T8 Termorregulação (PT) PDF
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MIMV
2024
Tiago B Gaspar
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Estas notas de aula cobrem a termorregulação animal e discutem os diferentes tipos de animais (endotérmicos e ectotérmicos) e seus mecanismos termorreguladores, considerando fatores como a dependência da temperatura corporal, valores de referência, termoneutralidade, e temperaturas críticas. Fornece informações sobre os mecanismos termorreguladores e o balanço térmico, incluindo detalhes sobre a hipertermia e a febre, e exemplos de espécies animais.
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13 novembro 2024 TERMORREGULAÇÃO Tiago B Gaspar Fisiologia Geral MIMV Plano de aula Conteúdos a abordar 1. Dependência da temperatura corporal 2. Valores de referência e oscilações de temperatura corporal 3. Termoneutralidade e temperaturas críticas 4. Regulação da temperatura co...
13 novembro 2024 TERMORREGULAÇÃO Tiago B Gaspar Fisiologia Geral MIMV Plano de aula Conteúdos a abordar 1. Dependência da temperatura corporal 2. Valores de referência e oscilações de temperatura corporal 3. Termoneutralidade e temperaturas críticas 4. Regulação da temperatura corporal 5. Balanço térmico 6. Hipertermia e febre T8 13-NOV-24 2 Termorregulação Importância A temperatura corporal (TC) é o principal fator que interfere com a função dos tecidos A TC é o resultado do balanço entre a produção e a perda de calor: quando a produção de calor é maior que a perda a TC sobe, e vice-versa A termorregulação (manutenção da TC dentro de deter- minados valores) é essencial para processos biológicos Exercício árduo vitais do organismo Emoção ou exercício Emoção ou exercício Crescimento moderado, alguns adultos moderado, alguns adultos e crianças muito ativas e crianças muito ativas Locomoção Valores Valores normais normais Taxa metabólica Manhã cedo, Manhã cedo, tempo frio, etc tempo frio, etc (em humanos) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021) 13-NOV-24 3 1. Dependência da temperatura corporal Conceitos (variação da TC) HOMEOTÉRMICOS POIQUILOTÉRMICOS Mamíferos e aves Répteis e peixes (“animais de sangue quente”) (“animais de sangue frio”) Mantêm a TC relativamente A sua TC oscila em função da TA estável, “independentemente” da temperatura ambiental (TA) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021) 13-NOV-24 4 1. Dependência da temperatura corporal Conceitos (variação da TC) As designações “homeotermia” e “poiquilotermia” não descrevem bem a capacidade reguladora da TC e estão a cair em desuso Os animais homeotérmicos podem vivenciar variações de TC até 10 vezes superiores aos poiquilotérmicos Ex.: alguns mamíferos em hibernação podem atingir TC de 4-5 °C; alguns peixes alteram as suas TC em menos de 2 °C no ano Também as designações “animais de sangue quente” e “animais de sangue frio” devem ser evitadas Ex.: alguns répteis no deserto atingem TC de 40 °C T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021) 13-NOV-24 5 1. Dependência da temperatura corporal Conceitos (regulação da TC) ENDOTÉRMICOS ECTOTÉRMICOS Mamíferos e aves Répteis e peixes Animais cuja fonte de calor é a Animais cuja fonte de calor é produção metabólica (endo = de externa/ambiental (ecto = de dentro) fora) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021) 13-NOV-24 6 1. Dependência da temperatura corporal Conceitos (regulação da TC) A endotermia e a ectotermia não são mecanismos mutuamente exclusivos de regulação da TC, muitos animais utilizam uma combinação de ambos Aves predadoras (“roadrunners”) do deserto tornam-se hipotérmicas em noites frias e aquecem-se ao sol durante o dia (economia metabólica) Serpentes (diversas espécies de píton) fêmeas enrolam-se nos ovos e produzem calor por contração rítmica dos músculos em temperaturas baixas T8 13-NOV-24 7 1. Dependência da temperatura corporal Animais endotérmicos Os animais endotérmicos são geralmente homeotérmicos; a sua TC no centro do corpo é estável, enquanto a temperatura superficial (pele) varia conforme a TA A temperatura endógena aumenta com o exercício e varia com a exposição prolongada a temperaturas ambientais extremas, pois os mecanismos de termorregulação não são perfeitos As oscilações de TC podem provocar diminuição ou aumento da temperatura corporal para valores extremos que são incompatíveis com a vida Abaixo dos 37,5-38 °C: funções metabólicas comprometidas Abaixo de 34 °C: hipotermia e perda de capacidade de regular a TC Acima de 45 °C: lesões cerebrais fatais T8 13-NOV-24 8 1. Dependência da