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This document covers the basics of research methods in psychology. It discusses the definition of scientific investigation, outlining its characteristics. It also provides a comprehensive overview, touching upon different types and sources of knowledge.

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# Métodos de Investigação em Psicologia ## Investigação Científica e Método Científico ### Investigação Científica **Definição:** Processo de génese de conhecimento científico (ciência) com o intuito de responder a problemas e questões específicas acerca do real. A investigação científica repre...

# Métodos de Investigação em Psicologia ## Investigação Científica e Método Científico ### Investigação Científica **Definição:** Processo de génese de conhecimento científico (ciência) com o intuito de responder a problemas e questões específicas acerca do real. A investigação científica representa um processo metódico de génese de uma modalidade específica de conhecimento: o conhecimento científico (teorias). Porém, o nosso conhecimento acerca do real possui distintas naturezas e pode decorrer de diferentes fontes: - **Tradição:** Hábitos, normas e costumes perpetuados de geração em geração. - **Autoridade:** Figuras e entidades que veiculam e/ou impõem conhecimento e saber (ex: líderes religiosos, peritos, especialistas). - **Tentativa e Erro:** Forma de aprender que tendemos a utilizar quando não possuímos qualquer outro tipo de conhecimento. - **Experiência Pessoal:** Conhecimento adquirido ao longo da nossa vivência e interação com os objetos e com os outros (ex: nas atividades do nosso quotidiano, no exercício da nossa atividade profissional) - **Intuição:** Operação do pensamento que gera conhecimento direto, sem recorrer à análise e à reflexão. - **Raciocínio:** Gera conhecimento através organização e desenvolvimento das ideias, partindo da análise lógica dos elementos para chegar a conclusões. ### Investigação Científica: Produção de Conhecimento Científico (Ciência) **1. Investigação e Conhecimento Científico** - Uma parte substancial do conhecimento que possuímos não detém uma natureza científica. Trata-se de um conhecimento designado como comum, que possui um carácter quase acrítico e pouco sistemático, resultante por exemplo da nossa intuição e experiência. - Ainda assim, recorremos ao mesmo para tomar grande parte das nossas decisões. A própria sociedade norteia-se, por vezes, pelo conhecimento comum para proceder a distintas mudanças e evoluir. - Contudo, as tomadas de decisão que se fundamentam no conhecimento científico (ciência), seja na nossa vivência quotidiana, seja na nossa atividade profissional, possuem um carácter incomparavelmente mais preciso (exato) e adequado. Se é facto que o conhecimento designado de "comum", veiculado através destas distintas fontes pode possuir bases científicas, com frequência este possui um carácter espontâneo, não sistemático, pouco crítico e internamente inconsistente (incoerente) **Os opostos atraem-se.** Vs. **Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.** **Quem não arrisca não petisca.** Vs. **Quem tudo quer tudo perde.** ### Investigação Científica: Processo de génese de conhecimento científico (ciência) com o intuito de responder a problemas e questões específicas. - Trata-se de um processo sistemático de recolha de dados observáveis e verificáveis empiricamente (acessíveis aos nossos sentidos), tendo como objetivo a descrição, explicação, predição e controlo dos fenómenos (Seaman, 1987). - **Ciência:** deriva do latim scientia que significa conhecimento e respeita ao conjunto organizado de conhecimentos sobre o real obtidos tendo por base o método científico. - **o conhecimento científico** corresponde, assim, a uma modalidade de conhecimento rigoroso, sistemático e metódico que visa responder a problemas de natureza teórica e aplicada. - O conhecimento científico tem como objetivo a compreensão, explicação, predição e controlo dos fenómenos naturais (Ciências Naturais) e sociais (Ciências Sociais): - **Ciências Naturais:** incidem sobre os fenómenos ou objetos naturais como a luz, a matéria, corpos celestes ou o corpo humano. Estas subdividem-se em ciências da terra, ciências da vida, ciências físicas, entre outras. Ex: Física, Química, Astronomia, Geologia, Biologia. - **Ciências Sociais:** o seu objeto de estudo prende-se com as pessoas e conjuntos de pessoas (como os