Resumo de Linguagem Textual por Jordana Vucetic
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Jordana Vucetic
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Summary
This document is a summary of textual language, written by Jordana Vucetic. It covers key concepts such as cohesion, coherence, textual types, and language functions. The text provides examples and explanations to aid understanding of textual analysis.
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Resumo de Linguagem Textual por: Jordana Vucetic O conceito de texto: Texto é uma sequência de palavras que faz sentido. Ele é organizado de forma que as ideias se conectam e transmitem uma mensagem compreensível. Já um não-texto é uma sequência de palavras que, apesar de estarem juntas, não formam...
Resumo de Linguagem Textual por: Jordana Vucetic O conceito de texto: Texto é uma sequência de palavras que faz sentido. Ele é organizado de forma que as ideias se conectam e transmitem uma mensagem compreensível. Já um não-texto é uma sequência de palavras que, apesar de estarem juntas, não formam uma mensagem com sentido claro. Por exemplo, dizer "hoje está um dia bonito" é um texto, mas "sol mesa cantou banana azul" é um não-texto, pois não tem lógica nem significado coerente. Segundo Koch, um texto é mais do que uma frase isolada, ele é uma unidade maior dentro da linguagem. Garrafa também define o texto como um conjunto de ideias com sentido, ou seja, não é só juntar palavras, mas formar uma mensagem compreensível. A coesão é a forma como as palavras, frases e parágrafos de um texto se conectam entre si. Ela é garantida por expressões como “por isso”, “então”, “mas”, entre outras. Esses elementos ajudam a “colar” as partes do texto e dar fluidez à leitura. A coerência é o sentido geral do texto. Mesmo que ele tenha coesão, ou seja, esteja bem conectado, se as ideias não fizerem sentido juntas, o texto não será coerente. Por isso, coerência e coesão precisam andar juntas para que o texto seja compreendido. O papel do leitor é essencial, porque é ele quem constrói o sentido do texto com base no que já sabe, no contexto em que está lendo e nas informações que consegue inferir. Por isso, a leitura não depende só do que está escrito, mas também de quem lê. O contexto (a situação em que o texto aparece), o cotexto (as frases ao redor) e as inferências (o que o leitor deduz) influenciam diretamente na interpretação do texto. Um exemplo é a frase: “Assim como a fumaça, a indústria do cigarro não respeita limites”. Para entender essa frase, o leitor precisa perceber que a fumaça se espalha sem controle, e relacionar isso com o comportamento das empresas de cigarro, que também ultrapassam limites éticos. Por fim, os tipos textuais são formas de organizar os textos conforme sua função. Por exemplo: o texto narrativo conta uma história, o descritivo apresenta características, o dissertativo defende uma ideia, o expositivo explica um assunto e o injuntivo dá instruções ou ordens. Funções de linguagem: 1. Função Emotiva (ou Expressiva) Foco no emissor (quem fala ou escreve). Aparece quando a pessoa expressa sentimentos, opiniões ou emoções, usando a primeira pessoa. Exemplo: “Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um pouco de medo.” Clarice Lispector Aqui, a autora mostra o que está sentindo, por isso é emotiva. 2. Função Conativa (ou Apelativa) Foco no receptor (quem ouve ou lê). Tenta convencer, persuadir ou chamar atenção, geralmente com verbos no imperativo e vocativos. Exemplo: “Visando a combater os gastos desnecessários [...] será fabricado para toda a nação um só tipo de sapato.” — Ignácio de Loyola Brandão Aqui, o texto tenta influenciar o leitor com uma proposta de ação. 3. Função Referencial (ou Denotativa) Foco no assunto contexto. É objetiva, informativa e usa linguagem clara, direta, sem emoções. Exemplo: “Em 1665, Londres é assolada pela peste negra [...] Newton retornou à sua cidade natal.” Esse trecho informa fatos, por isso é referencial. 4. Função Fática Foco no canal de comunicação. Serve para testar ou manter o contato, mesmo sem transmitir conteúdo importante. Exemplo: — “Como vai, Maria?” — “Vou bem. E você?” O diálogo existe mais para manter a conversa do que para dar informações novas. 5. Função Metalinguística Foco no código (a linguagem falando dela mesma). É usada quando se explica a própria linguagem ou algum código. Exemplo: “A língua, por exemplo, é um código. [...] estamos analisando mecanismos da linguagem usando a própria linguagem.” O texto está explicando a linguagem com a linguagem. 