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2016

Rafhael Sampaio

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judo techniques judo history judo principles martial arts

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This document is a study guide on Judo. The guide was written by Rafhael Sampaio in 2016 and covers the history of Judo, its different styles, and fundamental techniques. It includes details on the pronunciation of Japanese terms related to Judo.

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JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 1 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 APRESENTAÇÃO Esta compilação de textos foi desenvolvida com o intuito de auxiliar estudantes de Jūdō na compreensão...

JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 1 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 APRESENTAÇÃO Esta compilação de textos foi desenvolvida com o intuito de auxiliar estudantes de Jūdō na compreensão de fundamentos aprendidos na prática, através de conceitos teóricos aqui descritos. É fruto de uma minuciosa pesquisa realizada por mais de cinco anos pelo professor RAFHAEL SAMPAIO, Faixa Preta YONDAN. Fica proibida a reprodução, distribuição, transmissão, adaptação ou modificação, por qualquer meio e/ou em qualquer forma os conteúdos (textos, imagens, informações, etc..) e outros elementos salvo autorização prévia dos seus legítimos titulares ou quando tal resulte de lei. Contatos: [email protected] [email protected] 2 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 A leitura e pronúncia do Japonês para Brasileiros Para o principiante é um pouco complicado o primeiro contato com os termos técnicos do Budō no idioma Japonês tornando difícil sua pronúncia, alguns tendem a perguntar a real necessidade de se preservar o nome original dessas técnicas. Porém a real necessidade consiste na padronização internacional dos termos para que permaneçam inalterados nos inúmeros países que praticam a determinada modalidade marcial. Outro fato é da dificuldade de tradução desses termos para nossa língua, pois as escritas asiáticas são feitas através de símbolos (kanji) onde cada ideograma representa uma idéia. Na atualidade onde a tradição e o respeito são ridicularizados e esquecidos, o praticante do Budō demonstra o seu respeito e culto aos criadores dessas artes, ao utilizar as expressões originais. Abaixo algumas informações para a leitura e pronúncia correta dos termos em Japonês citados nesse material. No idioma Japonês, todas as sílabas têm o mesmo tom e não há acentos. No indioma japonês não se faz o plural com “S”. O “S” é sempre pronunciado como se tivesse som duplo (SS – como em assassino e nunca como em casa); Ex: sasae = ssassae O “SH”, é pronunciado como o “X” do Brasileiro na palavra XÁ; Shinai = xinai O “CH” é pronunciado como “TCH”; Uchi mata = utchi mata O “H”, e m japonês é pronunciado da mesma forma que o “H” aspirado das palavras inglesas hair, home, house, horse etc; O “Y” tem a mesma pronuncia do “I” da palavra “mais”; O “J”, pronúncia-se “DJ”, como em “coadjuvante e adjetivo”; Judô = dJūdō Shorinji = xorindji O “W” é uma semivogal e tem som equivalente ao U da palavra “MAU”; O “E” e “O” devem ser pronunciados com som fechado, como em “poema” e “onde”; O “R” deve ser pronunciado como em “caro” não existe a pronuncia “RR” muito usado na língua portuguesa; O “GE” e “GI” pronunciam-se gue e gui, já as silabas ga, go e gu pronunciam-se como se escrevem. Obs: essa apostila utiliza o sistema Hepburn de romanização. 3 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 ÍNDICE HISTÓRIA 06 JŪJUTSU 07 ALGUNS ESTILOS DE JŪJUTSU ANTIGO 12 NA QUEDA DO JŪJUTSU O ALVORECER DO JŪDŌ 14 COMEÇA O JŪDŌ 15 POR QUE JŪDŌ? 16 DO JŪJUTSU AO JŪDŌ 17 KANŌ JIGORŌ 18 A CHEGADA DO JŪDŌ NO BRASIL – CONDE KOMA 23 ORDEM CRONOLÓGICA DO JŪDŌ 24 10º DAN DA KŌDŌKAN 29 AS DIVISÕES TÉCNICAS DO JŪDŌ 35 CLASSIFICAÇÃO DO JŪDŌ 36 FUNDAMENTOS DO JŪDŌ 37 MOKUSŌ 39 KIAI 41 CONCEITOS APLICADOS NO JŪDŌ 42 O JŪDŌGI 44 DAN-I 45 REIHŌ 47 OS FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO JŪDŌ 49 UKEMI 52 DŌJŌ 53 GO-KYŌ NO KAISETSU 54 DIVISÃO DAS TÉCNICAS 55 GO-KYŌ 55 NAGE WAZA 55 KATAME WAZA 57 KATA 69 KUATSU 84 TRADUÇÃO DAS TÉCNICAS 85 VOCABULÁRIO 87 4 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 O SUAVE “Vivo o homem e flexível e maleável; na morte e inflexível e rígido”. Todas as criaturas, grama e árvore são plásticas e moldáveis, mortas são quebradiças e secas. Irredutibilidade é a condutora da morte, moldabilidade é a companheira da vida. Soldados inflexíveis não obtêm vitórias. A árvore mais rígida é a mais procurada pelo machado. O forte e poderoso desaba de seu lugar, o suave e adaptável eleva-se sobre todos eles. 5 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 JŪJUTSU Por Kanō Jigorō e T. Lindsay, com modificações Na época feudal japonesa, havia várias artes e exercícios militares nos quais os samurais eram treinados e adequados para sua forma especial de batalhar. Entre elas está a arte do Jūjutsu, na qual o atual Jūdō foi criado. A palavra Jūjutsu pode ser traduzida como "a arte de ganhar por rendimento ou flexibilidade". Originalmente, o nome parece ter sido criado para descrever a arte de lutar sem armas, embora em alguns casos armas pequenas sejam usadas contra oponentes com armas grandes. Embora parecesse uma luta, o Jūjutsu se difere das lutas inglesas, cujo princípio não é comparar força com força, mas sim conquistar a vitória por rendimento com força. Desde a abolição do regime feudal a arte ficou durante algum tempo fora de uso, mas atualmente é muito popular no Japão, embora com algumas importantes modificações, como um sistema para atletas, e o seu valor como um método de treinamento físico tem sido reconhecido por várias escolas de Jūjutsu e Jūdō em Tōkyō. Nós devemos primeiro, dar um croqui histórico do Jūjutsu, citando as várias escolas nas quais têm surgido, e a forma como têm sido desenvolvidas atualmente. O Jūjutsu era conhecido na época feudal por vários nomes, tal como yawara, tai-jutsu, kogusoku, kempo e hakuda. Os nomes Jūjutsu e yawara eram os mais comuns e usados. Traçando a história da arte, nós encontraremos o começo com dificuldades que não são incomuns em investigações similares. Livros sobre o assunto são escassos, e enquanto há inumeráveis manuscritos pertencentes às várias escolas da arte, muitas delas são contraditórias, o que não nos satisfaz. Os inventores das novas escolas parecem que fazem a história para servir atender os seus propósitos, e assim os materiais para um estudo consistente e claro sobre a origem e o crescimento do Jūjutsu são muito duvidosos. Nesta época, os conhecimentos da história e da arte estavam em possessão dos professores das várias escolas, que seguravam as informações aos seus pupilos como um segredo para acreditarem em um parecer sagrado. Além disto, o afastamento das províncias, como uma conseqüência do Regime Feudal do Japão, dificultou a interação entre professores e alunos das várias escolas, assim foram criadas várias histórias contraditórias. Porém, é notável que o interesse dos alunos fosse maior na prática da arte que no conhecimento de seu crescimento e progresso no país. 6 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Girando à origem do Jūjutsu, como é esperado, várias versões são dadas. Na Bugei Sho-den, o qual possui uma coleção de biografias dos eminentes mestres das diferentes artes de luta praticadas no período feudal - versões são dadas de kogusoku e ken, que são equivalentes ao kempo, a arte de luta sem armas, e a arte de ganhar por flexibilidade. A arte de kogusoku é imputada para Takenouchi, um nativo de Sakushiu. Há quem diga que no primeiro ano de Tenbun, em 1532, um feiticeiro veio inesperadamente para o templo de Takenouchi e ensinou a ele cinco métodos de luta sem armas; ele então foi embora e nunca mais tiveram notícias dele. A origem da arte do ken é determinada assim: veio ao Japão pela China por uma pessoa chamada Chingempin, quem saiu do de seu país após a queda da dinastia Min, e viveu em Kokushoji (um templo budista), em Azabu, em Yedo, como Tōkyō era chamado. Neste mesmo templo viveram três ronin, Fukuno, Isogai e Miura. Um dia Chingempin disse-lhes que na China havia uma arte de luta sem armas, que ele chegou a praticar, mas não aprendeu seus princípios. Ao ouvir isto, estes três homens fizeram investigações e mais tarde tornaram-se muito eficientes. A origem do ju, do Jūjutsu, é traçado por estes três homens, que espalharam a arte por todo o país. Na mesma versão que os princípios da arte são determinados, as seguintes traduções foram feitas: - Não resistir um oponente, mas conquistar a vitória por flexibilidade. - Não esperar ser vitorioso. - Não ser guiado por raiva (ira), mantendo sua mente (vazia) composta e calma. - Não se incomodar por coisas. - Não ser agitado sobre qualquer emergência, mas sim ser tranqüilo. - E para todos estes, regras para respiração são consideradas importantes. No Bujutsu ryū soroku, um livro de biografias dos inventores das diferentes escolas de artes japonesas de guerra, exatamente a mesma versão é dada à origem de kogusoku, e uma versão similar do Jūjutsu; e também é afirmado que foi durante o tempo que Miura viveu, por volta de 1560. Na Chinomaki, um certificado dado pelos professores da Escola Kitō-ryū aos seus pupilos, nós encontramos uma breve história da arte e seus principais princípios ensinados. Nele, há referência de um manuscrito datado no 11º ano de Kuanbun (1671). De acordo com isto, havia um homem chamado Fukuno que estudou a arte de lutar sem armas e, conseguiu tanta eficácia na arte que ganhou de várias pessoas muito mais fortes que ele. A arte, a princípio, não se espalhou muito; mas dois de seus alunos tornaram-se especialmente notados, que foram fundadores de duas escolas, chamadas Miura e Terada. A arte ensinada por Miura era chamada de Wa (que é equivalente a Yawara), e a arte ensinada por Terada era chamada de Ju (que é equivalente ao Jūjutsu). 