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Assistência de Enfermagem à gestante e parturiente PDF

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Summary

Este documento discute os estágios do desenvolvimento humano, desde a concepção até o nascimento, focado no aprendizado dos estágios pré-embrionário, embrionário e fetal. O texto descreve a importância da embriologia para os profissionais de saúde e o papel do enfermeiro no aconselhamento preconcepcional, com enfoque nas questões éticas.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 1 FECUNDAÇÃO: FASES DA CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E FETAL MINHAS METAS Proporcionar uma compreensão sólida dos conceitos fundamentais das fases do desen- volvimento humano. Descrever os processos que compõem a concepção...

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 FECUNDAÇÃO: FASES DA CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E FETAL MINHAS METAS Proporcionar uma compreensão sólida dos conceitos fundamentais das fases do desen- volvimento humano. Descrever os processos que compõem a concepção humana e suas particularidades. Detalhar de forma didática a fase pré-embrionária, embrionária e fetal. Descrever as bases fisiológicas do diagnóstico de gravidez. Exemplificar como o processo de concepção se aplica na prática do trabalho em saúde reprodutiva. Descrever as principais atribuições do enfermeiro no aconselhamento preconcepcional. Destacar questões bioéticas do campo da embriologia. 8 U N I AS S E LVI INICIE SUA JORNADA O desenvolvimento humano é uma grande área de conhecimento a ser assimilada e explorada dentro das ciências da saúde. Entender como somos formados vai muito além de um conhecimento teórico, esse entendimento não apenas nos permite apreciar a maravilha da vida, mas também desempenha um papel crucial na medicina, na pesquisa científica e na tomada de decisões éticas. A embriologia nos permite compreender como um organismo humano se forma a partir de uma única célula (zigoto) até se tornar um ser humano completo. Ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças congênitas, genéticas e malformações, permitindo intervenções precoces para melhorar a qualidade de vida das pessoas. As mulheres que estão gestantes percorrem um caminho de muitas mudan- ças, tanto físicas quanto psíquicas, além de possuírem muitas dúvidas em relação ao processo de formação do bebê. Entender essas mudanças e diferenciar quais são esperadas e quais saem da faixa de normalidade é um conhecimento essencial para os profissionais da saúde que irão acompanhá-la. Se você estivesse na posição de um profissional que acompanha uma mulher ou um casal que queira engravidar, o que você considera importante saber para se sentir preparado e confiante para prestar tal atendimento? Pense nisso e continue aproveitando todos os recursos disponibilizados para aprimorar o seu aprendizado. P L AY N O CO NHEC I M ENTO Neste podcast, serão abordados aspectos importantes da consulta de aconselha- mento preconcepcional. Não deixe para depois, acesse para iniciar sua experiên- cia e imersão na prática assistencial. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. Agora que você já ouviu o podcast sobre a consulta de aconselhamento em preconcepção, vamos falar mais sobre a ética e boas práticas dentro da embriologia humana. 9 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 Sabe-se que a ética, na embriologia, é uma área crucial de preocupação, devi- do à natureza sensível e complexa dos processos envolvidos no desenvolvimento embrionário (FRIAS, 2012). Os assuntos mais recorrentes que envolvem grandes questões éticas e morais geralmente percorrem questões como: Posição do embrião: determinar quando o embrião adquire uma si- tuação moral ou ética, alguns acreditam que isso ocorre no momento da concepção, enquanto outros argumentam que acontece em estágios posteriores de desenvolvimento. A gravidez ectópica: quando um óvulo fertilizado se implanta fora do útero, como nas trompas de Falópio, a decisão sobre como lidar com essa situação é complexa e pode envolver considerações éticas, médicas e legais. O aborto quando envolve a interrupção da gravidez em estágios iniciais. Os pontos de vista sobre a moralidade do aborto variam amplamente e dependem, em parte, de crenças religiosas, éticas e culturais. Lembrando que. no Brasil, conforme a Portaria nº 1.508/GM/MS, de 1º de setembro de 2005, o aborto pode ser realizado em casos específicos, como a gra- videz decorrente de estupro, desde que preenchidos todos os termos ne- cessários explicitados na portaria. Também é legal quando há risco à vida da gestante e, por último, em 2012, foi legalizado o aborto em casos de diagnóstico de anencefalia no feto. Cabe a nós como, profissionais de saúde, escutarmos os nossos usuários e respei- tarmos as suas opiniões, principalmente as de caráter religioso e nos pautarmos nas implicações legais do nosso país e no código de ética profissional. VAMOS RECORDAR? Neste vídeo, disponível no YouTube, vamos relembrar alguns assuntos e dilemas éticos da manipulação genética, de uma forma clara e de fácil entendimento, clique aí e vamos juntos. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 1 1 U N I AS S E LVI DESENVOLVA SEU POTENCIAL INTRODUÇÃO À EMBRIOLOGIA HUMANA A embriologia humana é um ramo da ciência que estuda o desenvolvimento do ser humano no período da fecundação até o nascimento e é denominado como pré-natal. O período pré-natal tem a duração de 40 semanas após a fertilização. É um período de intenso crescimento e desenvolvimento embrionário. Para fins didá- ticos, pode-se dividir o desenvolvimento em três períodos, a saber: 1. Período pré-embrionário. 2. Período embrionário. 3. Período fetal. A seguir, descreveremos os três períodos e os principais marcos do desenvolvimento. Período pré-embrionário O período pré-embrionário, como o próprio nome já diz, corresponde à fase antes da formação do embrião, que inicia na fertilização e se perdura até meados da terceira semana de gestação. O processo de fecundação/fertilização é quando acontece o encontro dos gametas masculino e feminino, resultando na formação de uma célula única denominada zigoto. Isso normalmente ocorre na tuba uterina da mulher. O zigoto começa a se dividir rapidamente por mitose, formando uma bola de células chamada de mórula. À medida que as células continuam a se dividir, a mórula se transforma em uma estrutura oca chamada de blastocisto, a esse processo dá-se o nome de clivagem. O blastocisto formado na fase de clivagem possui duas partes distintas: o trofoblasto, que eventualmente se tornará a placenta, e o embrioblasto, que se desenvolverá no feto. O blastocisto viaja pela tuba uterina em direção ao útero e, quando chega lá, implanta-se na parede uterina, tal processo é chamado de blastulação. Tal acontecimento marca o início da gravidez. A Figura 1, que re- presenta, de forma gráfica, a fase pré-embrionária. 1 1 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 Figura 1 – Representação da fase pré-embrionária / Fonte: Nazari e Müller (2011, p. 59). Descrição da Imagem: corte frontal de tuba uterina e ovário. Sendo a uterina, na cor vermelha e ovário na cor roxa e vermelha, demonstrando as formas sequenciais de formação do blastocisto. Mostra a seguintes formas respectivamente: ovócito II, fecundação, zigoto, divisão em dois blastômeros, quatro blastômeros, oito blastô- meros, mórula e, por fim, o blastocisto, que é a forma que se implanta na cavidade uterina. Fim da descrição. Essa fase é crucial, pois é durante a fase pré-embrionária que ocorrem as pri- meiras divisões celulares e a formação das estruturas iniciais que darão origem ao embrião e à placenta. À medida que a implantação ocorre, inicia-se a fase embrionária, aqui, as células começam a se diferenciar e a formar os tecidos e órgãos do corpo humano em desenvolvimento. E U IN D ICO Para compreender o processo de fecundação de uma forma rápida e divertida, assista ao vídeo. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 1 1 U N I AS S E LVI OS ESTÁGIOS DE CARNEGIE Os estágios de Carnegie, também conhecidos como estágios de desenvolvimen- to embrionário humano, são uma série de 23 estágios que descrevem o desenvol- vimento do embrião humano desde a fertilização até cerca de 56 dias após a con- cepção. Aqui, está uma descrição sintética dos principais estágios de Carnegie: Estágio 1-3: fertilização e início da clivagem. Estágio 4: formação do blastocisto e implantação no útero. Estágio 5: formação do disco embrionário bilaminar. Estágio 6: desenvolvimento do âmnio, que envolve o embrião. Estágio 7-8: formação do saco vitelínico primário. Estágio 9-12: desenvolvimento do sistema circulatório primitivo. Estágio 13: início da neurulação e formação do tubo neural. Estágio 14-15: desenvolvimento da notocorda e início da somitogênese. Estágio 16-17: formação das câmaras cardíacas e do tubo neural dobrado. Estágio 18: formação do tubo neural fechado e do intestino primitivo. Estágio 19-20: desenvolvimento dos rins e formação dos arcos faríngeos. Estágio 21-23: desenvolvimento dos membros, olhos e ouvidos. 