Antropologia e História do Corpo - Jogos Olímpicos - Era Antiga PDF
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Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo
2022
Duarte Belchior
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This document explores the topic of Anthropology and History of the Body, with a specific focus on the Ancient Olympic Games. It details the procedures, athlete preparation, and ceremonies of this ancient Greek event. Includes information about the different games.
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Antropologia e História do Corpo Licenciatura em Desporto – 2022/2023 Docente: Duarte Belchior [email protected] Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Vaso com exemplo de corrida Antiga Olímpia (recreação British Museum) Instituto Superior de Lisboa e Vale...
Antropologia e História do Corpo Licenciatura em Desporto – 2022/2023 Docente: Duarte Belchior [email protected] Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Vaso com exemplo de corrida Antiga Olímpia (recreação British Museum) Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Os primeiros Jogos foram realizados na Grécia Antiga no ano de 776 a.C. De 4 em 4 anos - Olimpíada A Era das Olimpíadas estendeu-se aproximadamente por 12 séculos 393 d.C. Foram abolidos pelo Imperador Romano Teodósio Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Podiam participar: 1. Gregos 2. Homens livres 3. Estar em pleno gozo dos direitos de cidadão Durante os jogos eram proclamadas tréguas (declaradas pelos arautos) em todo o “Mundo” grego. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Preparação Dez meses antes, formava-se uma comissão composta pelos Helanódices (Juízes Helenos), responsáveis pela organização dos jogos. Antes dos jogos, iniciava-se a trégua sagrada (durava três meses). Porquê? Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Preparação 1. Os atletas inscreviam-se nas diferentes modalidades dos jogos 2. Período obrigatório de dez meses de treino antes dos jogos, para poder competir nos mesmos. 3. Em Olímpia, os atletas submetiam-se a treino especial para confirmarem, ou não, a sua participação. 4. Exercício e dieta rígidos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga 5. Dieta: Queijo fresco a todas as refeições. 6. Atletas tomavam consciência do regulamento da provas e das consequências em caso de infração. 7. Um mês antes realizava-se a procissão solene com helanódices, atletas, familiares e amigos, que ia de Élis a Olímpia (via sagrada). Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Decorriam durante o verão na semana da lua cheia (final agosto, princípio de setembro) Eram realizados na cidade de Olímpia Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Templo de Zeus - Santuário: • 1 Ginásio • 1 Palestra • 1 Estádio • 1 Hipódromo • 1 Hotel • 2 Templos Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Inicialmente os Jogos Olímpicos duram apenas um dia Com o aumento de participantes os Jogos passaram a durar 5 dias 1.º Dia •Cerimónias e sacrifícios •Juramento aos pés da estátua de Zeus Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga 2.º e 3.º Dias ▪ Corridas (distância e velocidade) ▪ Luta ▪ Boxe ▪ Pancrácio Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga 4.º Dia ▪ Eventos equestres ▪ Pentatlo (saltos, lançamento do disco, lançamento de dardo, corrida e lutas) ▪ Corrida com equipamento militar 5.º Dia ▪ Entrega de prémios Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Concursos Gímnicos ▪ Corrida simples; ▪ Corrida dupla; ▪ Corrida de fundo; ▪ Corrida com armas; ▪ Corrida com tocha; ▪ Pancrácio; ▪ Pentatlo; ▪ Pugilato; ▪ Saltos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Concursos Hípicos ▪ Corridas de carros; ▪ Hipismo. Concursos de Tocadores ▪ Objetivo - Premiar os que tivessem maior força e capacidade pulmonar. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Corrida a pé (Drómos) ▪ Corrida simples ou “stádion”, 1vez a pista (192 m); ▪ Corrida dupla ou “díaulos”, 2 vezes a pista; ▪ Corrida de fundo ou “dólikhos”, 7 a 24 vezes a pista; ▪ Corrida com armas ou “hoplitodromia”, 2 ou 4 vezes a pista, com escudo, capacete e perneiras; ▪ Corrida com tocha ou “lampadedromia” , 5 grupos de 40 atletas. 1000m. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Corrida a pé (Drómos) Como eram distribuídos os corredores? ▪ Os corredores eram distribuídos por categorias de acordo com a idade. Como eram disputadas as provas? ▪ Os atletas disputavam as provas de corrida (com exceção da hoplitodromia) inteiramente nus, com o corpo untado de óleo. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Corrida a pé (Drómos) Como treinavam os atletas? ▪ Nos treinos corriam em terreno coberto de areia ou, então, com as pernas fletidas a fim de fortalecerem os músculos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Lançamento de Disco (Dískos) Regulamento da Prova: ▪ O peso do disco variava de acordo com a categoria (peso e força do atleta); ▪ Era lançado dum ponto demarcado; ▪ Vencia o atleta que lançasse mais longe. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Lançamento de Disco (Dískos) ▪ Os discos: inicialmente de pedra e depois de metal, eram redondos, achatados e bem polidos; ▪ Pesavam em média 5 quilos e tinham 21 cm de diâmetro; ▪ Para torná-los mais aderentes às mãos, era permitido gravar neles círculos ou figuras. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Lançamento de Dardo (Ákon) ▪ Arma de caça e de guerra que media 1,70 m; ▪ Os dardos dos jogos não tinham ponta afiada; ▪ As pinturas dos vasos sugerem que o dardo era lançado o mais longe possível ou para um alvo. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Luta (Palé) ▪ Objetivo - Levar o adversário a tocar com os dois ombros no chão. ▪ Era proibido dar pontapés e socos, devendo os lutadores atuar com as mãos abertas. ▪ Árbitro com bastões. ▪ Dividia-se em: Luta em pé /Luta no chão. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Luta (Palé) Treino/preparação: ▪ Os atletas faziam um regime de superalimentação; ▪ Carregavam fardos, torciam ferro, puxavam arado e domavam bezerros para aumentar a musculatura; ▪ Para o fôlego, apostavam nas corridas com cavalos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Pugilato (pýgme) ▪ Luta com golpes de punho (parecido com o boxe); ▪ As mãos eram enfaixadas para proteção; ▪ Era proibido o corpo a corpo e golpes de morte; ▪ Terminava quando um dos atletas se dava por vencido (levantando um braço ou não possuía condições físicas para continuar). Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Salto em extensão (pédema) ▪ Há registos de saltos com 17m, certamente saltos múltiplos Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Pentatlo (péntatlhon) ▪ Salto; ▪ Lançamento de dardo; ▪ Lançamento de disco; ▪ Corrida; ▪ Luta. Os concorrentes eram eliminados progressivamente. Só participavam na luta os dois atletas com melhor desempenho das provas anteriores. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Pentatlo (péntatlhon) O salto e o lançamento de disco por vezes eram substituídos por pugilato e pancrácio. Pancrácio - arte marcial, era uma mistura de boxe clássico e luta olímpica. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Corridas de carros ▪ Bigas, 2 cavalos; ▪ Quadrigas, 4 cavalos. Hipismo ▪ Com lança; ▪ Sem estribos (apoio para os pés do cavaleiro); ▪ Com tocha. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga As Honras ao vitorioso A vitória implicava Alta Honra para: ▪ Vitorioso; ▪ Família; ▪ Cidade Natal. Poetas imortalizavam o vitorioso em canções Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga As Honras ao vitorioso Nome do vitorioso – Catálogo oficial dos Olimpiónicos, guardado no ginásio Recursos financeiros – era contratado um escultor para fazer estátua do campeão Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga As Honras ao vitorioso Atenas recompensava os seus cidadãos vitoriosos com: ▪ Alimentação para o resto da vida. O prémio material era: ▪ Coroa de flores de Oliveira. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga O mundo clássico – Grécia Transformação e evolução do conceito do corpo ao longo do tempo Modelos de perfeição: Deuses; Heróis. Destreza e beleza corporal Jogos de Olímpia Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos Olímpicos – Era Antiga Grécia – Eventos de paz ▪ Glorificar os deuses e a Grécia (eventos religiosos) ▪ Evento de grandiosidade para a civilização mediterrânea Roma – Poder ▪ Prémios passaram a ser prendas e dinheiro Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Corpo e Desporto Eficiência, forma e sentidos Maria Teresa Espeçada [email protected] junho/2012 Ficha do Projeto Título: Corpo e Desporto Área Científica: Educação Física e Desporto Resumo: Com a evolução do conhecimento a nível fisiológico e psicológico, e a modificação das práticas sociais e dos sentidos do corpo é cada vez mais premente procurar entender o universo multidimensional que o circunda. Palavras-chave: desporto; paradigma; estética; género. Bibliografia/Webgrafia: Baudrillard, J. (1982) A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70 ; Giddens, A. (1997) (2ª ed.) Modernidade e Identidade Pessoal. Oeiras: Celta. ;Gil, J. (1997). Metamorfoses do corpo. (2ª ed.) Lisboa: Relógio d’água. ;Hasse, M. (1999) O Divertimento do Corpo – Corpo, lazer e desporto, na transição do séc. XIX para o séc. XX, em Portugal. Lisboa: Ed. Temática. Silverstone, R. (1994) Television and everyday life . Londres: Routledge. ;Tucherman, I. (1999) Breve história do corpo e seus monstros. Lisboa: Vega. ;Sérgio, M. (2003) Alguns Olhares sobre o Corpo. Lisboa: Instituto Piaget.; Lacerda, T. ( ) Uma aproximação estética ao corpo desportivo. http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v7n3/v7n3a13.pdf; Silva,P.; Gomes,P.; Queirós,P. ( ) Género e Desporto: A construção de f e m i n i l i d a d e s e m a s c u l i n i d a d e s http://www.efdeportes.com/efd96/genero.htm Corpo e Desporto Obje7vos: Pretende-se que no final do circuito de aprendizagem inerente à exploração deste Objeto de Aprendizagem, o utilizador seja capaz de: v Entender a relevância da dimensão estética, pelo efeito de visibilidade, na inter-relação corpo/desporto; v Compreender o desporto como um facto social total com centralidade no corpo como matriz geradora de sentidos. Corpo e Desporto Estrutura e Desenvolvimento Programá7co 1. Corpo e Desporto – eficiência 1.1 2. 3. Perspetiva Forma – estética e desporto 2.1 Corpo competição 2.2 Corpo lazer 2.3 Corpo envelhecimento 2.4 Corpo “diferente” Corpo, Desporto e Género Corpo e Desporto 1. Corpo e Desporto - eficiência A busca pela eficiência corporal tem-se desenvolvido desde que o ser humano se tornou bípede e adquiriu a independência dos membros superiores. Com a evolução do conhecimento a nível fisiológico e psicológico, e a modificação das práticas sociais e dos sentidos do corpo, a intensidade na tentativa de o tornar num artefacto cada vez mais eficiente e manipulável, tanto ao nível somático como ao nível social, tem-se apresentado de forma pungente. Corpo e Desporto 1.1 Perspetiva É na Antiguidade Clássica, com os Gregos e as Olimpíadas, que se assiste à celebração do corpo, exaltando a saúde, a energia e o equilíbrio corporais. O corpo grego (essencialmente o masculino) era produzido através do exercício de práticas corporais repetidas, até atingir a ideia suprema de corpo perfeito. Emerge a noção de um corpo não natureza, mas artifício, não acabado, mas em produção – uma moral livre com um conjunto de regras normativas que leva cada um a aderir com uma intensidade variável consoante a possibilidade individual (Tucherman, 1999). Corpo e Desporto A noção de cidadão funde-se com a forma de celebrar o corpo. Cada cidadão é livre para tentar atingir o corpo perfeito idealizado e, depois, expô-lo, baseando-se na ideia de que o corpo trabalhado e construído era objeto de admiração, como algo artístico exercitado e modelado nos ginásios e exposto com orgulho nos Jogos Olímpicos. A expressão e a exibição de um corpo nu representavam a sua saúde e beleza. Corpo e Desporto Com Roma, a exposição dos corpos perde o seu sentido de saúde e beleza e a força física demonstrada na luta dos gladiadores passa a ser associada à morte e à escuridão. Esta oposição entre visível e não visível, luz e escuridão, exposição e ocultação, teve o seu expoente máximo com o Cristianismo. O papel central do corpo passa agora para um plano inferior. A alma vai repudiar o corpo e ocultar quaisquer práticas corporais que o exponham. Corpo e Desporto Na Idade Média, a conceção de corpo está ligada ao dualismo sagrado/ profano, alma/corpo. O corpo era visto como o lugar do irracional, da paixão e do desejo e, assim, como causa de pecado, devendo ser controlado através do ascetismo (isolamento – invisibilidade) sendo alvo de restrições alimentares e de abstinência para vencer a própria carne (sinónimo de corrupção moral que ameaçava a ordem feudal). Com Descartes (séc. XVII), na transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, e a biomecânica cartesiana, o corpo emerge, no dualismo alma/ corpo, como o “corpo-máquina”, ou seja, o corpo visto como uma máquina que Deus