grupos, as organizações, sociedades, economias), focando-se no análise do seu comportamento individual ou coletivo. Estas dividem-se em disciplinas como a Psicologia (a ciência do comportamento humano), a sociologia (a ciência dos grupos sociais) ou a economia (ciência dos empresas e dos mercados). Independentemente da disciplina científica em apreço, o conhecimento científico caracteriza-se por ser: - **Objetivo:** Visa facultar uma descrição exata do real, mesmo que temporária ou falível - **Sistemático:** Detém um carácter organizado e internamente consistente e coerente. - **Metódico:** É gerado a partir de procedimentos fiáveis e mediante planos metodológicos rigorosos. - **Analítico:** Visa analisar os fenómenos na sua complexidade e globalidade - **Comunicável:** É claro e preciso nas suas unidades de significação, reconhecido e aceite na comunidade científica. - **Cumulativo:** A sua construção apoia-se e estrutura-se tendo por base o conhecimento científico prévio. - **Replicável:** Os seus resultados devem ser replicáveis em circunstâncias similares, mesmo em contextos distintos e com diferentes investigadores (observadores). (Almeida & Freire, 2008) - **Racional:** Assente predominantemente na lógica e na razão ao invés da intuição - **Empírico:** Baseia-se na experiência, nos factos e dados para explicar os fenómenos. ## Investigação Científica e Método Científico - A investigação científica: resulta na produção de conhecimento com estas características distintivas (e portanto científico) porque preside à aplicação do método científico. - Este respeita a um conjunto de técnicas de produção de conhecimento que suportam as formas através da quais se realizam observações válidas, como se interpretam os resultados da investigação e como se procede à generalização desses resultados. - O método científico prescreve a forma como os investigadores geram e testam, de modo independente e imparcial, as teorias científicas e a investigação pré-existente, bem como estas são debatidas, modificadas e aperfeiçoadas. ### O método científico - O método científico possui quatro características fundamentais: - **Precisão:** Os conceitos teóricos/constructos devem ser definidos de forma precisa e mensurável (definição operacional-transformandos em variáveis) por forma a que sejam passíveis de medição e permitam o teste da teoria que explicita as suas inter-relações. - **Falsificabilidade:** As teorias precisam os seus conceitos, especificam as relações entre os mesmos, por forma a que estas possam ser submetidas ao teste e à falsificação. Todas as teorias que não sejam testáveis não podem ser consideradas teorias cientificas. - **Replicabilidade:** Os estudos científicos devem ser passíveis de replicação por outros investigadores, de modo a apurar-se a similaridade/convergência dos seus resultados. - **Parcimónia:** Perante a existência de múltiplas explicações para um dado fenómeno, a teoria com maior simplicidade representa a que possui um maior grau de aceitação. Em síntese, a aplicação do método científico exige que: - Os conceitos em estudo sejam transformados em variáveis, i.e., passíveis de serem definidos com precisão e de modo operacional (mensurável). - Se confronte as teorias e as suas predições com o real e com a sua observação (dados empíricos, e informação objetiva). - Os resultados empíricos obtidos num determinado estudo sejam passíveis de replicação em outros estudos. ### Investigação e Método Científico - Por conseguinte, qualquer tipo de conhecimento que não seja passível de ser testado empiricamente, isto é através de observações factuais, independentes e de um modo preciso, replicável, falsificável e parcimonioso (método científico), não pode ser considerado conhecimento científico. - Ex: A teologia (estudo das religiões) não é considerada uma área científica já que as suas premissas e proposições (tais como a presença de Deus) não podem ser testadas por observadores independentes com recurso ao método científico. ## Investigação Científica e Teoria - A aplicação do método científico às ciências sociais inclui uma multiplicidade de abordagens de investigação, como as abordagens quantitativas, qualitativas e mistas, distintos planos de investigação, diferentes métodos de recolha de dados e técnicas de análise de dados. - Norteada pela aplicação do método científico, a investigação científica tem como objetivo criar conhecimento através do estabelecimento de leis e de teorias para explicar