1 1 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 Esses estágios representam as transformações essenciais que ocorrem durante o desenvolvimento embrionário humano, desde a fase inicial até a formação dos principais órgãos e sistemas do corpo e estão representadas na Figura 2. Figura 2 – Panorama do desenvolvimento humano. Sistema internacional de estadiamento, baseado nas características morfológicas externas e internas dos indivíduos / Fonte: https://embryology.med.unsw. edu.au/embryology/index.php/Embryonic_Development. Acesso em: 28 nov. 2023. Descrição da Imagem: imagem de fundo preto, descrevendo as fases de Carnegie, sendo os embriões e feto na cor cinza claro com tons em branco, com descrição abaixo de cada imagem dos dias de desenvolvimento na cor amarela. Imagem com proporção de tamanho, destaque amarelo no canto inferior direto que corresponde a 5 mm. Fim da descrição. VOCÊ SABE RESPONDER? Sabe o teste de gravidez que fazemos nos serviços de saúde para o diagnóstico da gestação? 1 1 U N I AS S E LVI Então, ele avalia a presença de um hormônio, chamado gonadotrofina coriôni- ca (HGC). Esse hormônio secretado pelos trofoblastos é responsável por manter o corpo lúteo no início da gravidez. O corpo lúteo nutre os níveis adequados de progesterona no endométrio (parte interna do útero) a fim de preservar o embrião implantado. Dessa forma, a HCG impedirá que ocorra um novo ciclo menstrual, evitando, consequente- mente, a menstruação. Após 12 semanas de gestação, a placenta assume a função de produzir pro- gesterona para garantir a integridade do endométrio até o final da gestação. Período embrionário O período embrionário é a O período embrionário é a segunda fase do desen- segunda fase do volvimento humano, que ocorre aproximadamente desenvolvimento entre meados da terceira à oitava semana, após a fe- humano cundação. Nesse período, inicia-se a organogênese (formação de órgãos e tecidos) e morfogênese (dife- renciação dos tecidos e órgãos), é aqui que os órgãos e sistemas começam a tomar forma. Por volta da terceira semana acontece a forma- ção das três camadas germinativas – ectoderma, mesoderma e endoderma. Na quarta semana, ini- cia-se a neurulação e formação do tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso. Da quinta até a oitava semana, começa o desenvolvimento inicial do coração e dos vasos sanguíneos, a formação dos olhos, dos ouvidos e membros e de órgãos internos, como pulmões, fígado, rim e pâncreas. A seguir, estão representados os principais acon- tecimentos do período do desenvolvimento embrio- nário (NAZARI; MÜLLER, 2011). 1 1 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 SEMANA 3 Formação das três camadas germinativas ectoderma, mesoderma e endoderma. SEMANA 4 Início da neurulação e formação do tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso. SEMANA 5 Desenvolvimento inicial do coração e dos vasos sanguíneos. SEMANA 6 Início da formação dos olhos, ouvidos e membros. SEMANA 7 Desenvolvimento dos rins e crescimento dos membros. SEMANA 8 Formação de órgãos internos, como pulmões, fígado e pâncreas. Esta é uma fase crítica do desenvolvimento e a exposição a teratógenos (agentes que causam defeitos congênitos) pode ter efeitos adversos significativos na formação do ser humano. Ao final do período embrionário, espera-se que o embrião esteja medindo cerca de 3 cm e aparentando forma humana, conforme ilustra a Figura 3. 1 1 U N I AS S E LVI Figura 3 – Representação de embriões humanos durante a morfogênese / Fonte: Nazari e Müller (2011, p. 86). Descrição da Imagem: a figura mostra cinco fotos com divisão em A, B, C, D, E, que corresponde ao desenvol- vimento embrionário sendo A: 24 dias, B: 28 dias, C: 32 dias, D: 48 dias e E: 52 dias. Todas com fundo preto e representação realística dos embriões em tons rosa-vermelho. Fim da descrição. Período fetal O período fetal corresponde da nona semana após a fecundação até o nasci- mento. Nesse período, a organogênese está quase completa, então, a maioria dos tecidos e órgãos já foram desenvolvidos nas fases anteriores, os órgãos não se desenvolvem no mesmo ritmo e, mesmo ao nascimento, nem todos os sistemas estão totalmente desenvolvidos. Os sistemas circulatório, respiratório, digestivo e urinário estão praticamente prontos no termo, porém os sistemas nervoso e ósseo permanecem imaturos e só finalizam sua diferenciação um tempo após o nascimento. Nesse período, o feto é menos vulnerável a efeitos teratogênicos, embora possa haver interferências deles no desenvolvimento do sistema nervoso central. Conforme mostra o quadro a seguir. 1 1 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 SEMANAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Diminuição do crescimento do crânio em relação ao corpo. A genitália externa se estabelece em sua 9 ͣ a 12 ͣ semanas forma madura (entre 12 e 14 semanas). A placenta está estruturada e é funcio- nal. Rápido crescimento fetal. 13 ͣ a 16 ͣ semanas Intensa ossificação do esqueleto. No início das 20 semanas, surgem lanugem e cabelos e a pele fica coberta por vérnix caseoso (que é um material gorduroso que protege a pele). 17 ͣ a 20 ͣ semanas Se o feto é feminino, é formado o útero. Se o feto é masculino, é iniciada a desci- da dos testículos para a bolsa escrotal. Inicia a produção de surfactante (subs- tância que permite a respiração). 21 ͣ a 25 ͣ semanas Aumento do peso. Formação de unhas das mãos. 1 1 U N I AS S E LVI Pulmões iniciam as trocas gasosas. Sistema nervoso torna-se capaz de controlar movimentos respiratórios e a 26 ͣ a 29 ͣ semanas temperatura corporal. Abertura das pálpebras. Formação das unhas dos pés. Iniciam os reflexos pupilares. O corpo já possui forma mais arredonda- 30 ͣ a 34 ͣ semanas da e com os membros proporcionais. A partir de 32 semanas, já possui condições de sobreviver fora do útero. O ganho de peso começa a aumentar para cerca de 14 g/dia. 35 ͣ a 38 ͣ semanas Lentifica o ritmo de crescimento. Quadro 1 – Desenvolvimento fetal por semanas após a fecundação / Fonte: adaptado de Nazari e Müller (2011). VOCÊ SABE RESPONDER? A partir da leitura das fases de desenvolvimento embrionário-fetal descritos neste material, a partir de qual semana de gestação você acredita ser o período ideal para ser realizada uma ultrassonografia obstétrica a fim de descobrir o sexo do bebê? 1 1 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 AP RO F U N DA NDO Vamos falar um pouco sobre a síndrome alcoólica fetal? Abreviada como SAF, a síndrome alcoólica fetal acontece quando a gestante faz uso de bebidas alcoólicas. O álcool é considerado uma substância teratogênica, poden- do causar danos ao bebê, a SAF é a forma mais grave desses danos. Não existe dose segura de álcool na gestação, dessa forma, qualquer quantidade de álcool, por mínima que seja, pode causar a síndrome. Algumas consequências são: retardo no desenvolvimento cognitivo, baixo peso ao nascer, baixa estatura, características faciais anormais, como nariz achatado e lábio superior fino. Crianças vítimas dessa síndrome podem sofrer as consequências ao longo da vida, como dificuldade de aprendizado, problemas de saúde mental e abu- so de substâncias. É fundamental a prevenção da SAF, para isso, os profissionais devem orientar as ges- tantes sobre os riscos do uso de álcool na gestação e esclarecer as possíveis dúvidas. E M FO CO Gostou do que discutimos até aqui? Tenho mais para conversar com você a respei- to deste tema, vamos lá. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. NOVOS DESAFIOS Que a embriologia humana é complexa e envolve muito estudo para compreen- dê-la não é novidade, mas você sabia que por ter toda essa complexidade ela é uma grande área de atuação do profissional de enfermagem e é também uma área muito promissora. Na contramão do que muitos pensam, a embriologia não é apenas uma disci- plina que serve para dar bases conceituais para as próximas do currículo, mas sim é uma grande área que possibilita a atuação de diversos profissionais da saúde, podendo ser considerada como uma disciplina multiprofissional. 2 2 U N I AS S E LVI Biólogos, enfermeiros, médicos, biomédicos, psicólogos são os profissionais que mais ganham espaço nessa área da assistência à saúde. Afinal, o que faz um profissional dentro desse ramo? As possibilidades de atuação vão desde o período preconcepcional até o período de pré-natal. No processo de concepção natural, esse profissional atua por meio do acon- selhamento dos genitores, orienta conceitos importantes relacionados à saúde reprodutiva tanto da mulher quanto do homem e age como um facilitador do casal a fim de tomar decisões e trilhar caminhos seguros para a concepção. Esse trabalho pode ser desenvolvido tanto dentro de unidades Sistema Único de Saúde (SUS) quanto em serviços de saúde suplementar. Para casos de necessidade de reprodução assistida, a equipe multiprofissional que atende esses usuários é capacitada em alto nível, a fim de acolher, orientar, e garantir que ocorra a fertilização in vitro. O FIV é um procedimento de alta tecnologia e complexo e, para que ele ocorra com sucesso, são necessárias várias etapas compreendendo consultas, exames, uso de medicamentos, procedimentos técnicos cirúrgicos e processos administrativos e legais. Para que esses processos ocorram, são necessários profissionais de diversas categorias atuando em sintonia para não perder nenhuma fase do processo. Dessa forma, o enfermeiro em reprodução assistida atua principalmente por meio de: Coordenação da equipe de enfermagem, sendo o responsável técnico perante o Conselho de Classe. Elaboração procedimentos operacionais padrão do setor. Elaboração de escalas dos recursos humanos do ambulatório/clínica. Monitoramento e avaliação do trabalho desenvolvido pelo técnico e/ou auxiliar de enfermagem. Organização e definição fluxos dentro do serviço. Provisão de recursos humanos e materiais para o andamento do serviço. Prestar assistência de enfermagem aos usuários por meio da consulta de enfermagem. Em alguns casos, ser o profissional de referência do usuário e ajudá-lo a navegar dentro do sistema de saúde. 