidades informacionais de uma ampla gama de usuários interessados, como investidores interessados em investir na entidade e credores por créditos (CPC, 2019). Já os usuários internos são os proprietários/sócios da entidade, administradores, gerentes e demais funcionários. Não precisam se apoiar em relatórios contábil-financeiros de propósito geral, preparados de acordo com as normas, para tomar decisões, porque têm à disposição relatórios internos ou gerenciais para subsidiar a tomada de decisão. Com base nessas classificações, Borinelli e Pimentel (2018, p.27) elaboram um quadro explicativo, apresentando os diversos usuários da informação contábil e o uso para suas respectivas decisões. Quadro 10 – Tipo de informações contábeis USÚARIOS DECISÕES Investidores Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento. Avaliar a administração quanto à gestão dos recursos que Investidores e demais usuários lhe foram confiados, à qualidade de seu desempenho e prestação de contas. Avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados Empregados e proporcionar-lhes outros benefícios. Avaliar a segurança quanto à capacidade da entidade de devolução dos recursos financeiros que lhe foram ou serão Credores emprestados. Fornecer recursos para a entidade. Proprietários e Administração Determinar políticas de distribuição de lucros e dividendos. Governo Estabelecer políticas tributárias, monetárias, dentre outras. Órgãos Reguladores Regulamentar as atividades das entidades. Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 27. Em síntese, os relatórios financeiros para fins gerais são elaborados para atender uma ampla gama de usuários. São voltados para atender as necessidades dos usuários primários, externos à organização. TEMA 5 – RELATÓRIOS FINANCEIROS OBRIGATÓRIOS E RELATÓRIOS FINANCEIROS NÃO OBRIGATÓRIOS Durante a aula, apresentamos os relatórios contábeis e seus usuários, mas quais deles são obrigatórios e que tipo de informação evidenciam? 22 5.1 Conjunto completo de demonstrativos contábeis O CPC 26 (2011) define as demonstrações contábeis como uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. Elas são elaboradas para evidenciar informação da entidade acerca do seguinte: ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles, e fluxos de caixa. Assim, estabelece-se um conjunto de demonstrativos contábeis necessários para cobrir as necessidades informacionais dos usuários e com os objetivos estabelecidos. Quadro 11 – Conjunto completo de demonstrativos contábeis BP Balanço Patrimonial – Demonstração do resultado DR DRE – Demonstração do resultado do exercício, e DRA - Demonstração do resultado abrangente. DFC Demonstração do Fluxo de Caixa Demonstração das Mutações do Patrimônio DMPL Líquido. DVA Demonstração do Valor Adicionado NE Notas Explicativas Fonte: CPC, 2011. Veja que já estudamos previamente as demonstrações do Balanço Patrimonial e dos Resultados. Isso é importante porque assim como a Demonstração do resultado, e com exceção da DVA, todos os demonstrativos complementam as informações disponíveis no Balanço Patrimonial. O Quadro 12 apresenta a finalidade de cada demonstrativo. Quadro 12 – Conjunto de demonstrativos obrigatórios DEMONSTRATIVO FINALIDADE Balanço Patrimonial ✓ É o principal demonstrativo, O balanço tem por finalidade (BP) apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinado período (fechamento do exercício social). É a representação estática do Patrimônio da entidade. Demonstração do ✓ Evidencia o desempenho, a capacidade da empresa em Resultado transformar seus ativos (estoques por exemplo) em caixa (dinheiro). Apresenta como o lucro ou prejuízo é formado em 23 determinado período. No Balanço representa a conta de lucros ou de prejuízos (CPC, 2011). Demonstração do ✓ Elaborada com o objetivo de gerar informações sobre entradas e fluxo de caixa (DFC) saídas (os pagamentos e recebimentos), em dinheiro, de uma entidade, em determinado período. ✓ A DFC possibilita analisar a capacidade da empresa em gerar fluxo de caixa futuros por meio das atividades operacionais, de investimentos e financiamentos. No Balanço Patrimonial representa a linha da conta caixa (CPC, 2010; Gelbcke; Martins; Santos, 2018). Demonstração das ✓ Busca evidenciar as alterações do patrimônio da entidade, como mutações do ações, lucros, prejuízo, reservas, aumento de capital, subscrição Patrimônio líquido – de capital dos sócios em determinado período de tempo. DMPL ✓ Indica a origem e o valor de cada acréscimo ou diminuição no Patrimônio Líquido durante o exercício (CPC, 2010; Gelbcke; Martins; Santos, 2018). Demonstração do ✓ É elaborada a partir das informações do Balanço e da DR. No Valor adicionado – entanto não se posiciona em nenhuma