formou para se tornar o mais útil possível. Corpo e Desporto O conceito de técnicas corporais é desenvolvido por Mauss ao referir que cada sociedade tem os seus hábitos e as técnicas corporais utilizadas numa sociedade num dado momento histórico e que podem não corresponder às utilizadas noutra sociedade e noutro contexto. Elege três características que as definem, a primeira é serem “técnicas” – constituídas por uma série de movimentos ou formas corporais; a segunda é serem “tradicionais” – na medida em que são aprendidas ou adquiridas pelo treino ou pela educação; a terceira é a sua “eficiência” – uma vez que servem um dado propósito, função ou objetivo, como andar, dormir, nadar, comer, etc. Corpo e Desporto Mauss defende a tripla visão do “ser humano total” onde se combinam os aspetos físicos, com os psicológicos e os sociológicos. O conceito de habitus é considerado por ele como fundamental, e que mais tarde será retomado por Bourdieu, pela existência de uma relação sociocultural entre o corpo e os seus movimentos, que resulta no facto de que tudo o que se faz é aprendido. Corpo e Desporto Na viragem para o século XX, a ideia de risco traz acopladas as noções de vigilância, regulação e controlo relativas ao corpo (abordadas por Elias, Foucault ou Crespo). A preocupação com a saúde e a forma física são prementes. Cada vez mais a aparência e a apresentação do corpo se tornam centrais na construção da autoidentidade (Giddens). O corpo deve aproximar-se o mais possível das imagens ideais de juventude, beleza, saúde e boa forma, para aumentar o seu valor em termos de bem negociável e vendável. Para Giddens, a relação entre corpo e a autoidentidade é cada vez mais dinâmica. Os estilos de vida e o planeamento do corpo são uma parte da vida em ambientes sociais póstradicionais e reflexivos. Corpo e Desporto O culto do corpo e da aparência esconde a preocupação com o controlo ativo e a construção do corpo através das opções de estilos de vida (Giddens, 1997). Existe uma fusão entre a preocupação interna com a saúde e a preocupação externa com a aparência, o movimento e o controlo do corpo. Um corpo musculado, tonificado, firme, simboliza uma atitude social correta já que demonstra aos outros controlo, força de vontade e energia. E, quando a força para a transformação “natural” falha recorre-se à transformação “artificial” (esteroides, cirurgia estética, etc.). Disciplina e prazer encontram-se em constante conflito. Corpo e Desporto Para Baudrillard (2008), o corpo surge num processo de sacralização através dos apelos à beleza, ao erotismo, à forma e à linha, exponenciado pelo papel dos meios de comunicação social responsáveis pela proliferação dos signos, ao fundirem a realidade com a ficção. O ideal de beleza do corpo passou a assumir uma importância desusada com a negação do envelhecimento e a rejeição da morte e com a promoção do desporto. Emergem, assim, dois fatores fundamentais no séc. XX e no séc. XXI: a dieta e o exercício físico. Um estilo de vida saudável e todas as práticas de manutenção e melhoramento corporal fazem parte de uma noção generalizada que afeta de forma massiva toda a sociedade (o conceito de fitness é transversal à estratificação social e a várias sociedades). Corpo e Desporto Se o corpo estiver em forma poderá realizar-se mais eficientemente, produzir e consumir mais. As estratégias de manutenção corporal veem o corpo tanto como veículo de consumo como o único ambiente sobre o qual o “eu” individualizado pode exercer um controlo significativo. A prática desportiva modificou o conceito de corpo ideal – um corpo vigoroso e perfeito, tipicamente desportista. “Forte, belo, saudável e enérgico era o modelo de corpo a construir e que o desporto permitia alcançar. Era esse o corpo do sportsman: um corpo atraente, sólido, robusto, garantia de poder enfrentar com sucesso os obstáculos da própria sobrevivência sem ser derrubado nos primeiros embates.” (Hasse, 1999: 332) Corpo e Desporto Apesar da heterogeneidade na composição atlética, os menos robustos não eram tidos como fracos. O que importava era a prática desportiva e os benefícios que trazia para a vida global do indivíduo. A visão atual de o belo ser magro colide com a correlação cultural existente até aos anos trinta do séc. XX entre a gordura, o poder e a beleza (forte era gordo; fraco era magro). A partir desta altura, as classes mais elevadas demarcam-se socialmente, assumindo um corpo sem gordura, atlético que irá exponenciar a prática do exercício físico de molde a (en)formar a imagem corporal idealizada. Corpo e Desporto “O modelo de ser humano que tem guiado a civilização, desde o início dos tempos até aos nossos dias, demonstra que o Desporto tende a ser um investimento no progresso corporal, gestual e comportamental das pessoas, onde o culto do corpo, da aparência e da exacerbação parecem ser a tendência dominante.” Bento, 2007 Corpo e Desporto 2. Forma – estética e desporto Na sociedade da visibilidade quem “salta ao olho é rei”. A mediatização a que os corpos são sujeitos, em pleno séc. XXI, leva a tomar em consideração a relevância da dimensão estética dentro do universo desportivo. Desporto/ atividades corporais, atividades corporais/movimento, movimento/ construção de morfotipos consoante as características das atividades praticadas. Emerge, deste modo, a modelização de determinados grupos que, pela sua visibilidade, vão exercer o seu poder simbólico junto do senso comum. A atração pela “forma”, apanágio das inter-relações sociais, e que povoa os meandros da construção identitária (autoimagem, autoconceito, autoestima). Corpo e Desporto No desporto, o interesse pelo corpo manifesta-se numa multiplicidade de discursos onde a linguagem corporal se assume como forma de expressão que viabiliza e promove a comunicação e a interação social. As práticas corporais desportivas investem o corpo de movimento proporcionando, desse modo, um discurso individual e coletivo que origina significações. Esse movimento possibilita uma vivência paralela entre o mimético e a própria vida. Numa sociedade profundamente tecnicizada, o desporto emerge como a via de acesso do corpo ao movimento já que, no limiar da sua ausência, o corpo humano traduz doença ou mesmo morte. (Lacerda, 2010: 394) Corpo e Desporto A relevância das atividades corporais desportivas está, neste século, ligada à preservação da saúde, como o foi nos séculos XIX e XX, a partir do momento da sua rotinização e da evolução do conhecimento médico acerca do corpo. A esta preservação surge acoplada a manutenção – um corpo cuja morfologia respeite os padrões impostos socialmente. “Os períodos históricos que se sucederam, ao longo da história da evolução humana, foram alternando entre as conceções de corpo unitário e corpo fragmentário evoluindo dos exercícios corporais para a atividade desportiva regulamentada e liderada pelo princípio do rendimento”.