fenómenos naturais e sociais. - **Leis:** Relações constantes e invariáveis que se aplicam numa determinada estrutura, independentemente das mudanças nas suas partes ou nas propriedades dos fenómenos. O seu estabelecimento é precedido de uma explicação provisória (hipótese). - Ex: Leis clássicas do movimento de Newton: descrevem o que acontece quando um objeto está em repouso ou em movimento (1ª lei), a força necessária para mover um objeto ou parar um objeto em movimento, (2ª lei) e o que sucede quando dois objetos colidem (3ª lei). - **Teorias:** Explicações sistemáticas de um dado fenómeno ou comportamento. Estas são um conjunto de conceitos e proposições que visam descrever, explicar ou predizer os fenómenos. - Ex: Teoria Psicológica: Teoria da dissonância cognitiva (Festinger, 1953) - explica como as pessoas reagem quando as suas atitudes e o seu comportamento são inconsistentes (Atitude Vs. Comportamento). Teoria da autodeterminação, Teoria da reciprocidade social etc... ### Investigação Científica e Método Científico - As teorias são constituídas por diferentes elementos: os conceitos/variáveis que descrevem os fenómenos, as relações entre os conceitos, as explicações dos fenómenos descritos e das suas relações, as predições de umas variáveis a partir das demais. - Trata-se, assim, de um sistema relacional de leis gerais capazes de explicar e predizer os fenómenos. - Esta permite a formulação de deduções (sistema hipotético-dedutivo) dentro do seu quadro e abrangência. - Detém um carácter provisório e em permanente teste e escrutínio empírico. ### Investigação Científica e Teoria - **Teoria** - Detém um carácter provisório e em permanente teste e escrutínio empírico. - Assim, a produção do conhecimento científico (através da investigação) visa desenvolver e testar teorias, posicionando-se em dois níveis fundamentais: - **Nível Teórico (Teoria)** – Desenvolvimento de conceitos abstratos acerca de um fenómeno natural ou social e descrever as relações entre esses conceitos. - **Nível Empírico (Observação)** – Teste dos conceitos teóricos (operacionalizados em variáveis) e as suas relações e verificar se estes refletem, e com que exatidão, as nossas observações da realidade, ou desse mesmo fenómeno. - Quando não existem teorias a respeito de um dado problema de investigação, o investigador aplica o método científico de modo a elaborar teoria: - Perante a necessidade de maior informação sobre um dado problema, este parte de um conjunto incontornavelmente parcial de dados para a elaboração de um resumo descritivo dos fenómenos observados e suas relações. Logo, a aplicação do método científico obedece a uma lógica indutiva (theory building research) na compreensão da realidade. - Quando existe um quadro teórico (teoria) o investigador aplica o método científico no sentido do teste e tentativa de falsificação das respetivas proposições ou explicações teóricas para um dado problema. Neste caso, a lógica inerente é dedutiva (theory testing research). - Assim, o avanço das ciências naturais e sociais depende da investigação empírica que possibilita_construir novas teorias e testar sistematicamente e de modo ininterrupto as teorias existentes. - **Construir teoria:** a investigação visa reconhecer a presença de um fenómeno, descrever as suas características e determinar as relações entre as mesmas (Teoria). - **Testar teoria:** mostrar com hipóteses deduzidas através da teoria que esta possui evidência empírica que a suporta. ## Metodologia da Investigação - **Delimitação e Diferenciação da Metodologia das restantes disciplinas da Filosofia das Ciências:** - **A epistemologia (ou lógica da ciência):** remete para os problemas gerais do conhecimento científico e para as assunções sobre a melhor forma de estudar o mundo. - **A Sistematologia:** Tem como propósito a inventariação e crítica das estruturas e operadores conceptuais. - ** A Metodologia:** concerne às estratégias empíricas de validação das hipóteses científicas. Esta consiste no conjunto de dispositivos técnicos que assistem à produção de conhecimento científico e incide sobre a lógica do processo de investigação. - Esta visa "analisar e descrever os métodos empíricos das ciências" (Madsen, 1974, p. 24). - Constitui o estudo dos meios que traduzem as ideias do investigador em ações (Manstead, 1988). - **Delimitação e Diferenciação da Metodologia das Disciplinas da Filosofia das Ciências:** - Assim, a sua aplicabilidade é transversal às