linha do BP. DVA ✓ É considerada como um demonstrativo social, pois evidencia a criação da riqueza de uma entidade e como esta é distribuída entre seus agentes, tais como empregados, clientes, fornecedores, financiadores e governo (CPC, 2010; Gelbcke; Martins; Santos, 2018). Notas explicativas ✓ E, por fim, além dos demonstrativos contábeis, as entidades (NE) devem elaborar notas explicativas, apresentando de forma analítica como o resultado de contas específicas e relevantes foram formadas, são complementares ou integrantes dos demonstrativos (Gelbcke; Martins; Santos, 2018). Observe que cada um dos demonstrativos apresenta um tipo de informação complementar ao Balanço Patrimonial. Por exemplo, a DFC evidencia as variações que ocorreram na conta caixa da entidade durante o período. Do mesmo modo, a DMPL apresenta as variações e a composição do patrimônio líquido. Por sua vez, a DRE evidencia a desempenho e a composição do resultado de um período (lucro ou prejuízo). Já as notas explicativas têm como função apresentar quais critérios, políticas e normas foram utilizados como bases para os registros contábeis, complementando as informações apresentadas no conjunto de demonstrativos. A DVA, por sua vez, demonstra não só a riqueza gerada pela entidade, como sua distribuição em forma de pagamentos de funcionários, impostos, acionistas. A partir da representação gráfica a seguir, pode-se observar as informações evidenciadas pelos demonstrativos contábeis, representando a dinâmica patrimonial. 24 Figura 9 – Dinâmica Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO A DMPL explica a Circulante Circulante composição e Salários variação do PL Caixa DFC Fornecedores Clientes Não circulante Estoques Financiamento de LP PATRIMÔNIO LÍQUIDO DMPL Não circulante Capital Social Imobilizado Reservas de Lucros DR A DFC Explica a variação A DR Evidencia o resultado do Caixa do período Evidencia a criação e distribuição de DVA riqueza de uma Empresa Notas Explicativas: Fonte: Elaborado com base em Borinelli; Pimentel, 2018. 5.2 Obrigatoriedade de elaboração, divulgação e publicação das demonstrações contábeis As exigências do CPC 26 (CPC, 2011) se aplicam a todos os tipos de entidades, tanto as entidades individuais e sociedades por quotas de responsabilidade limitadas (empresas Ltda.), como as Sociedades por Ações – S.A., também conhecidas como sociedades anônimas, inscritas na bolsa de valores (CVM – Comissão de valores mobiliários), que são segmentadas em dois grupos, as sociedades de capital aberto ou de capital fechado. Assim, podemos entender que todas as entidades devem elaborar seus demonstrativos contábeis e divulgá-los a seus usuários. Agora, em relação à divulgação pública, ou seja, a tornar público em meios de comunicação, como em jornais de grande circulação, a obrigatoriedade recai somente sobre as sociedades por ações. Observe a Figura 10. 25 Figura 10 – Obrigatoriedades de elaboração e divulgação MICROEMPRESAS; ELABORAÇÃO e PEQUENAS E MÉDIAS DIVULGAÇÃO EMPRESAS E EMPRESAS DE GRANDE PORTE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS ELABORAÇÃO, SOCIEDADES POR AÇÕES DIVULGAÇÃO e (SA) PUBLICAÇÃO A elaboração corresponde ao ato de gerar demonstrações contábeis com base em escrituração contábil permanente, de acordo com os critérios e normas contábeis e as legislações pertinentes. A divulgação dos demonstrativos contábeis corresponde ao ato de comunicar informações sobre ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas (CPC, 2019). Essa comunicação pode ser realizada por meios de comunicação internos da entidade, encartes, sites, jornais, revistas, ou outros meios que a entidade julgue necessários para atender seus usuários. Agora, elaborar e divulgar os demonstrativos contábeis não é o mesmo que tornar público. A publicação se refere à obrigatoriedade de a entidade divulgar seus relatórios em meios de comunicação em massa, como jornais de grande circulação e o Diário Oficial da União, do estado ou Distrito Federal, pelo menos uma vez por ano, estando sujeitos ao atendimento das exigências dos órgãos reguladores, como a CVM, que estabelece as diretrizes para a publicação das sociedades por ações. Importante que os demonstrativos DRA, DMPL e DVA são obrigatórios somente para as sociedades por ações de capital aberto. Para todas as demais, sua elaboração é orientada, mas permanece facultativa – ou seja, a entidade deve analisar o custo benefício da sua elaboração e divulgação. As demonstrações contábeis devem ser preparadas e divulgadas no término de um exercício social compreendendo o período de 12 meses (janeiro a dezembro), ou 365 dias. Normalmente o prazo de fechamento coincide com o prazo determinado pela legislação do imposto de