(ibidem) Corpo e Desporto 2.1 Corpo competição Perfeição e excelência de movimentos são os principais atributos que delineiam este corpo. A perfeição pode remeter para uma certa fidelidade a estereótipos técnicos, ou seja, reprodução/imitação de modelos. Segundo Aristóteles (cit. in. Lacerda: 395), a imitação é reconhecer o que está fora de si e que exerce atração, conduzindo a uma escolha e à imitação. Desse modo, o ato imitativo não é passivo: imitar é partilhar através de adesão profunda às disposições do outro. No entanto, imitação é diferença, dado que implica uma fronteira entre o original e a cópia. Corpo e Desporto “A tecnicidade não pode ser reduzida à simples disposição imitativa sendo sim uma atualização dos modelos o que revela uma dinâmica produtiva humana. (…) Quando uma técnica passa a estar completamente dominada e rotinizada o atleta aspira criar algo de novo.” (Lacerda: 396). Não se considera aqui o estilo, mas sim o desenvolvimento de novas técnicas para atingir o mesmo objetivo. O corpo do desportista comunica, conta uma história sobre si. “A harmonia entre o tipo morfológico e a tipologia do movimento é fundamental no processo de comunicação. A busca pela relação perfeita entre forma e função, entre o modelo de corpo e o movimento solicitado pela atividade em causa.” (ibidem). O desporto tem a capacidade de comunicar ao movimento corporal uma mais-valia estética (Cunha e Silva, 1999 cit. in. Lacerda: 396). Corpo e Desporto 2.2 Corpo Recreação “Corpo limpo, plano, lustroso, jovem, saudável, sedutor, forte atracção é exercida sobre o imaginário social” (Lacerda: 396) numa epopeia frenética de aproximação ao estereótipo. Ginásios, health clubs, centros de fitness, orientados por valores económicos são espaços onde imperam o rendimento, a eficácia e a competitividade e não a busca pela singularidade. “O lucro traduz-se no consumo calórico, a eficiência na eliminação de açúcares e gorduras traduz a eficácia dos programas de treino, o reflexo das imagens nos espelhos produz a concorrência.“ (ibidem). Corpo e Desporto A aventura do desporto reduz-se ao movimento sem cenário, tornando-se numa pseudo mimese da realidade. O corpo que pedala rumo a um destino nunca alcançado, possivelmente, não sabe o nome do seu companheiro que rema no vazio, estranho passageiro de uma embarcação que desliza por um rio sem margens nem caudal. “No entanto, conhece ao pormenor a topografia do corpo do outro e a sua relação é estabelecida através do olhar antroposcópico.” (ibidem). Corpo e Desporto Gumbrecht (cit. in. Lacerda: 396) refere que ”os frequentadores de ginásios são, ao mesmo tempo, atletas e espectadores. Nestes espaços de vigilância intercorporal” a estética aproxima-se da sua avaliação do senso comum, “um meio de atingir objetivos pessoais e reconhecimento social.” É o olhar superficial que, isolado, pode definhar e extinguir-se. Existe para mediar a comunicação entre o interior e o exterior. Desse modo, “a estética olha em profundidade e exerce uma influência sobre o interior.” (Lacerda: 396). Corpo e Desporto 2.3 Corpo envelhecimento “A sociedade contemporânea impõe o desequilíbrio entre a idade biológica e a aparência física de modo a que envelhecer deixou de ser “natural”, quase se tornou perverso. Envelhecer sim, mas com um aspeto belo, jovem e saudável.” (Lacerda: 397). Com a evolução científica, os benefícios do exercício físico têm sido enaltecidos no controlo e diminuição de alguns fatores de risco. “Numa sociedade em que se inventam e reinventam, a um ritmo alucinante, meios para manter a juventude, mas onde não se ensina a lidar e a aceitar o declínio do corpo com a idade, as categorias morais “culpa” e “censura” podem perturbar significativamente o quotidiano dos idosos.” (ibidem). Corpo e Desporto O corpo envelhecido tem um valor estético próprio, preserva a memória do vivido e revela a história do ser humano no mundo. Assim, no domínio estético, o desporto para seniores terá que projetar para primeiro plano a categoria “liberdade”. O corpo envelhecido que pratica desporto é mais livre, não apenas porque conserva mais força, maior amplitude de movimentos, mais agilidade, mais equilíbrio, mas, essencialmente, porque é mais capaz de conciliar a aparência com a essência. O nosso corpo deve ser um lar, não uma prisão. Corpo e Desporto 2.4 Corpo “diferente” Na era da imagem, o corpo é, como refere Rodrigues (cit. in Lacerda: 397), “um factor de inclusão ou de exclusão social. A comunicação que veicula aproxima ou afasta as pessoas de determinadas realidades sociais.”. “Portador de um corpo que se afasta do estereótipo de corpo dito “normal”, o corpo deficiente é frequentemente considerado menos belo, despertando, por vezes, atitudes de rejeição.” (ibidem). A epopeia paralímpica, “expoente máximo do desporto para deficientes, possibilita a abertura a novos olhares sobre o corpo desportivo, olhares que vieram alargar e enriquecer os horizontes da estética do desporto. Força, graça, perfeição, elegância, equilíbrio, ritmo, harmonia, criatividade, transgressão e superação ganharam uma nova valoração.” (ibidem). Corpo e Desporto “Se o desporto de alta competição exige dedicação, talento e desgaste físico, no desportista “diferente” tudo isto emerge de forma ampliada, porque, para além da luta para chegar mais alto, ser mais rápido e mais forte, acresce o combate aos estigmas que lhe estão acoplados.