7 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 A data do período o qual Fukuno lecionou não é mencionada no certificado citado acima, mas é visto em outro manuscrito, que deve ter sido feito antes do 11º ano de Kuanbun (1671). O Owari Meisho Dzue dá uma versão de Chingempin. De acordo com ele, Chingempin era um nativo de Korinken, na China, que fugiu para o Japão para escapar dos problemas da rígida dinastia Min. Ele foi cordialmente recebido pelo príncipe de Owari, e lá morreu aos 85 anos em 1671, que é determinado pela data encontrada em seu túmulo em Kenchuji, em Nagoya. No mesmo livro, uma passagem é citada de Kenpohisho, o qual referiu que quando Chingempin viveu em Kokushoji, Azabu, os três ronins Fukuno, Isogai e Miura também viveram por lá, e Chingempin disse-lhes que na China havia uma arte de combate sem armas que ele havia visto. Finalmente estes três homens, depois de ouvir isto, investigaram a arte e como resultado, a escola da arte chamada Kitō-ryū foi fundada. Num livro chamado o Sen Tetsu So Dan, que pode ser considerado um dos mais respeitados no assunto, é afirmado que Chingempin nasceu provavelmente no 15º ano de Banreki, conforme a cronologia chinesa, isto é em 1587; que ele encontrou em Nagoya, um sacerdote chamado Gensei no segundo ano de Manji, isto é, em 1659, com quem ele tornou-se muito íntimo. Elas publicaram alguns poemas com o título Gen Gen Sho Washu. Em outro livro chamado Kiyu Sho Ran é relatado que Chingempin foi ao Japão no segundo ano de Manji (1659). Ainda é sabido que Shunsui, um famoso educador chinês, chegou ao Japão na queda da dinastia Min no segundo ano de Manji (1659). Destas várias versões, parece evidente que Chingempin apareceu no Japão algum tempo após o segundo ano de Manji, em 1659. Portanto, a declaração que o Bujutsu Rusoroku que Miura aprendeu durante a era Eiroku deve ser desacreditado. É evidente nesta versão, que Chingempin apareceu mais tarde, e que Miura foi seu contemporâneo. Existem outras versões sobre a origem do Jūjutsu dadas por várias escolas da arte, as quais nós iremos citar. A VERSÃO DADA PELA ESCOLA YŌSHINRYŪ CHAMADA É A SEGUINTE: Esta escola foi iniciada por Miura Yoshin, um médico de Nagasaki em Hizen. Ele se transformou em um Shōgun Tokugawa. Crente que muitas doenças surgiam pelo não uso do cérebro e corpo juntos, ele inventou alguns métodos de Jūjutsu. Juntamente com dois de seus alunos de medicina, ele encontrou 21 modos de luta sem armas e mais tarde encontrou outros 51 modos. Após a sua morte, seus pupilos fundaram duas escolas diferentes da arte, uma 8 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 delas chamada escola Yōshinryū, de Yoshin, nome de seu professor; e a outra chamada de escola Miura ryū, também nome de seu professor. A próxima versão é sobre um manuscrito chamado Tenjin Shinyo ryū Taiiroku. Nele encontramos uma conversa entre Iso Mataemon, o fundador do Tenjin Shinyo ryū, e Terasaki, um de seus pupilos. A origem do Jūjutsu é mencionada assim: vivia em Nagasaki um médico chamado Akiyama, que foi para China fazer um curso de medicina. Lá ele aprendeu uma arte chamada Hakuda, a qual consistia em socos e chutes, diferindo do Jūjutsu. Akiyama aprendeu três métodos deste hakuda e 28 modos de recuperar uma pessoa da morte aparente. Quando ele voltou ao Japão, ele começou a ensinar esta arte, mas como ele tinha poucos métodos de ensino, seus alunos foram abandonando os treinos. Akiyama, se sentindo muito aflito, foi à Capela Tenjin em Tsukushi, e lá trabalhou por 100 dias. Neste lugar ele descobriu 303 diferentes métodos da arte. O que o levou a isto é um pouco curioso. Um dia, durante uma nevasca, ele observou uma árvore cujos galhos estavam cobertos com neve. O pinheiro, que era ereto e aparentemente forte, se quebrou antes do fim tempestade, e uma árvore menor, cujos galhos eram flexíveis, a neve não ficava pesando os finos galhos, resistindo assim até o final da tempestade. Desta maneira, ele refletiu que o Jūjutsu deveria ser praticado. Desta maneira ele criou a sua escola Yōshinryū. No Taiiroku é negado que Chingempin introduziu o Jūjutsu no Japão - mas na afirmação que Akiyama introduziu alguns aspectos da arte chinesa, ele acrescenta: "é uma vergonha a nossa nação imputar a origem do Jūjutsu a China". Nesta opinião nós temos que concordar. Parece-nos que a arte é japonesa de origem e desenvolvimento, pelas seguintes razões: 1. Uma arte de defesa sem armas é comum em todas as nações num estado razoavelmente desenvolvido, e no Japão o estado feudal necessariamente desenvolveria o Jūjutsu. 2. O kempo chinês e o Jūjutsu japonês se diferenciam em seus métodos. A existência de uma arte similar é referida antes de Chingempin. 3. As várias versões dadas à origem da arte. 4. A existência da luta livre japonesa desde muito cedo, o que em alguns casos assemelha-se ao Jūjutsu. 5. Como as artes e a civilização chinesa eram altamente benquistas pela japonesa, para prestigiar a arte, o Jūjutsu poderá ter sido imputado à origem chinesa. 6. Nos tempos antigos, professores de diferentes artes militares, que utilizavam armas, como lanças entre outras, parecem ter sidos requintados a esta arte até certo ponto. 9 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Em apoio a esta posição, nós reafirmamos que o Jūjutsu como é conhecido no Japão, não é conhecido na China. Neste país existe uma arte mais antiga chamada kempo, e a versão contada num livro chamado Kikoshinsho, parece que havia métodos de chutes e socos. Mas o Jūjutsu envolve muito mais, como já foi dito antes. De resto, um estudante chinês, conforme os livros pesquisados é esperado a aprender e praticar a arte por ele mesmo, enquanto no Jūjutsu é essencial que duas pessoas pratiquem juntos. Embora nós admitíssemos que Chingempin pudesse ter introduzido o kempo no Japão, é extremamente difícil olhar o Jūjutsu em qualquer senso como uma evolução de kempo. De resto, se Chingempin era qualificado na arte, é quase certo que ele teria referido em seu livro de poemas, o qual juntamente com Gensei, o sacerdote com quem ele se tornou íntimo no palácio de Nagoya, ele publicou com seus nomes juntos, Geugenshowashiu. Ainda não há qualquer referência escrita sobre a arte. 10 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 ALGUNS ESTILOS DE JŪJUTSU ANTIGO Escola Kitō ou Kitō-ryū. Essa escola foi originada por Terada Kanemon. A época da sua criação não é fornecida em nenhum livro ou manuscrito, mas podemos dizer que não foi muito depois de Fukuno, porque ambos começaram em Chinomaki da escola Kitō-ryū, e no bujutsu Ryusoroku que ele aprendeu a arte de outro Terada, que era um aluno de Fukuno, embora haja opiniões contraditórias para esta afirmação. Entre os célebres homens desta escola, podem ser mencionados: Yoshimura, Hotta, Takino, Gamo, Imabori; e mais tarde Tokenaka, Noda, Iikubo, Yoshida e Motoyama, os quais os dois últimos ainda estão vivos. Kushinryū foi originado de Inugami Nagakatsu. Seu neto Inugami Nagayasu, mais conhecido como Inugami Gunbei, obteve grande eminência na arte e desenvolveu o que ele era chamado mais tarde como o inventor do kushinryū. Tem grandes semelhanças nos princípios do Kitō-ryū e kushiuryū. A semelhança é tanta, que nós supomos que ela foi originada das escolas citadas. Também é mencionado que no segundo ano de Kioho (1717), Inugami estudou Kitō-ryū com Takino. Esta é com certeza uma das razões do por que elas são tão similares. Entre aqueles que foram famosos nesta escola, podemos mencionar Ishino, Tsukamato e Eguchi. Sekiguchi Jushin foi um dos criadores de outra escola. Sua escola era chamada de Sekiguchi ryū. Ele teve três filhos, todos eles tornaram-se famosos na arte. Shibukawa Bangoro, que estudou a arte de seu primeiro filho Sekiguchi Hachirozaemon, tornou-se o fundador de outra grande escola de Jūjutsu conhecida como Shibukawaryū. Sekiguchi Jushin é um descendente do criador (da nona geração). Shibukawa Bangoro, o oitavo descendente do criador de Shibukawaryū, está agora ensinando a sua arte em Motomachi, em Hongo, em Tōkyō. Yoshinryū. Como foi dito anteriormente, há duas diferentes versões da origem desta escola. Mas ao examinar os manuscritos e os métodos destas duas escolas, uma possui traços do criador Miura Yoshin e a outra de Akiyama Shirobei, acreditando que ambos tiveram uma origem em comum. O representante de Yoshinryū de Miura Yoshin atualmente é Totsuka Eibi, quem agora está ensinando em Chiba, perto de Tōkyō. Seu pai foi Totsuka Hikosuke, que morreu há dois anos. Esse homem foi um dos mais célebres mestres da arte dos últimos anos. Seu pai Hikoyemon, foi também muito conhecido em sua época. Ele estudou a sua arte em Egami Kauanriu, que fez uma profunda investigação do assunto e foi reconhecido como o inventor do Yoshinryū. Esse homem faleceu em 1795. Outro famoso mestre desta escola foi Hitotsuyanagi Oribe. A arte de Yoshinryū na qual esse homem estudou é uma das quais é mencionada ter vindo de Aki. Tenjin Shinyoryū. Esta escola foi originada por Iso Mataemon, que faleceu há 26 anos. Ele primeiramente estudou Yoshinryū em Hitotsuyanagi Oriye e em seguida Shin No Shinto Ryū (uma das escolas de Jūjutsu que se desenvolveu fora de Yoshinryū) de Homma Joyemon. Ele então foi a diferentes lugares do país tentar sua arte com outros mestres, e finalmente formou uma escola própria chamada Tenjin Shinyoryū. Sua escola era em Otamagaike, em Tōkyō. Seu nome se 11 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 espalhou por todo o Japão e era muito respeitado, como em dos maiores mestres de seu tempo. Seu filho chamava-se Iso Mataichiro. Ele tornou-se o professor de Jūjutsu numa escola fundada por um dos Shōgun Tokugawa para a arte da guerra. Entre os famosos pupilos de Mataemon, podemos mencionar Nishimura, Okada, Yamamoto, Matsunaga e Ichikawa. Mencionamos diferentes nomes, tal como Jūjutsu, yawara, tai-jutsu, kempo, hakuda, kogusoku. Eles são às vezes distinguidos um dos outros, mas muito frequentemente aplicados à arte em geral. Por agora, sem entrar em explanações detalhadas destes nomes, nós devemos explicar num modo conciso do que é o que estes nomes venham a ser respectivamente. Jūjutsu é uma arte de luta sem armas e algumas vezes com pequenas armas muito praticado pelos samurais, e menos pelas pessoas comuns na época dos Tokugawa. Existem várias maneiras de obter a vitória, como atirando fortemente o oponente ao chão; estrangulando-o; segurando-o ao chão de tal modo que o oponente não consegue mudar a sua posição; aplicando chaves de braços, pernas ou dedos, etc. Há várias escolas, e algumas delas praticam todos estes métodos e algumas, apenas poucos deles. De resto, em alguns dos exercícios especiais das escolas, chamados atemi e kuatsu, são ensinados. Atemi é a arte de socar ou chutar partes do corpo para matar ou machucar os oponentes. Kuatsu, que quer dizer ressuscitar é uma arte de ressuscitação àqueles que aparentemente morreram através de violência. O mais importante princípio de quedas praticado é de incomodar o centro de gravidade do oponente, e em seguida puxar ou empurrar de certo modo que o oponente não consiga ficar de pé, empenhando-se mais técnica que força, assim ele perde o equilíbrio e caí fortemente ao chão. Uma série de regras foram ensinadas para respeitar as diferentes moções dos pés, pernas, braços, mãos, coxas e costas, para arrematar este objetivo. Estrangulamentos foram completados pelas mãos, antebraços, ou torcendo o pescoço com o kimono do oponente. Segurando para baixo e empurrando, toda parte do corpo era usada. Torcendo e inclinando, as partes empregadas eram em geral os braços, mãos e dedos, e algumas vezes as pernas. O kuatsu ou a arte da ressuscitação é considerado um segredo; em geral somente os alunos e aqueles que têm tido algum progresso na arte recebem tal instrução. E os alunos estariam instruídos na arte depois de fazer um juramento que eles nunca revelariam a arte a ninguém, mesmo aos pais e irmãos. Os métodos do kuatsu são numerosos e se diferem bastante nas diferentes escolas. 