VIAS EFERENTES - GT3 Resolução PDF

Summary

Este documento discute as vias eferentes no sistema nervoso, categorizando-as em viscerais (autônomo) e somáticas. Explora as funções e as estruturas envolvidas em cada tipo de via, incluindo os tratos reticuloespinhais, hipotálamo-espinhais e o sistema motor somático.

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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 VIAS EFERENTES As grandes vias eferentes põem em comunicação os centros suprassegmentares (cérebro e cerebelo) do sistema nervoso c...

José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 VIAS EFERENTES As grandes vias eferentes põem em comunicação os centros suprassegmentares (cérebro e cerebelo) do sistema nervoso com os órgãos efetuadores. Podem ser divididas em dois grandes grupos: →Vias eferentes viscerais, ou do sistema nervoso autônomo: destinam-se ao músculo liso, ao músculo cardíaco ou às glândulas, regulando o funcionamento das vísceras e dos vasos. →Vias eferentes somáticas: controlam a atividade dos músculos estriados esqueléticos, permitindo a realização de movimentos voluntários ou automáticos, regulando ainda o tônus e a postura VIAS EFERENTES VISCERAIS DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO A influência do sistema nervoso suprassegmentar sobre a atividade visceral se exerce, pois, necessariamente, através de impulsos nervosos que ganham os neurônios pré-ganglionares, passam aos neurônios pós-ganglionares, de onde se distribuem às vísceras. As áreas do sistema nervoso suprassegmentar que regulam a atividade do sistema nervoso autónomo estão no hipotálamo e no sistema límbico. Essas áreas ligam-se aos neurônios pré-ganglionares, por meio de circuitos da formação reticular, através dos tratos reticuloespinhais. Além dessas vias indiretas, existem também vias diretas, hipotálamo-espinhais, entre o hipotálamo e os neurônios pré-ganglionares, tanto do tronco encefálico como da medula. VIAS EFERENTES SOMÁTICAS O sistema motor somático é constituído pelos músculos estriados esqueléticos e todos os neurônios que os comandam, permitindo comportamentos variados e complexos através da ação coordenada de mais de 700 músculos. A ação do sistema nervoso é antecipatória e usa a experiência aprendida, assim como a informação sensorial, para prever e ajustar o movimento. Por exemplo, quando uma bola é lançada e o goleiro deve pegá-la, ele usa a visão para prever sua velocidade e a distância para colocar-se na posição exata para agarrá-la. Após a bola tocar suas mãos, usa a retroalimentação para ajustes motores para sua queda, manter seu equilíbrio e a postura e a força necessárias para não soltar a bola. Quando se quer mover o corpo ou parte do corpo, o cérebro forma a representação do movimento, planejando a ação em toda sua extensão antes de executá-la. Esta representação é chamada de programa motor, que especifica os aspectos espaciais do movimento, ângulos de articulação, força, etc. →TRATOS CORTICOESPINHAIS: Unem o córtex cerebral aos neurônios motores da medula. Um terço de suas fibras originam-se na área 4, área motora primária, um terço na área 6, áreas pré-motora e motora suplementar, e um terço no córtex somatossensorial, que contribui para a regulação do fluxo de informação sensorial na coluna posterior. As fibras têm o seguinte trajeto: área 4, ou seja, área motora primária no giro pré-central (maioria), coroa radiada, perna posterior da cápsula interna, base do pedúnculo cerebral, base da ponte e pirâmide bulbar. No nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras continua ventralmente, constituindo o trato corticoespinhal anterior. Outra parte cruza na decussação das pirâmides para constituir o trato corticoespinhal lateral. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Obs: Há grande variação no número de fibras que decussam, mas uma decussação de 75 a 90% pode ser considerada normal. As fibras do trato corticoespinhal anterior ocupam o funículo anterior da medula e, após cruzamento na comissura branca, terminam em relação com os neurônios motores contralaterais, responsáveis pelos movimentos voluntários da musculatura axial. O trato corticoespinhal lateral é o mais importante. Ocupa o funículo lateral ao longo de toda a extensão da medula e suas fibras influenciam os neurônios motores da coluna anterior de seu próprio lado. Na maioria dos mamíferos, as fibras motoras do trato corticoespinhal lateral terminam na substância cinzenta intermédia, fazendo sinapses com interneurônios, os quais, por sua