2 2 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1 Espera-se que os profissionais que atuem na área possuam habilidades não téc- nicas, como boa comunicação, proatividade, visão ampliada do processo, trata- mento humanizado e individualizado, prazer em trabalhar em equipe e liderança. O trabalho dentro de clínicas de reprodução humana pode ser desenvolvido dentro do SUS, conforme a Portaria nº 3.149, de 2012, que destinou recursos financeiros para esse procedimento. Conforme essa portaria, temos, no Brasil, nove centros de reprodução humana dentro do Sistema Única de Saúde, número pequeno, principalmente devido aos altos custos do procedimento. Dessa forma, a maioria das FIV são, atualmente, realizadas em serviços particula- res, sendo estes os maiores empregadores de profissionais que desejam atuar na área. Para ingressar no serviço público, é necessário aprovação em concursos pú- blicos ou processos seletivos, enquanto nos serviços particulares, em sua maioria, a contratação se dá por análise do currículo e entrevista e os profissionais com pós-graduação e cursos na área saem geralmente na frente na hora da contratação. 2 2 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 PROCESSO DE GESTAÇÃO: MUDANÇAS FISIOLÓGICAS E PSICOLÓGICAS MINHAS METAS Proporcionar aos estudantes uma compreensão sólida dos conceitos fundamentais rela- cionados às alterações orgânicas e psíquicas da mulher gestante. Descrever as alterações hormonais da gestante. Diferenciar as mudanças fisiológicas do período gestacional das alterações patológicas. Descrever as alterações psicológicas mais comuns no período gestacional. Explicar as alterações psicológicas passíveis de aconselhamento e diferenciá-las das que necessitam de atendimento especializado. Exemplificar os sinais e sintomas que derivam das alterações fisiológicas da gestação. Detalhar a competência do enfermeiro na abordagem dessas alterações. 2 2 U N I AS S E LVI INICIE SUA JORNADA O corpo feminino passa por muitas mudanças desde a menarca, as flutuações hormonais que ocorrem mensalmente, devido ao famoso ciclo menstrual, cau- sam alterações tanto físicas quanto psicológicas, viver esses ciclos por menos sintomas que a mulher pode ter, não é uma tarefa fácil. A partir do início da gestação, os ciclos hormonais cessam e, com eles, a menstruação, para dar início a outros processos desafiadores e cheios de emo- ções. Será um período repleto de ganhos, perdas, alegrias, mal-estar, dores, in- certezas, preocupações e muitos outros sentimentos e sintomas. Cada pessoa passa pela gestação de uma forma e como ela vai encarar esses desafios está relacionado a Cada pessoa passa pela gestação de muitos fatores, como os pessoais, exemplo da moti- uma forma vação para a gestação, incluindo o desejo de ser mãe, as circunstâncias que a gestação ocorreu, os fatores biológicos, sociais, psicológicos, econômicos e familiares também influenciam a vivência da mulher na maternidade. Um fator muito importante é a experiência prévia que a mulher teve com gestações anteriores ou com gestações de mulheres da sua família que ela acom- panhou, essas experiências ajudam a construir os pensamentos e atitudes que essa mulher vai desenvolver na gestação atual. Para cada mulher, a maternidade pode significar algo diferente e o conceito comum que a gestação e o puerpério é um período apenas de alegria e coisas boas precisa ser revisto na sociedade. As mulheres, nessa fase, precisam de uma rede de apoio fortalecida que as ajude a passar por esses turbilhões de emoções. O atendimento deve ser centrado na pessoa, por meio da escuta ativa de forma humanizada, jamais menospre- zando as queixas e as dúvidas, oferecendo sempre apoio do sistema de saúde local e quando necessário fazer ponte com demais serviços por meio de ações intersetoriais, por exemplo, o serviço social. 2 2 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 P L AY N O CO NHEC I M ENTO Neste podcast, abordaremos a humanização do cuidado no atendimento pré-na- tal. Trataremos de assuntos importantes, como desenvolvimento de habilidades necessárias para um atendimento de qualidade à mulher gestante. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. VAMOS RECORDAR? Entender o ciclo menstrual é de extrema importância para entender as alterações hormonais no corpo feminino antes da gestação. Assista ao vídeo a seguir, que detalha de forma prática as fases do ciclo menstrual. Se preferir, pode ativar a legenda para a Língua Portuguesa no botão de configurações. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. DESENVOLVA SEU POTENCIAL MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NO PERÍODO GESTACIONAL – HORMONAIS A gestação causa no organismo materno mudanças em sua anatomia, fisiologia e bioquímica para manutenção da gravidez até o momento do parto. Algumas dessas mudanças iniciam nas primeiras semanas de gravidez e perduram até alguns dias pós-parto. As mudanças hormonais são nítidas, passando pelo aumento da Gonadotro- fina Coriônica Humana (HCG – em inglês, Human Chorionic Gonadotropin) no início da gestação, a fim de manter o corpo lúteo e a sua contínua secreção de estrógenos e progesterona. Nas primeiras 12 semanas da gravidez, a HCG é produzida pelas células formadoras da placenta (trofoblastos). 3 3 U N I AS S E LVI Assim que a placenta fica totalmente desenvolvida, a partir do terceiro mês da gestação, ela assume a secreção dos hormônios que eram antes secretados pelo corpo lúteo, sendo eles: o hormônio lactogênio placentário humano (PL), o estrógeno e a progesterona, secretando também a gonadotrofina coriônica humana, sendo que esta última deixa de ser secretada em abundância a partir de terceiro mês da gestação e mantém-se baixa até o parto. O hLP tem função parecida com a do hormônio prolactina (responsável pela produção de leite materno), sendo que o PL tem a incumbência de agir no desenvolvimento das mamas, de poupar o uso de glicose pelo organismo materno a fim de direcionar para o feto dando aporte para o seu crescimento. O estrógeno e a progesterona são secretados de forma crescente durante todo o período gestacional. O estrógeno aumenta cerca de 30 vezes durante a gravidez, ele possui como prin- cipais funções: o crescimento e desenvolvimento do útero, bem como aumento de sua vascularização, a proliferação dos ductos mamários, a dilatação dos órgãos sexuais externos e do orifício vaginal. A progesterona aumenta cerca de dez vezes sua concentração na gestação e atua, principalmente, inibindo as contrações do útero para a manutenção da gestação. Uma vez aumentada, a progesterona também causa efeitos em vários sistemas do organismo materno, sendo os principais: SISTEMA TEGUMENTAR: aumentando a melatonina e favorecendo os cloasmas. APARELHO DIGESTIVO: começando pela boca, causa hipertrofia das gengivas o que limita a higienização e pode causar sangramento gengival. Na musculatura da cárdia (estômago), a proges- terona relaxa o músculo e predispõe a refluxo. No intestino, pelo mesmo mecanismo, causa constipação. 3 3 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 APARELHO CARDIOCIRCULATÓRIO: vasodilatação, fazendo que a pressão arterial diminua. SISTEMA RENAL: hipotonia do sistema coletor intra e extrarrenal, predispondo a cálculos e infecções urinárias. A figura a seguir demonstra de forma visual os níveis desses hormônios no san- gue materno. Figura 1 – Níveis hormonais na gestação / Fonte: https://www.sanarmed.com/diagnostico-de-gravidez. Acesso em: 30 nov. 2023. Descrição da Imagem: gráfico de meses de gravidez x níveis hormonais, com fundo branco, representando, na linha horizontal, os meses de gestação de zero a nove meses, as flutuações hormonais de HCG em cor rosa, a progesterona em cor azul e o estrogênio em laranja. Há três figuras na cor vermelha e branca que procuram representar o útero e desenvolvimento fetal sendo a primeira com 30 dias, a segunda 120 dias e a última perto dos oito meses de gestação. Fim da descrição. 3 3 U N I AS S E LVI A P RO F UNDA NDO A placenta é um órgão temporário muito importante na gestação, ela realiza a secreção de vários hormônios, o que faz dela a principal responsável pela endo- crinologia gestacional, além disso, ela realiza outras importantes funções como: Troca gasosa de oxigênio e gás carbônico entre feto e mãe. Nutrição do feto, pois atua como uma barreira seletiva que permite a passagem de nutrientes essenciais. Remoção de resíduos: remove os resíduos metabólicos, que são eliminados pela circulação sanguínea da mãe. Proteção imunológica: barreira imunológica, protegendo o feto de infecções e substâncias prejudiciais que poderiam prejudicar seu desenvolvimento. Proteção mecânica: absorvendo impactos e protegendo o feto de choques me- cânicos que possam ocorrer durante a gestação. Regulação do sistema circulatório: regula o fluxo sanguíneo entre a mãe e o feto, garantindo que o fornecimento de sangue e nutrientes seja adequado às necessi- dades do feto em crescimento. 3 3 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NO PERÍODO GESTACIONAL – ANATOMOFUNCIONAIS No período gestacional, ocorrem muitas mudanças na anatomia do corpo feminino que alteram diversos sistemas do corpo. Para fins didáticos, as alterações serão divididas por sistemas. Sistema cardiovascular e sistema sanguíneo O sistema cardiovascular começa a ter alterações no primeiro trimestre de gestação com o aumento de volume sanguíneo e do débito cardíaco. O coração hi- pertrofia-se e desvia-se para a frente e para a esquerda. Ocorre aumento plasmático (parte líquida do sangue), que não é acompanhado proporcionalmen- te de aumento de elementos figurados, e isso leva à hemodiluição (anemia fisiológica da gestação). Pela ação da progesterona causando vasodilatação, a pres- são arterial cai, e só vai retornar aos níveis pré-gesta- cionais próximo do parto (REZENDE FILHO, 2022). Sistema Respiratório Pelo crescimento uterino, contra os órgãos internos, a cúpula do diafragma fica elevada e ocorre o alargamen- to do tórax, com isso, o volume de reserva expiratório e o volume residual de ar diminuem em cerca de 20%, em contrapartida, o volume corrente (volume de ar que entra, circula e que sai) aumenta cerca de 30 a 40%, sem alterar a frequência respiratória. 