12 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 NA QUEDA DO JŪJUTSU O ALVORECER DO JŪDŌ Corria o final do século XIX no Japão. Em 1868 houve a Restauração Meiji, com o retorno do poder ao imperador. Com o fim da classe feudal dos senhores da guerra, a utilização de guerreiros particulares caiu em declínio em prol de um exército unificado, com influência militar do Ocidente. Em 1871 um decreto imperial abolia o uso das duas espadas, símbolo máximo dos Samurais. Isso causou uma comoção nacional. Muitos Samurais praticaram o SEPPUKU, a morte ritual (incorretamente chamada de HARA-KIRI no Ocidente), enquanto outros se tornaram artesãos, pescadores ou comerciantes. Mas uns poucos não conseguiram abandonar as artes marciais. Na época do decreto que aboliu as espadas, muitas escolas de artes marciais não agüentaram a falta de alunos e fecharam. Incontáveis estilos que existiam naquela época (alguns autores mencionam cerca de 400 estilos, embora vários sejam similares, mudando apenas o nome) desapareceram, levando consigo preciosos segredos das artes marciais. Mas o antigo estava definitivamente fora de moda, pois a população buscava freneticamente os costumes e tecnologias do Ocidente, particularmente a Europa devido à abertura dos portos no Japão para o ocidente. Em meio a essa onda avassaladora, sem trabalho e com sua arte desacreditada, muitos experts em Jūjutsu se meteram em brigas de rua e arruaças, denegrindo o bom nome da arte. Logo o termo "Jūjutsu" era sinônimo de baderneiro e encrenqueiro. Muitos mestres juntavam seus adeptos em turmas e lançava desafios abertos, organizando lutas remuneradas, que geravam combates encarniçados pela "supremacia" técnica. Nesse quadro caótico, onde as raízes estruturais das artes marciais japonesas estavam abaladas e ameaçavam ruir, surge um homem com uma visão diferente e moderna, embora dotado do saber ancestral: Kanō jigorō. 柔 柔 道 術 13 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 COMEÇA O JŪDŌ Pelo declínio da arte, foi muito difícil encontrar um Mestre de Jūjutsu com conhecimentos que satisfizessem o inteligente jovem. Começou a treinar com Teinosuke Yagi, cujo estilo nos é desconhecido. Depois estudou com Hachinosuke Fukuda e Masatomo Iso, da escola Tenjin shinyō Ryū. Aprendeu também o Kitō- ryū com o Mestre Tsunetoshi Iikubo, tendo atingido os maiores segredos desses dois estilos. Em 1882 Kanō abriu seu próprio Dōjō, chamado Kōdōkan, onde ensinava uma variação moderna do Jūjutsu que ele chamava Jūdō. A mudança do nome se devia ao fato de que Mestre Kanō não queria que sua arte tivesse a conotação negativa conferida aos praticantes de Jūjutsu, pois considerava repugnante a prostituição das artes marciais através de combates remunerados e desafios. Além disso, a palavra "Dō", caminho, era mais adequada aos seus objetivos: fazer do Jūdō um caminho, uma prática saudável para o corpo e para a mente e possível de ser praticado por homens e mulheres de qualquer idade. Em sua época era freqüente o número de acidentes sérios durante os treinos de Jūjutsu. Kanō Jigorō afirmou ainda que o termo escolhido, "Jūdō", não havia sido criado por ele, mas era muito antigo, sendo utilizado pela escola Jikishin Ryū. Para diferenciar a sua arte ele a denominava "Kōdōkan Jūdō", nome pela qual ainda é conhecida. Mestre Kanō era um gênio das artes marciais. Seu desempenho foi tão extraordinário que Mestre Iikubo deu-lhe todos os livros e manuscritos ancestrais contendo os segredos do Kitō-ryū Ryū. Embora dominasse pelo menos dois estilos, Mestre Kanō nunca parou de aprender. Mantinha no conselho do Kōdōkan alguns dos melhores Mestres de Jūjutsu de seu tempo, os quais forneciam a ele manuscritos e pergaminhos sobre suas técnicas mais ocultas. Como um inovador, Mestre Kanō estava sempre procurando conhecimentos novos. Ao assistir uma demonstração de Karate-dō de Mestre Funakoshi, convidou-o a dar algumas aulas no Kōdōkan. Acabaram por se tornar grandes amigos e Kanō convenceu Funakoshi a permanecer ensinando no Japão. Por causa disso o Karate-dō se difundiu e cresceu muito nesse país, passando daí para o resto do mundo. Ao saber da existência do Aikidō, assistiu a uma aula do Mestre e ficou fascinado. "Esse é o Budô que eu gostaria que o Jūdō se tornasse", mencionou mais tarde a um aluno. Pouco tempo depois enviou alguns de seus alunos, entre eles Kenji Tomiki, para aprender Aikidō. Este acabou por criar uma variante, chamada "Tomiki Aikidō", que possui competições a exemplo do Jūdō. A obtenção de uma boa forma física foi enfatizada e a parte esportiva foi criada. Mestre Kanō também desenvolveu o primeiro sistema de faixas de graduação, chamando de Kyu aos graus dos aprendizes e de Dan aos graduados. Esse sistema não existia no Japão anteriormente ao Jūdō. Baseado nas roupas marciais tradicionais ele desenhou um blusão forte e resistente e calças largas, para facilitar a "pegada" e os movimentos corporais. Nascia o que hoje se conhece popularmente como "JŪDŌGI". 14 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 POR QUE JŪDŌ? Segundo o próprio Mestre Kanō, enquanto ele estudava Jūjutsu percebeu que essa arte seria um treinamento excepcional para a mente e para o corpo, devendo ser disseminada por todo o mundo. Mas o antigo Jūjutsu não havia sido desenvolvido para a educação física e mental, para o desenvolvimento intelectual e moral, muito menos ao nível pretendido por Shihan Kanō. Para essa missão era necessária uma arte mais refinada, com conceitos mais modernos. Ao mesmo tempo ele não queria inventar um nome totalmente novo, pois a sua arte era baseada em conhecimentos ancestrais, os quais ele procurava conservar da deterioração geral. Além de ser formado por técnicas de Jūjutsu especialmente selecionadas, o Jūdō incluía técnicas de luta Greco-Romana ocidental e metodologias de treinamento científicas, baseadas numa nova disciplina que crescia muito na Europa naquela época: a Educação Física. 1886, A Prova Final A subida vertiginosa do Jūdō na preferência da população criou muitas rivalidades. Mestres de Jūjutsu desafiavam o Kōdōkan quase diariamente, alegando que Kanō havia deturpado a sua arte e acrescentado elementos estrangeiros. Para fazer frente a essas ameaças, o jovem Kōdōkan possuía um time de primeira, composto por antigos Mestres de Jūjutsu que haviam se juntado ao Shihan Kanō. Entre esses, quatro se destacavam: Tsunejirō Tomita, Sakujirō Yokoyama, Yoshikazu Yamashita e Shirō Saigō , chamados de Kōdōkan shiten'nō, "Os Quatro Senhores Celestiais", verdadeiros guerreiros que carregavam o nome do Kōdōkan em combates ferozes. Destes, o mais célebre era sem dúvida Shirō Saigō. Filho adotivo do Grande Mestre Tanomo Saigō, líder do Daito-Ryū AikiJūjutsu, ele acabou rompendo com o AikiJūjutsu para se juntar a Kanō, revelando-se um dos melhores lutadores que o Japão já viu. 15 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 DO JŪJUTSU AO JŪDŌ Por Kanō Jigorō, com modificações. A maioria das pessoas não tem nenhuma dúvida com o parentesco entre o Jūjutsu e o Jūdō, mas quantos podem diferenciá-los? Aqui, explicaremos os dois termos e direi o porquê que o Jūdō veio substituir o Jūjutsu. Muitas artes marciais foram praticadas no Japão durante o período feudal: com o uso de lanças, de arcos e flechas, de espadas e de muito mais. Jūjutsu era uma destas artes. Taijutsu e yawara também chamados, eram um sistema de ataque que jogava, batia, retrocedia, bloqueava, dobrava e torcia os membros, fixando no oponente, se defendendo contra estes ataques.Embora as técnicas de Jūjutsu eram conhecidas bem antes, foi depois da metade do décimo sexto século que o Jūjutsu foi praticado e ensinado sistematicamente. Durante o período de Edo jidai (1603-1868) tornou-se uma arte complexa ensinada pelos mestres de várias escolas. Quando jovem, eu estudei o Jūjutsu com muitos mestres eminentes. Seu conhecimento vasto, fruto dos anos de pesquisas e a rica experiência, eram de grande valor para mim. Nesta época, cada homem apresentava sua arte como uma coleção de técnicas. Ninguém percebia os princípios guiados pelo Jūjutsu. Quando eu encontrei diferenças no ensino das técnicas, eu encontrava dificuldades para saber qual estava correto. Isto me conduziu a procurar um princípio subjacente ao Jūjutsu, um que se aplicou quando um lutador derrotou seu oponente. Depois de um estudo completo no assunto, tive a idéia de um princípio pervasivo: usar eficientemente a energia mental e física. Com este princípio na mente, eu revi outra vez todos os métodos de ataque e de defesa que eu tinha aprendido, retendo somente àqueles que eram de acordo com o princípio. Aqueles não estavam de acordo eu rejeitei, e em seu lugar eu substituí pelas técnicas em que o princípio fora aplicado corretamente. O corpo resultante da técnica, que eu nomeei Jūdō para distingui-lo de seu predecessor, é o que é ensinado na Kōdōkan. Jūjutsu pode ser traduzido como "a arte suave", Jūdō como "o caminho suave". A Kōdōkan é, literalmente, "a escola para estudar a maneira". Porque o Jūdō é mais do que uma arte do ataque e de defesa. É uma maneira de vida. Em 1882 eu fundei a Kōdōkan para ensinar o Jūdō às outras pessoas. Em alguns anos, o número de estudantes aumentou rapidamente. Todo o Japão pratica Jūdō, muitos mestres de Jūjutsu já treinaram comigo. O Jūdō está gradualmente substituindo o Jūjutsu no Japão, e ninguém mais fala do Jūjutsu como uma arte contemporânea no Japão, embora a arte ainda sobreviva em alguns países. 