(…) O lema dos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004 era: Busca, força, inspiração, celebração. Busca do nunca antes alcançado, força para mostrar a deficiência como referência, inspiração na singularidade da emoção sentida, celebração da liberdade” (ibidem) Corpo e Desporto 3. Corpo, Desporto e Género “No desporto, como em muitas outras dimensões culturais, o corpo masculino e o feminino assumem valores distintos. A predominância do masculino no mundo do desporto tem raízes históricas, culturais e políticas. (…) O feminino foi, ao longo das épocas, excluído dos símbolos, práticas e instituições do desporto, ou, quando aí participava, não era considerado como verdadeiro desporto, ou as mulheres não eram vistas como verdadeiras necessitando de provar a sua heterossexualidade” (Lenskyj, cit. in Silva,P.; Gomes,P. ; Queirós,P.). Corpo e Desporto “As fronteiras culturais e sociais jamais deixarão de existir e, também no desporto, elas estão constantemente a ser reconstruídas. Aquele/a que transgride os limites torna-se parte integrante de um processo de transformação social que delimita um novo “eu”, mas também, um novo “outro”. (…) Um corpo feminino actuante, desportista, é, não um corpo libertado, mas um corpo aprisionado por uma cultura masculina hegemónica,” (Silva,P.; Gomes,P. ; Queirós,P.) pela sua dotação como “natureza” inferior e desviante. Corpo e Desporto “O desporto é tanto mais um facto histórico quanto mais o corpo imprimir nele o cunho da sua mesma originalidade e complexidade humanas. Não se diz que o biológico não seja o princípio. Diz-se tão-só que o ser humano é política, é cultura, é arte também. E reside aí, principalmente, a sua dignidade.” (Sérgio: 26) “(…) O rendimento, a eficácia, a performance, por si sós, provocam exclusão, exploração, desigualdade. (…) A passagem do corpo-objeto ao corposujeito há-de significar a criação de um mundo onde cada uma das pessoas se sinta sujeito e não objeto.” (Ibidem: 27) Corpo e Desporto “(…) Ao passar de corpo-objeto (o corpo que temos) a corpo-sujeito (o corpo que somos), o corpo impõe-se como complexidade, ou como elemento da complexidade humana (corpo-alma-desejo-natureza-sociedade) e assente em dois grandes eixos: o biológico e o relacional. (…) A intersubjetividade é que nos permite a humanização. Mas não há intersubjetividade, sem subjetividade. Nem subjetividade, sem o corpo em ato, ou a motricidade humana, a qual nos encaminha para a transcendência, ou seja, para o mundo, para o outro.” (Ibidem: 30). Permito-me terminar esta apresentação com um texto da autoria do Sr. Óscar Arias, prémio Nobel da Paz, e citado pelo Dr. Humberto Santos, presidente do Comité Paralímpico Português: Corpo e Desporto “A expressão mais bela e enriquecedora da vida humana é a sua diversidade. Uma diversidade que nunca pode servir para justificar a desigualdade. A repressão da diversidade empobrece a raça humana. É nosso dever facilitar, reforçar a diversidade a fim de chegar a um mundo mais equitativo para todos. Para que exista igualdade, devemos evitar as normas que definem o que deve ser uma vida humana normal ou a forma normal de alcançar a felicidade. A única qualidade “normal” que pode existir entre os seres humanos é a própria Vida.” Corpo e Desporto Avaliação da Aprendizagem Ø Refira a relevância da dimensão estética na prática desportiva. Ø Refira alguns exemplos de práticas desportivas onde a clivagem entre géneros seja acentuada. Aprendizagem Sistémica e Dinâmica Sugestões/Opiniões: Para qualquer sugestão de melhoria e/ou opinião relevante ao conteúdo deste Objecto de Aprendizagem deve, o utilizador, enviar um email para o contacto do Autor. Consentimento/Autorização do Autor Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso NãoComercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Unported. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/deed.pt ou envie uma carta para Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California 94105, USA. © Teresa Espeçada, ISCE 2012. Todos os direitos reservados. GbL – Gabinete b-Learning do ISCE Rua Bento de Jesus Caraça, 12 2620- 379 Ramada, Portugal gbl.isce @gmail.com Jogos Olímpicos – Era Moderna DUARTE BELCHIOR 2022/2023 ISCE Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna “…Let us export our oarsmen, our runners, our fencers into other lands. That is the true Free Trade of the future; and the day it is introduced into Europe the cause of Peace will have received a new and strong ally. It inspires me to touch upon another step I now propose and in it I shall ask that the help you have given me hitherto you will extend again, so that together we may attempt to realize, upon a basis suitable to the conditions of our modern life, the splendid and beneficent task of reviving the Olympic Games…” Coubertin, 1892 Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna Pierre de Frédy Nasceu em Paris Pertencia à aristocracia Era Pedagogo e Historiador. Após ter idealizado uma competição internacional para promover o atletismo e tirando partido de um crescente interesse internacional nos Jogos Olímpicos da antiguidade, alimentado por descobertas arqueológicas nas ruínas de Olímpia, o barão de Coubertin concebeu um plano para fazer reviver os Jogos Olímpicos. Jogos Olímpicos – Era Moderna Coubertin (1863 - 1937) ◦ fundava, em 1887, uma Comissão destinada a fazer a divulgação dos exercícios físicos nas escolas e liceus, dinamizando o associativismo e as competições desportivas. O desporto como um meio privilegiado de educação ◦ Utilização do desporto na formação moral e física dos indivíduos. ◦ Consciência da necessidade de democratizar (preocupado com as elites) o processo. ◦ Dimensão moral do processo - criação de uma "cavalaria", concebida na base da honra e do vigor corporal, obedecendo aos critérios do "fair-play". Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna Olimpismo – Princípios oEvento nem localizado nem temporário oUniversal e intemporal Jogos Olímpicos – Era Moderna Olimpismo Citius – rápido na corrida mas também com uma mente vivida e ágil. Altius – alto não só nos objectivos mas também na elevação do individuo Fortius – o mais corajoso desportivamente mas também na vida Martin (1953) Jogos Olímpicos – Era Moderna Olimpismo Atribuído a Pierre de Coubertin na verdade este motto foi enunciado por um Frei Dominicano (Didon) numa entrega de prémios de uma prova desportiva no colégio onde era director. Jogos Olímpicos – Era Moderna Olimpismo Revisitado “Mens fervida in corpore lacertoso”: Uma mente ardente num corpo bem treinado Coubertin, 1911 “Athletae proprium est se ipsum noscere, ducere et vincere”: é dever e essência do atleta saber, liderar e conquistar-se a si próprio Coubertin, 1923 Jogos Olímpicos – Era Moderna Viktor Boin – atleta belga que competia em esgrima, polo aquático e natação Olimpismo Juramento: In the name of all competitors, I promise that we shall take part in these Olympic Games, respecting and biding the rules that govern them, in the true spirit of sportsmanship for the glory of sports and the honour of our teams Jogos Olímpicos – Era Moderna E hoje olimpismo ou não? https://www.youtube.com/watch?v=I6h9055PQRw Jogos Olímpicos – Era Moderna Barão de Coubertin ◦ Rivalidade no desporto como promoção da harmonia entre povos ◦ Benefícios educacionais ◦ Festival quadrienal da primavera humana Jogos Olímpicos – Era Moderna Barão de Coubertin – O que é o Olimpismo? “ It is the religion of energy, the cultivation of intense will developed through the practice of manly sports, based on proper hygiene and public-spiritednes, surrounded