3 3 U N I AS S E LVI Esse processo denomina-se hiperventilação fisiológica da gravidez, que se resolve de 24 a 48 horas pós-parto geralmente (REZENDE FILHO, 2022). Sistema digestório Na gestação, o sistema gastrointestinal fica lentificado, principalmente por fatores hormonais (progesterona). O útero gravídico aumenta a pressão intra-ab- dominal e, somados aos efeitos da progesterona, facilita sintomas, como a pirose. A diminuição de secreção de ácidos gástricos nos dois trimestres iniciais diminui a incidência de úlceras pépticas e melhora as preexistentes. Por causa da atonia do cólon, aumenta a frequência de constipação intestinal. A vesícula fica hipotônica, distendida e mais propensa ao surgimento de cálculos (REZENDE FILHO, 2022). Sistema urinário Os rins deslocam-se em um nível mais acima e, cerca de 90% das mulheres sofrem dilatação fisiológica, que se chama hidronefrose. A bexiga fica distorcida pela com- pressão direta do útero, também ocorre redução da contração vesical, favorecendo in- continência urinária e aumento da frequência miccional (REZENDE FILHO, 2022). Sistema endócrino A mais afetada é a tireoide, que pode ter seu tamanho aumentado em 30% no terceiro trimestre de gestação. O nível do hormônio tireoidiano T4 sofre os efeitos estimuladores da HCG e aumenta em 1,5 vez, até 16 semanas de gestação, depois se estabiliza. Já o TSH (hormônio tireoestimulante) diminui nas primeiras 12 semanas (inibido pelo T4 alto) (REZENDE FILHO, 2022). VOCÊ SABE RESPONDER? Obviamente, a gestação aumenta o peso corporal da mulher, mas você sabe qual o valor esperado desse ganho? 3 3 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 Não é algo padrão para todas as mulheres, dependendo principalmente do peso pré-gestacional, por isso, o Ministério da Saúde estabeleceu parâmetros considerados como ideais para esse aumento (BRASIL, 2021), sendo: Mulheres com baixo peso Devem ganhar cerca de 2,3 kg no primeiro trimestre e 0,5 kg por semana no segundo e terceiro trimestres. Gestantes de peso adequado Com IMC entre 18,5 e 24,9, por volta de 1,6 kg no primeiro trimestre e 0,4 kg por semana nos segundo e terceiro trimestres. Grávidas com sobrepeso Devem ganhar até 0,9 kg no primeiro trimes- tre. As gestantes obesas não necessitam ganhar peso no primeiro trimestre. Nos segundo e ter- ceiro trimestres, as gestantes com sobrepeso e obesas devem ganhar até 0,3 kg por semana e 0,2 kg por semana, respectivamente. DIFERENCIANDO O NORMAL DO PATOLÓGICO As mudanças no organismo da gestante são espe- radas e necessárias para manter a gravidez, nutrir o feto e preparar o canal de parto. Algumas dessas mudanças, principalmente, mas não somente, quan- do associadas a problemas prévios de saúde podem ultrapassar os limites do fisiológico e se tornar um problema de saúde com necessidade de intervenção. 3 3 U N I AS S E LVI A seguir, descreveremos as principais intercorrências na gestação. Infecção do Trato Urinário (ITU) Devido às alterações fisiológicas da gestação no sistema urinário, a gestante fica mais vulnerável a desenvolver Infecção no Trato Urinário (ITU). Na maioria dos casos, o tratamento se dá na atenção primária à saúde, por meio de medi- camentos via oral. Os principais sintomas do quadro são: polaciúria, disúria, dor suprapúbica, se houver sintomas, como febre, dor lombar e outros sintomas sistêmicos deve-se tratar com mais cautela por poder indicar sepse. Hiperêmese gravídica Quadros de náuseas e vômitos na gestação possuem uma alta prevalência cerca de 70 a 80 % e, na maioria, entre as cinco e nove semanas de gestação, porém, casos que evoluem para sintomas mais graves, denominados hiperêmese gra- vídica, ocorrem em 1,1% das gestações (ALBERO et al., 2023). O diagnóstico é clínico e é baseado em sinais e sintomas, como vômitos in- coercíveis, desidratação e desnutrição. Sendo de grande importância o conheci- mento desses sinais e sintomas pelo profissional pré-natalista. O tratamento de casos avançados envolve internação hospitalar para uso de medicamentos antieméticos e hidratação endovenosa, realização de exames e controle do quadro. Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) Também denominada de pré-eclâmpsia, a doença hipertensiva específica da gestação é a doença mais relevante da gravidez, pois é responsável por grande número de mortes. De acordo com estudos recentes, a incidência de pré-eclâmp- sia no mundo varia de 1,5 a 16,7%, sendo maior em países em desenvolvimento (PERAÇOLI et al., 2023). No Caribe e na América Latina, é caracterizada como a principal causa de morte materna (29%). Ela se caracteriza por hipertensão e proteinúria, principalmente na segunda metade da gestação. O diagnóstico pode ser dado por valores de pressão arterial maiores de 140 x 90 mmHg em duas medidas espaçadas no mínimo de 4h, ou 3 3 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 maior que 160 x 100 mmHg em intervalo curto de minutos associada à pro- teinúria (maior que 300 mg/24h), ou na ausência de proteinúria presença de trombocitopenia (plaquetas menor que 100 mil), ou insuficiência renal, ou elevação de enzimas hepáticas. Nas formas graves, na qual instala-se quadros de convulsão, a DHEG passa a ser denominada eclâmpsia. Anemia Por ser fisiológica da gestação, a anemia começa ser prevenida desde o início da gravidez, por meio de orientações sobre alimentação saudável, triagem laboratorial e a suplementação de sulfato ferroso para todas as gestantes da vigésima semana de gestação até o terceiro meses pós-parto (BRASIL, 2013). Quando os níveis de hemoglobina ficam menores de 11g/L, a dose de sulfato ferroso é ajustada até que a gestante atinja níveis aceitáveis de hemo- globina, de forma a prevenir intercorrências sérias tanto na gestação quanto no parto. Diabetes mellitus gestacional O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é caracterizado como a hiper- glicemia detectada pela primeira vez na gestação, mas com níveis menores (maior que 92 mg/dl em jejum) do que seria considerado diabetes se fosse fora do período gestacional (maior de 100 mg/dl em jejum) (REZENDE FILHO, 2022). DMG origina-se da falta de reserva pancreática para aumentar a pro- dução de insulina para atender às necessidades fisiológicas da gestação. Os principais fatores de risco para o DMG são: sobrepeso/obesidade, sín- drome de ovários policísticos, multiparidade, fatores genéticos e hábitos alimentares não saudáveis. O diagnóstico é realizado por meio de exame de sangue no primeiro e segundo trimestre da gestação e o tratamen- O tratamento to depende do grau de hiperglicemia, variando depende do grau de desde mudanças da alimentação até necessidade hiperglicemia de insulinas. 3 3 U N I AS S E LVI MODIFICAÇÕES PSICOLÓGICAS DA GESTAÇÃO Além das mudanças físicas da gravidez, ocorrem tam- bém alterações psíquicas na mulher. Por mais rotulada de “tranquila” que seja, a gestação vai desencadear em menor ou maior proporção sentimentos, como medo, angústia, preocupação, além de causar instabilidade de humor, sonolência, apatia (MELO; LIMA, 2000). E U IN D ICO O vídeo a seguir descreve de forma breve e de fácil compreensão alguns aspectos relacionados às alterações psicológicas da gestação, não deixe de assistir para complementar seu aprendizado: A psicologia da gravidez. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. Um dos sentimentos mais recorrentes é o medo. Mu- danças corporais, receio de não voltar ao peso antes da gestação, estrias, cicatrizes que causam pensamentos de baixa autoestima, insegurança no relacionamento, perda de sua identidade e não ser a mesma mulher que antes. Outra queixa comum é a diminuição da libido por receio de que ter relações sexuais pode ferir o bebê e por alterações corporais que causam estranheza na mulher com seu próprio corpo. A ansiedade do parto também é bastante comum, muitas se preocupam com a dor, com o período expul- sivo se será parto normal, fórceps ou ainda se necessá- rio cesárea, quais serão os profissionais que irão atender nesse momento e como irão lidar com ela, a ansiedade 3 3 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2 de ver o bebê, o medo da internação, pois, para muitas, é a primeira vez que estão sendo internadas, e medo de coisas graves, como intercorrências e a própria morte. Mulheres com depressão, ansiedade e outros trans- tornos mentais, como o Transtorno Obsessivo Com- pulsivo (TOC) podem ter o estado de saúde mental mais prejudicado quando associado aos fatores estres- sores da gravidez. O suicídio e o infanticídio são as consequências mais graves desses transtornos, demonstrando a importân- cia de o profissional que atende a gestante no pré-natal notar a diferença entre o normal e o patológico, a fim de encaminhar para tratamentos específicos, como psi- coterapia e farmacoterapia. Mulheres previamente com transtornos mentais pos- suem fatores de risco para desenvolver diversas complica- ções na gestação, merecendo atenção e vigilância da equipe de saúde, sendo, em muitos casos, atendidas por equipe multiprofissional (psiquiatra, psicólogo, ginecologista, en- fermeiro, dentista), a fim de melhor manejo do quadro. Adolescentes, mulheres que não aceitam a gestação e as com baixo apoio social também possuem fatores de risco para depressão e outros transtornos, principalmen- te por medo de não conseguirem alcançar seus objetivos pessoais e profissionais em razão da maternidade. Gestantes com tristeza profunda, anedonia, preo- cupação e ansiedade que atrapalha suas atividades de vida diária, as que verbalizam que estariam melhor se morressem, com grau de incapacidade para fazer coisas simples sozinhas ou que ficam maior parte do tempo isoladas apresentam sinais de gravidade para desfechos adversos, demandando maior atenção dos profissionais que as atendem. Sendo necessário acompanhamento multiprofissional com equipe especializada em saúde mental concomitantemente ao atendimento obstétrico. 