16 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 KANŌ JIGORŌ Kanō Jigorō nasceu a 28 de Outubro de 1860, em Hamahigashi, vila de Mikage (hoje parte da cidade de Kobe), Prefeitura de Hyogo, Japão. Foi o terceiro filho de Mareshiba Jirōsaku Kanō, intendente naval do Shogunato Tokugawa numa família de três meninos e duas meninas, e era fisicamente fraco nos seus primeiros anos de vida. Herdou o apelido, Kanō, de sua mãe Sadako, que era a filha a mais velha de um rico fabricante de cerveja de, Nada, Prefeitura de Shiga. Uma vez que não havia um filho varão para herdar o negócio da família e para fazer perdurar o nome da família, quando Jirōsaku a desposou consentiu em tornar-se membro da casa de Kanō passando a usar o nome de família da sua noiva. Em 1869, quando Jigorō tinha somente nove anos, a sua adorada mãe faleceu e, Jirosaku Kanō, decidiu mandar o seu filho Jigorō, acompanhado pelo irmão mais velho, Kensaku, para a pequena escola particular de Seisatsusho Juku, em Tōkyō. Em 1873, já reconhecido como um excelente estudante, Jigorō passou para Ikuei Giguku, uma escola onde cada disciplina era ensinada por professores Europeus, sendo o idioma das lições inglês ou alemão. O ano que passou nesta escola foi muito duro já que era freqüentemente agredido pelos colegas mais velhos e mesmo pelos seus companheiros de quarto. No ano seguinte entrou na escola de línguas estrangeiras de Tōkyō e, em 1875, inscreveu-se em Kaisei uma escola reservada à elite, que mais tarde seria nomeada Universidade Imperial de Tōkyō. Infelizmente para ele também aqui a tradição de agredir e espancar os novos estudantes eram comuns. Um dia, já com 15 anos, atraído pela perspectiva de que um homem frágil pudesse derrubar um gigante (ele media 1,54m) ele ouve Nakai Baisei (um antigo membro da guarda pessoal do Shōgun) dizer que o Jūjutsu é um excelente método de treino físico. Resolve, pois, pedir a Baisei que lhe ensine esta arte, mas ele recusa, dizendo que o Jūjutsu é uma coisa do passado, completamente inadequado para um menino como ele. Mas Kanō estava firmemente decidido a aprender Jūjutsu, e assim, em 1877, encontra um pequeno Dōjō no distrito de Nihonbashi conduzido por Mestre Hachinosuke Fukuda da linha Tenjin shinyō de Jūjutsu. 17 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Apesar da sua fraqueza física cedo se revela um bom estudante de Jūjutsu e assim, dois anos mais tarde, em 1879, quando se organizou uma demonstração de Budō em honra do presidente Ulysses Grant dos E.U.A. Kanō Jigorō foi um dos estudantes escolhidos por Fukuda Sensei para participar. A entusiástica reação do Presidente, afirmando que o Jūjutsu deveria ser mostrado a todo o mundo, marca profundamente Kanō. Infelizmente, nove dias depois da demonstração Fukuda Sensei morre e Kanō, agora com vinte anos, é nomeado pela família do mestre como o responsável do Dōjō. Bem ciente da sua inexperiência procura por Iso Sensei (o Mestre que em parceria com Fukuda Sensei durante a demonstração perante o Presidente Grant) e torna-se seu assistente. No ano seguinte, durante uma demonstração de Yoshin Jūjutsu executada na Universidade Imperial de Tōkyō, pede para defrontar-se em Randori com Ichimon Totsuka o filho de Mestre Hikosuke Totsuka. Kanō sente-se esmagado por algumas das técnicas de Yoshin-ryū Jūjutsu e apercebe-se que a evolução do Jūjutsu, não consiste em fixar-se num determinado método ou escola, mas sim em incorporar o que há de melhor em cada um, criando um método inteiramente novo. Em Junho 1881 morre o seu Mestre Iso. No mês seguinte Kanō Jigorō obtém a sua licenciatura pelo Departamento da Literatura da Universidade de Tōkyō e reinscreve-se, logo de seguida, num curso especial anual de filosofia. 18 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Tem de procurar um novo professor de Jūjutsu, assim, através de uma carta de recomendação, chega a Iikubo Mestre da linhagem Kitō-ryū de Jūjutsu, transformando-se num estudante dessa escola. Em Fevereiro de 1882, com o acordo de seu mestre, Kanō jigorō, agora com 22 anos, leva consigo nove dos seus mais próximos estudantes do Dōjō de Kitō-ryū, e funda o seu próprio Dōjō no templo de Eishō-ji. Duas ou três vezes por semana Iikubo Sensei vai ao templo ajudar a treinar os estudantes de Kanō. Kanō batiza o Dōjō de Kōdōkan (instituto do caminho fraterno) e passa a dedicar-se à formulação de um sistema de Jūjutsu reformado em princípios científicos, integrando o combate com a instrução mental, moral e física. Do Kitō- ryū adapta o "katame-waza" (técnicas no chão) e o "atemi-waza" (técnicas de projeção), mantendo as técnicas que se conformam aos princípios científicos e rejeitando todas as outras. Todas as técnicas prejudiciais e perigosas também são eliminadas. Em 1884 são promulgados os Estatutos do Kōdōkan e Kanō declara: "juntando as aptidões que adquiri junto às várias escolas de Jūjutsu, e adicionando meus próprios dispositivos e invenções, fundei um sistema novo para a cultura física, treino mental e treino de competição. A este método eu chamo Jūdō Kōdōkan”. A sua paixão pela educação levou-o em 1885, com somente 25 anos de idade, ao lugar de Reitor de Gakushuin. Ali impôs uma disciplina estrita permitindo que os estudantes fossem para casa somente aos fins de semana, obrigando-os executar tarefas menores e ensinando-lhes humildade. Propôs também um ato revolucionário para a época ao abrir, as portas da escola aos comuns. O ambiente interno mudou por completo sob a administração de Kanō, e não surpreende que os pais dos estudantes ficassem cheios de admiração pelas maravilhas operadas em Gakushuin. Naquela época gerou-se uma feroz rivalidade entre os seguidores do Jūjutsu tradicional e os adeptos do Jūdō. Porém, em breve, a superioridade do Jūdō se tornaria evidente, especialmente após o Torneio de Artes Marciais de 1886 onde, em 15 encontros com escolas de Jūjutsu, o Jūdō Kōdōkan venceu 12, perdeu dois e empatou um. Uma vez firmemente estabelecidas às bases do Kōdōkan, os pensamentos de Kanō viraram-se para a propagação do Jūdō num âmbito nacional e eventualmente por todo o mundo. De fato, Kanō embarcou para a sua primeira visita ultramarina em 1889, pelos auspícios do Ministério da Educação, encarregado de efetuar uma investigação sobre a os métodos educativos na Europa e aproveitou para espalhar as novidades sobre o novo desporto japonês - o Jūdō. Em 1894 um corpo consultivo foi criado, o Conselho do Kōdōkan. O Kōdōkan transformou-se oficialmente uma fundação em Maio de 1909. No mesmo ano Kanō Jigorō foi eleito como representante Japonês do Comitê Olímpico Internacional. Em abril de 1911 é criado o Departamento de Formação de Instrutores de Jūdō. Em 1912, Kanō tinha feito nada menos que nove viagens para fora do Japão com o objetivo de despertar o interesse pelo novo desporto japonês. Em 1922, foi criada a Associação dos Dan do Kōdōkan. Em 1926 o Jūdō substitui o Jūjutsu como disciplina oficial do programa de educação física das escolas japonesas. Em 1932 é fundada a Sociedade de Investigação Médica em Jūdō. No mesmo ano o Presidente do Município de Tōkyō sugere durante uma visita ao Kōdōkan, que Tōkyō seja sede dos Jogos Olímpicos de 1940. Kanō viaja para Los Angeles para participar na 10ª Olimpíada. Em 1934 o Kōdōkan comemora o seu 19 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 50º aniversário. No mesmo ano Kanō Jigorō visita Paris para encontrar-se com membros do COI para discutir a oferta de Tōkyō para hospedar os Jogos Olímpicos de 1940. Shihan Kanō também desenvolveu o primeiro sistema de faixas de graduação, chamando de Kyu aos graus dos aprendizes e de Dan aos graduados. Esse sistema não existia no Japão anteriormente ao Jūdō. Baseado nas roupas marciais tradicionais ele desenhou um blusão forte e resistente e calças largas, para facilitar a "pegada" e os movimentos corporais. Nascia o Gi, que hoje se conhece popularmente como "kimono", e que é largamente usado por outras artes. Sua atuação na área educacional e esportiva foi extremamente ampla, com a criação de clubes esportivos e o primeiro clube de Baseball. Chegou a atingir altos cargos em instituições de ensino e no governo, tendo sido presidente da Butoku-kai, o órgão gestor das artes marciais no Japão. Tornou-se também o primeiro japonês a integrar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Até hoje é considerado o “Pai da Educação Física” no Japão. Shihan Kanō viajou o mundo todo divulgando não apenas sua arte, mas principalmente sua filosofia de vida. Esperava contribuir para a saúde e qualidade de vida de pessoas de todo o planeta. Em 1935 Kanō recebe o premio Asahi para contribuições proeminentes nos campos da arte, ciência e desporto. Kanō Jigorō, patriarca das artes marciais modernas, morreu em 4 de Maio de 1938 após contrair uma pneumonia a bordo de um navio que retornava de uma assembléia geral do Comitê Olímpico na cidade do Cairo no Egito, onde foi decidido que Tōkyō seria aceita como local para a realização das Olimpíadas de 1940 nas quais o Jūdō deveria ser incluído primeira vez como um das modalidades, tinha o shihan 78 anos. Postumamente recebeu o 2º Grau Imperial, uma das mais altas comendas japonesas. Seu grande sonho, no entanto, só se realizaria em 1964: a inclusão do Jūdō nos Jogos Olímpicos de Tōkyō. 20 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Fundamentos para a vida e o treinamento, estabelecido por KANŌ JIGORŌ. Chikara-hittatsu – “Os esforços sempre levam ao objetivo”. Jita-kyōei – “Felicidade (fama) alternante, mutua”. Jundo-seisho – “O ‘caminho’ certo leva ao objetivo”. Seiki-ekisei – “A educação própria deve favorecer também aos outros”. Seiryoko-saizen-katsuyō – “O melhor uso da energia mental e física”. Shin-shin-jizai – “Agilidade mental e física”. Sojo-soei – “Ajudar-se mutuamente e ceder um ao outro”. A partir dos princípios citados por Kanō jigorō, para o aprendizado do Jūdō. O uso da energia para o bem – SEI RYOKO NO ZEN YÔ, prosperidade e benefícios mútuos – JI TA KYO EI, e da suavidade – JU podemos sentir algo mais profundo que a simples arte do ataque e defesa, que envolve o treinamento. JU - SUAVIDADE JI TA KYŌ EI – PROSPERIDADE E BENEFICIOS MUTUOS SEI RYOKO NO ZEN YÔ – O USO DA ENERGIA PARA O BEM 21 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 A chegada do Jūdō no Brasil – Conde Koma O primeiro relato da chegada do Jūdō no Brasil foi através do navio de imigrantes kasato maru em 18/06/1908. Mais ficou reservado às colônias no interior de São Paulo. O verdadeiro impulso a arte foi no inicio da década XX através de Mitsuyo Maeda o Conde Koma, como também era conhecido. Fez sua primeira apresentação no país em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transferindo-se depois para o Pará, onde popularizou seus conhecimentos da nobre arte, ensinando inclusive para a família Gracie. Maeda nasceu em 1878 na província de Aomori (bem ao norte da ilha de Honshu) e não era de origem