vez, se ligam aos motoneurônios da coluna anterior. Além dessas conexões indiretas, um número significativo de fibras corticoespinhais faz sinapse diretamente com os neurônios motores alfa e gama. Obs: Convém lembrar que nem todas as fibras do trato corticoespinhal são motoras. Um número significativo delas, originadas na área somestésica do córtex, termina na coluna posterior e estão envolvidas no controle dos impulsos sensitivos. Entretanto, a principal função do trato corticoespinhal lateral é motora somática. A maioria de suas fibras termina em relação com neurônios motores que controlam a musculatura distal dos membros e é o principal feixe de fibras responsáveis pela motricidade voluntária no homem, e pertence ao sistema lateral da medula. Entretanto, ao contrário do que se admitia até há alguns anos, esta função é exercida também pelo trato rubroespinhal, que age sobre a musculatura distal dos membros, e pelos tratos reticuloespinhais, que agem sobre a musculatura axial e proximal dos membros. Entende-se, pois, que, em virtude desta ação compensadora desses dois tratos, as lesões do trato corticoespinhal lateral não causam quadros de hemiplegia como se acreditava, e os déficits motores que resultam dessas lesões são relativamente pequenos. Há fraqueza muscular (paresia) e dificuldade de contrair voluntariamente os músculos com a mesma velocidade com que poderiam ser contraídos em condições normais. A fraqueza muscular pode ser muito pronunciada logo após a lesão, mas regride consideravelmente com o tempo. Entretanto, o sintoma mais evidente, e do qual os doentes não se recuperam, é a incapacidade de realizar movimentos independentes de grupos musculares isolados (perda da capacidade de fracionamento). Assim, os doentes não conseguem mover os dedos isoladamente e não fazem mais oposição entre os dedos polegar e indicador. Desse modo, movimentos delicados, como os de abotoar uma camisa, tornam-se impossíveis. A capacidade de realizar movimentos independentes dos dedos é uma característica exclusiva dos primatas, que se deve à presença de fibras do trato corticoespinhal que se ligam diretamente aos neurônios motores. A função de possibilitar tais movimentos pode, pois, ser considerada como a função mais importante do trato corticoespinhal nos primatas, principalmente porque é exercida exclusivamente por ele e, desse modo, em casos de sua lesão, não pode ser compensada por outros tratos. Além dos déficits motores descritos, a lesão do trato corticoespinhal dá origem, também, ao sinal de Babinski, reflexo patológico que consiste na flexão dorsal do hálux quando se estimula a pele da região plantar. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Trato córtico-nuclear: tem o mesmo valor funcional do trato anterior, diferindo deste principalmente pelo fato de transmitir impulsos aos neurônios motores do tronco encefálico e não aos da medula. Enquanto as fibras do córtico- espinhal são fundamentalmente cruzadas, o córtico-nuclear tem um grande número de fibras homolaterais. Assim, a maioria dos músculos da cabeça está representada no córtex motor dos dois lados. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 VIAS EXTRAPIRAMIDAIS: Responsável pelos movimentos automáticos, assim como pela regulação do tônus e da postura. Também controla movimentos voluntários. Por meio dessas vias, algumas estruturas nervosas supra-espinhais exercem influência sobre os neurônios motores da medula, através dos tratos, que não passam pelas pirâmides bulbares: →TRATO RUBROESPINHAL: motricidade voluntária do músculo distal dos membros, músculos intrínsecos e extrínsecos da mão →TRATO TETOESPINHAL: reflexos nos quais a movimentação da cabeça decorre de estímulos visuais. Está envolvido em reflexos visuomotores, em que o corpo se orienta a partir de estímulos visuais; →TRATOS VESTÍBULOESPINHAIS: equilíbrio; Mantém a cabeça e os olhos estáveis diante de movimentos do corpo. Projetam-se também para a medula lombar, ativando os músculos extensores (antigravitacionais) das pernas. São feitos, assim, ajustes posturais, permitindo que seja mantido o equilíbrio mesmo após alterações súbitas do corpo no espaço. Por exemplo, durante uma tropeçada, por ação das fibras dos tratos vestibuloespinhais, ocorre resposta reflexa extensora dos músculos antigravitacionais para impedir a queda. →TRATOS RETÍCULOESPINHAIS: motricidade automática e movimentos voluntários. Os tratos reticuloespinhais são dois. O trato reticuloespinhal pontino aumenta os reflexos antigravitacionais da medula, facilitando