distintas disciplinas científicas, pelo que não representa uma disciplina paralela ou concorrente (Alferes, 1997). ## Investigação Científica e Método Científico - Síntese e Ideias Chave - A investigação científica é um processo sistemático e de natureza empírica que possibilita a criação de conhecimento científico. - O conhecimento científico possui determinadas características que o distinguem do conhecimento do senso comum, que decorre de outras fontes. - O seu carácter específico (objetivo, empírico, sistemático e replicável, etc.) decorre do facto do seu processo de produção se basear na aplicação do método científico. - Este último possibilita o avanço do conhecimento científico através da construção e teste sistemático de teorias ou quadros teóricos e das suas explicações acerca dos fenómenos. ## Do Processo de Investigação à Metodologia de Investigação ### 2.1 Etapas do Processo de Investigação - O Processo de Investigação: Etapas Fundamentais: (Coutinho, 2015,) - I - Fase Conceptual - II - Fase Metodológica - III - Fase Empírica - IV - Fase de Publicação **I-Fase Conceptual** 1. **Formulação do Problema/Questão de Investigação** 2. **Revisão da Literatura e Formulação das Hipóteses de Investigação** - A execução destas fases possibilita, desde logo, eleger: - **A Abordagem/Perspetiva/Design de Investigação:** Quantitativa (design fixo) Qualitativa (design flexível), Mista. - **O Plano ou Método de Investigação.** **II- Fase Metodológica** 1. **Método (Metodologia da Investigação)** 2. **Definição das Variáveis e Eleição das respetivas Medidas** 3. **Amostra e Procedimento (de recolha de dados) da Investigação** **III - Fase Empírica** 1. **Recolha de dados** 2. **Análise dos dados (Estatística Descritiva e Inferencial)** **IV- Fase da Publicação** 1. **Redação do Relatório de Investigação/Artigo Científico (Normas de Publicação da APA)** ## 1. Formulação do Problema de Investigação - Possui um papel nuclear no processo de investigação. - Em rigor, o principal propósito do processo de investigação prende-se com a formulação de problemas e obtenção de respostas para os mesmos com recurso a uma multiplicidade de abordagens, planos e métodos de investigação (Alferes, 1997). - Possui grande relevância já que: - Permite centrar a investigação numa área ou domínio específico. - Confere pertinência e direção ao projeto de investigação. - Delimita o estudo e clarifica o seu contributo. - Orienta a revisão da literatura e a formulação de hipóteses. - Faculta informação importante para tomar decisões acerca da perspetiva de investigação (Qualitativa, Quantitativa, Mista) e do plano de investigação (ex: Descritivo, Experimental, Não experimental) a adotar, e naturalmente do tipo de dados necessário. **Critérios de avaliação do problema de investigação e da sua viabilidade** - Segundo MacMillan e Schumaker (1997) os problemas de investigação deverão possuir: - **Exequibilidade (feasibility):** a sua resposta é concebível e alcançável através da recolha de dados empíricos. - **Relevância:** este deve revestir-se de importância para o avanço do conhecimento científico (teórico/prático). - **Clareza:** Constitui uma interrogação inequívoca, sem ambiguidade, que mostra claramente o objetivo da investigação. - **Deverá permitir definir (depreender) o tipo de investigação a realizar** - A orientação metodológica do estudo (abordagem, plano de investigação). - **Deve efetuar menção à população/amostra em estudo (contexto).** - **Deve aludir, num grau moderado de especificidade, aos conceitos/variáveis que serão objeto de estudo.** **O Processo de Investigação** **Formulação do Problema/Questão de investigação - Exemplo** 1. Área/Tópico de investigação: 2. Problema de investigação: A personalidade relaciona-se com a criatividade? 3. Objetivo do estudo: 4. Hipótese de investigação: **1. Área/Tópico de investigação:** **2. Problema de investigação:** Os cinco fatores de personalidade relacionam-se com a criatividade individual dos estudantes do ensino superior? **3. Objetivo do estudo:** **1. Área/Tópico de investigação:** Diferenças individuais e personalidade (Big Five) e a criatividade individual. **2.Problema de investigação:** Os cinco fatores de personalidade relacionam-se com a criatividade individual dos estudantes do ensino superior? **3. Objetivo do estudo:** O propósito deste estudo prende-se com a análise da relação entre os cinco fatores de personalidade e a criatividade individual dos estudantes do