4 4 U N I AS S E LVI NOVOS DESAFIOS Entender as principais mudanças fisiológicas e psicológicas do período gestacio- nal é imprescindível para os profissionais da saúde, tanto para ter bases científicas para atender as mulheres quanto para orientá-las e orientar seus familiares. O profissional que atende gestantes, além do conhecimento clínico e obstétri- co, necessita entender o sistema biopsicossocial que a pessoa está inserida, seus desejos, planos e como a gravidez está encaixada nisso tudo. Atender a mulher no ciclo gravídico puerperal é uma tarefa muito praze- rosa, que possibilita a criação de vínculo com ela e sua rede de apoio, além de ter um leque de possibilidades de atuação, sendo umas das áreas com grande interesse dos profissionais da saúde. Na Atenção Primária à Saúde (APS), os profissionais realizam a coorde- nação do cuidado da gestante dentro da rede de atenção à saúde, desenvolvem o pré-natal de baixo risco e, quando necessário, encaminham para os demais níveis de atenção. Na rede secundária e terciária, os profissionais assumem o pré-natal de ris- co, e é aqui que acontece o parto dentro do SUS. Para atuar nesses serviços, geralmente é preferível a contratação de profissionais com especialização em enfermagem obstétrica, mas não é uma regra. Outra possibilidade de trabalho, geralmente em serviços particulares, são as casas de parto, que atendem gestantes de baixo risco desde o pré-natal, prepa- rando-as para o parto natural fora do ambiente hospitalar, sendo este dentro da própria casa de parto, acompanhado pelas enfermeiras obstétricas, obstetrizes e técnicos de enfermagem. É muito importante citar que o parto normal é o parto fisiológico e, quando não há situações de riscos que demandem a cesariana, a via melhor para saúde da mãe e do bebê é a via vaginal. Cabe aos profissionais apoiarem a gestante na escolha da via de parto, orientar os benefícios e riscos, ajudar na programação do plano de parto, utilizando do período pré- natal para isso, tanto por meio de consultas quanto em forma de grupos de gestantes. 4 4 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL MINHAS METAS Descrever a importância do pré-natal. Diferenciar o pré-natal de baixo risco e de alto risco. Descrever os conceitos teóricos do processo de enfermagem. Detalhar as fases da consulta de enfermagem. Descrever a atuação do enfermeiro no pré-natal de baixo risco. Detalhar o exame físico obstétrico. Informar a legislação do Cofen sobre as consultas de enfermagem. 4 4 U N I AS S E LVI INICIE SUA JORNADA O período gestacional vem acompanhado de muitas mudanças na vida das mu- lheres, suas parcerias, familiares e de pessoas do círculo social. Tais mudanças são encaradas de diferentes formas por cada pessoa e demandam bastante ener- gia física e mental. A gestante, além de experimentar alterações no corpo e na mente, desde o início da gravidez se preocupa e anseia em ter todas as informações necessárias para que o pré-natal, parto e puerpério ocorram de maneira mais segura para ela e para o bebê. O período do pré-natal é cheio de novidades, informações e curiosidades. Nessa fase, a mulher fica mais vulnerável às informações que encontra e tende a dar grande importância a experiências de outras gestantes e de mulheres que já deram à luz anteriormente. Mãe, irmãs, tias, amigas são as que geralmente compartilham suas experiências para acalentar e apoiar. Além de todas as informações provenientes do círculo social e da sabedoria popular, vivemos atualmente com rápido acesso a qualquer tipo de conteúdo por meio da internet. O acesso rápido à informação é um grande aliado na área da saúde e, quando usado da maneira correta, ajuda muitas pessoas de forma prática, acessível e segura. Bases de dados confiáveis de estudos e sites oficiais de organizações sérias despendem grande número de orientações e informações que, quando interpre- tadas corretamente, auxiliam os profissionais na atualização da prática clínica. Devido à velocidade das informações e presença de informações falsas, ou até mesmo verdadeiras, mas que não se aplicam a todos da mesma forma, é imprescindível que os profissionais da saúde estejam sempre engajados nas evidências científicas atuais, visando prover o melhor cuidado às pessoas. É importante refletir sobre como buscamos as informações, as interpretamos e repassamos para os usuários, levando sempre em conta o contexto social que estão inseridos, seus valores e crenças. 4 4 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 P L AY N O CO NHEC I M ENTO Uma das atribuições do pré-natal é preparar a mulher para o parto e, para isso, é muito importante lançarmos mão de uma ferramenta chamada Plano de Parto, que deve ser construída pela gestante com apoio dos pré-natalistas. Neste pod- cast, vamos falar sobre o que é e como pode ser construído o plano de parto. Va- mos lá. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. VAMOS RECORDAR? Antes de falarmos sobre a consulta de enfermagem, é essencial que recordemos como se dá o processo de enfermagem, definido por Wanda Horta (1979 apud SILVA; SILVA; GONZAGA, 2017, p. 594), como “a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando à assistência ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos”. Por meio da Resolução nº 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), tornou-se obrigatório a implementação do processo de enfermagem em todas as unidades que ocorrem cuidados de enfermagem. Para aumentar sua competência sobre o processo de enfermagem e subsidiar sua prática profissional, acesse o documento a seguir com destaque ao Capítulo 3: Processo de enfermagem. Bons estudos! 4 4 U N I AS S E LVI DESENVOLVA SEU POTENCIAL A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL A realização do pré-natal (PN) é fundamental para prevenção de agravos, pro- moção da saúde materna e fetal, diagnóstico precoce de doenças preexistentes e gestacionais (REZENDE FILHO, 2022). A captação precoce de gestantes para início das consultas é essencial para garantir o sucesso do pré-natal, atualmente, recomenda-se que seja iniciado antes de 12 semanas de gravidez. Pode-se elencar, de forma didática, quatro objetivos principais do pré-natal, sendo eles: Identificar precocemente e tratar adequadamente complicações da ges- tação. Promover a saúde do bem-estar da mãe e do feto. Favorecer o vínculo da mãe e da família com o bebê. Preparação do parto. Aos profissionais, além da incumbência de realização das consultas e gestão do cuidado, também cabe iniciar precocemente o PN e estimular que seja realiza- do de forma assídua, para isso, é muito importante fortalecer o vínculo com as usuárias por meio da escuta ativa e do acolhimento. A CONSULTA DE PRÉ-NATAL POR ENFERMEIROS Conforme o Coren (2021), o enfermeiro é o profissional apto para atender con- sultas de pré-natal no âmbito da atenção primária à saúde em gestação de baixo risco intercalada com a presença do médico. O enfermeiro também solicita exa- mes, realiza testes rápidos, prescreve medicamentos padronizados em protocolos, detecta casos de alto risco e prioriza atendimento especializado nesses casos, além de fazer e orientar a busca ativa de gestantes faltosas. 4 4 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 A rotina de consultas das gestantes deve ser mensal, até 28 semanas, quinzenal, de 28 a 36 semanas, e semanal, de 36 semanas até o parto. A prática da enfermagem na consulta de pré-natal é padronizada de acordo com a Sistematização da Assistência da Enfermagem (SAE). A SAE é composta por cinco fases, sendo: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfermagem, implementação e avaliação. COLETA DE DADOS A coleta de dados é a primeira fase da SAE e tem por objetivo colher dados da gestante, parcerias, família e ambiente. A coleta de dados se dá por meio da anamnese e do exame físico. Anamnese A anamnese, ou entrevista/histórico, é a parte da consulta em que se colhe a his- tória clínica da gestante, além dos dados sociodemográficos sobre idade, estado civil, endereço, cor, trabalho, profissão, escolaridade, entre outros, nessa fase, é importante perguntar sobre: Data da Última Menstruação (DUM). Paridade e intercorrências em gestações anteriores. Patologias prévias. Antecedentes pessoais ou familiares de doenças hereditárias/malforma- ções e gemelaridade. Uso de medicamentos contínuos. Intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas. Alergias. Atividade sexual. Uso de tabaco, álcool ou outras drogas. Histórico vacinal. História de violências. 