os extensores e a manutenção da postura ereta. Atua mantendo o comprimento e a tensão muscular. O trato reticuloespinhal bulbar tem o efeito oposto, liberando os músculos antigravitacionais do controle reflexo. Os tratos reticuloespinhais controlam os movimentos tanto voluntários como automáticos. SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR Ocorre, por exemplo, nos acidentes vasculares cerebrais, os AVCs (os chamados derrames cerebrais), que acometem com maior frequência a cápsula interna e causam paralisia da metade oposta do corpo (hemiplegia). Neurônio motor superior se originam no córtex motor localizado no giro pré-central, Os axônios dessas células descem do córtex para formar o trato corticoespinhal. Após rápido período inicial de paralisia flácida, instala-se paralisia espástica (com hipertonia e hiperreflexia). Tem-se eutrofia, hipertonia e hiperreflexia, presença do sinal de Babinski, espasmos e paresia/plegia. Nesse caso, praticamente não há hipotrofia muscular, pois, o neurônio motor inferior está intacto. Lesão: *Córtex até tronco encefálico antes da decussação: sintomas se manifestam do lado oposto ao da lesão. *Medula: sintomas do mesmo lado da lesão. Sinal de Babinski: lesão do trato córtico-espinhal. Quando se estimula a pele da região plantar, a resposta reflexa normal é flexão plantar de Hálux. Contudo, no sinal de Babinski, ocorre a flexão dorsal de Hálux e abertura dos artelhos. SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR Ocorre, por exemplo, na paralisia infantil (poliomielite), há destruição do neurônio motor inferior situado na coluna anterior da medula ou em núcleos motores de nervos cranianos. Referida como paralisia flácida (perda dos reflexos e do tônus muscular). Seguida depois de algum tempo de: hipotrofia dos músculos inervados pelas fibras nervosas destruídas. Tem-se também: hipotonia, hiporreflexia, fasciculações, paresia/plegia. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Lesões que acometem a via desde a coluna anterior da medula até o nervo espinhal, sendo os sintomas presentes do mesmo lado da lesão. ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A MOTRICIDADE ÁREA MOTORA PRIMÁRIA (M1) Ocupa a parte posterior do giro pré-central, correspondente à área 4 de Brodmann. A área 4 é a que tem o menor limiar para desencadear movimentos com a estimulação elétrica, e determina movimentos de grupos musculares do lado oposto. A somatotopia corresponde à já descrita para a área somestésica e pode ser representada por um homúnculo de cabeça para baixo, como mostra a Figura 26.5. É interessante notar a grande extensão da área correspondente à mão, quando comparada com as áreas do tronco e membro inferior. Isso mostra que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo, na área 4, é proporcional não a seu tamanho, mas à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares nela representados. Esta organização somatotópica pode sofrer modificações decorrentes do aprendizado e de lesões. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo, através do qual recebe informações do cerebelo e dos núcleos da base, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora suplementar. Por sua vez, no homem, a área 4 dá origem a grande parte das fibras dos tratos corticoespinhal e corticonuclear, principais responsáveis pela motricidade voluntária, especialmente na musculatura distai dos membros. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 ÁREAS MOTORAS SECUNDÁRIAS ÁREA PRÉ-MOTORA: A área pré-motora localiza-se no lobo frontal, adiante da área motora primária 4, e ocupa toda a extensão da área 6 de Brodmann, situada na face lateral do hemisfério. É muito menos excitável que a área motora primária, exigindo correntes elétricas mais intensas para que se obtenham respostas motoras. As respostas obtidas são menos localizadas do que as que se obtêm por estímulo da área 4, e envolvem grupos musculares maiores, como os do tronco ou da base dos membros. Nas lesões da área pré-motora, esses músculos têm sua força diminuída (paresia), o que impede o paciente de elevar completamente o braço ou a perna. a área pré-motora coloca o corpo, especialmente a musculatura proximal dos membros, em uma postura básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados, a cargo da musculatura distal dos membros. a área pré-motora integra o sistema de neurônios-espelhos. A área pré-motora projeta-se, também, para a área motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. Entretanto, a função mais importante da área pré-motora está relacionada com planejamento motor. ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR: A área motora suplementar ocupa a parte da área 6, situada na face medial do giro frontal superior. Suas principais conexões são com o corpo estriado, via tálamo, com a área motora primária e com a área pré-frontal. Assim como a área pré-motora, a função mais importante da área motora suplementar é o planejamento motor, de sequências complexas de movimentos, para o que são importantes suas amplas conexões aferentes com o corpo estriado, que também está envolvido neste planejamento motor. PLANEJAMENTO MOTOR Na execução de um movimento, há uma etapa de planejamento, a cargo das áreas motoras secundárias, e uma etapa de execução pela área motora primária M1. Este planejamento envolve a escolha dos grupos musculares a serem contraídos em função da trajetória, da velocidade e da distância a ser percorrida pelo ato motor de estender o braço para apanhar o objeto. Essas informações são passadas à área motora primária M1, que executa o planejamento motor feito pelas áreas pré- motora ou motora suplementar. Entretanto, a iniciativa de fazer o planejamento visando realizar um gesto não é das duas áreas motoras secundárias, mas sim da área pré-frontal que, como será visto no próximo item, é uma área supramodal relacionada, entre outras funções, com a tomada de decisões. Cabe a ela decidir, depois de avaliar todas as implicações do gesto, como este deve ser feito e passar esta “decisão” para as áreas pré-motora ou motora suplementar. Lesões destas áreas resultam em disfunções denominadas apraxias, nas quais a pessoa perde a capacidade de fazer gestos simples como escovar os dentes ou abotoar a camisa, apesar de não estar paralítica. Este quadro clínico, conhecido há muito tempo, pode agora ser explicado. A capacidade de fazer o gesto não está comprometida porque a área motora primária está intacta. Entretanto, as áreas responsáveis pelo planejamento motor estão comprometidas. Em outras palavras, a área motora primária está pronta para fazer o gesto, mas não sabe como fazê-lo. As duas áreas motoras secundárias nunca são ativadas conjuntamente José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Um exemplo do que foi exposto sobre as áreas motoras e o movimento voluntário, temos em um indivíduo sentado em uma mesa de jantar e que deve decidir se vai tomar vinho ou cerveja. Essa decisão depende de neurônios da área pré-frontal, pois é muito complexa e deve levar em conta muitas variáveis, tais como se ele gosta mais de cerveja do que de vinho; o vinho é mais caro que a cerveja, mas quem vai pagar é o dono da festa; ele já está meio bêbado com vinho e misturar bebidas não é bom. Depois da análise de todas essas variáveis, a área pré-frontal decide tomar o vinho. Esta decisão é passada à área motora suplementar, onde é elaborado o plano motor que deve conter a sequência dos músculos envolvidos, necessários ao movimento, e o grau de contração de cada um. Para elaboração do plano motor, a área motora suplementar também recebe informações do cerebrocerebelo, através da via dento-talâmico-cortical, e dos núcleos da base, através da alça motora. Concluído o plano motor, passa-se à execução, a cargo dos tratos corticoespinhal, para músculos distais dos membros, e retículo-espinhal, para músculos proximais. Com isto, o braço e o antebraço se deslocam em direção à garrafa de vinho (via córtico-retículo-espinhal), que será agarrada pelos dedos (trato corticoespinhal). ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO TERCIÁRIAS As áreas terciárias ocupam o topo da hierarquia funcional do córtex cerebral. Elas são supramodais, ou seja, não se relacionam isoladamente com nenhuma modalidade sensorial. Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas secundárias e são responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias comportamentais. ÁREA PRÉ-FRONTAL: corresponde a parte anterior não motora do lobo frontal. Exerce funções coordenadoras das funções neurais, sendo a principal responsável por nosso comportamento inteligente Do ponto de vista funcional pode-se dividir a área pré-frontal em duas subáreas, 1)Área pré-frontal dorsolateral: Este circuito tem papel extremamente importante nas chamadas funções executivas que envolvem o planejamento execução das estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e social do indivíduo, assim como capacidade de alterá-las quando tais situações se modificam. Envolve também a avaliação das consequências dessas ações, planejamento e organização, com inteligência, de ações e soluções de problemas novos. Além disso, a área pré- frontal dorsolateral é responsável pela memória operacional- que é um tipo de memória de curto prazo, temporária e suficiente para manter na mente as informações relevantes para a conclusão de uma atividade que está em andamento. 