temperatura corporal Animais endotérmicos A manutenção de uma TC constante permite aos mamíferos e aves viverem numa grande variedade de ambientes e permanecerem ativos durante as épocas mais frias do ano Este processo que não é isento de custos: implica a manutenção de uma taxa metabólica elevada para produzir o calor necessário para manter a TC e uma busca quase constante de alimento para elevada captação de energia Recurso a migração ou Regulação precisa da Elevadas necessidades hibernação* (em temperatura e energéticas (gasto de condições adversas à concentrações salinas energia para manter manutenção da dos fluidos corporais homeostase) homeostase) *A hibernação é um fenómeno de depressão metabólica (redução de atividade e TC) ou T8 dormência. A hibernação é de longa duração e intensidade (de depressão metabólica) 13-NOV-24 variável: em ursos é baixa mas em roedores alta (daí atingirem temperaturas muito baixas durante a hibernação) 9 1. Dependência da temperatura corporal Animais ectotérmicos A ectotermia é uma característica ancestral dos vertebrados, mas é tão efetiva quanto a endotermia Os mecanismos de termorregulação ectotérmica são tão complexos e especializados como os da endotermia Em cativeiro, os tutores devem ter cuidados especiais Baixa taxa de consumo Reduzidas necessidades Habilidade de entrar em de energia (relaxamento energéticas (explorar torpor* (ambientes dos limites de ambientes stressantes) quentes ou secos) homeostase) *O torpor é um fenómeno de depressão metabólica (redução de atividade e TC) ou T8 dormência, caracterizado por alta intensidade (de depressão metabólica) e curta 13-NOV-24 duração de inatividade, realizada por ectotérmicos e pequenos endotérmicos 10 1. Dependência da temperatura corporal Animais ectotérmicos (em cativeiro) Elevada dependência de mecanismos/padrões comportamentais Deve ser disponibilizado acesso a fonte de calor (natural ou artificial) Gadgets térmicos (tapetes, fitas, rochas) podem provocar queimaduras graves T8 13-NOV-24 11 1. Dependência da temperatura corporal Mais complicado do que parece... https://www.youtube.com/watch?v=gLezZys_jpo T8 13-NOV-24 12 2. Valores de referência (Temperatura retal) Espécie TC média (°C) Variações Equinos 37,8 37,5 - 38,1 Bovinos 38,5 37,5 - 39,5 Cães (grandes) 38,6 37,4 - 39,0 Gato 38,6 38,0 - 39,3 Cães (pequenos) 38,8 38,0 - 39,0 Suínos 39,0 38,0 - 40,0 Ovinos 39,3 38,5 - 39,8 Caprinos 39,5 38,5 - 40,0 Aves 41,0 40,6 - 42,2 T8 Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 13 2. Oscilações de temperatura corporal Principais causas Hora do dia Idade Sexo Tamanho Em geral atinge o seu valor TC jovens > TC adultos; TC fêmeas > TC machos Indivíduos maiores (da mesma mínimo de madrugada e o durante os primeiros 10-15 (ligeiramente); antes do parto espécie) têm uma menor área máximo ao final da tarde (TC dias de vida, alguns animais pode oscilar muito (aumentar de superfície por volume, logo pode oscilar 0,5-1,0 °C) são poiquilotérmicos (cães, até 2 °C nas vacas e diminuir suportam melhor baixas TC gatos, roedores, lagomorfos) até 1 °C nas cadelas) (menor perda de calor) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 Silby et al. (1997) 14 2. Oscilações de temperatura corporal Taxa metabólica basal (TMB) A TMB é a quantidade de energia que o animal, em repouso e em jejum, gasta para manter as suas funções vitais ao longo de 24h A TMB é maior nos endotérmicos que nos ectotérmicos, porque os endotérmicos precisam de gerar mais energia para manter a TC A TMB/kg de peso corporal é maior em animais de menor porte (roedores) que maior (ruminantes), em parte porque os primeiros têm maior área de superfície corporal, que lhes permite perder + calor O gráfico mostra a quantidade de calor produzida através do metabolismo dos HC, lípidos e proteínas T8 Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 15 3. Termoneutralidade e temperaturas críticas Conceitos Zona de termoneutralidade (ZT): intervalo de temperatura ambiental em que não exige um “esforço” dos mecanismos termorreguladores para manter a TC dentro dos limites fisiológicos. Temperatura crítica inferior (TCI) Pele sem pêlos Pele com lã grossa Elevada TM Temperatura crítica superior (TCS) ZT + alta ZT + baixa ZT baixa (4-15 ºC) Mecanismos de piloereção e variação do tónus Perda por Termogénese vasomotor evaporação (p.ex. tremores) (p.ex. sudação) a AIntensidade Frio Calor Termoneutralidade a T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 16 3. Temperaturas críticas Mecanismos TCI TCS ↑ da taxa metabólica Sudação ↓ da atividade produtiva Polipneia