nobre, tendo sido um estudante medíocre; ele chegou a Tōkyō com 18 anos (1897), onde iniciou seus treinos em artes marciais, sendo que o Kōdōkan possui o registro de sua matrícula desse mesmo ano de 1897. Ou seja, não há nenhuma possibilidade de que ele tenha estudado Jūjutsu tradicional - ele começou mesmo treinando Jūdō Kōdōkan, e logo foi considerado o mais promissor dos estudantes de Jūdō. Em 1904 ele e seu professor Tsunejirō Tomita foram aos EUA para demonstrações de Jūdō, e ao contrário do que ele dizia não se encontrou com o presidente Roosevelt na Casa Branca (na verdade, quem foi instrutor de Jūdō de Roosevelt foi o lendário mestre Yoshitsugo Yamashita). Depois disso ele deu aulas de Jūdō na Universidade de Princeton em NY, mas aí ele começou a aceitar desafios de lutadores de outros estilos (boxe, luta - livre e etc.), o que era estritamente proibido pelas regras do Kōdōkan. Nesse ponto, há uma dúvida: no fim da vida, o próprio Maeda dizia a outros japoneses que se arrependia de ter feito isso, pois por esse motivo ele tinha sido expulso do Kōdōkan, mas não consta nos arquivos do Kōdōkan nenhum documento que provasse que tal expulsão tivesse de fato ocorrido. De qualquer modo, nesse ponto parece que acabam os laços de Maeda com o Kōdōkan e começa a carreira "artística" do Conde Koma. Ele passou a utilizar esse nome em 1908, na Espanha, para poder desafiar outro lutador japonês de Jūdō que estava por lá sem ser reconhecido: em japonês, o verbo "komaru" significa "estar em situação delicada" - o que era seu caso, pelo menos do ponto de vista financeiro - ele tirou a última sílaba da palavra e ficou apenas com Koma, acrescentando a palavra "Conde" (em espanhol mesmo) por sugestão de um amigo espanhol. Ele participou de vários torneios de luta - livre, wrestling e etc. E, embora tenha perdido pelo menos 2 lutas, ele parece ter vencido na maioria das vezes (há poucos registros históricos confiáveis de suas lutas). Mas onde existem, esses registros nos dão uma informação preciosa de seu estilo de lutar: Ele geralmente atacava o adversário com chutes baixos e cotoveladas para depois finalizar o mesmo no chão. Na verdade, esse era o estilo utilizado por muitos lutadores do Kōdōkan no início do século. Outros mestres também faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido. Um fator decisivo na fixação do Jūdō foi a chegada ao país de um grupo de imigrantes nipônicos em 1938. 22 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Ordem cronológica do Jūdō 1860 - A 28 de Outubro, nasce Kanō Jigorō (o fundador do Jūdō) em Mikage. 1877 - Kanō Jigorō começa a praticar com Hachinosuke Fukuda (1827-1879) da linha de Ju-jitsu Tenjin shinyō Ryū, fundada por Mataemon Iso que enfatizava sobretudo as técnicas de atemi (percussão) e kansetsu (preensão). 1879 - Em Maio Kanō Jigorō participa numa demonstração de Jūjutsu perante o Presidente Grant dos EUA, na altura em visita ao Japão. Hachinosuke Fukuda que organizara o evento morre pouco depois e Kanō prossegue os estudos de Jūjutsu Tenjin shinyō Ryū com Masamoto Iso (1818-1881). 1881 - Morre Masamoto Iso e Kanō jigorō, seu discípulo, prossegue os estudos de Jūjutsu com Tsunetoshi Iikubo da linha Kitō-ryū, a qual enfatiza sobretudo as técnicas de projeção (nage-waza). 1882 - Em Fevereiro Kanō Jigorō funda o Kōdōkan - então um pequeno Dōjō no templo Budista de Eishō-ji, em Tōkyō - e passa a usar o termo Jūdō (a via da suavidade) em vez de Jūjutsu. 1883 - Nasce Kyūzō Mifune, aquele que virá a ser um dos mais conceituados alunos de Kanō jigorō. 1883 - A Polícia Metropolitana de Tōkyō contrata vários mestres de Jūjutsu e, também, alguns mestres de Jūdō para formação das suas forças. 1884 - Kanō Jigorō institui um sistema de graduações baseado em Kyu e Dan e gradua os primeiros "Shodan" do Kōdōkan - Tomita Tsunejirō e Shirō Saigō. Este sistema é inovador relativamente ao sistema tradicional - Menkyo - que instituía as seguintes qualificações: Shogo (Tashi, Renshi, Kyoshi, Hanshi e Shihan). Nesta data Kanō institui também o Kangeiko ("treino de Inverno"). 1886 - Em 11 de Junho de 1886 a Polícia Metropolitana de Tōkyō organiza um torneio, no santuário de Yahoi em Shiba Park, onde os Jūdō-ka do Kōdōkan competem contra as mais poderosas escolas de Jūjutsu da época. Em 15 combates o Kōdōkan apenas perde dois e empata um. 1886 - Kanō Jigorō muda as instalações do Kōdōkan para Fujimi-cho, e o Dōjō passa a dispor de 40 tatami. Os "Dan" de Jūdō passam a envergar uma faixa preta. 1889 - Kanō Jigorō que assume nesta altura a liderança de várias delegações do Kōdōkan onde treinam mais de 1500 alunos é incumbido, pelo Ministério da Educação, de realizar uma visita de estudo a instituições educacionais na Europa. Sai de Yokohama a 13 de Setembro e chega a Marselha em Outubro. Regressará ao Japão em 16 de Janeiro de 1891. 1891 - Kanō Jigorō regressa ao Japão a 16 de Janeiro e, em sete de Agosto casa- se com Sumako Takezoe. Kanō expulsa do Kōdōkan Shirō Saigō, um dos pioneiros do Jūdō, por ter participado numa arruaça contra um grupo de lutadores 23 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 de Sumo. 1893 - Em Dezembro Kanō Jigorō reabre o Kōdōkan em novas e amplas instalações (Dōjō com 100 tatami) em Shimo Fujizaka-cho, Koishikawa, Tōkyō. Pela primeira vez começa a ser cobrada uma quota mensal aos alunos. 1894 - Kanō Jigorō introduz em 1895: (a) a primeira versão do "Gokyō no waza", um sistema pedagógico baseado em cinco grupos principais de técnicas; (b) os três elementos do Jūdō: como educação física, como desporto e como treino ético; (c) os cinco princípios de conduta de um Jūdōka na vida diária. 1895 - é fundada em Kyoto a Dai Nippon Butoku-kai (Associação das Virtudes das Artes Marciais). Esta associação, que há de ser dirigida por sucessivas gerações dos mais proeminentes artistas marciais do Japão, constituirá o centro de ensino e aperfeiçoamento das artes tradicionais do Budō, tais como o Kendō, Kyūdō, Jūdō, Naginata-dō e, mais tarde, do Karate-dō. 1901 - Praticantes de Jūjutsu são apresentados em circos que deambulam pela Inglaterra, França e Alemanha. Defrontando e vencendo qualquer homem que se atreva a enfrentá-los, causam tal impressão que o Kaizer Guilherme II convida dois instrutores japoneses para ensinarem Jūjutsu numa escola militar em Kiel na Alemanha. 1902 - Kanō Jigorō é incumbido de realizar uma visita de estudo a instituições educacionais na China. No regresso, Kanō expande a Academia para intercâmbio estudantil com a China que fundara anos antes. 1902 - A Butoku-kai define os métodos de atribuição de títulos aos Mestres de Budō - Renshi, Kyoshi e Hanshi. 1903 - Yoshiaki Yamashita do Kōdōkan viaja para os EUA a convite de um industrial americano - Samuel Hill - e realiza uma demonstração de Jūdō perante o Presidente Roosevelt. Muito impressionado o presidente contrata-o como professor de Jūdō da Academia Naval Americana. Entretanto, a esposa de Yamashita, também ela Jūdōka, ensina Jūdō a senhoras da alta sociedade americana. 1904 - Tomita e Mitsuyo Maeda são convidados pelo Presidente Roosevelt para ensinarem Jūdō em Washington. Após uma derrota numa luta frente a um jogador de futebol americano, Tomita regressa ao Japão. Maeda, no entanto, alinha numa carreira de lutador profissional, desafiando com sucesso lutadores por todo o continente americano onde ficará até 1924 1904 - Yukio Tani, praticante de Jūjutsu, chega à Inglaterra a convite de Barton Wright, um famoso desportista. Envolvendo-se em disputas com lutadores profissionais, por dinheiro, não consegue estabelecer um local de ensino regular 1905 - O escritor Re-nie (Guy de Montgaillard) introduz a prática do Jūjutsu na França. A polícia de Paris adota temporariamente a prática do Jūdō, mas pouco depois a prática da arte acabará por cessar. 1906 - Kanō Jigorō promove uma reunião no Butoku-den, em Kyoto com a maioria das escolas de Jūjutsu da época com vista à síntese das artes Jū. As escolas da linha Aiki-jutsu não aderem a este movimento 24 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 1906 - O Kōdōkan expande-se novamente, desta vez para um Dōjō de 207 tatami em Shimo Tomisaka-cho. Os praticantes de Jūdō passam a envergar um Jūdōgi (espécie de "kimono" branco) abandonando, assim, o tradicional hakama (saia- calça). 1906 - Gunji Koizumi chega a Londres, Inglaterra onde ensina Jūdō durante um ano, introduzindo assim o ensino regular do Jūdō na Europa. Entretanto parte para os EUA onde permanecerá até 1910 1907 - Nasce Minoru Mochizuki, em Shizuoka. Mochizuki há-de ser discípulo de Kanō jigorō, e Gichin Funakoshi, Uchi-Deshi de Morihei Ueshiba, e estudioso das armas tradicionais da escola Katori Shinto Ryū, fundando, posteriormente, o Yoseikan Budō 1909 - Kanō Jigorō é selecionado como o primeiro membro japonês do Comitê Olímpico Internacional. 1910 - Gunji Koizumi regressa a Londres onde se radica definitivamente como mestre de Jūdō, ensinando em conjunto com Yukio Tani. 1910 - Erich Rahn começa a ensinar Jūjutsu na escola de polícia de Berlim. 1911 - Kanō Jigorō funda a Associação Japonesa de Desportos Amadores 1911 - É fundada a Dai Nippon Butoku-kai Bujutsu Semmon Gakko ("escola de especialização" em Artes Marciais da Butoku-kai 1911 - Por influência da Butoku-kai o Ministério da Educação institui o Kendo ou o Jūdō como disciplinas curriculares obrigatórias no programa escolar japonês. 1913 - Na Inglaterra mulheres praticantes de Jūdō formam um grupo de Segurança chamado "Bodyguard" para proteger as sufragistas durante os seus discursos. 1913 - Erich Rahn começa a dar aulas de Jūjutsu ao exército alemão. 1915 - Nasce Kenshiro Abbe que há de ser o mais jovem Jūdō-ka a atingir as graduações de 5º Dan (com apenas 19 anos) e de 6º Dan (com 23 anos). Abbe tornar-se-á professor do colégio especial de Jūdō da Butoku-kai e, a partir de 1955, há de ser ainda um dos principais Mestres de Jūdō em Inglaterra. 1915 - Em 1914, mitsuyo Maeda, aluno do Kōdōkan, instala-se no Brasil. Maeda há-de ter como discípulos os irmãos Gracie - os grandes impulsionadores do Jūjutsu brasileiro. 1922 - A 17 de Maio, na seqüência da exibição pública de To-de (Okinawa-te), Gichin Funakoshi realiza, a convite de Kanō jigorō, uma demonstração no Kōdōkan. Nessa demonstração Funakoshi solicita ao seu discípulo Shinken Gima que demonstre a kata Naihanchi (mais tarde denominada Tekki). Para esta 25 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 ocasião Funakoshi fabrica com as suas próprias mãos, para si e para o seu discípulo os primeiros Karate-gi, inspirados no Jūdō-gi. 1926 - São criadas na polícia japonesa duas comissões técnicas compostas por especialistas em Goshin-ryū (combate sem armas). A primeira é composta por: Hakudo Nakayama (mestre de Kendo), Yoshihitsu Hiyama, Goro Saimura e Shitejiro Hotta. A segunda é composta por Shuichi Nagaoka (Jūdō), Kyūzō Mifune (Jūdō), Seizo NaKanō, Kinosuke Sato e Tadashi Kawakami. 