2)Área pré-frontal orbito frontal: Este circuito está envolvido no processamento das emoções, supressão de comportamentos socialmente indesejáveis, manutenção da atenção. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 ÁREAS RELACIONADAS COM A FALA (AFASIAS) A linguagem verbal é um fenômeno complexo do qual participam áreas corticais e subcorticais, no entanto o córtex tem o papel mais importante. Existem duas áreas corticais para a linguagem: uma anterior e outra posterior, ambas de associação terciária. 1- Anterior: corresponde a ÁREA DE BROCA (área 44 e parte da 45 de Brodmann). Está relacionada com a expressão da linguagem, ou seja, é responsável pela programação da atividade motora relacionada coma expressão da linguagem. Localização: giro frontal inferior (partes opercular e triangular). 2- Posterior: corresponde a ÁREA DE WERNICKE (parte mais posterior da área 22 de Brodmann). Está relacionada com a percepção da linguagem. Localização: junção entre os lobos temporal e parietal. Modelo de Wernicke-Geschwind: A área de Broca conteria os programas motores da fala e a de Wernicke, o significado, e que a conexão entre as duas possibilitaria entender e responder ao que os outros dizem Essas duas áreas estão ligadas pelo fascículo longitudinal superior ou fascículo arqueado, através do qual informações relevantes para a correta expressão da linguagem passa da área de Wernicke para a de Broca. Lesões dessas áreas resultam em distúrbios denominados afasias. Nas afasias, as perturbações da linguagem não podem ser atribuídas a lesões das vias sensitivas ou motoras envolvidas na fonação, mas apenas a lesão das áreas corticais de associação responsáveis pela linguagem. Distinguem-se dois tipos básicos de afasia: Motora ou de expressão, em que a lesão ocorre na área de Broca; Sensitiva ou de percepção, em que a lesão ocorre na área de Wernicke. Nas afasias motoras, ou afasias de Broca, o indivíduo é capaz de compreender a linguagem falada ou escrita, mas tem dificuldade de se expressar adequadamente, falando ou escrevendo. Nos casos mais comuns, ele consegue apenas produzir poucas palavras com dificuldade, e tende a produzir as frases, seja falando ou escrevendo, de maneira telegráfica. Nas afasias sensitivas, ou afasias de Wernicke, a compreensão da linguagem, tanto falada como escrita, é muito deficiente. Há também algum déficit na expressão da linguagem, uma vez que o perfeito funcionamento da área de Broca depende de informações que recebe da área de Wernicke, através do fascículo arqueado. Obs: as perturbações da linguagem acima descritas para as afasias de Broca e de Wernicke só acontecem em casos de lesões que ultrapassam os limites das áreas de Broca e de Wernicke. Quando as lesões se limitam exclusivamente a estas áreas, o déficit de linguagem é bem menor. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS As lesões da medula e do tronco encefálico manifestam-se principalmente por alterações de motricidade e de sensibilidade. ALTERAÇÕES DA MOTRICIDADE PARESIA: diminuição da força muscular; PARALISIA (OU PLEGIA): a ausência total de força, impossibilitando o movimento. Quando estes sintomas atingem todo um lado do corpo, temos hemiparesia e hemiplegia. Por TÔNUS entende-se o estado de relativa contração em que se encontra permanentemente um músculo normal em repouso. As alterações do tônus podem ser de: Aumento (HIPERTONIA), diminuição (HIPOTONIA) ou ausência completa (ATONIA). Nas alterações da motricidade decorrentes de lesões do sistema nervoso, pode haver ausência (ARREFLEXIA), diminuição (HIPORREFLEXIA) ou aumento (HIPERREFLEXIA); dos reflexos musculotendinosos, como por exemplo, o reflexo patelar. Pode ainda haver o aparecimento de reflexos patológicos. Assim, quando se estimula a pele da região plantar, a resposta reflexa normal consiste na flexão plantar do hálux. Contudo, em casos de lesão dos tratos corticoespinhais, ocorre flexão dorsal ou extensão do hálux (sinal de Babinski). Paralisias com hiporreflexia e hipotonia são denominadas paralisias flácidas. Caracterizam a chamada SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR, que resulta de lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula ou dos