ensino superior. **2. Problema de investigação:** Os cinco fatores de personalidade relacionam-se com a criatividade individual dos estudantes do ensino superior? **4. Hipótese de investigação:** É uma Resposta hipotética ao problema de Invest. Quais? **• MODELO DOS CINCO FACTORES DE PERSONALIDADE** - O modelo Big Five (Tupes & Crystal, 1961; Costa & McCrae, 1992) constitui a taxonomia de personalidade com maior aceitação na literatura. - **Conscienciosidade** → Grau de esforço, organização e persistência no comportamento orientado para objetivos. - **Estabilidade Emocional** → Predisposição individual para controlar as emoções eficazmente e confiar nas próprias capacidades. - **Extroversão** → Tendência individual para o estabelecimento de interações sociais, procura de elevados níveis de atividade, dominância e necessidade de estimulação.  - **Amabilidade** → Predisposição para o contacto interpessoal, com vista a facultar suporte emocional, colaborar e estabelecer relações de confiança com os demais. - **Abertura à Experiência** → Predisposição para a imaginação, curiosidade intelectual, juízo independente e sensibilidade estética. **Formulação do Problema/Questão de investigação _Exemplo_** 1. Área/Tópico de investigação: Os cinco grandes fatores de personalidade (Big Five) ea criatividade individual. 2. Problema de investigação: Os cinco fatores de personalidade relacionam-se com a criatividade individual dos estudantes do ensino superior? 3. Objetivo do estudo: O propósito deste estudo prende-se com a análise da relação entre os cinco fatores de personalidade e a criatividade individual dos estudantes do ensino superior. **4. Hipótese de investigação: Existem relações positivas entre os fatores de extroversão e de abertura à experiência e a criatividade individual dos estudantes do ensino superior.** ### Fontes de Problemas/Ideias de Investigação - **Interesse e experiência do Investigador:** Defrontamo-nos com inúmeras questões e problemas nas nossas experiências quotidianas (formação, trabalho) que poderão suscitar o nosso interesse e originar problemas de investigação que submetemos a estudo. - **Interesse em testar uma determinada teoria num novo contexto ou problema:** A motivação intrínseca dos estudantes do ensino superior relaciona-se positivamente com o seu desempenho académico. E com o desempenho no trabalho (onde já existem recompensas monetárias)? Existirá esta relação? E no contexto desportivo de alta competição? - **Replicação de estudos prévios:** Visa superar as limitações dos mesmos, verificar se os seus resultados se verificam numa nova amostra e/ou pertencente a um outro contexto. A eficácia do aconselhamento psicodinâmico oscila em função do grupo etário (ex crianças jovens adultos ou idosos, pessoas com incapacidade cognitiva?) - **Contradições verificadas em estudos prévios:** Estas contradições podem decorrer, por exemplo, de limitações ou imperfeições metodológicas. Ex: encontrar uma relação positiva num estudo e essa mesma relação ser negativa ou nula num outro. - **Sugestões para futuros estudos presentes nos artigos e nas teses científicas.** ### Critérios de avaliação do problema de investigação e da sua viabilidade - A investigação científica detém um carácter incontornavelmente empírico, pelo que não poderá dar resposta a questões que não possuam esta mesma natureza (ex: questões metafísicas, religiosas, morais, éticas). ## Tipos de problemas de investigação (Meltzoff, 1998): - **De existência:** Estão na génese da investigação que visa provar e documentar a existência de um determinado fenómeno (relativamente desconhecido). - Existem comportamentos contraprodutivos por parte dos colaboradores nos contextos organizacionais? Podemos falar em liderança negativa (despótica)? - **De compreensão:** Remetem para estudos que tem como propósito a compreensão de um determinado fenómeno (e.g., psicológico ou psicossocial) e da sua vivência psicológica (experiência subjetiva - significado) pelas pessoas. - Como/de que forma os migrantes experienciam (principais dificuldades, emoções, sentimentos experienciados, estratégias de coping) o processo de adaptação a um novo país/sociedade? - **De descrição e classificação:** Geram estudos de descrição (quantitativa) e caracterização de um determinado fenómeno ou variável no contexto da sua população. - Quais são as características sociodemográficas dos trabalhadores que auferem o salário mínimo em Portugal? - **De medição e