1928 - Kanō Jigorō participa, como Membro do Comitê Olímpico Internacional, nas Cerimônias dos Jogos Olímpicos de Amesterdã. 1928 - Kanō Jigorō cria com o apoio de Minoru Mochizuki o KoBudō Kenkyūkai, associação destinada a preservar as artes marciais tradicionais japonesas. 1930 - Realizam-se em Tōkyō os primeiros All Japan Jūdō Championships. 1930 - Em Outubro Kanō Jigorō visita Morihei Ueshiba no Dōjō de Mejiro onde assiste a uma demonstração de AikiBudō. Muito impressionado com o que presenciou afirma: isto é "o meu ideal de Budō; isto é o verdadeiro e genuíno Jūdō". Pouco depois solicita a Ueshiba que aceite ensinar alguns dos mais antigos alunos do Kōdōkan. Em conseqüência Minoru Mochizuki e Jiro Takeda passam a treinar no Kōdōkan. 1932 - Kanō jigorō, efetua uma demonstração de Jūdō na Escola Militar de Joinville, em França, a qual não produz impacto favorável. 1933 - Kanō Jigorō visita a Europa e, a partir dessa data, as organizações europeias que até então usavam o termo Jūjutsu começam substituí-lo por Jūdō. 1935 - Mikonosuke Kawaishi, um Jūdō-ka da Butoku-kai cria o primeiro Dōjō permanente de Jūdō em França, denominado Clube Franco-Japonês. Kawaishi, verificando que o método clássico de ensino do Jūdō não cativa os franceses adota designações numéricas para substituir as designações japonesas das técnicas e institui cintos coloridos para as várias graduações. 1938 - A quatro de Maio, no decurso de uma das suas viagens diplomáticas, morre Kanō jigorō. 1945 - Na seqüência da rendição do Japão a prática das Artes Marciais (Budō) é interdita pelas forças ocupantes, comandadas pelo General MacArthur. A Butoku-kai é interditada e o Butoku-den é ocupado pela Sexta Armada dos USA. O karate-dō, todavia, escapa a esta interdição 1948 - É revogada a interdição da prática de Artes Marciais no Japão. 1948 - De 1948 a 1951 realizam-se demonstrações semanais de Artes Marciais nas bases aéreas americanas do Extremo Oriente. A equipa de demonstração de Karate-dō é chefiada por Masatoshi Nakayama, recentemente (1946) regressado de uma estadia de 9 anos na China. A equipe de demonstração de Jūdō é chefiada por Kyūzō Mifune e a de 26 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Kendo por Azuo Nakayama. 1949 - É fundada a Federação Japonesa de Jūdō. 1952 - Aldo Torti abandona o cargo de Presidente da IJF o qual passa a ser assumido por Risei Kanō (filho do fundador do Jūdō e Presidente do Kōdōkan). O Japão, os EUA, o Canadá e Cuba aderem à IJF. 1953 - Entre Junho e Setembro com o patrocínio do "U.S. Strategic Air Command" dos EUA decorre uma série de demonstrações em várias bases aéreas dos EUA com 10 dos mais prestigiados Jūdō-ka do Kōdōkan e com alguns dos mais antigos estudantes de Gichin Funakoshi leva a cabo incluindo Isao Obata, Hidetaka Nishiyama, Masatoshi Nakayama e Toshio Kamata, entre outros, acompanhados também por praticantes de Kendo. Em cada local os Mestres permanecem em média dois dias, efetuando dois dias de ensino e demonstrações para os militares e outros dois de demonstrações nas cidades das redondezas. 1956 - Realiza-se em Tōkyō o primeiro Campeonato Mundial de Jūdō. 1959 - Em finais de Dezembro Tsutomu Ohshima, com o grau de quinto dan obtido na Universidade de Waseda, visita Mitsusuke Harada em São Paulo, Brasil, onde leciona durante cerca de duas semanas. Ambos se encontram com o famoso Mestre de Jūdō Masahiko Kimura que tinha ensinado na Universidade de Takushoku. 1964 - O Jūdō torna-se Desporto Olímpico. 1965 - Nobuyoshi Higashi cria o Kokushi Ryū síntese de Jūdō, Karate-dō, Jūjutsu e Aikidō da linha Tomiki-ryū. 1965 - Morre Kyūzō Mifune aquele que foi considerado por muitos o maior dos alunos de Kanō jigorō. 2002 - A quatro de Agosto morre, com 91 anos de idade, Kyoshigo Michigami, 9.º Dan de Jūdō e discípulo direto do fundador Kanō jigorō. 27 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 28 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 10º DAN da Kōdōkan Kyūzō Mifune (1883 - 1965) Ele começou a praticar Jūdō com 13 anos e tornou-se aluno da Kōdōkan em 1903. Em 1912, ele já era um Rokudan (faixa preta 6º DAN) e instrutor da Kōdōkan. Ele era inacreditavelmente energético e eventualmente aconselhava os demais instrutores da Kōdōkan. A rapidez com que ele ministrava as técnicas de Jūdō pode somente ser emparelhada com a rapidez de sua promoção. Ele recebeu o 10º DAN em 25 de maio de 1945, foi o segundo homem mais jovem a ser promovido, e ele guardou a sua graduação por 20 anos, o mais longo de qualquer 10º DAN. Ele era um membro permanente da do Grupo Consulativo do Dōjō Kōdōkan. Ele é o autor do livro "Canon do Jūdō". Em 1964, o governo japonês o premiou com honra da Ordem do Sol Nascente. Ele foi a primeira pessoa que foi homenageada desta forma enquanto vivo. Antes de sua morte em 27 de janeiro de 1965, ele era o único décimo DAN vivo no mundo. Kunisaburo Iizuka (1875 - 1958) Entrou na Kōdōkan em 1891 e foi graduado 10º DAN em 5 de abril de 1946. Como um jovem, ele era muito perspicaz para viajar para o exterior, mas em 1906 se tornou instrutor de Jūdō em Keio (a mais antiga Universidade privada do Japão) e ele permaneceu lá por mais de cinquenta anos, dedicando toda sua vida ao trabalho. Ele era membro tanto do Conselho quanto do Grupo Consolativo do Dōjō Kōdōkan. 29 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Kaichiro Samura (1880 - 1964) Um dos mais duradouros 10º DAN, ele se juntou à Kōdōkan em 1898 e recebeu o 10º DAN em cinco de abril de 1948. Em 1899 ele se tornou o chefe de Jūdō da Butoku-kai, e mais tarde viajou extensivamente ensinando em escolas e nos estabelecimentos policiais. Em 1931 ele começou a ensinar na Kōdōkan e foi um membro do Grupo Cosulativo do Dōjō Kōdōkan. Hidekazu Nagaoka (1876 - 1952) Chegou a Tōkyō aos 16 anos, vindo da cidade de Okayama para procurar o Shihan. Entrou na Kōdōkan em 1893 e practicou tanto que diziam dele: "a técnica é Sutemi, o homem é Nagaoka". Muitas se suas competições ainda são assuntos de inumeráveis reminiscências. Todo seu esforço foi despejado nos treinamentos de jovens professores e ele era o maior ajudante do Presidente da Kōdōkan. Ele fez muito para conquistar uma posição segura na Kōdōkan, sendo promovido a 10º DAN em 27 de dezembro de 1937, por Kanō jigorō, alguns meses antes dele falecer. Ele é uma das pessoas que foram promovidas pelo fundador do Jūdō. Ele e Isogai foram os primeiros estudantes de Kanō a serem promovidos ao 10º DAN enquanto vivo, e ele foi o mais jovem homem a ser promovido. Ele faleceu em 22 Novembro de 1952. Yoshitsugu (Yoshiaki) Yamashita (1865 - 1939) Ele entrou na Kōdōkan em 1884 e ganhou uma formidável reputação de suas competições com fortes homens praticantes de escolas de Jūjutsu durante o Período Meiji. Ele mais tarde foi aos Estados Unidos, onde ele ensinou Jūdō ao Presidente Teodolito Roosevelt. Kanō Jigorō o premiou a 10º DAN depois de sua morte, em 26 de Outubro de 1935, embora seu certificado datasse dois dias antes da morte. 30 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Hajime Isogai (1871 - 1947) Entrou na Kōdōkan em 1891 e praticou assiduamente com Kanō jigorō. Em 1899 ele foi escolhido para ir a Butoku-kai, em Kyoto, onde trabalhou durante muitos anos espalhando o Jūdō e treinando novos professores. Em 22 de dezembro de 1937, ele foi premiado com o 10º DAN diretamente por Kanō Jigorō (apenas poucos meses antes da morte de Kanō). Aos 66 anos, ele foi a quarta pessoa mais jovem a alcançar o 10º DAN. Ele é considerado uma das grandes figuras no Jūdō Kansai (Kansai é o centro-oeste de Honshu, a principal ilha dos japoneses). Isogai morreu em 19 de abril de 1947. Sumiyuki Kotani (1903 - 1991) Ele recebeu sua graduação de 10º DAN em abril de 1984, tornando-se a pessoa mais velha a conquistar esta façanha. Graduado na Faculdade de Educação de Tōkyō. Ele foi um dos alunos diretos de Kanō, e o sétimo homem a receber o 10º DAN. Ele era muito ativo em promover o Jūdō em todo o mundo e era o principal instrutor da Divisão Internacional da Kōdōkan por muitos anos, e um professor da Universidade Tokai. Ele era o oficial melhor ranqueado da Kōdōkan e vice-presidente da Federação Japonesa de Jūdō. Ele faleceu em 19 de outubro de 1991. 31 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Shotaro Tabata (1884 - 1950) Introduzido na Kōdōkan em 1900 e promovido ao 10º dan em 5 de abril de 1948. Ele foi a terceira pessoa mais jovem a receber esta promoção. Em 1905 ele ensinou na Butoku-kai em Kyoto, onde ele treinou vários novos instrutores e contribuiu bastante no desenvolvimento e na difusão do Jūdō. Juntamente com Isogai, 10º dan, ele ocupou um espaço especial no Jūdō Kansai. Ele morreu em 25 de maio 25 de 1950. Kotaro OKanō (1885 - 1950) OKanō nasceu em abril de 1885. Ele foi o 9º homem a ser promovido ao 10º dan depois de sua morte em 2 de junho de 1967. Ele foi o primeiro estudante graduado da Budô Senmon-Gakko (escola de arte marcial) e se tornou "shihan" (mestre de arte marcial) na 6ª Escola Okayama (Ensino Médio) e na Polícia de Okayama. Sua técnica de solo era uma das melhores do Jūdō mundial da época. 32 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Matsutaro Shoriki (1885 - 1969) Nascido em 11 de abril de 1885 no município de Toyama, educado na Escola Takaoka (Ensino Fundamental), 4ª Escola Nacional (Ensino Médio), e na Universidade Imperial de Tōkyō. Diretor da Polícia Metropolitana, presidente do Yomiuri Shimbunsha (jornal japonês) e depois dono. Membro da Casa Peers e eleito membro da Casa de Representação. Serviu como Ministro de Estado. Estabeleceu a primeira Estação Comercial da Televisão japonesa, Nippon Corporation. Foi profissional de baseball no Japão, contribuindo para o seu desenvolvimento. Presidente da Universidade da Associação Franco-Japonesa de Jūdō, Diretor no Nippon Budōkai, e presidente da Federação Nacional de Jūdō de Dietman. Foi o único não profissional a conquistar o 10º DAN. Ele foi promovido após a sua morte em 9 de outubro de 1969. Tamio Kurihara (1896 - 1979) Kurihara nasceu em maio de 1896. Ele foi a 11ª pessoa a ser promovida ao 10º DAN após a sua morte em oito de outubro de 1979. Ele se graduou na Kyoto Budō Senmon-Gako (Faculdade de Artes Marciais) e se tornou "shihan" (mestre de Jūdō) na 3ª Escola de Kyoto (Ensino Médio). Um de seus momentos mais expressivos em competições foi em maio de 1926 na Copa Imperador vencendo o jovem promissor, Ushijima Tatsukuma, 5º DAN com 26 anos. 33 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Shozo NaKanō (1888 - 1977) NaKanō nasceu em janeiro de 1888. Ele foi promovido ao 10º DAN depois de sua morte em 22 de dezembro de 1977. Ele se tornou instrutor mestre da Universidade Ikashika de Tōkyō (Escola de Medicina). Ele energeticamente promoveu o Jūdō da Kōdōkan para o mundo. Sua técnica uti-mata é muito conhecida. Ichiro Abe (1922 - ) Promovido em 2006, o Senhor Abe foi presidente da Federação Japonesa de Jūdō. Ele é o principal dos promovidos na Kōdōkan. Viajou extensivamente à Europa, e é um embaixador do Jūdō na Bélgica. Toshiro Daigo (1926 -) Promovido em 2006, foi autor de livros sobre Jūdō da Kōdōkan: Técnicas de Arremesso, e diversos outros textos sobre Jūdō. Foi o principal instrutor na Kōdōkan por muitos anos, gerente da equipe japonesa de Jūdō nas olimpíadas de 1976 e 1984, árbitro internacional, e ganhou todos os torneios de Jūdō do Japão de 1951 a 1954. 