térmica ↑ do apetite Vasodilatação Quando os mecanismos de termorregulação não são eficazes, o animal perde a sua capacidade de regular a TC e esta pode atingir valores incompatíveis com a vida Temperatura letal inferior (TLI) em geral Temperatura letal superior (TLS) em abaixo de uma T retal de 20 °C geral acima de uma T retal de 43 °C T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 17 4. Regulação da temperatura corporal O papel do sistema nervoso É o sistema nervoso (SN) que é responsável pela termorregulação dos animais, através de estruturas designadas “termorrecetores” Os termorrecetores são sensores de temperatura que enviam informações ao cérebro, que aciona mecanis- mos para ↑ ou ↓ a TC (> produção ou > perda) Existem termorrecetores centrais (no hipotálamo anterior) e termorrecetores periféricos (na pele e tecidos profundos como a medula espinal, vísceras abdominais, grandes vasos e tórax); o hipotálamo posterior integra todos estes sinais T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 18 4. Regulação da temperatura corporal O papel do sistema nervoso O hipotálamo é responsável por manter a TC dentro dos valores de temperaturas normais para cada espécie Esse intervalo designa-se ponto fixo Desvios de temperatura do ponto fixo vão ser detetados através dos diversos termorrecetores A partir daí são desencadeados os mecanismos de termorregulação Os mecanismos de termorregulação são mecanismos de feedback negativo T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 19 4. Regulação da temperatura corporal Principais mecanismos Mecanismos de produção de Mecanismos de dissipação de calor e diminuição das perdas calor “Calafrio” e “tiritar” Polipneia térmica Libertação de TSH pela hipófise Sudação (causa ↑ libertação de T4) ↑ FC e Vasodilatação ↓ FC e Vasoconstrição ↓ libertação de catecolaminas Piloereção/Pteroereção (adrenalina e noradrenalina) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 20 5. Balanço térmico Conceitos Como já vimos, a TC é o resultado do balanço entre a produção e a perda de calor A produção de calor é assegurada por: TM basal de ↑ efeito das Órgãos internos ↑ atividade ↓ efeito das Exercício físico, Processo todas as céls do hormonas (fígado, cérebro, química das céls catecolaminas tremores digestivo corpo tiroideias coração...) A perda de calor implica a sua transmissão dos órgãos internos (onde é produzido) para a pele, onde é libertado para o exterior; a rapidez desta libertação depende de: Tempo que o calor demora a ser conduzido do local onde é gerado até à pele Tempo que o calor demora a ser transmitido da pele para o espaço envolvente T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 21 5. Balanço térmico Condução de calor do centro do corpo para a pele A pele e os tecidos subcutâneos (SC), sobretudo o tecido adiposo SC, constituem um sistema isolante do corpo É através da pele que o calor se dissipa (é um sistema de irradiação de calor) O calor gerado no centro do corpo alcança a pele através da corrente sanguínea Vasodilatação (> perfusão sanguínea) Vasoconstrição (< perfusão sanguínea) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 22 5. Balanço térmico Dissipação do calor através da pele Convecção 1 Das correntes de ar Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 23 5. Balanço térmico 5.1. Convecção Convecção Consiste na perda de calor pelos movimentos do 1 Das correntes de ar ar, quer sejam produzidos por correntes de ar, quer pelos movimentos do animal Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Depende de: Temperatura da pele Irradiação Temperatura do ar ambiente 3 Troca entre animal e ambiente Velocidade do ar Postura do animal Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 24 5. Balanço térmico 5.2. Condução Convecção Consiste na transferência de calor por contacto 1 Das correntes de ar físico com superfícies mais frias (gasosas, líquidas ou sólidas) Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Quanto > o gradiente térmico e quanto > a condutividade térmica > rapidez e eficiência na condução de calor Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Evaporação Onde é maior a 4 Através da sudação mas não só… condutividade térmica? No ar ou na água? T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 25 5. Balanço térmico 5.2. Condução por contracorrente Convecção O mecanismo de troca de calor por contracorrente 1 Das correntes de ar permite que a temperatura dos sangues arterial (mais quente) e venoso (mais frio) se equilibre Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Quando a TA está