6. Função Poética: Foco na mensagem em si. Preocupa-se com a forma como algo é dito, buscando beleza, estética, ritmo ou sonoridade. Exemplo: “Não sinto o espaço que encerro / Nem as linhas que projeto / Se me olho a um espelho, erro / Não me acho no que projeto.” — Mário de Sá-Carneiro Aqui, o autor se preocupa com a forma, ritmo e emoção, típica da linguagem poética. Um texto pode ter mais de uma função, mas sempre vai ter uma que predomina. Figuras de Linguagem: são recursos usados para deixar uma mensagem mais criativa, expressiva e marcante. Na publicidade, elas são muito comuns porque ajudam a atrair a atenção do público e a valorizar o produto ou serviço oferecido. A metáfora é uma figura que compara dois elementos diferentes, sem o uso de conectivos. Ela substitui um termo por outro, criando um novo significado. Um exemplo é a frase “Desperte o tigre que existe em você”, usada em campanhas de cereais matinais. Aqui, o “tigre” representa força e energia, associando essas qualidades ao consumidor. A comparação também estabelece uma relação entre dois elementos, mas de forma explícita, usando palavras como “como”, “tal qual” ou “parece”. Um exemplo publicitário seria “Leve como uma pluma”, usado para promover a leveza de um travesseiro ou absorvente. A personificação, também chamada de prosopopeia, consiste em atribuir características humanas a seres inanimados ou abstratos. Na publicidade, é comum vermos frases como “Seu carro pede Shell”, em que o carro é tratado como um ser com vontade própria. A hipérbole é o exagero intencional para causar impacto. Um exemplo clássico é “A pizza mais gostosa do mundo”, onde o uso do superlativo serve para valorizar o produto, mesmo que de forma exagerada. A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no início de frases ou versos, com o objetivo de reforçar uma ideia. Em anúncios, pode aparecer assim: “É mais sabor. É mais saúde. É mais vida.” Essa repetição cria ritmo e dá ênfase aos benefícios do produto. A antítese é o uso de ideias opostas na mesma frase para destacar contrastes. Um exemplo é: “Tão pequeno por fora, tão gigante por dentro”, muito usado para descrever celulares ou carros compactos, valorizando a eficiência mesmo em tamanho reduzido. A ironia é quando se diz o contrário do que realmente se quer expressar, geralmente com um tom de crítica ou humor. Um exemplo seria: “Vai sair assim? Que bom gosto, hein!”, usado em campanhas que fazem críticas ao bullying ou incentivam a mudança de atitude com uma fala provocativa. Estrutura do texto publicitário: O primeiro elemento é o título, também chamado de headline, que costuma ser curto, direto e criativo. Sua principal função é chamar a atenção logo de início e despertar o interesse do leitor. Em seguida, vem o subtítulo, ou subheadline, que aparece logo abaixo do título e serve para complementar ou esclarecer a mensagem principal, oferecendo uma explicação rápida ou reforçando a proposta apresentada. O corpo do texto, ou texto principal, é a parte onde as informações mais detalhadas são desenvolvidas. Pode conter argumentos, descrições, benefícios do produto ou até apelos emocionais. Essa parte tem o papel de convencer o leitor com mais profundidade, seja pelo raciocínio lógico ou pela emoção. Além do texto, o anúncio publicitário costuma vir acompanhado de uma imagem. Essa imagem pode ser uma fotografia, ilustração ou montagem e tem a função de reforçar visualmente a mensagem que o texto está transmitindo. Muitas vezes, a imagem causa impacto emocional ou cria identificação com o público-alvo. Outro elemento importante é a assinatura da marca, que é a parte do anúncio onde aparece o nome da empresa ou do produto anunciado. Ela é responsável por identificar o autor da mensagem e ajudar na fixação da marca na mente do consumidor. Junto a isso, temos também o slogan, que é uma frase curta, marcante e fácil de lembrar, geralmente usada repetidamente pela marca para reforçar sua identidade e seu posicionamento no mercado. Todos esses elementos juntos compõem o texto publicitário, que é construído com o objetivo de persuadir. Por isso, a linguagem usada tende a ser simples, clara e criativa. Além disso, é comum o uso de figuras de linguagem como metáforas, comparações e hipérboles, que tornam a mensagem mais atrativa e memorável. Um texto publicitário bem estruturado costuma combinar elementos emocionais e racionais para conquistar o público de forma eficaz. Esquema aristotélico: O texto publicitário não tem como objetivo direto vender algo, mas sim levar o leitor a aceitar ou desejar um produto, serviço, marca ou ideia. Para alcançar isso, ele se apoia tanto no convencimento, que envolve argumentos racionais e lógicos voltados para um público universal, quanto na persuasão, que recorre à vontade, sentimentos e argumentos verossímeis para atingir um público específico. Entre as características principais do texto publicitário está a unidade, pois ele gira em torno de uma única proposta de venda, mesmo explorando informações variadas. O texto também busca criar intimidade com o leitor, usando linguagem coloquial e simulando um diálogo direto. As palavras são escolhidas com cuidado, muitas vezes usando figuras de linguagem para reforçar a expressividade da mensagem e ativar a função conativa ou poética da linguagem. Uma estrutura recorrente nos anúncios publicitários é a estrutura circular, onde o início e o fim se conectam, fechando o sentido e conduzindo o leitor a uma conclusão clara e sem margem para