renda, fechando em 31 de dezembro de cada ano. 26 Saiba mais A legislação das Sociedades por ações (11.604/76) equiparou as empresas de grande porte, ou seja, aquelas que possuem ativos totais de valor superior a 240 milhões, ou receita bruta anual de 300 milhões, às sociedades por ações. Todavia, não esclarece que elas devem divulgar publicamente seus relatórios, o que é considerada uma brecha para discussões jurídicas. Existem relatórios contábeis que não são obrigatórios, de elaboração e divulgação voluntária? Sim, existem. Temos como exemplo o Balanço Social, a antiga Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, que foi substituída pela DFC, além de relatórios gerenciais, relatórios de planejamento orçamentário da empresa, entre outros. TROCANDO IDEIAS Nesta aula, trouxemos um enfoque sobre a contabilidade no ambiente dos negócios, seus relatórios, objetivos e usuários da informação contábil. Entende- se, assim, que a contabilidade é a linguagem dos negócios, sendo sua aplicação de extrema importância para todo tipo de entidade, independentemente da finalidade (com ou sem fins lucrativos), pública ou privada. No tocante à profissão contábil, vem sendo cada vez mais respeitada no mercado de trabalho, com vários campos de atuação. Como o Professor José Carlos Marion já dizia, é uma área muito prolífera, na qual você pode trabalhar como contador, auditor, perito, professor, analista fiscal etc. Permite que se possa empreender ou prestar serviços em organizações privadas e públicas, dependendo da aptidão individual de cada profissional contador. Assim, convidamos você a entrar no fórum de seu ambiente virtual e conversar com seus colegas para verificar quais são suas expectativas sobre a profissão. NA PRÁTICA A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades. O patrimônio, por sua vez, é composto por bens + direitos - obrigações. Analise os seguintes dados em reais da empresa Exemplificada Ltda, para calcular o valor do seu patrimônio líquido: 27 Impostos a pagar 1.500 Estoques de mercadorias 12.000 Dinheiro em caixa 2.500 Fornecedor a pagar 8.000 Veículo 25.000 Duplicatas de Cliente a receber 3.800 Com base dos dados, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta do valor dos bens, direitos e obrigações e valor do patrimônio líquido da empresa (procure montar uma estrutura do Balanço patrimonial para responder). a. Bens, 37.000 (+) direitos 6.300 (-) Obrigações 9.500 = Patrimônio Líquido de 33.800. b. Bens, 27.500 (+) direitos 15.800 (-) Obrigações 8.000 = Patrimônio Líquido de 35.300. c. Bens, 40.800 (+) direitos 2.500 (-) Obrigações 9.500 = Patrimônio Líquido de 33.800 d. Bens, 39.500 (+) direitos 3.800 (-) Obrigações 1.500 = Patrimônio Líquido de 41.800. e. Bens, 39.500 (+) direitos 3.800 (-) Obrigações 9.500 = Patrimônio Líquido de 33.800 O gabarito para essa seção pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. FINALIZANDO Nesta aula, estudamos a contabilidade como ciência social aplicada, e sua importância para o mundo dos negócios. Apresentamos os relatórios contábeis e os elementos que os compõem (Ativos, Passivos, Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas). Para finalizar, identificamos ainda os principais usuários da informação contábil, com o conjunto de demonstrativos obrigatórios e não obrigatórios. 28 REFERÊNCIA ADRIANO, S. Manual dos Pronúncias Contábeis Comentados. São Paulo: GEN 2018. BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para Gestores, Analistas e outros Profissionais. 2. ed. São Paulo: GEN, 2018. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. (CPC 09): Demonstração do Valor Adicionado. 2008. Disponível em:. Acesso em: 10 mar. 2020. _____. CPC 00 (R2): Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. 2019. Disponível em:. Acesso em: 10 mar. 2020. _____. CPC 03 (R2): Demonstração dos Fluxos de Caixa: Pronunciamento Técnico. 2010. Disponível em:. Acesso em: 10 mar. 2020. _____. CPC 26 (R1): Apresentação das Demonstrações Contábeis, Pronunciamento Técnico. 2011. Disponível em:. Acesso em: 10 mar. 2020. GELBCKE, E. R.; MARTINS, E.; SANTOS, A. dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARION, J. C.; SANTOS, A. C. M. Contabilidade básica, 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 29 GABARITO A resposta correta é a e. BALANÇO PATRIMONIAL DE 2019 EMPRESA EXEMPLIFICADA LTDA Bens: Obrigações: Dinheiro em caixa (2.500) + Estoques Impostos a pagar (1.500) + Fornecedores a (12.000) + Veículo (25.000) = total de 39.500 pagar (8.000) = 9.500 Direitos: Patrimônio líquido = Duplicatas de Cliente a receber no Bens + direitos – obrigações= valor de 3.800 39.500+3.800-9500 Patrimônio Líquido = 33.800 30

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