núcleos motores dos nervos cranianos. Nesses casos, ocorre também, em pouco tempo, atrofia da musculatura inervada por perda da ação trófica dos nervos sobre os músculos. Paralisias com hiperreflexia e hipertonia são denominadas paralisias espásticas. Ocorrem na SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR OU CENTRAL, onde a lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras descendentes, em especial no trato corticoespinhal. Neste caso, a atrofia muscular é muito discreta, pois os músculos continuam inervados pelos neurônios motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo. ALTERAÇÕES NA SENSIBILIDADE a) ANESTESIA - desaparecimento total de uma ou mais modalidades de sensibilidade após estimulação adequada. O termo emprega-se mais frequentemente para a perda da sensibilidade tátil, reservando-se o termo analgesia para a perda de sensibilidade dolorosa; b) HIPOESTESIA- diminuição da sensibilidade; c) HIPERESTESIA- aumento da sensibilidade; d) PARESTESIA-aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas como, por exemplo, o “formigamento”; e) ALGIAS - dores, em geral. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 LESÕES NA MEDULA Quando a lesão ocorre nas raízes ventrais, os sinais motores incluem fraqueza, atrofia e perda de reflexos nos músculos inervados pela raiz. Quando são lesadas as raízes dorsais, haverá perda total de sensibilidade no dermátomo correspondente à raiz lesada. LESÕES DA COLUNA ANTERIOR: →POLIOMIELITE: Na poliomielite (paralisia infantil), o vírus destrói especificamente os neurônios motores da coluna anterior. Neste caso, ocorre uma síndrome do neurônio motor inferior, ou seja, paralisia flácida nos músculos correspondentes à área da medula que foi lesada, seguida, depois de algum tempo, de hipotrofia desses músculos. →ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: ocorre a perda, no curso de muitos anos, de toda a motricidade voluntária por lesão dos neurônios motores alfa, ficando mantida a sensibilidade. TABES DORSALIS: ocorre lesão das raízes dorsais, especialmente da divisão medial destas raízes. Como esta divisão contém as fibras que formam os fascículos grácil e cuneiforme, estes são também destruídos. Como consequência, temos perdas das funções desses fascículos: a) perda da propriocepção consciente: na prática isso se manifesta por perda da cinestesia, ou seja, do sentido de posição e de movimento; b) perda do tato epicrítico: em virtude da qual o indivíduo perde a discriminação tátil; c) perda da sensibilidade vibratória e da estereognosia. HEMISECÇÃO DE MEDULA: A hemissecção da medula produz no homem um conjunto de sintomas conhecido como síndrome de Brown-Séquard. Os sintomas resultantes da secção dos tratos que não se cruzam na medula aparecem do mesmo lado da lesão. Já os sintomas resultantes da lesão de tratos que se cruzam na medula manifestam-se no lado oposto ao lesado. I) Sintomas que se manifestam do mesmo lado da lesão (tratos não cruzados na medula): →Síndrome do neurônio motor superior, ou seja, paralisia espástica, com aparecimento do sinal de Babinski, em virtude da interrupção das fibras do trato corticoespinhal lateral; →Perda da propriocepção consciente e do tato epicrítico em virtude da interrupção das fibras dos fascículos grácil e cuneiforme, II) Sintomas que se manifestam do lado oposto ao lesado (tratos cruzados): →Perda da sensibilidade térmica e dolorosa a partir de um ou dois dermátomos abaixo do nível da lesão, em consequência da interrupção das fibras do trato espinotalâmico lateral. →Ligeira diminuição do tato protopático e da pressão, por comprometimento do trato espinotalâmico anterior. SIRINGOMIELIA: Trata-se de uma doença na qual há formação de uma cavidade no canal central da medula, levando à destruição da substância cinzenta intermédia central e da comissura branca. Esta destruição interrompe as fibras que formam os dois tratos espinotalâmicos laterais, quando eles cruzam ventralmente ao canal central. Ocorre, assim, perda de sensibilidade térmica e dolorosa de ambos os lados, em uma área que corresponde aos dermátomos relacionados com as fibras lesadas. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Contudo, nestas áreas não há qualquer perturbação da propriocepção, sendo mínima a deficiência tátil. A persistência da propriocepção explica-se pelo fato de a lesão não atingir as fibras do funículo posterior (fascículos grácil e cuneiforme). A persistência da sensibilidade tátil quase normal se deve ao fato de que os impulsos táteis seguem, em grande parte, pelos fascículos grácil e cuneiforme (tato epicrítico), que não são comprometidos. A perda da sensibilidade térmica e dolorosa, com persistência da sensibilidade tátil e proprioceptiva, é denominada dissociação sensitiva. TRANSECÇÃO DA MEDULA: Imediatamente após um traumatismo que resulte na secção completa da medula, o paciente entra em estado de choque espinhal. Esta condição caracteriza-se pela absoluta perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos músculos inervados pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão. Há, ainda, retenção de urina e de fezes e perda da função erétil. Contudo, após um período variável, reaparecem os movimentos reflexos, que se tomam exagerados, aparece o sinal de Babinski. A eliminação de urina e de fezes passa a ser feita reflexamente, ou seja, sem controle voluntário. A ereção só é possível com estimulação manual. COMPRESSÃO DA MEDULA: Um tumor que se desenvolve dentro da medula comprime-a de dentro para fora, causando perturbações motoras por lesão do trato corticoespinhal lateral. Há também perda da sensibilidade térmica e dolorosa, por compressão do trato espinotalâmico lateral. SECÇÃO CIRURGICA DOS TRATOS ESPINOTALÂMICOS LATERAIS (CORDOTOMIAS): O processo consiste na secção cirúrgica do trato espinotalâmico lateral, acima e do lado oposto ao processo doloroso. Neste caso haverá perda da dor e de temperatura do lado oposto, a partir de um dermátomo abaixo do nível da secção. LESÕES DO BULBO LESÃO DA BASE DO BULBO: A lesão da pirâmide compromete o trato corticoespinhal e, como este se cruza abaixo do nível da lesão, causa hemiparesia do lado oposto ao lesado. Quando a lesão se estende dorsalmente, atingindo os demais tratos motores descendentes, o quadro é de hemiplegia. RESUMO DAS VIAS DESCENDENTES SEGUNDO O CAPITULO 14 Vias motoras descendentes: fibras terminam em neurônios motores somáticos. Lesão no funículo lateral resulta na perda dos movimentos finos das extremidades, sem alterar a postura. Lesão no funículo anterior: resulta em alteração na postura e impossibilidade de ajuste posturas. SISTEMA LATERAL O sistema lateral compreende dois tipos de tratos: Trato corticoespinhal que tem origem no córtex e o trato rubroespinhal que tem origem no núcleo rubro do mesencéfalo. Ambos conduzem impulsos nervosos aos neurônios da coluna anterior da medula. Trato corticoespinhal lateral: No nível da decussação das pirâmides no bulbo o trato corticoespinhal se cruza, ou seja, o córtex de um hemisfério cerebral controla os neurônios motores situados no lado oposto da medula. Este controla a musculatura dos membros distais como pé e mão. Grande número de fibras. O trato corticoespinhal lateral está localizado no funículo lateral de medula e atinge até a medula sacral. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT3 Obs. A motricidade voluntária é cruzada. Uma lesão que ocorre acima da decussação das pirâmides causa uma paralisia da metade oposta do corpo. Trato rubroespinhal: liga-se a neurônios localizados lateralmente na coluna anterior da medula. Dessa forma esse trato está relacionado a motricidade dos músculos distais (músculos extrínsecos e intrínsecos da mão e do pé). Este possui um pequeno número de fibras. SISTEMA MEDIAL Todos os tratos do sistema medial terminam na medula em neurônios internunciais que irão se conectar a neurônios motores na parte mediana da coluna anterior. Dessa forma, estes tratos controlam a musculatura axial (tronco e pescoço) e a musculatura proximal dos membros. Trato vestíbulo espinhal e retículoespinhal Controlam a manutenção do equilíbrio e da postura básica. O trato reticuloespinhal também controla a motricidade voluntária da musculatura axial e proximal. -Trato reticuloespinhal pontinho: promove a contração da musculatura extensora (antigravitária) do membro inferior necessária para a manutenção da postura ereta, resistindo a ação da gravidade. Isso dá estabilidade ao corpo para fazer movimentos com os membros superiores. -Trato reticuloespinhal bulbar: tem efeito oposto, ou seja, promove o relaxamento da musculatura extensora do membro inferior. Trato Tetoespinhal Tem relação com reflexos (movimentação) em decorrência de estímulos visuais. Orientação sensorial motora da cabeça. Trato corticoespinhal anterior É muito menor que o trato corticoespinhal lateral, suas fibras penetram na coluna anterior e ele termina ao meio da medula torácica. Faz motricidade voluntária axial e proximal dos membros superiores.

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