composição:** Originam estudos centrados na definição das componentes que reificam/integram um dado conceito e na sua operacionalização - Que dimensões integram o constructo de desempenho académico? - Que dimensões fazem parte do constructo de capital psicológico? - **De Relação:** Conduzem ao estudo das relações/associações entre duas ou mais variáveis e à determinação do grau em que estas variáveis co-variam (oscilam em conjunto). - O nível socioeconómico dos estudantes do ensino secundário relaciona-se com o seu desempenho académico/escolar? - De Comparação: Originam estudos que comparam distintos grupos naturais (preexistentes) em função de uma ou mais variáveis. - Os elementos do sexo feminino são alvo de assédio moral no trabalho com maior frequência por comparação com os elementos do sexo masculino? - Existem diferenças por ano de curso no recurso às estratégias de aprendizagem? - **De Causalidade:** Conduzem à realização de estudos que além de analisarem a relação de associação entre duas ou mais variáveis, estes visam estabelecer relações de causalidade entre as mesmas. - Um maior nível de ansiedade pré-exame causa um maior número de erros na prova? - O consumo frequente e elevado de bebidas alcoólicas conduz ao desenvolvimento de cirrose hepática? - A utilização de métodos pedagógicos que apelam a uma maior participação dos alunos conduz à obtenção de um desempenho académico superior? - Logo, estes centram-se no estudo de um tipo específico de relação/associação entre as variáveis - as relações causais. A variável A causa, ou produz mudanças, na variável B? - Uma maior nível de ansiedade pré-exame determina um maior número de erros na prova? - **De Causalidade:** - A formação com vista a desenvolver competências sociais produz um maior desempenho no trabalho em funções de serviço ao cliente? - A exposição das crianças a filmes e documentários com conteúdo violento traduz-se na exibição mais frequente de comportamentos violentos na escola e no meio familiar? - A realização frequente de apresentações orais em público leva à redução da ansiedade de desempenho nos estudantes do ensino superior? ## O Processo de Investigação: Etapas Fundamentais: 1. **Formulação do Problema de Investigação** 2. **Revisão da Literatura e Formulação das Hipóteses de Investigação** (Definição da Abordagem/Perspectiva e do Plano de Investigação) ### 2. Revisão da literatura - Uma vez equacionado um determinado problema de investigação, o próximo passo do processo de investigação consiste na revisão da literatura científica prévia a respeito do mesmo. - Este processo permite identificar e analisar o corpo de conhecimento teórico e empírico prévio existe a respeito do problema de investigação. - Objetivo: identificar, localizar e analisar documentos que possuem informação relevante e fidedigna a respeito do problema de investigação. - Funções: Esta permite situar o presente estudo no quadro do conhecimento existe e clarificar os contributos do mesmo (de carácter teórico e aplicado). **▪ Funções:** - Adquirir conhecimento científico prévio relativo ao problema de investigação. - Contribuir para especificar e sofisticar, se necessário, o problema de investigação. - Aprofundar o conhecimento a respeito do mesmo e justificar a necessidade de realização do presente estudo - identificação de uma lacuna na literatura (questão por explorar ou pouco explorada) ou de limitações prévias (conceptuais, metodológicas) dos estudos que integram a mesma. - Analisar os métodos de investigação utilizados e identificação de possíveis imperfeições metodológicas. - Identificar possíveis resultados contraditórios. - Definir e eleger os quadros teórico-conceptuais (teorias de base) que constituem o referencial da investigação. - Equacionar questões de investigação mais específicas e poderá possibilitar a formulação de hipóteses (quando existe um desenvolvimento teórico prévio suficiente). **▪ Realização:** - Por natureza esta realiza-se seguindo um critério histórico, permitindo assim conhecer as linhas de investigação e os autores que partilham interesse e contribuíram para o conhecimento a respeito do problema em análise. - Assim, a revisão da literatura deve orientar-se numa primeira fase pela consulta das designadas fontes secundárias (recolhem de modo resumido a investigação realizada por outros investigadores). - Estas fontes secundárias incluem os manuais (handbooks) e os artigos de revisão da literatura (literature reviews) que