34 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 Yoshimi Osawa (1927 - ) Promovido em 2006, foi árbitro internacional por muitos anos. Sr Osawa ganhou o torneio de Fukuoka em 1948. Osawa era um técnico fabuloso. Apesar de ser peso leve, foi considerado uma verdadeira ameaça para ganhar o Campeonato Nacional Japonês. 35 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 AS DIVISÕES TÉCNICAS DO JŪDŌ 1. KIHON DŌSA – Movimentos Básicos 2. NAGE WAZA – Técnicas de Projeções 3. KATAME WAZA – Técnicas de Controle 4. KATA – Formas 5. ATEMI WAZA – Técnicas de Ataques Nos Pontos Vitais 6. KAPPŌ ou KATSU – Técnicas de Reanimação JŪDŌ SUA GÊNESE 36 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 CLASSIFICAÇÃO DO JŪDŌ Te waza Tachi waza Koshi waza Ashi waza Nage waza Ma sutemi waza Sutemi waza Yoko sutemi waza Kessa gatame Osae waza Shihō gatame Tate shihō gatame Mae jime Shime waza Yoko jime katame waza Ushiro jime Jūdō no waza Juji gatame Ude gatame Kansetsu waza Ashi gatame Sankaku gatame Uti waza kobushi ate – te gatana Ate waza Tsuki waza yubisaki ate – hiji ate Ke waza hiza ate – sekito ate Sassoi katsu Eri katsu Kappō (katsu) So katsu Ko-gan katsu Suishi katsu 37 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 FUNDAMENTOS JUNBI TAISŌ – (GINÁSTICA PREPARATÓRIA) Deve-se tomar cuidado para não entrar “frio” em um treino ou competição, pois têm todas as chances de sofrer um estiramento, uma torção ou mesmo um súbito. É indispensável uma preparação na qual ele vá gradativamente se aquecendo e preparando o corpo para uma carga de esforço maior e mais prolongada. UKEMI – (AMORTECIMENTOS DE QUEDAS) Quando estava na preparação para o lançamento de seu estilo de luta, Kanō Jigorō deu especial atenção à integridade física do atleta, já que os outros estilos de luta mostravam-se negligentes nessa área e mesmo incentivavam golpes perigosos. Na impossibilidade de eliminar as quedas, conseqüência natural dos golpes de arremesso, o mestre aperfeiçoou técnicas que praticamente anulam as possibilidades de acidente. A prática do UKEMI proporciona um excelente senso de equilíbrio e proteção, e mesmo uma queda fora do tatami terá seus efeitos sensivelmente diminuídos ou até anulados. Quando praticar o ukemi, devemos oferecer a maior área possível para o impacto (as costas) e fazer o batimento de mãos e braços para emitir uma contra-onda de choque a fim de atenuar a batida das costas contra o tatami. Quanto às quedas com rolamento, o ideal é tornar o corpo tanto quando possível uma bola que aproveite o impulso e role, diminuindo ou eliminando o impacto. Mesmo depois de Ter recebido a ambicionada faixa preta, com um grau avançado de prática e conhecimento, o praticante deve continuar a Ter o Ukemi como preocupação constante. KUMI-KATA (PEGADA) O Kumi-kata pode ser pela direita ou esquerda (MIGI ou HIDARI), dependendo do braço que se distende e segura a gola do kimono (JŪDŌGI) do adversário. O outro braço fica por fora e segura a parte externa da manga (sodê). Pela pegada um adversário pode dominar o outro, neutralizar ou abortar um ataque em formação ou já iniciado, em toda a sua extensão. Para uma boa pegada é necessário base e força nos braços, nos pulsos, nas mãos e nos dedos. A base é o posicionamento dos pés, pernas e tronco, que quando em posição de defesa tornam-se um bloco firme, coeso e resistente. KUZUSHI - TSUKURI - KAKE (DESEQUILÍBRIO/POSICIONAMENTO /ARREMESSO) O Kusushi casa-se perfeita e harmoniosamente com a máxima de Kanō jigorō: um mínimo de força para um máximo de eficiência. Alguns estudiosos da obra do grande shihan acreditam Ter sido a sua maior contribuição o fato de Ter analisado, dividido e dado nome às fases de projeção, ou seja, Kusushi, Tsukuri e Kake. Isso teria possibilitado o aprimoramento das técnicas já existentes e a criação de outras que viriam enriquecer a arte. Na aplicação de um golpe há duas possibilidades. Uma é escolher a técnica para depois preparar o adversário para recebê-la; a outra é aproveitar um eventual desequilíbrio para aplicar a técnica mais conveniente e oportuna. Em ambos os casos, a quebra de equilíbrio do adversário ou a preparação recebe o nome de Kuzushi, e pode ser direcionada 38 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 pra qualquer um dos pontos cardeais ou colaterais, tendo, portanto oito direções possíveis. Continuando seu esforço, o Jūdō-ka se coloca em posição para o arremesso. Essa posição ideal para o lançamento do adversário chama-se tsukuri. O próprio momento do arremesso, a execução final do golpe é o kake. GEIKO (TREINAMENTO) Há as mais variadas formas para as técnicas que compõe o Nage-waza: TENDOKU-RENSHIU – Sombra ou treinamento solitário, com ou sem espelho ou aparelhos, em que se procura lapidar os golpes e melhorar a rapidez. UCHI-KOMI - Possível aos pares e também em trio, visando o aprimoramento das técnicas, da rapidez e da força localizada. Dá-se vulgarmente o nome de “entrada”, porque faz o Kuzushi e o tsukuri, pára e volta ao início, sem completar o arremesso. YAKO-SOKU-GEIKO – Treino aos pares, livre e bem leve, sem defesa e movimentando-se “solto”, explorando-se toda e qualquer chance de golpe. Visa principalmente condicionar os sentidos para o aproveitamento das oportunidades que vierem a se oferecer durante o combate. KAKARI-GEIKO - É o ataque consecutivo de esquerda e direita, com defesa leve do companheiro, que apenas utiliza o Tai-sabaki. Este treinamento é também excelente para o condicionamento físico. RENRAKU-RENKA-WAZA - Este treinamento permite o estudo e aperfeiçoamento das técnicas que se concatenam e se completam se combinam. KAESHI-WAZA – É o treinamento dos contragolpes. RANDORI – É o treinamento livre e completo, onde o atleta emprega todo o seu conhecimento e capacidade. É onde se testa a própria eficiência para conhecer os pontos negativos e possibilidades. Pode-se dizer que é a prova final antes do Shiai. SHIAI - É o combate, a meta final para a qual o atleta se prepara por longos períodos. É onde em poucos minutos ou mesmo segundos todo o esforço pode ser coroado de êxito ou momentaneamente posto por terra. No caso da derrota o Jūdō-ka deve raciocinar, procurar à falha e corrigi-la, para na próxima tentativa obter a vitória almejada. 39 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 MOKUSŌ Definição: O Mokusō consiste no estudo do vazio, por isso entenda-se o processo de retorno ao estado mental de uma criança recém-nascida, à gênese da parte espiritual do ser, onde não existe a percepção de sensações pré-concebidas, como o medo, o perigo e a dor, e como tal não são desencadeadas reações como o receio, a precaução, a inibição ou a hesitação. Assim, quando atacado, o corpo reage com uma naturalidade instantânea e automática, em instinto reflexo, obedecendo apenas à sensibilidade do seu espírito e ao instinto, nato a qualquer ser vivo, de defesa de si próprio e do seu espaço para garante da sua sobrevivência. Atinge-se, então, o sentimento de Mushin - movermo-nos sem dar conta disso. Se a mente não estiver vazia, o corpo está tenso, limitando a velocidade e a percepção sensitiva; o corpo deverá estar descontraído para servir de condutor energético, ou seja, para poder libertar de volta para o meio envolvente todo o Ki que ele absorveu. "Do mesmo modo que a superfície polida de um espelho reflete tudo o que se lhe ponha diante, e um vale tranqüilo emite até os sons mais insignificantes, também o discípulo de Jūdō deverá esvaziar a sua mente de todo o pensamento egoísta. Só assim poderá reagir contra tudo o que possa encontrar pela frente”. Prática: Sentado na posição Seiza, com os joelhos bem afastados, o dedo grande do pé direito sobre o dedo grande do pé esquerdo, e com a coluna cervical, dorsal e lombar alinhados longitudinalmente numa perpendicular ao chão; o queixo puxado para dentro e os olhos semicerrados, direcionados para um ponto no chão dois metros à frente. Língua a tocar levemente no palato dos dentes, braços caídos, com os cotovelos encaixados nas ancas, os antebraços apoiados nas coxas e os pulsos apoiados nas virilhas; as mãos em forma de conchas, com os dedos unidos formando um globo hemisfério - os polegares, flectidos e unidos, representam o pólo norte; os restantes dedos, com os da mão esquerda sobrepostos aos da mão direita até as falangetas, representam o pólo sul (o epicentro deste globo deverá estar direcionado para o ponto nuclear do nosso centro de gravidade, localizado dois dedos abaixo do umbigo - o Seikonokiten). Inicialmente, será difícil esvaziar a mente; para ultrapassar tal dificuldade 40 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 pratica-se o Susoku-Kan - equilíbrio da mente - que consiste na contagem lenta, repetida e continua acompanhada da respiração, de 1 a 10; não se concentra em absolutamente mais nada senão na respiração e na contagem. A contagem tornar- se-á progressivamente mais lenta, e a respiração mais profunda, até se começar a sentir os batimentos cardíacos: primeiro o peitoral, depois o temporal e por fim o carotidiano. Paralelamente, o Hara começara a fluir, para frente e para baixo, com cada vez maior intensidade: a terra exercerá uma atração cada vez mais forte sobre o nosso corpo, o qual se tornará gradualmente mais pesado sem que o praticante o sinta (se o sentir é porque não está verdadeiramente abstraído). Após o tempo necessário até a mente estar controlada, o passo seguinte é esvaziá-la se pensar em como o fazer, a mente não estará vazia - nenhum esforço poderá estar envolvido. 