by art and thought…” Coubertin, 1918 Jogos Olímpicos – Era Moderna Datas importantes o 1892 – Junta entidades de vários países e consegue as primeiras adesões o 1894 – Anuncia a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna o 1896 – Realizam-se os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna em Atenas Jogos Olímpicos –OEra BarãoModerna era contra a presença de mulheres nas disputas Nos primeiros Jogos Olímpicos - 1986 A mulher foi uma mera espectadora. O que aconteceu? Jogos Olímpicos – Era Moderna Ganharam o direito de competir nos Jogos Olímpicos de Paris em 1900. Durante a primeira Olimpíada em 1896 a grega Stamati Revithi foi mais rápida que alguns homens no percurso da Maratona, quatro horas e meia, porém não foi reconhecida e provocou o início da gradual inserção das mulheres nos desportos olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna Programa dos primeiros Jogos Olímpicos ◦ Desportos Atléticos (corridas de 100 m, 400 m, 800 m, 1500 m e 110m barreiras, saltos em comprimento, em altura, à vara, peso e disco) ◦ Ginástica (individual, barra fixa, argolas, barras paralelas, saltos de cavalo, trabalho de pesos, movimento de conjunto por equipas de 10 elementos) Jogos Olímpicos – Era Moderna Programa dos primeiros Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Programa dos primeiros Jogos Olímpicos o Esgrima; o Luta grega e romana; o Tiro; o Vela; o Remo; o Natação; o Equitação; o Ténis. Jogos Olímpicos – Era Moderna Programa dos primeiros Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Criação do comité olímpico internacional o Assegurar a celebração regular dos Jogos o Manter as manifestações ligadas ao espírito que fundamentou a sua concretização o Orientar o desporto amador zelando pelos seus aspetos morais Jogos Olímpicos – Era Moderna O Espírito Olímpico o Ligação estreita das manifestações desportivas às iniciativas de carácter artístico o A importância do factor participação, em detrimento da obsessão pelos primeiros lugares( fraternidade universal) Jogos Olímpicos – Era Moderna O Espírito Olímpico Abertura das competições aos atletas amadores, sem qualquer distinção a nível da raça ou da religião. Jogos Olímpicos – Era Moderna O Espírito Olímpico https://www.youtube.com/watch?v=8rqI8xwXVac https://www.youtube.com/watch?v=kWQr7HZnUGA Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna o A escolha da cidade dos Jogos realiza-se em reunião do COI sete anos antes da prova. o Atualmente, para um desporto ser considerado Olímpico tem que ser praticado por homens em pelo menos 75 países e em quatro continentes, e por mulheres em pelo menos 40 países e em três continentes Jogos Olímpicos – Era Moderna Os Jogos Olímpicos realizaram-se em: Atenas (1896), Paris (1900), São Luís (1904), Londres (1908), Estocolmo (1912), Antuérpia (1920), Paris (1924), Amsterdão (1928), Los Angeles (1932), Berlim (1936), Londres (1948), Helsínquia (1952); Melburne (1956), Roma (1960), Tóquio (1964), México (1968), Munique (1972), Montreal (1976), Moscovo (1980), Los Angeles (1984),Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sidney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016) Por motivos ligados às primeira e segunda guerras mundiais não se realizaram Jogos nos anos 1916, 1940 e 1944. Sec. XXI Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Em relação ao ideal olímpico preconizado por Coubertin foi possível concretizar alguns dos seus aspectos: ➢Análise feita sobre as cidades onde os Jogos tiveram oportunidade de se realizar ➢Através do crescente número de participantes e de modalidades integradas nas diversas manifestações. Jogos Olímpicos – Era Moderna Gratificação moral de muitos dos concorrentes e alguns acidentes de carácter político vieram demonstrar mais uma vez que o desporto não pode ser visto isoladamente, sem a consideração dos restantes fenómenos da vida humana. Jogos Olímpicos – Era Moderna Renúncia ao amadorismo é um traço que encontra na fase actual a sua expressão mais clara, facto, que não pode deixar de estar relacionado com a incompatibilidade cada vez maior entre a realização das "performances" que satisfazem os espectadores e o exercício das profissões habituais. Jogos Olímpicos – Era Moderna O desporto não é, de facto, um dado da natureza, porventura imutável, mas uma verdadeira criação cultural e, nestes termos, a expressão de tudo o que de melhor e de pior se manifesta nos homens e nas sociedades. Para o futuro, a tarefa de assegurar o conteúdo humanista do desporto supõe a prévia análise das suas finalidades e dos meios para as alcançar, se quisermos assegurar o seu valor como elemento fundamental no processo geral da educação do homem. Século XXI Olímpicos Jogos Olímpicos – EraJogos Moderna Apuramentos para os jogos olímpicos (integração dos atletas nas delegações dos jogos olímpicos) • São as Federações Nacionais que indicam os atletas apurados para os jogos ao comité olímpico Século XXI Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Apuramento para os jogos olímpicos Modalidades Individuais ◦ São estabelecidas quotas (nº máximo de atletas de cada país que podem participar nos jogos) ◦ É obrigatório o atleta alcançar os mínimos (estabelecidos pelas Federações internacionais de cada modalidade) ◦ Tempos ◦ Classificações 36 Século XXI Jogos Olímpicos Jogos Olímpicos – Era Moderna Apuramento para os jogos olímpicos Modalidades Coletivas ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Cada país seleciona os seus melhores atletas de cada modalidade para cada equipa a candidatar-se aos jogos olímpicos É apurada o máximo de uma equipa por país. São apurada “x” equipas por continente Os apuramentos são feitos por eliminatórias, acumulação por campeonatos, por pontos, ou outro sistema similar conforme a modalidade Geralmente são seleccionadas 16 equipas por modalidade (4 europeias). Jogos Olímpicos – Era Moderna Estádio Olímpico – 1896 (Atenas) Estádio Olímpico– 2016 (Rio de Janeiro) Jogos Olímpicos – Era Moderna Finalistas 100m – 1896 (Atenas) Finalistas 100m – 2016 (Rio de Janeiro) Jogos Olímpicos – Era Moderna Finalistas 4x100 Livres – 1912 (Estocolmo) Finalistas 4x100 Livres – 2016 (Rio de Janeiro) Jogos Olímpicos – Era Moderna Suzanne Lenglen – Estocolmo (1920) Monica Puig – Rio de Janeiro (2016) Jogos Olímpicos – Era Moderna Robert Garrett– Estocolmo (1920) Ryan Crouser– Rio de Janeiro (2016) Jogos Olímpicos – Era Moderna Jogos Olímpicos – Era Moderna Provas Resultado Atenas 1896 (valores aproximados) Resultado Rio 2016 100 metros 12” 9´´58 400 metros 54´´ 43´´03 800 metros 2´11´´ 1´40´´ 1500 metros 4´33´´ 3´26´´ 17´´ 12´´80 Salto à vara 3.05m 