dúvidas. Baseando-se na tradição da retórica grega, especialmente na obra “Arte Retórica” de Aristóteles, o discurso publicitário pode ser dividido em quatro partes: exórdio, narração, provas e peroração. O exórdio é a introdução, onde se apresenta a ideia principal que atrai o leitor. A narração descreve os fatos ou o problema de forma breve e envolvente. As provas são os argumentos que demonstram as vantagens do produto ou serviço. Por fim, a peroração encerra o discurso, reforçando a mensagem e emocionando o leitor, muitas vezes com um apelo final ou uma recapitulação impactante. Esse modelo pode ser facilmente identificado em diversos anúncios publicitários reais, como os da Coca-Cola, Nestlé, Citibank e Itaú. Em cada um desses exemplos, é possível perceber claramente as quatro partes do esquema aristotélico aplicadas à linguagem publicitária. O exórdio atrai, a narração aproxima, as provas convencem e a peroração encerra com um convite à ação ou reforço da marca. Dessa forma, a estrutura clássica do discurso é adaptada de maneira eficiente para o universo da comunicação contemporânea. Linha apolínea e linha dionisíaca: Esses dois modelos representam maneiras diferentes de construir um texto: o apolíneo é ligado à razão, à ordem e à clareza; já o dionisíaco se conecta com o instinto, a emoção, a liberdade e a provocação. No modelo apolíneo, a comunicação é mais racional, informativa e objetiva. O texto apresenta dados claros, argumentos lógicos e foca em convencer o leitor pela razão. Já no modelo dionisíaco, o foco está na sedução, na criatividade, no humor, na emoção e até mesmo na provocação. A publicidade dionisíaca não tenta convencer de forma lógica, mas sim encantar, divertir ou tocar o leitor. Os exemplos usados mostram isso na prática. Um deles é o anúncio de Dia dos Pais com o louva-a-deus, que utiliza humor negro e linguagem provocativa para chamar atenção. Ele não apresenta dados técnicos nem argumentos racionais, mas sim uma narrativa inusitada que brinca com um comportamento do mundo animal, usando a estrutura retórica clássica de exórdio, narração, provas e peroração. Outro exemplo é o da Nestlé, que traz uma fala emocional de uma mãe, valorizando o carinho e a proteção durante a infância. Aqui, o apelo é afetivo e dionisíaco, mostrando que “dar comidinha na boca” é um ato de amor, e não de superproteção. É uma defesa do afeto acima das críticas sociais, que valoriza o coração antes da lógica. Esses anúncios mostram como a publicidade pode caminhar por entre o apolíneo e o dionisíaco, mas, em muitos casos, aposta com força no lado emocional para se aproximar do público. Assim, as marcas constroem uma relação simbólica e afetiva com o consumidor, mais do que simplesmente vender um produto. Esquema AIDA: O modelo AIDA é uma técnica clássica de persuasão publicitária que organiza o texto em quatro etapas principais: Atenção, Interesse, Desejo e Ação. Esse esquema tem como objetivo conduzir o leitor de forma estratégica até o momento da decisão de compra ou de aceitação de uma ideia. A primeira etapa é Atenção. O texto precisa, logo de início, chamar a atenção do leitor. Isso geralmente acontece por meio do título e da imagem do anúncio, que devem ser impactantes, criativos ou curiosos o suficiente para interromper a distração do público e provocar a vontade de continuar lendo. Em seguida, vem o Interesse. Aqui, a narrativa do texto deve manter o leitor envolvido. É o momento de apresentar o contexto, criar identificação, despertar curiosidade ou desenvolver a história que está sendo contada. O interesse é mantido através de uma comunicação que se conecta com a realidade do leitor. Depois disso, o texto passa para o Desejo. Essa parte justifica o valor do produto ou serviço, apresentando argumentos que o tornam desejável. Podem ser qualidades técnicas, diferenciais, benefícios ou até apelos emocionais. O importante é fazer o leitor sentir que aquilo atende a uma necessidade ou desejo pessoal. Por fim, chega-se à Ação. Essa etapa encerra o texto, geralmente com um convite direto para que o leitor faça algo: comprar, acessar o site, abrir uma conta, experimentar o produto. O texto se fecha aqui como uma peça argumentativa circular, retomando o assunto inicial e conduzindo o leitor a uma conclusão prática. A apresentação mostra que esse modelo pode ser aplicado em campanhas diversas, como no exemplo da Coca-Cola com a “Plant Bottle”, onde o título inusitado atrai (atenção), a explicação sobre sustentabilidade mantém o interesse, a inovação gera desejo e o link convida à ação. Também é citado um anúncio do Citibank, que usa o contraste entre a praticidade da internet e a ida presencial ao banco para despertar desejo e sugerir uma ação clara: abrir uma conta. Portanto, o modelo AIDA não apenas organiza a construção do texto publicitário, mas também guia o comportamento do leitor por meio de estágios cognitivos (atenção e interesse), afetivos (desejo) e comportamentais (ação), sendo um recurso essencial para a eficácia da comunicação publicitária.