Como Gastar Conscientemente 2022 - Guia FGV
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2022
Fabio Gallo Garcia
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Summary
Este documento é um guia sobre como gastar conscientemente, abordando a administração financeira pessoal e o consumo consciente. O documento discute tópicos como o objetivo de administrar dinheiro, necessidade versus desejo, opções de pagamento, e o consumo em relação à felicidade.
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Como citar este material: GARCIA, Fabio Gallo. Como gastar conscientemente. Rio de Janeiro: FGV, 2022. Todos os direitos reservados. Textos, vídeos, sons, imagens, gráficos e demais componentes deste material são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade i...
Como citar este material: GARCIA, Fabio Gallo. Como gastar conscientemente. Rio de Janeiro: FGV, 2022. Todos os direitos reservados. Textos, vídeos, sons, imagens, gráficos e demais componentes deste material são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual, de forma que é proibida a reprodução no todo ou em parte, sem a devida autorização. INTRODUÇÃO Olá! Seja bem-vindo ao curso Como gastar conscientemente. Neste curso, iremos orientar as pessoas para que possam consumir de maneira consciente dentro do seu orçamento e atendendo aos seus objetivos. Ao final do curso, você deverá saber responder às seguintes perguntas: Qual é o objetivo de administrar o meu dinheiro? Eu preciso ou eu quero isso? Devo comprar à vista ou a crédito? O consumo me faz mais feliz? SUMÁRIO MÓDULO I – QUAL É O OBJETIVO DE ADMINISTRAR O MEU DINHEIRO?....................................... 7 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 7 OBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO DO DINHEIRO.............................................................................. 8 CONSUMO CONSCIENTE................................................................................................................... 8 Consumo de recursos e produtos........................................................................................... 8 MÓDULO II – EU PRECISO DISSO OU EU....................................................................................... 11 QUERO ISSO?.................................................................................................................................. 11 COMO LIDAR COM O DINHEIRO....................................................................................................11 VIVER COM OS PRÓPRIOS RECURSOS...........................................................................................12 MÓDULO III – DEVO COMPRAR À VISTA OU NO CRÉDITO?.......................................................... 15 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................15 CARTÃO DE CRÉDITO.......................................................................................................................16 Tipos de cartões.......................................................................................................................17 TIPOS DE CRÉDITO...........................................................................................................................21 CDC............................................................................................................................................21 Cheque especial.......................................................................................................................21 Cheque pré-datado..................................................................................................................22 Crédito pessoal.........................................................................................................................22 Crédito consignado..................................................................................................................22 Crédito imobiliário...................................................................................................................23 COMO SAIR DO ENDIVIDAMENTO.................................................................................................23 Orçamento A, B, C e D.............................................................................................................23 Estratégia para sair da dívida.................................................................................................24 MÓDULO IV – O CONSUMO ME FAZ MAIS FELIZ?......................................................................... 25 CONSUMO E FELICIDADE................................................................................................................25 Pesquisa....................................................................................................................................25 Artigo.........................................................................................................................................26 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ 28 PROFESSOR-AUTOR....................................................................................................................... 29 MÓDULO I – QUAL É O OBJETIVO DE ADMINISTRAR O MEU DINHEIRO? Um aspecto muito importante para administrar o seu dinheiro é saber como consumir, poupar e doar. São atividades do nosso cotidiano, mas que o ser humano não está preparado para lidar. Graças às comunicações e aos avanços da tecnologia, cada vez mais somos impulsionados ao consumo. Mas, como podemos fazer isso de maneira consciente e sustentável, preservando o nosso bem-estar e as condições do planeta? Vamos as respostas. Introdução Vamos começar com uma breve história. Franco entende bastante sobre finanças pessoais. Por isso mesmo, tornou-se consultor financeiro informal de amigos e colegas de trabalho. Alguns desses colegas não entediam os significados mais importantes de finanças pessoais e consumo consciente. Certo dia, um amigo confessou que, para compensar o estresse do dia a dia, saía às compras e gastava dinheiro. Depois, não conseguia pagar todas as contas do mês. Franco: Você realmente acredita que seu bem-estar depende de seu nível de consumo? Paulo: Não, mas quando não estou bem, consumir torna-se um escape. Franco: Muitas pessoas agem da mesma forma. Contudo, reconhecer que o consumismo não é a solução para os problemas e que a riqueza não é condição de bem-estar já é um bom início para mudar esse comportamento, Paulo. Você acredita