poderão ser procurados utilizando o catálogo da biblioteca e nas bases de dados (utilizando palavras-chave sucessivamente mais específicas, tópico, autor, título). - JSTOR http://www.jstor.org/ - WILEY http://onlinelibrary.wiley.com/ - ERIC https://eric.ed.gov/ - SAGE http://bpr.sagepub.com/search - SPRINGER http://www.springer.com/gp/ - PsycINFO http://www.apa.org/pubs/databases/psycinfo/index.aspx - PsycARTICLES http://www.apa.org/pubs/databases/psycarticles/ - ELSEVIER http://www.sciencedirect.com/ **• Realização** - Os designados estudos de meta-análise constituem também artigos de revisão (quantitativa da investigação empírica) da literatura e possuem relevância central na realização da revisão dos estudos prévios. - Estes partem da integração e reanálise (meta - análise) do conjunto dos artigos de natureza empírica que incidem sobre uma determinada questão de investigação específica. - Como múltiplos dos artigos encontrados numa primeira busca não servem ao investigador, este deve ler apenas a parte do abstract ou resumo por forma a selecionar os mesmos de modo eficiente. - A consulta das fontes secundárias permite situar e refinar o problema, se necessário equacionando questões mais específicas. - Contudo, a localização das fontes primárias é fundamental para que a revisão da literatura atinja o seu objectivo. - Estas fontes representam os artigos e relatórios de investigação escritos pelos autores originais, nos quais se encontra informação detalhada sobre os objectivos do estudo, enquadramento teórico, hipóteses de investigação, metodologia, apresentação e discussão dos resultados. - Esta informação é crucial quer para a revisão teórica da literatura mas sobretudo para a sua revisão empírica (estudos empíricos - baseados em dados) (em particular quando não existem estudos de meta-análise prévios). - **Fontes primárias - Artigos Científicos - Revistas da Especialidade (área específica)** - Na procura de artigos científicos é fundamental guardar os mesmos utilizando como título do ficheiro pelo menos um dos autores, a data do artigo e algumas palavras chave, de modo a permitir a sua organização eficiente e possibilitar a sua rápida deteção.  - Ribeiro_2001_Inteligência_Desempenho_Acad - O sucesso da revisão da literatura exige a utilização de fontes apropriadas e de carácter científico. ## Do Processo de Investigação à Metodologia de Investigação ### 2.1. Perspectiva Quantitativa e Perspectiva Qualitativa - O Processo de Investigação: Etapas Fundamentais: (Coutinho, 2015,) - I - Fase Conceptual - II - Fase Metodológica - III - Fase Empírica - IV - Fase de Publicação **I - Fase Conceptual** 1. **Revisão da Literatura e Formulação das Hipóteses de Investigação** - A execução destas fases possibilita, desde logo, eleger: - **A Abordagem/Perspectiva/Design de Investigação:** Quantitativa (design fixo) Qualitativa (design flexível), Mista. - **O Plano ou Método de Investigação.** ### 2. Formulação das Hipóteses de Investigação - Os trabalhos de investigação que se apoiam numa abordagem qualitativa possuem na sua origem pelo menos uma questão de investigação, contudo estes não tendem a avançar na formulação de hipóteses. - Já no caso da investigação quantitativa, as hipóteses tendem a ser sempre formuladas invariavelmente e detêm um papel central no decurso do processo de investigação que visa, grosso modo, retirar conclusões a respeito da sua validação empírica. - Ainda assim, alguns estudos qualitativos poderão conduzir em alguns casos excecionais à formulação de hipóteses (que decorrem das primeiras observações - por indução) e que servem como guias de exploração no processo de compreensão do fenómeno. - Recorde-se que grande parte da investigação quantitativa (exceto a descritiva) visa explicar os fenómenos e parte de um corpo teórico e empírico para deduzir proposições que serão submetidas a teste: as hipóteses de investigação. - Nesta base, estas podem definir-se como afirmações claras, precisas e testáveis (empiricamente) acerca da relação entre variáveis e representam, portanto, explicações (respostas) hipotéticas para o problema de investigação em análise. - Em rigor, estas constituem uma previsão de explicação do fenómeno expresso no problema a investigar. - Logo, a hipótese é decorrente e inseparável do problema de investigação. ### Lógica do teste de hipóteses: - De acordo com a visão Popperiana (Popper, 1935) – Falsificacionismo Popperiano - o processo de génese de conhecimento científico