alta, o calor do sangue das artérias é conduzido através pele para o sangue das veias superficiais para que possa ser dissipado Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 https://veteriankey.com/thermoregulation-2 26 5. Balanço térmico 5.2. Condução por contracorrente Convecção 1 Das correntes de ar Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 https://veteriankey.com/thermoregulation-2 27 5. Balanço térmico 5.2. Condução por contracorrente Convecção Nos ovinos e outros ungulados, a rede carotídea 1 Das correntes de ar forma uma rede de pequenas artérias que mergulham num seio venoso Condução 2 Do calor a superfícies envolventes O sangue mais frio, proveniente da região nasal, diminui a temperatura do sangue arterial que se dirige para o cérebro. Irradiação Importante durante o 3 Troca entre animal e ambiente exercício, quando há > FR, para ↓ T do sangue que irriga a região nasal Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 https://veteriankey.com/thermoregulation-2 28 5. Balanço térmico 5.3. Irradiação Convecção O calor é irradiado do corpo através de raios IV; 1 Das correntes de ar estes raios são emitidos por todos os objetos, em todas as direções Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Uma vez mais, quanto > o gradiente térmico > a quantidade de calor irradiada Irradiação Depende também de: 3 Troca entre animal e ambiente Área cutânea Postura do animal Evaporação 4 Através da sudação mas não só… Características da pele (espessura, pelos) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 29 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação Convecção Consiste na perda de calor através da evaporação 1 Das correntes de ar de água, quer através de sudação, quer através das vias respiratórias superiores (polipneia Condução térmica ou arquejo, “arfar”) 2 Do calor a superfícies envolventes Depende de: Irradiação Temperatura da pele 3 Troca entre animal e ambiente Humidade relativa do ambiente Volume respiratório por minuto Evaporação 4 Através da sudação mas não só… Quantidade de água disponível para evaporação Humidade do ar inspirado e expirado T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 30 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação Convecção A evaporação é o mecanismo mais importante 1 Das correntes de ar de dissipação de calor pelos animais, quando a temperatura ambiental é alta Condução 2 Do calor a superfícies envolventes No entanto, nem todos os animais possuem a mesma capacidade de perderem calor por sudação ou polipneia térmica Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Evaporação 4 Através da sudação mas não só… T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 Sacristán et al., Fisiología Veterinaria (1996) 31 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação por sudação Convecção A sudação é despoletada por: 1 Das correntes de ar Aumento da TA, que estimula os recetores cutâneos Temperatura do sangue detetada pelos termorrecetores Condução 2 Do calor a superfícies envolventes Todos os mamíferos placentários possuem gll sudoríparas (exceção: roedores e lagomorfos) Irradiação Pouco desenvolvidas nos cães e no suínos 3 Troca entre animal e ambiente > eficácia nos humanos e equinos (> inervação e vascularização) Evaporação 4 Por sudação T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 32 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação por sudação Convecção As gll sudoríparas podem ser: 1 Das correntes de ar Apócrinas: secretoras de proteína Écrinas: secretoras de solução aquosa Condução 2 Do calor a superfícies envolventes As suas funções além da termorregulação são: Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente Excretora Proteção da fricção (pálpebras, almofadas palmares e plantares dos gatos, e palmas das mãos) Evaporação 4 Por sudação Antibacteriana T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 33 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação por polipneia térmica Convecção A polipneia térmica (arquejo) é desencadeada 1 Das correntes de ar pelos mesmos fatores que a sudorese Caracteriza-se por aumento da frequência Condução 2 Do calor a superfícies envolventes respiratória (≥ 10x o seu valor normal) com diminuição do volume corrente Irradiação Esta resposta é mais eficaz no cão, pequenos 3 Troca entre animal e ambiente ruminantes e aves No cão é ainda mais eficaz se a Evaporação língua for exteriorizada 4 Por polipneia térmica T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 34 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação por polipneia