5 5 U N I AS S E LVI Cálculo da idade gestacional Para entender qual trimestre da gestação a mulher está, é necessário calcular a Idade Gestacional (IG). Para o cálculo da IG, precisamos que a mulher nos informe a Data da Última Menstruação (DUM). Se por acaso a mulher não souber exatamente qual a DUM, mas souber de forma aproximada, para fins de cálculo, podemos estipular a DUM da seguinte forma: se o primeiro dia da menstruação foi no início do mês, consideramos dia 5, se for a metade do mês, dia 15 e, se for próximo ao final do mês, aproximamos para dia 25. CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL Data da consulta: 10/10/2023 DUM: 1º/7/2023 Total de dias de 1º/7 a 10/10: 100 dias Portanto, dividimos 100 por 7 para ter o resultado em semanas: Cálculo da Idade Gestacional: Quadro 1 – Cálculo da idade gestacional / Fonte: a autora. Para calcular a IG, basta somar os dias desde a DUM até a data da consulta e di- vidir por sete (correspondendo a 7 dias = 1 semana) e os números que sobrarem na divisão são os dias. Como demonstrado no Quadro 1. Cálculo da data provável do parto A Data Provável do Parto (DPP) é calculada pela Regra de Naegele, que consiste em acrescentar sete dias, subtrair três meses e aumentar um ano (ou acrescentar nove meses, se for janeiro/fevereiro e março) na DUM. O Quadro 2 ilustra a Regra de Naegele. 5 5 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 CÁLCULO DA DPP – REGRA DE NAEGELE DUM: 1º/7/2023 +7/ -3 / +1 DPP: 8/4/2024 Quadro 2 – Cálculo da DPP – Regra de Naegele / Fonte: a autora. Vacinação na gestação Na primeira consulta de pré-natal, é de suma importância que seja checado pelos profissionais as vacinas da mulher. As vacinas preconizadas pelo Ministério da Saúde para as gestantes são (BRASIL, 2022): A vacina dupla – adulto acelular (dTpa) deve ser recebida por todas as gestantes a partir de 20 semanas de gravidez e a cada gestação. Vacina Influenza anual. Vacina dupla adulto (dt), para casos de esquema incompleto, ou sem in- formação vacinal é necessário aplicar na gestação. Vacina Hepatite B – para gestantes em qualquer idade gestacional, é im- portante administrar três doses (0, 1 e 6 meses) da vacina hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior, Vacina Covid-19 – é recomendada a aplicação dessa vacina em qualquer idade gestacional para todas as gestantes e mulheres no puerpério (até 42 dias após o parto). EXAME FÍSICO O exame físico é a segunda fase da coleta de dados para a gestante, além do exame físico geral, contempla também a avaliação obstétrica. A seguir, o Quadro 3 ilustra um modelo de roteiro de exame físico da mulher, que pode ser usado para guiar o profissional na consulta de pré-natal. 5 5 U N I AS S E LVI EXAME FÍSICO GERAL EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO Sinais vitais: frequência cardíaca, fre- Palpação obstétrica; quência respiratória, temperatura axilar, Medida e avaliação da altura uterina; pressão arterial. Ausculta dos batimentos cardiofetais (a Inspeção da pele e das mucosas: aten- partir de 12 semanas); tando para os cloasmas, estrias, edemas, Registro dos movimentos fetais; linha nigrans. Exame clínico das mamas; Palpação da tireoide, região cervical, Exame ginecológico (inspeção dos supraclavicular e axilar para pesquisa de genitais externos, na primeira consulta nódulos ou outras anormalidades. e depois se necessário. Ausculta cardíaca e pulmonar Exame especular - se necessário. Exame do abdome: presença de cicatri- Coleta de material para exame colpo zes, ou anormalidades. citopatológico (se estiver no período Exame dos membros inferiores. da coleta) - aproveitar a gestação para Determinação do peso, altura e IMC. colocar a prevenção de câncer colo Avaliação do estado nutricional e do ga- útero em dia. nho de peso gestacional. Quadro 3 – Roteiro de exame físico da gestante / Fonte: adaptado de Santos et al. (2022). Medida da altura uterina A medida da Altura Uterina (AU) deve ser realizada em todas as consultas de pré-natal, principalmente a partir de 12 semanas, quando se espera que o útero seja palpável na sínfise púbica. A partir de 20 semanas, o valor da AU em centí- metros geralmente corresponde às semanas de gestação. Para aferir a AU, é necessário que a gestante fique em decúbito dorsal e ex- ponha abdômen, de forma confortável. O profissional deve posicionar o início da fita métrica na sínfise púbica, segurando-a com uma das mãos e a deslizando 5 5 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 suavemente sobre o abdômen da gestante, posicionando-a na vertical e alinhada com o umbigo. Importante verificar se a fita métrica está reta e não torcida. Com a fita métrica posicionada corretamente, deve ser feita uma leve pressão sobre o abdômen para identificar o ponto mais alto do útero, esse ponto deve ser marcado com a fita métrica e seu valor em cm é a AU. A Figura 1 demonstra a técnica de aferição da altura uterina. Figura 1 – Medida da Altura Uterina em gestante / Fonte: https://moodle.unasus.gov.br/vitrine29/pluginfile. php/10504/mod_resource/content/3/und1/15.html. Acesso em: 29 nov. 2023. Descrição da Imagem: gravura de abdômen gravídico e decúbito dorsal em corte sagital, mostrando a posição de um feto no útero materno e externo ao abdômen, uma fita métrica amarela é segurada por duas mãos, demonstrando a avaliação de altura uterina. Na imagem, o útero está representado em tons rosa-claro e bege. Fim da descrição. Palpação obstétrica A palpação obstétrica é a parte do exame físico que o profissional irá avaliar a situação e a apresentação fetal e determinar os polos cefálico e pélvico. A palpação é ideal ser feita antes da medida da altura uterina e da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, uma vez que sabendo onde se localiza o dorso fetal, encontra-se o local de ausculta cardíaca. 5 5 U N I AS S E LVI As manobras de palpação obstétrica são denominadas também como manobras de Leopold e possuem quatro tempos. TEMPO 1 Delimitar o fundo uterino. TEMPO 2 Deslizar as mãos em direção às laterais do abdômen, procurando identificar o dorso fetal e as partes moles (mãos e pés). TEMPO 3 Palpação do polo que se apresenta no canal de parto da mulher (pélvico ou cefálico). TEMPO 4 Delimitar quão penetrado está o polo encontrado na Fase 3 no estreito superior da bacia. A Figura 2 representa os quatro tempos da manobra de Leopold. 5 5 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 Figura 2 – Manobras de Leopold / Fonte: Calife, Lago e Lavras (2010, p. 83) Descrição da Imagem: quatro figuras de corpo gravídico com representação do feto em posição cefálica, de- monstrando respectivamente os quatro momentos da manobra de Leopold. Primeira figura: mãos do examinador no fundo uterino. Segunda figura: mãos do examinador sugerem que ele está posicionado ao lado da gestante e palpa as laterais do abdômen. Terceira figura: mão direita do examinador em região de sínfise púbica. Quarta figura: mãos do examinador nas laterais do abdômen, mas, diferente da Figura 2, a posição das mãos sugerem que o examinador está na cabeceira da paciente. Fim da descrição. 5 5 U N I AS S E LVI Ausculta dos batimentos cardíacos fetais Após a palpação obstétrica e a mensuração e medida da altura uterina, reali- za-se a ausculta dos Batimentos Cardíacos Fetais (BCF). Tal ausculta pode ser realizada a partir de 12 semanas de gravidez e tem por objetivo verificar a presença de BCF e sua frequência, sendo a faixa de normalidade de 110 a 160 bcf/min (REZENDE FILHO, 2022). Para esse procedimento, é necessário um aparelho de sonar Doppler e gel de ultrassom. Na ausência do sonar Doppler, pode-se realizar a ausculta com o pinard, porém o uso deste é recomendado somente a partir de 20 semanas de gestação. Importante lembrar que o sonar Doppler é considerado padrão-ouro na avaliação dos batimentos cardíacos fetais. AP RO F U NDA NDO Após higiene das mãos e explicação do procedimento à gestante e ao acompa- nhante, se houver, deve-se aplicar gel de ultrassom na localização do dorso fetal (já encontrado anteriormente na palpação) e, por meio do sonar, procurar o som dos batimentos fetais. É importante garantir que o som escutado não seja da mãe, por isso, deve ser checado paralelamente o pulso materno. Após encontrado o local de ausculta, conte os batimentos por um minuto e anote na caderneta da gestante. Exames complementares Geralmente, nos serviços de saúde de atenção primária, a primeira consul- ta de pré-natal é realizada com o profissional enfermeiro. Nessa consulta, são solicitados os principais exames do primeiro trimestre, a fim de garantir diagnós- tico precoce de anormalidades da saúde materna e fetal e manutenção da saúde. A seguir, serão descritos os exames solicitados na primeira consulta de pré-natal, que podem variar de acordo com protocolos institucionais. 5 5 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 Hemograma. Glicemia de jejum. Tipagem sanguínea (se RH negativo, pedir coombs indireto). Sorologias: HIV, Sífilis, Hepatite B e C e Toxoplasmose. Urina: rotina e cultura. Parasitológico de fezes. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Os Diagnósticos de Enfermagem (DE) compreendem a segunda fase da sis- tematização da assistência de enfermagem à gestante. Pode ser usada a nomenclatura Nanda International para os diagnósticos, prescrições e avaliação, ou a Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva, desenvolvida pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN). Após a coleta de dados e o exame físico, o enfermeiro, por meio do racio- cínio e julgamento clínico, elencará os principais diagnósticos de enfermagem e realizará prescrições em direção a eles. Dessa forma, não há uma lista fixa de diagnósticos de enfermagem na gestação, mas pode-se elencar os mais comuns pela Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC) (ALBUQUERQUE; CUBAS, 2005), sendo: 1. Risco para aborto. 