1 - Pólo Norte 2 - Centro da terra (dois dedos abaixo do umbigo) Seikonokiten 3 - Polo Sul 41 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 KIAI (O Grito) Texto retirado do CD-ROM "Enciclopédia das Artes Marciais” Fisiologicamente poderíamos defini-lo como uma contração do diafragma com a qual acompanhamos um ataque ou defesa particularmente intensa. Em virtude da mesma expulsamos violentamente o ar retido nos pulmões, produzindo nesse instante um grito breve e profundo. Na realidade este sistema de energia extra um fato comum em várias atividades que requerem um esforço final, pois com ele se consegue juntar todos os mecanismos musculares e articulares que atuam ao uníssono a partir de um sinal, ao mesmo tempo que se consegue eliminar uma câmara de ar que formaria um colchão absorvente do nosso esforço ao ser provocada a reação do objeto pelo choque da nossa ação. Além de aproximar-nos ao objetivo, conseguimos provocar no adversário um "choque emotivo" que se traduz num fechar momentâneo dos seus olhos, numa taquicardia e descida da pressão arterial, dificultando-lhe assim o seu desempenho. No entanto, esta mera análise externa não nos oferece nem a essência nem o significado real do grito nas artes marciais. Etimologicamente kiai (ki = espírito, ai = união) e ki-hap (ki = energia e hap = concentração) nos indicam a conjunção que se pretende conseguir e que não se limita a um mero mecanismo físico ou a um gesto surpreendente para ofuscar o contrário. O grito pretende libertar a energia inerente do nosso organismo e que como força vital pertencente ao universo acumulamos no tandem, para desta forma conhecida e controlada, ser projetada junto às nossas ações. Mas mesmo tendo em consideração estas premissas doutrinais não devemos pretender alcançar o significado do grito só através de uma manifestação externa e vigorosa, como a de um grito, ou mediante a conjunção de forças implacáveis. A atitude do grito deve oferecer uma profundidade psíquica íntima e pessoal ao mesmo tempo que intransmissível,a qual se inicia ao vencermos a nós mesmos, pois somos ao mesmo tempo o mais fiel aliado e o pior inimigo, para depois projetar-nos vencendo o contrário antes mesmo do grito, através do poder silencioso do próprio domínio. Conseguir este silêncio interno e poderoso será a causa de uma liberação (grito) intensa e oportuna, sendo o desenvolvimento e cultivo de ambos a base de início do caminho. 42 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 CONCEITOS APLICADOS NO JŪDŌ GO-NO-SEN, TAI-NO-SEN, SEN-NO-SEN Estes conceitos ainda hoje são aplicados em combate. GO-NO-SEN - É o "contra-ataque". Espera-se que o adversário inicie o seu ataque e contra ataca-se. TAI-NO-SEN - É o "ataque simultâneo". Quando o adversário inicia o seu ataque é o "aviso" para atacarmos ao mesmo tempo, valendo-nos da estratégia predefinida para subjugarmos o oponente. Esta técnica exige conhecimento da arte que se pratica. SEN-NO-SEN - É a "antecipação". Quando vemos uma abertura na posição do inimigo, atacamos antecipadamente. Esta técnica exige muito conhecimento da arte que se pratica. TRÊS MÉTODOS PARA SURPREENDER O INIMIGO TAI-NO-SEN - "Contra-ataque” TAI-TAI-NO-SEN - "Simultâneo” KEN-NO-SEN - “Antecipação·”. TRADIÇÕES As Artes Marciais Japonesas sempre estiveram ligadas diretamente à guerra, à luta de homem contra homem... Com o passar dos tempos, as verdades dos campos de batalha foram transcritas para conceitos, transmitidos de geração em geração. Estes conceitos são fundamentais para as Artes Marciais Japonesas e são muito interessantes a nível de prática e ensino de determinadas escolas. Os conceitos carregam a "tradição" das Artes Marciais Japonesas, indicando o caminho a seguir e a forma como deve ser seguido. BUNBU-ICHI Antigamente, era costume nas antigas escolas de Artes Marciais Japonesas ter-se quadros pendurados nas paredes do Dojō com o conceito BUNBU-ICHI inscrito. Literalmente, BUNBU-ICHI significa "Literatura, Militarismo são (deverão ser praticadas) como uma única coisa”. Para as "escolas da guerra", esta expressão era dividida da seguinte maneira: BUN - Literatura BU - Militarismo, belicismo ICHI - O número um, um, uma única coisa, unidade. O conceito por trás desta expressão era: “Que a teoria do combate (da Arte), deveria ser tão importante quanto à prática do combate (da Arte)." Ou seja, "estudar a arte" é tão importante quanto "praticar a arte". (Infelizmente, não é o que vemos hoje em dia...) Este conceito foi utilizado por Miyamoto Mushshi, "O Santo da Espada" - no seu famoso livro GORIN no SHO - como pelos demais proeminentes guerreiros japoneses dos tempos antigos. 43 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 SENPAI Inúmeros são os instrutores que "amam" usar a palavra "SENPAI" referindo-se aos "faixas pretas" ou "mais graduados". Na realidade isso é um grande erro, ao falar sobre SENPAI é OBRIGATÓRIO falar na relação SENPAI / KŌHAI. SENPAI é um estudante antigo (designado pelo SENSEI) que se torna responsável por um ou mais estudantes para ensinar-los informações básicas sobre as tradições e conceitos da escola. Frequentemente esta relação é conhecida "irmão mais velho / irmão mais novo" dentro do Japão tradicional e deveria ser feito de idêntica maneira dentro das escolas de Artes marciais. Ou seja, um SENPAI encarregado de um ou mais estudantes. Naturalmente, este não é o caso das escolas ocidentais onde o SENPAI é conhecido pelos outros alunos, mas nenhum KŌHAI respectivo é encontrado... Geralmente, aqui no Brasil SENPAI é visto, de forma errada, como estudante antigo. ATENÇÃO: SENPAI não é um título, SENPAI/KŌHAI é uma relação! MUDANSHA / YŪDANSHA MUDANSHA simplesmente significa "Aquele que NÃO tem nível". YŪDANSHA simplesmente significa "Aquele que tem nível". MU - "Sem", "não ter", "não existir" (vem da leitura ON-YOMI para a expressão negativa "NAI") YŪ - "Ter" (vem da leitura ON-YOMI do verbo Japonês "ARU") DAN - "Nível" (comumente conhecido como "Faixa preta") SHA - "Pessoa, indivíduo” De forma simples: MUDANSHA é meramente "uma faixa colorida", enquanto que YŪDANSHA é meramente "um faixa preta". SEIZA Aqui está uma boa expressão: SEIZA... O que isso realmente significa? SEI - Correto/ corretamente ZA - Sentar Mas o que "Sentar corretamente" significa para nós ocidentais? Resposta óbvia: Cadeiras! Alguns instrutores forçam os estudantes a permanecerem em SEIZA por longos períodos devido a razões obscuras... Grande erro! De fato, há apenas duas formas de sentar - referindo-se às Artes marciais mais comuns: - SEIZA (sobre os joelhos) e - AGURA (de pernas cruzadas) E ambas as posições não são posturas comuns para nós, ocidentais. 44 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 O JŪDŌGI (UNIFORME DE JŪDŌ) Nos primórdios do antigo jiu jitsu japonês, não existia uma vestimenta especifica para os treinos, sendo comumente usado às próprias vestimentas usadas no dia a dia o hakama. Professor Kanō Jigorō observou isso e em meados de 1906 decidi criar uma vestimenta que atendesse as especificações do Jūdō, daí nasceu o Jūdōgi uma vestimenta simples, porém resistente e de baixo custo. Dizem que nos primórdios do Kōdōkan professor Kanō Jigorō pedia a própria irmã que costurasse os uniformes de seus alunos. O DŌGI (uniforme de treino em japonês) foi tão bem aceito que posteriormente foi também usado pelo codificador do karate-dō moderno e pelo criador do Aikidō, sendo posteriormente largamente usado por demais escolas e estilos. O Jūdōgi e composto por: Wagi – blusão Obi – faixa Shitabaki – calça Zori - chinelo SOBRE O JŪDŌGI AZUL O Jūdō que nasceu em templo budista como forma superior de meditação. Autoconhecimento e desenvolvimento interior, hoje cede lugar ao Jūdō de ralar os dedos, de não deixar fazer pegada no quimono, o Jūdō de mais força e combatividade... Hoje em dia o Jūdō-ka se aperfeiçoa para ganhar ou ganhar. Será um sinal dos tempos modernos ou uma desorientação de alguns atletas ou professores? O Jūdōgi representa nossa mente, por isso deve ser branco, puro e imaculado; a faixa corresponde ao nosso caráter, nossa formação Jūdōistica, ela nos envolve de muita responsabilidade em nossos atos dentro e fora do tatami; o no e a nossa fé, nosso respeito, nosso compromisso, por isso nunca devemos desamarrar nossas faixas em frente aos nossos superiores. O Jūdōgi azul foi aprovado pela federação internacional de Jūdō para facilitar as transmissões pela televisão, para facilitar ao publico leigo no esporte em diferenciar os lutadores e para deixar a luta mais atraente para quem assiste. O Jūdōgi colorido já foi usado para demonstrações antigamente, pára melhor visualizar as técnicas praticadas. 45 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 DAN-I (Graduações) Mudansha/Dangai – Faixa branca até a marrom Yūdansha – Faixa preta até 5º dan Kōdansha – Faixas pretas alto-grau 6º ao 10 dan Mu kyū Faixa branca Shiro-obi Roku kyū Faixa azul Ao-obi Go kyū Faixa amarela Kiiro-obi Yon kyū Faixa laranja Dadaiiro-obi San kyū Faixa verde Midori-obi Ni kyū Faixa roxa Murassakiiro-obi Ik kyū Faixa marrom Chairo-obi Sho dan Faixa preta 1º grau Kuro-obi Ni dan Faixa preta 2º grau Kuro-obi San dan Faixa preta 3º grau Kuro-obi Yon dan Faixa preta 4º grau Kuro-obi Go dan Faixa preta 5º grau Kuro-obi Roku dan Faixa vermelha e branca 6º grau Shima-obi Shichi dan Faixa vermelha e branca 7º grau Shima-obi Hachi dan Faixa vermelha e branca 8º grau Shima-obi Kyū dan Faixa Vermelha 9º grau Aka-obi Jū dan Faixa Vermelha 10º grau Aka-obi 46 JUDO NO KENKYU Rafhael Sampaio - 2016 SOBRE AS GRADUAÇÕES NO JŪDŌ O sistema de faixa hoje usado no mundo todo no Jūdō e outras escolas de artes marciais, foi também desenvolvido por Kanō Jigorō em 1884 ele cria um sistema de graduações baseado em Kyū e Dan e gradua os primeiros "Shodan" do Kōdōkan - Tsunejirō Tomita e Shirō Saigō. Este sistema é inovador relativamente ao sistema tradicional - Menkyo - que instituía as seguintes qualificações: Shogo, Tashi, Renshi, Kyoshi, Hanshi e Shihan. O sistema de kyu/Dan de Kanō Jigorō consistia em apenas de três faixas: branca para os iniciantes, marrom para aqueles com mais de seis meses de prática e preta para os já iniciados, esse sistema é usado até hoje no Kōdōkan e várias escolas japonesas ainda seguem esse sistema. Já o sistema utilizado por nos ocidentais nasceu em 1935, da idéia de Mikonosuke Kawaishi, um Jūdō-ka da Butoku-kai que funda o primeiro Dōjō permanente de Jūdō na França, denominado Clube Franco-Japonês. Kawaishi, verificando que o método clássico de ensino do Jūdō não cativa os franceses institui cintos colo

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