térmica Convecção Nas aves, o ar quente expirado (que retém o calor 1 Das correntes de ar dos pulmões) é eliminado, e a água das mucosas bucal e nasal é evaporado. Condução 2 Do calor a superfícies envolventes A evaporação ocorre nas vias respiratórias superiores, não no pulmão. Quando a temperatura ambiente é muito quente Irradiação 3 Troca entre animal e ambiente (+ grave se humidade relativa também for elevada) o arquejo pode ser ineficaz Evaporação Ocorre golpe de calor (↑ temperatura 4 Por polipneia térmica cerebral → edema cerebral, hipoventilação e apneia) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 35 5. Balanço térmico 5.4.Evaporação nas bolsas guturais Convecção Alguns mamíferos como os os equinos não 1 Das correntes de ar possuem rede carotídea, então recorrem a outros mecanismos Condução 2 Do calor a superfícies envolventes As bolsas guturais dos equinos envolvem as artérias carótidas internas; estas bolsas contêm ar, que se encontra a uma temperatura mais baixa do que o Irradiação sangue arterial que percorre a carótida interna 3 Troca entre animal e ambiente O calor é transferido do sangue para as bolsas guturais Evaporação 4 Nas bolsas guturais T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018), 13-NOV-24 https://veteriankey.com/thermoregulation-2 36 6. Hipertermia e febre Conceitos A hipertermia é o termo geral que se refere a um aumento da TC acima dos valores normais. Decorre da falha dos mecanismos termorreguladores, sem ocorrer necessaria- mente alteração do ponto fixo de temperatura no hipotálamo. A febre é um sinal clínico e não uma doença em si. Consiste num tipo específico de hipertermia, em que há alteração do ponto fixo de temperatura para um valor mais alto. A elevação do ponto de regulação térmica desencadeia uma série de mecanismos destinados a aumentar a TC (tremores, vasoconstrição, aumento do metabolismo celular, etc) por forma a atingir o novo equilíbrio As substâncias causadoras da febre são os pirógenos T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 37 6. Febre Pirógenos Pirógenos endógenos Consistem em polipeptídeos (citoquinas) produzidos por uma grande variedade de células do hospedeiro, sobretudo monócitos e macrófagos Principais exemplos: interleucinas (IL) 1 e 6, fator de necrose tumoral (TNF), fator ativador de plaquetas (PAF), interferão (IFN) ɑ Pirógenos exógenos São substâncias externas ao hospedeiro Principais exemplos: microrganismos ou seus produtos (toxinas e lipopolissacarídeos) e fármacos Regra geral, os pirógenos exógenos atuam principalmente pela indução da formação de pirógenos endógenos através da estimulação das células do hospedeiro (monócitos ou macrófagos) T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 38 6. Febre Objetivo A elevação da TC tem como objetivo aumentar as possibilidades de sobrevivência numa situação de infeção O aumento da temperatura leva a uma diminuição do crescimento e da virulência de várias espécies bacterianas e ao aumento da capacidade fagocítica e bactericida dos neutrófilos e dos efeitos citotóxicos dos linfócitos Mas, um aumento da temperatura de 1 °C, leva ao acréscimo do consumo de oxigénio e a maiores necessidades hídricas e calóricas, o que pode ser nefasto para indivíduos com função vascular cerebral e cardíaca marginal T8 Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021), Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 13-NOV-24 39 Objetivos pedagógicos T8 Termorregulação 1. Compreender a diferença entre conceitos: homeotermia vs poiquilotermia, endotermia vs ectotermia 2. Vantagens e desvantagens da homeotermia 3. Conhecer os valores normais de temperatura retal das espécies mais frequentes 4. Compreender os conceitos de termoneutralidade, temperaturas críticas e temperaturas letais 5. Compreender a influência da taxa metabólica basal e da área de superfície corporal com a termorregulação 6. Compreender o papel do hipotálamo na termorregulação 7. Compreender e relacionar à prática os principais mecanismos de dissipação de calor 8. Compreender os mecanismos de troca de calor por contracorrente e conhecer as particularidades entre espécies 9. Compreender os conceitos de hipertermia e febre 10. Conseguir relacionar os conceitos de febre, pirógeno endógeno e exógeno, e ponto fixo T8 13-NOV-24 40 Bibliografia T8 Termorregulação 1. Guyton and Hall, Textbook of Medical Physiology, 14th Edition (2021) 2. Cunningham´s Textbook of Veterinary Physiology, 6th Edition (2018) 3. Sacristán et al., Fisiología Veterinaria (1996) T8 13-NOV-24 41 Obrigado Tiago B Gaspar [email protected]