6.16m Salto em comprimento 6.09m 8,95m Triplo salto 13.72m 18,29m Lançamento do peso 10.97m 23,12m Lançamento do disco 29m 74,08m 2,55´20´´ 2,03´´02´ 110 metros barreiras Maratona Jogos Olímpicos – Era Moderna https://www.youtube.com/watch?v=w4FI6tWhm-I Antropologia e História do Corpo ISCE 2022/2023 Duarte Belchior Paradigma da Motricidade Humana • A visão demasiado biológica do corpo conduz à redução do corpo a: • Objectivos padronizados • Processos não conscientes • Processos de poder exercido por cada sociedade Paradigma da Motricidade Humana • Paradigma da Educação Física • Baseado no positivismo • Influência das ciências bio-médicas • “… aos olhos de muito boa gente, a problemática biomédica abrange, com carácter de exclusividade, a área da motricidade humana…” (Sérgio, 1996) Paradigma da Motricidade Humana • Críticas ao paradigma da Educação Física • • • • Excessiva ciência (fecha o corpo) Visão anátomo-clínica Devoção ao paradigma cartesiano (velocidade, resistência, impulso, etc…) Análise pretende: • Dividir dificuldades em parcelas • Método analítico • Especialização Paradigma da Motricidade Humana Críticas ao paradigma da Educação Física 1. 2. 3. 4. 5. Pensamento crítico sobre uma excessiva ciência (fisiologia, anatomia, bioquímica, etc.) que segundo José Gil roubam ao corpo a sua humanidade (Tavares,2001) Dependência das ciências bio-médicas com o enviesamento causado pela matriz cartesiana esquecendo uma matriz mais ecológica e holística Pela razão anterior a análise (dividir o todo em partes) é a metodologia de eleição e ao dividir o corpo apenas nas suas bases biomecânicas e fisiológicas podemos perder a visão abrangente do Homem e originando a especialização do investigador Crítica ao Dualismo, onde se torna inaceitável a divisão entre corpo e cérebro Positivismo: por influência do mesmo chegou-se à ideia que tínhamos chegado a uma conclusão e concepção final do Mundo e do que é a Educação Física. (Tavares,2001) Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • “O desportista é um ser que se movimenta , superando, superando-se e, como tal, o que o desporto pretende desenvolver não é tão-só um físico mas um ser humano […], passando os problemas do verdadeiro desporto bem mais para além do físico” (Sérgio, 1996) Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • Subjectividade: Entendimento da realidade como resultado da experiência do ser • O homem enquanto saboreador da realidade antes de ter dela um conhecimento conceptual Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • “O movimento não significa apenas a mudança no espaço de uma massa, mas corresponde sempre a uma intenção” (Sérgio, 1994) • “O movimento humano oferece uma certa significação perceptiva” (Tavares,2001) Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • Conhecer é aquilo que tem lugar quando o sujeito apreende um objecto, não havendo conhecimento sem o objecto ou sem o sujeito ou na inexistência de uma relação experiencial” (Tavares, 2001) Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • Um novo pensamento do Corpo sob o desígnio do princípio do diverso na complexidade (Sérgio, 2018) e da subjectividade (entendimento da realidade como experiência do ser) • Definição de Corporeidade: Intencionalidade operante (Merleau-Ponty); esta busca de significação das coisas que parte do sujeito e não existe num qualquer em si do objecto, utiliza a percepção como conceito-chave; • Carência: O movimento não surge para suprir uma necessidade física ou uma falta, mas objectiva a transcendência (Sérgio,2018). Paradigma da Motricidade Humana A Motricidade Humana Sujeito Coexistência Cooperação Cooperação Coexistência Objecto Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • O corpo é (Tavares,2001) • • • • Centro comunicacional onde tudo se concentra Centro de ligação sujeito-objecto Palco único da experiência do mundo Veículo de atribuição de significação às coisas Paradigma da Motricidade Humana • A motricidade humana • A motricidade enquanto intencionalidade operante e movimento consciente dirigido às coisas do mundo (Tavares, 2001) • Cada momento do movimento abarca toda a sua extensão (Merleau- Ponty, 1945) Paradigma da Motricidade Humana O corpo não se limita a reflectir a sociedade. Ele não é apenas inscrito[…]constitui-se a si mesmo como body subject. O próprio conhecimento derivaria da empatia e do envolvimento prático e sensual – e não de princípios gerais. O uso mimético do corpo seria a base para alcançar o sentimento de viver em comum com os outros. (Almeida,2004) Paradigma da Motricidade Humana Bibliografia recomendada 1. Merleau-Ponty, M. (2011). Fenomenologia da percepção. São Paulo: WMF Martins Fontes. 2. Sérgio, M. (2004). Alguns olhares sobre o corpo. Lisboa: Instituto Piaget. 3. Sérgio, M., (1996). Epistemologia da Motricidade Humana. Lisboa: FMH. 4. Tavares, G. A. (2001). A temperatura do corpo. Lisboa: Instituto Piaget Antropologia e História do Corpo Licenciatura em Desporto – 2022/2023 Docente: Duarte Belchior [email protected] Antropologia e História do Corpo Grécia Antiga Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Dois modelos distintos de educação Esparta Atenas Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Esparta Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Esparta – Regime militarista ▪ O processo educativo servia o estado de guerra permanente em que a cidade vivia. ▪ A criança era propriedade do Estado. ▪ A criança era examinada pelos anciãos após o seu nascimento… depois era entregue à mãe. ▪ Até aos 7 anos a educação era da responsabilidade da mãe. ▪ Com 7 anos entravam na escola. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Esparta – Entrada na escola oficial Com que objetivo? O que recebe? Que condições? ▪ Cama de Palha sem cobertor ▪ Andar descalço ▪ ▪ Poucos alimentos Camisola Curta Aumentar a astúcia Realização do combate mortal anual Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Esparta – Currículo escolar espartano ▪ Salto ▪ Natação ▪ Caça ▪ Arremesso do Disco ▪ Luta Livre Provas de cariz físico com o objetivo – Dotar os alunos de força, resistência e astúcia. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Atenas Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Atenas – Educação ateniense Quando nasciam as crianças eram avaliadas pelos pais… decidiam se era saudável ou doente. Até aos 7 anos de idade ficavam em casa ao cuidado da mãe ou ama Depois dos 7 anos de idade Pedagogo/professor O que aprendiam as crianças atenienses? ▪ Ginástica ▪ Gramática ▪ Música ▪ Oratória Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Atenas – Educação ateniense Música Harmonia e equilíbrio Formação do carácter Ginástica ▪ Corrida ▪ Dança ▪ Natação ▪ Salto Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Atenas – Educação ateniense ▪ Grande importância à aprendizagem da escrita ▪ Aprendizagem do cálculo não era descurada ▪ A leitura era fundamental Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Atenas – Educação ateniense ▪ A antiga formação estético-militar perde importância e ganha relevo a formação literária e a retórica. ▪ Formar cidadãos capazes de ocuparem altos postos na administração e na política da cidade. ▪ A retórica passa a constituir uma disciplina fundamental na formação dos políticos que precisavam de ser eloquentes Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Culto aos Deuses Gregos eram Politeístas. Deuses semelhantes aos Homens ▪ Tinham poderes sobrenaturais ▪ Imortais ▪ Viviam no Olimpo Zeus Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Culto aos Deuses Objetivo do culto era: ▪ Proteção ▪ Benefícios divinos Tipos de culto: ▪ Culto doméstico – Altar doméstico (divindades protetoras do lar) ▪ Culto Cívico – Templos das cidades ▪ Culto Pan-helénico – Principais Santuários da Grécia Athena As festas religiosas Pan-helénicas incluíam acontecimentos desportivos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos da Grécia Antiga Visão do Mundo dos Gregos antigos ▪ Competir ▪ Vencer ▪ Ser aplaudido ▪ Ter fama Competição em grego antigo = agón A competição permitia demonstrar a excelência das suas capacidades físicas e intelectuais. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos da Grécia Antiga Os quatro jogos mais importantes da Grécia Antiga eram: ▪ Olímpicos - celebrados no santuário de Zeus em Olímpia ▪ Píticos - celebrados no santuário de Apolo em Delfos ▪ Ístmicos - no santuário de Poseidon em Corinto ▪ Nemeus - no santuário de Zeus em Neméia Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Jogos da Grécia Antiga Presença das mulheres era vedada, exceto sacerdotisa Deméter (mensageira dos Deuses) Jogos Heranos ▪ Olímpia ▪ Só para mulheres ▪ Em honra da deusa Hera, mulher de Zeus ▪ Jogos de corrida a pé (162 metros) ▪ Terminavam com sacrifícios, procissão e festas Hera Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo O Império Romano Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Localização de Roma Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Origem de Roma Lenda : O mito de Rómulo e Remo De pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo História de Roma Divide-se em três períodos: ▪ Monarquia (753 - 509 a.C.); ▪ República (509 - 27 a.C.); ▪ Império (27 a.C.- 476 d.C.). Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Origens de Roma – Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C) Roma resulta da mistura de três povos: ▪ Gregos; ▪ Etruscos; ▪ Italiotas. A sociedade era formada por: ▪ Patrícios (Nobres proprietários de terras); ▪ Plebeus (comerciantes, artesãos e pequenos proprietários); ▪ Escravos. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C) Roma era governada por um rei, que era aconselhado pelo Senado. A religião era politeísta. Reformas Severianas - Sérvio Túlio (rei etrusco) realiza diversas reformas que favoreceram os plebeus. ▪ Promove famílias plebeias à condição de nobres ▪ Estimula o comércio e o artesanato Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Qual o objetivo de Sérvio Túlio? Antropologia e História do Corpo A queda da monarquia Romana Surge o Movimento dos Patrícios contra a política “popular” de Sérvio Túlio. Em 509 a.C. destronam Tarquínio, dando fim à Monarquia. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Reorganização dos poderes na República Modificações nas instituições de poder feitas pelos Patrícios: Poder Bicéfalo – Dois cônsules, com um ano de mandato Objetivo – Eliminar o risco de uma nova monarquia Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo República (509 a.C. - 27 a.C.) - Aparecimento de lutas entre classes ▪ Escravos vs Homens Livres ▪ Plebeus vs Patrícios Lei das 12 tábuas – Direitos e deveres iguais para todos Lei Canuleia – Patrícios e Plebeus podiam casar entre si. Eleição de plebeus para os cargos de magistrados. Fim da escravização por dívidas. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo República (509 a.C. - 27 a.C.) Expansão militar romana Riquezas para os Patrícios Guerra púnicas Patrícios e Plebeus lutam pelo poder Classe dos Cavaleiros Fim da República Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano (27 a.C.- 476 d.C.) César (Otaviano) Augusto foi considerado o primeiro imperador Motivos para a expansão do Império: ▪ Interesses económicos ▪ Necessidade de mão de obra ▪ Desejo de prestígio Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo PAX Romana - Integração dos povos dominados Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Que implicações? Acumulação de riquezas através de imposição de impostos e trabalho escravo. Expansão do Império Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Acentuada desigualdade social ▪ Ordem Senatorial – Aristocratas ▪ Ordem Equestre – Comerciantes com grandes terras, cidadãos que com mérito atingiram esse patamar e alguns militares ▪ Plebe – Homens livres (artesãos e comerciantes) ▪ Escravos Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Acentuada desigualdade social ▪ Período de enorme degradação cultural ▪ Período de luxúria de afirmação de prazer e de riqueza, classes privilegiadas distinguiam-se da maioria da população ▪ Promoção da ociosidade Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Banhos As salas de banhos privadas e luxuosas bem como os grandes banhos públicos são mais apreciados. ▪ Os balneários romanos eram locais onde os senadores e membros da aristocracia iam para discutir política e ampliar os relacionamentos pessoais Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Banquetes Os Banquetes, para além das iguarias e dos manjares, era uma forma de se mostrar prestígio. Mais prestígio era sinónimo de mais convites A roupa e as joias faziam a distinção entre os mais ricos e os menos abastados A música ambiente tocada pelas liras, era um forte indício para o início de orgias. Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo – Docente: Duarte Belchior Antropologia e História do Corpo Império Romano – Jogos Romanos A tradição militar continuava a orientar a escolha dos exercícios físicos. Celebrações religiosas e oportunidade culto de heróis faziam parte dos Jogos Romanos (90 dias na fase inicial). Espaços construídos para os jogos. Reforço do estatuto social pelos mais poderosos. Grande popularidade Instituto Superior de Lisbo