é um processo negativo, dado que o teste empírico (método de controlo dedutivo) apenas nos permite falsear as proposições e nunca confirmar a sua veracidade. - Nesta linha, o avanço do conhecimento científico corresponde a um processo de eliminação de erros através de tentativas de refutação de proposições testáveis (hipóteses) decorrentes das soluções teóricas antecipadas para a resolução de um problema. - Assim, em rigor as hipóteses não podem classificadas como verdadeiras ou falsas. - Estas dividem-se entre as que já foram falsificadas (não suportadas pelos dados) e as que ainda não foram falsificadas (resistiram às tentativas empíricas de refutação ou infirmação (Popper, 1935) ### 2. Formulação das Hipóteses de Investigação #### Tipos de Hipóteses de Investigação - **Quanto ao processo da sua formulação:** - **Hipóteses dedutivas:** decorrem de um determinado quadro conceptual ou teoria e visam validar deduções implícitas desse mesmo corpo teórico. - **Hipóteses indutivas:** emergem da observação ou da reflexão a respeito do real. Geralmente ocorrem no decurso (e não antes) das abordagens qualitativas. - **Quanto ao tipo de relação antecipado entre duas ou mais variáveis:** - **Relações de Associação - Hipóteses Correlacionais** - **Relações de Causalidade - Hipóteses Causais** - **Quanto ao tipo de relação antecipado entre duas ou mais variáveis:** - ** Relações de Associação** - Estão reflectidas nas designadas Hipóteses Correlacionais: indicam que duas variáveis co-ocorrem, sem se estabelecer uma inferência de causalidade nessa relação. - Ex: O nível de auto-eficácia relativo à realização de apresentações orais relacionase/associa-se negativamente ao nível de ansiedade experienciado. - **Quanto ao tipo de relação antecipado entre duas ou mais variáveis:** - **Relações de Causalidade** - Estão reflectidas nas designadas Hipóteses causais: estas afirmam explicitamente relações de causa-efeito entre as variáveis. - Ex: A aprendizagem de técnicas cognitivo comportamentais diminui os sintomas de ansiedade no contexto das perturbações obsessivo-compulsivas. - **Quanto à direcção postulada para a relação entre duas variáveis :** - **Hipóteses direccionais:** especifica o sentido positivo ou negativo da relação entre as variáveis (ou de que forma as condições ou grupos se diferenciam). Esta possibilidade depende, naturalmente, da existência de investigação de cariz teórico e empírico suficiente que permite estipular o sentido da relação hipotetizada. Ex: Existe uma relação positiva entre o número de experiências de trabalho desafiantes e o grau em que os colaboradores são promovíveis para funções de maior responsabilidade. - **Hipóteses não direccionais:** postula apenas que existe uma relação (ou que existem diferenças entre grupos ou condições) mas não prediz o seu sentido (positivo ou negativo, ou "menos que, em média,", "mais que, em média"). - **Quanto ao nível de concretização (Almeida & Freire, 2008):** - **Hipóteses conceptuais:** quando estabelecem uma relação entre variáveis. Ex: A percepção dos adolescentes acerca da sua imagem corporal relaciona-se positivamente com a sua auto-estima. - **Hipóteses operativas:** quando nos indicam as operações que são requeridas para a sua observação e necessariamente elucidativas para o seu teste. Ex: Os adolescentes que reportam uma percepção mais positiva num questionário de imagem corporal obtêm pontuações mais altas num questionário de auto-estima. - **Hipóteses estatísticas:** quando expressam a relação esperada em termos quantitativos. Estas incluem a Hipótese nula (HO) e a correspondente Hipótese alternativa (H1). - **Quanto ao nível de concretização (Almeida & Freire, 2008):** - **Hipóteses estatísticas (Testes estatísticos):** - A formulação de hipóteses estatísticas ocorre sobretudo quando se recorrer aos planos de investigação pertencentes à abordagem quantitativa nos quais se testam diferenças entre condições ou relações entre variáveis e o investigador pretende generalizar o resultados para a população recorrendo a uma amostra. - Neste caso o teste de hipóteses exige a aplicação de testes estatísticos inferenciais que informam sobre a probabilidade de se poder inferir os resultados obtidos na amostra para a população em apreço. - **Hipóteses estatísticas:** quando expressam a relação esperada em termos quantitativos. Estas incluem a hipótese nula (HO) e a correspondente hipótese

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