2. Gravidez indesejada. 3. Gestação/1º trimestre normal. 4. Gestação/2º trimestre normal. 5. Gestação/3º trimestre normal. E U IN D ICO Saber onde buscar informações confiáveis para atualização profissional e desenvolvimento da prática clínica nem sempre é uma tarefa fácil. Para nos auxiliar, o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), uma organização ligada à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), possui um recurso denominado Segunda Opinião Formativa (SOF), que auxilia aos profissionais em suas dúvidas, de forma rápida e totalmente on-line. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 5 5 U N I AS S E LVI PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM É importante que o enfermeiro faça as prescrições essenciais para as condições detectadas na coleta de dados e exame físico, as próprias classificações (Nanda ou CIPESC) trazem prescrições de enfermagem padronizadas para cada diagnóstico. A prescrição de ácido fólico, caso ainda a gestante não faça uso, também é de extrema importância, levando em conta a formação do tubo neural do bebê. A seguir, no Quadro 4, descrevemos as principais prescrições de enfermagem realizadas nas consultas de pré-natal, conforme Albuquerque e Cubas (2005). 5 5 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 DIAGNÓSTICO DE PRESCRIÇÕES ENFERMAGEM Acolher a gestante conforme suas necessidades. Aconselhar o pré-teste. Avaliar história reprodutiva anterior. Enfatizar a importância do pré-natal. Entregar pasta de gestante com orientação dos conteú- dos educativos e explicação do programa. Envolver a família/pessoa significativa nos cuidados. Estimular confiança no atendimento prestado. Gestação /1.º trimestre Normal Orientar cuidados com as mamas. Orientar dieta alimentar em quantidade, frequência e qualidade. Orientar sobre atividade sexual na gestação. Pesquisar doenças intercorrentes e indicadores de risco. Realizar avaliação clínico-obstétrica. Realizar esquema vacinal. Solicitar exames conforme o protocolo. Quadro 4 – Prescrições de enfermagem com base na CIPESC / Fonte: adaptado Albuquerque e Cubas (2005). 6 6 U N I AS S E LVI Além das prescrições padronizadas, é de extrema importância orientar a gestante quanto à prevenção de toxoplasmose, arboviroses e Covid-19. IMPLEMENTAÇÃO A implementação é a fase prática de realização das prescrições de enfermagem. Caracteriza-se pelas ações, ou seja, quando são feitas as orientações, solicitados os exames, prescritos os medicamentos e dados os encaminhamentos necessários. AVALIAÇÃO A avaliação de enfermagem é um processo contínuo cujo objetivo é verificar a efetividade das ações realizadas, se os efeitos obtidos correspondem aos efeitos esperados, quais variáveis afetam os resultados esperados e se há necessidade de readequação do plano inicial, bem como manutenção ou modificação dos diagnósticos e prescrições. Até agora, falamos sobre o atendimento do enfermeiro no pré-natal de bai- xo risco e suas implicações para a prática, mas você sabe o que caracteriza um pré-natal de alto risco? Presença de fatores que afetem de forma desfavorável a saúde materna ou fetal em maiores chances que a média da população tornam a gestação de risco. A P RO F UNDA NDO Os principais fatores de risco de complicações na gestação podem ser divididos em fatores pessoais, como idade acima de 35 anos ou menor de 15, sobrepeso ou magreza, uso de álcool, tabaco e drogas, analfabetismo. Fatores reprodutivos como abortamentos prévios, história de doença hipertensiva gestacional, diabete gestacional e cirurgias uterinas prévias. Fatores clínicos prévios: (HAS), cardiopa- tias, hemopatias e neoplasias. 6 6 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3 Há também complicações que ocorrem no decorrer da gravidez que a tornam de alto risco, a exemplo: hemorragias, ganho de peso inadequado, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, diabete gestacional, aloimunização, amniorrexe prematura, doenças infectocontagio- sas diagnosticadas na gestação como toxoplasmose, rubéola (BRASIL, 2010). A apropriação desses fatores e saber reconhecê-los é de extrema importância para que o atendimento pré-natal seja mais bem direcionado dentro da rede de atenção à saúde, sendo que alguns fatores de risco, se presentes, não necessitam de encaminhamento ao serviço terciário e podem ser abordados na atenção primária. E M FO CO Gostou do que discutimos até aqui? Tenho mais para conversar com você a respei- to deste tema. Vamos lá. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. NOVOS DESAFIOS No cotidiano do trabalho do enfermeiro, a consulta de enferma- gem é uma das atribuições que lhe são privativas e que elevam o grau de autonomia desse profissional. Participar ativamente do cuidado em saúde e traçar os caminhos do usuário dentro do sis- tema é uma tarefa complexa, que exige, além de conhecimento, muita confiança para orientar tanto os usuários quanto os demais profissionais da equipe. O trabalho do enfermeiro na linha de cuidado do pré-natal é uma grande oportunidade de desenvolvimento profissional e pes- soal, que exige muito conhecimento técnico-científico, mas que re- tribui com muita satisfação e crescimento profissional. As oportunidades de trabalho são inúmeras, passando pela atenção primária, desenvolvendo consultas nas Unidades Básicas de Saúde, na atenção secundária, nos ambulatórios de obstetrícia e na atenção de nível terciário dentro de grandes centros onde são realizadas a maioria dos pré-natais de alto risco. 6 6 U N I AS S E LVI Enfermeiros vêm se desenvolvendo na área de empreendedorismo, abrindo suas próprias clínicas de enfermagem, assim, podem desenvolver as suas consultas de pré-natal com todo respaldo legal. Para finalizar, um atendimento de excelência à gestante no período do pré-natal é um dos pilares para o sucesso para a promoção de saúde materno infantil e o enfermeiro é profissional essencial na composição da equipe multiprofissional. 6 6 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PERÍODOS CLÍNICOS DO PARTO NATURAL E OPERATÓRIO MINHAS METAS Descrever o parto natural. Discorrer sobre o parto natural e seus benefícios. Descrever a atuação de enfermagem no parto natural humanizado. Descrever o parto cesárea. Apresentar as indicações do parto cesárea. Descrever a atuação de enfermagem no parto cesariana. Trazer a legislação vigente sobre a via de parto pela escolha da mulher. 7 7 U N I AS S E LVI INICIE SUA JORNADA O momento mais esperado, aquele que causa ansiedade, medos e preocupações, para o qual a gestante se preparou todos esses meses de pré-natal, fez exames, tomou vacinas e medicamentos, enfim, é a hora do tão aguardado parto. Corre, pega a bolsa de roupas, chama o acompanhante e se dirige para a maternidade. Na maternidade, conta que estourou a bolsa e que está sentindo contrações, está preocupada, mas sente-se aliviada, pois está no hospital e agora será atendida por uma equipe que se especializou para trabalhar em momentos como esse. Na triagem, é recebida pela enfermeira, com um sorriso no rosto, que começa a entrevista e, enquanto conversa, pede para ela se deitar para ouvir os batimentos fetais, orienta que está tudo bem, coloca uma pulseira de identificação, entrega a camisola, e direciona ao pré-parto, são feitas mais algumas perguntas, oferecidas terapias não farmacológicas para alívio de dor, ela aceita, tudo corre bem e, agora, em questão de tempo, estará com o bebê no colo. Menciona que gostou na equipe e que se sente acolhida e segura, está bem feliz e tranquila, apesar de saber que irá sentir dor também, sabe que pode contar com as pessoas que a estão atendendo, o melhor vai ser feito. Esse breve relato, infelizmente, não é a realidade de todas as gestantes, muitas não recebem essa acolhida, não se sentem seguras. Pesquisas demonstram que a enfermagem tem papel primordial para esclarecer as fases do parto e os direitos da mulher e que, por meio desse conhecimento, elas se tornam ativas no processo, sentem menos dúvidas e medos e sabem realizar seus pedidos de forma assertiva. A assistência ao parto é uma atividade multiprofissional e, para acontecer de forma humanizada e segura, necessita que todos os A assistência ao parto membros da equipe trabalhem com o mesmo propó- é uma atividade sito. Por mais que a equipe de enfermagem tenha suas multiprofissional competências amplas nesse processo, contam com o preparo e capacitação das demais categorias para que o parto aconteça efetivamente da forma planejada. Em qual tipo de equipe você gostaria de atuar? Promovendo a melhor experiên- cia de parto possível ou trabalhando de forma fragmentada, apenas com preocupa- ção do contexto biológico isolado do psíquico-social? Pense nisso, os profissionais que estão se formando hoje serão o futuro da assistência dos próximos anos. 7 7 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4 P L AY N O CO NHEC I M ENTO Toda gestante tem direito ao parto humanizado. Muito se fala sobre ele no meio acadêmico, profissional e entre a população leiga, mas o que é realmente o parto humanizado e como a enfermagem pode atuar na promoção de conforto e bem- -estar nesse momento? Para saber mais sobre isso, não deixe de ouvir o podcast desta aula, em que falaremos sobre o papel da enfermagem no parto humaniza- do. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem VAMOS RECORDAR? Do ponto de vista fisiológico, sabemos que, se não for contraindicada, a via de parto mais benéfica para a mulher é a via vaginal, cabe aos profissionais orientarem a gestante sobre seus benefícios e riscos, bem como os do parto cesariana. No Brasil, atualmente, corre pela câmara dos deputados um projeto de lei que dividiu opiniões por deixar para a gestante o direito de escolha da via de parto. Para saber mais sobre o projeto de Lei nº 768/2021. Lembrando que, em alguns estados, já existem leis próprias que preveem o direito de escolha para a gestante. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. DESENVOLVA SEU POTENCIAL OS ESTÁGIOS DO TRABALHO DE PARTO A assistência de excelência nos três períodos do trabalho de parto é essencial para a saúde física e emocional, tanto da mãe quanto do bebê. Segundo a Organiza- ção Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2018), aproximadamente 830 mulheres morrem todos os dias no mundo por complicações da gravidez e do parto. A maioria dessas mortes pode ser prevenida com cuidados de alta qualidade nesse período, para isso, é necessário atualização constante da equipe que assiste essas mulheres (WHO, 2018). 7 7 U N I AS S E LVI O trabalho de parto pode ser dividido em três estágios, mas há, também, o quarto estágio, que diz respeito à primeira hora após o parto. Os três estágios são: 1. Primeiro estágio: que se divide em latente e ativo. 2. Segundo estágio: dilatação cervical total até o nascimento. 3. Terceiro estágio: expulsão da placenta. 7 7 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4 Primeiro estágio O primeiro estágio do trabalho de parto na sua fase ativa tem uma duração média de 12 horas em nulíparas e de 10 horas em multíparas, enquanto a fase latente não tem um consenso sobre sua duração, podendo variar de mulher para mulher (REZENDE FILHO, 2022). O primeiro estágio latente pode ser definido como o período caracteri- zado por contrações uterinas dolorosas e alterações variáveis do ​​ colo do útero, incluindo algum grau de eficácia e progressão mais lenta de dilatação de até 5 cm para o primeiro parto e os subsequentes. O primeiro estágio ativo é um período caracterizado por contrações uterinas dolorosas regulares, um grau substancial de apagamento cervical (“afinamento do colo”) e dilatação cervical mais rápida, e de 5 cm até a dilatação total para o primeiro parto e os subsequentes. Para gestantes com início de trabalho de parto espontâneo, o colo do útero tem, em geral, taxa de dilatação de 1 cm/hora durante o primeiro estágio ativo Segundo estágio O segundo estágio do trabalho de parto dura em média menos de duas horas em multíparas e por volta de três horas em nulíparas. Ele compreende desde a dilatação cervical completa até o nascimento do bebê. Nesse período, a mulher possui desejo involuntário de realizar pressão para a expulsão e deve ser encora- jada a seguir o seu próprio desejo de “empurrar”. Conforme o feto desce para a pelve, ele passa por diversas mudanças, o que chamamos de mecanismos de parto ou movimentos cardinais, que possibi- litam essa passagem com a menor resistência possível. Terceiro estágio O terceiro período de parto inicia-se após a expulsão do feto e termina com o desprendimento da placenta, que tem duração média de 30 minutos. Nesse período, o risco de hemorragia é grande e, por isso, algumas medidas são necessárias. Após o nascimento, o útero continua contraindo de modo a realizar 7 7 U N I AS S E LVI o manejo expectante da placenta, ou seja, aquele realizado de forma espontânea sem intervenção farmacológica ou mecânica (BEGLEY et al., 2019). QUARTO ESTÁGIO Também conhecido como período de Greenberg, inclui a primeira hora após o parto, durante esse período, ocorrem: 1. Miotamponamento: que é a retração e o fechamento dos vasos sanguí- neos para evitar hemorragia. 2. Trombotamponamento: formação de trombos nos grandes vasos ute- roplacentários, constituindo hematoma intrauterino que recobre a ferida aberta no sítio placentário. 3. Globo de segurança de Pinard: ocorre imediatamente após a saída da placenta, o útero contrai e é palpável, sendo um importante sinal de su- cesso na contração uterina para prevenir hemorragias. MECANISMOS DE PARTO Na figura 1, é retratado os períodos mecânicos do parto natural. Para fins didá- ticos, esses períodos podem ser divididos em: a) Insinuação. b) Descida. c) Rotação interna. d) Desprendimento da cabeça. e) Rotação externa. f) Desprendimento das espáduas (nascimento de ombros e corpo). Após o nascimento, no terceiro período, ilustra-se: a) Início do desprendimento da placenta. b) Desprendimento placentário e contração uterina. 7 7 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4 Figura 1 – Mecanismos de parto / Fonte: https://nursekey.com/6-nursing-care-of-mother-and-infant-du- ring-labor-and-birth/. Acesso em: 29 nov. 2023. Descrição da Imagem: foto colorida com oito imagens em tons bege no abdômen materno, lilás no feto, roxo no cordão e azul na placenta, sendo imagem A: insinuação; B, descida; C, rotação interna; D, desprendimento da cabe- ça; E, rotação externa, nascimento de ombros e corpo; F, começa a separação da placenta; G, separação completa da placenta da parede uterina; e H, a placenta é expelida e o útero se contrai. Fim da descrição. 7 7 U N I AS S E LVI A P RO F UNDA NDO Estática fetal Por meio do exame físico, o enfermeiro avalia a posição do feto no trabalho de parto, sendo essa avaliação dividida em: Atitude: postura assumida pelo feto, na relação das partes fetais entre si. A ati- tude fetal normal é de flexão generalizada que é assumida principalmente após a insinuação. Situação: relação entre o maior eixo materno e fetal: longitudinal, transversal e oblíqua. Posição feta: localizar a posição do dorso fetal, sendo à direita ou à esquerda. Apresentação: parte fetal que tende a se exteriorizar primeiro por meio do canal do parto: cefálica, pélvica e espádua. E U IN D ICO Para entender a estática fetal de forma ilustrativa, assista a este vídeo, é rapidinho e fará diferença no seu aprendizado!. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO NATURAL O enfermeiro é um profissional dotado de conhecimentos e habilidades neces- sárias para o acompanhamento do parto natural. O exercício profissional do enfermeiro na assistência à gestante e á parturiente é garantido pela Resolução Cofen nº 0477, de 2015. Estudos mostram que partos assistidos por enfermeiros e enfermeiros obs- tetras são de menor risco de analgesia, de episiotomia, de parto instrumental e com maior chance de partos espontâneos (BARROS et al., 2022). A assistência de enfermagem à parturiente pretende o atendimento humanizado e acolhedor, pau- tados em conhecimentos científicos e habilidades técnicas e livre de iatrogenias. 7 7 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4 A seguir, descreveremos, no Quadro 1, as melhores práticas recomendadas pela OMS (WHO, 2018) na assistência nos períodos clínicos do parto e qual papel da enfermagem em cada período. PERÍODO AÇÕES RECOMENDADAS ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 1) Cuidados de materni- dade respeitosos a todas Acolhimento da gestante em as mulheres de uma for- todas as fases do trabalho de ma que mantenha a sua parto, integrando o acompa- dignidade, privacidade e nhante no processo de nasci- confidencialidade, livre mento, permitindo atividades Todos os períodos de danos e maus tratos. de bem-estar, com respeito, 2) Comunicação efi- ética e empatia. Explicando caz entre a equipe e a previamente os procedimentos parturiente e familiares antes de realizar e orientando e presença de acompa- sobre os achados encontrados. nhante. Admissão no paciente no 1) Ausculta de batimen- serviço de saúde: realizar o tos cardíacos fetais com processo de enfermagem em ultrassom doppler ou todas as suas fases, incluindo o pinard. exame físico obstétrico minu- cioso e anotar em prontuário. 2) Toque vaginal com intervalo de quatro horas em mulheres de baixo Primeiro período risco. Ausculta dos BCFs a cada 30 3) Analgesia peridural e minutos. parenteral para gestantes Avaliar contrações a cada uma saudáveis para alívio da hora. dor, se aceito por elas. Verificar frequência cardíaca materna a cada uma hora. 4) Técnicas de rela- xamento, incluindo relaxamento muscular progressivo, 7 7 U N I AS S E LVI Temperatura e Pressão Arterial de 4/4 horas. Realizar, de forma colabora- tiva com outros profissionais, respiração, música, aten- toque vaginal de 4/4 horas e ção plena, compressas anotar dilatação, apresentação, mornas nas costas, entre descida. outras técnicas. Oferecer recursos não farma- 5) Consumo de alimentos cológicos de alívio da dor. leves para casos de baixo Encorajar a parturiente a se risco. movimentar e adotar posições verticalizadas. Oferecer dieta leve mínima em resíduo. 1) Incentivar a adoção de uma posição de nasci- mento de escolha indivi- dual da mulher, incluindo posições verticais. Anotar o horário de início do 2) Encorajar as mulhe- segundo período para contar a res na fase expulsiva a duração. seguirem seu próprio Avaliar as contrações e tônus desejo de empurrar. uterino de 30/30 min. 3) Para as mulheres na Ausculta de BCFs a cada 15 segunda fase do trabalho minutos na fase latente e cada Segundo período de parto, técnicas para 5 minutos na fase ativa e anotar reduzir trauma perineal no partograma. e facilitar o parto espon- Encorajar a realização de puxos tâneo (incluindo espontâneos. massagem perineal, Incentivar posições compressas e proteção verticalizadas, lateralizada ou do períneo). semissentada. Não é mais recomen- dado: episiotomia de rotina e pressão manual no fundo do útero para facilitar o parto. 7 7 T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4 1) Encorajar o uso de ocitocina no terceiro período a fim de reduzir as chanc

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