na relação direta entre felicidade e riqueza? Qual é a sua atitude em relação ao consumo? Neste curso, vamos tratar da questão do consumo consciente e da relação das pessoas com as suas finanças. Objetivo da administração do dinheiro Ter uma vida financeira mais organizada evita conflitos familiares e problemas com dívidas. Além disso, possibilita uma vida melhor. Uma melhor gestão de nosso próprio dinheiro nos leva a consumir com prazer, estar preparados para uma emergência e viver bem no período da aposentadoria. A palavra-chave que permite a administração de nossas finanças é organização. O primeiro passo da organização é o planejamento. Para isso: defina objetivos; faça um orçamento; respeite o orçamento e gaste menos do que ganha. O planejamento é um processo desenvolvido para alcançarmos uma situação desejada de modo mais eficiente e efetivo. Dessa forma, planejar é tomar a decisão hoje sobre algo que acontecerá no futuro. O ponto inicial é o conhecimento dos objetivos, das prioridades, da renda e dos gastos da família. Para saber mais sobre como preparar o seu orçamento e se familiarizar com os termos e conceitos apresentado aqui recomendamos que acesse o curso 1 – Como organizar o orçamento familiar. Consumo consciente Qual é o significado de consumo consciente? O termo consumo consciente pode ser abordado de maneiras diferentes: consumo com vistas à sustentabilidade do planeta e consumo na perspectiva econômico-financeira. Consumo de recursos e produtos Aqui, a preocupação é com a relação produção-consumo. Uma das maneiras de aplicarmos o consumo consciente é realizar gastos dentro de condições que favoreçam a sustentabilidade do planeta e os recursos naturais. 8 Dependendo do que se produz e como se produz, consomem-se insumos naturais gerando resíduos. Os produtos, por sua vez, são consumidos, o que gera mais resíduos. Muitas vezes, a relação entre produção e consumo afeta o estado geral do meio ambiente, levando a desperdício de água, emissão de CO2, desmatamento de florestas. A grande preocupação é a busca do desenvolvimento sustentável. Outra maneira de consideramos o consumo consciente é administrar melhor como gastamos nosso dinheiro. Vamos tratar, basicamente, da relação de gastos para possibilitar uma vida melhor sem considerar os problemas trazidos pelo descontrole financeiro. Atenção! Do ponto de vista econômico-financeiro, o consumo consciente é a realização de gastos necessários para nosso bem-estar, que nos permita viver melhor, de acordo com a nossa condição financeira e o nosso orçamento familiar. 9 MÓDULO II – EU PRECISO DISSO OU EU QUERO ISSO? O módulo 2 traz orientações sobre como lidar com o dinheiro e como viver com os recursos que temos, sem exceder o nosso orçamento. Ou seja, neste módulo, vamos refletir sobre os nossos gastos e aprender a controlá-los. Como lidar com o dinheiro Um dos primeiros aspectos que devemos considerar na prática do consumo consciente é a nossa relação com o dinheiro. Alguns pontos se tornam essenciais para que possamos ter a compreensão correta do que o dinheiro representa em nossas vidas. Temos de estabelecer uma relação saudável com o dinheiro, uma relação positiva, que deve começar desde a infância. A primeira pergunta que todo consumidor deve fazer a si mesmo na hora de consumir é: eu preciso ou eu quero isso? a) Eu preciso Se a resposta se insere em um conceito real de necessidade, é importante verificar o que cortar do seu orçamento para que aquela necessidade seja atendida. Dessa forma, identificamos o supérfluo e o indispensável. b) Eu quero A pessoa somente deve adquirir o bem se tiver orçamento extra para aquele gasto. Em outros termos, a pessoa deve encaixar aquele gasto supérfluo em seu orçamento, caso contrário, a despesa não deve ser realizada. Temos de entender que o preço do supérfluo nem sempre vale a pena quando há endividamento. A maneira de sairmos dessa situação é criarmos, em nós mesmos, a cultura da organização do orçamento familiar. O brasileiro consumiu mais supérfluos nos últimos anos, trocou marcas populares por marcas de maior valor agregado, buscando, muitas vezes, uma espécie de status que não costumava ter. Aprender a organizar o orçamento familiar é um processo que começa desde a infância, de modo que as crianças devem entender a diferença entre querer e precisar. As reais necessidades devem vir sempre em primeiro lugar. É essencial desenvolver nas crianças o conceito de que, quando o dinheiro não dá para tudo, é preciso saber escolher. Essa é a noção básica de orçamento familiar. Na compra de um bem de maior valor, faça um planejamento rigoroso. Pergunte-se: eu realmente preciso desse bem? Pesquise modelos e preços. Caso sinta uma vontade incontrolável de comprar, pense melhor durante três dias e, só depois, tome a decisão. Poupar, muitas vezes, pode ser um ato de sacrifício, mas o resultado sempre é compensador, já que permite que tenhamos segurança em relação a nosso futuro. Poupar pensando no futuro é outra ideia essencial para nossa relação com o dinheiro. Com isso, poupar significa poder atingir os objetivos estabelecidos e viver melhor. É muito importante mantermos uma relação ética com o dinheiro e com a sociedade. Ganhar dinheiro não é fácil e exige esforço e trabalho, de forma que dar exemplos às crianças e aos jovens é essencial. Use de atitudes no dia a dia para orientá-los. O que você faz quando a conta do restaurante não registrou algo consumido? Ou quando o caixa de uma loja lhe devolve o troco com valor maior que o devido? Você expõe o erro ou omite o fato? Lembre-se de que, com certeza, as crianças estão observando a sua atitude. É importante ajudar as crianças e os jovens a desenvolver um espírito empreendedor. Para isso, uma conversa sobre como usar a mesada adequadamente e controlar o orçamento da família é muito importante. Doar também faz parte de nossa relação com o dinheiro. Todos nós temos a noção de que existem pessoas que não possuem o suficiente para viver bem. Também sabemos que ajudar, dentro de nossas possibilidades, é um ato de cidadania, seja por meio de doações em dinheiro ou por meio de trabalho comunitário. Viver com os próprios recursos Para que possamos viver com nossos próprios recursos, devemos ter a organização como palavra-chave. Devemos planejar, ser disciplinados e, sempre que possível, investir recursos. Para isso, alguns passos são importantes, como estabelecer objetivos e fazer o orçamento familiar. Quando lidamos com finanças pessoais, é muito importante estabelecer objetivos claros. Tais objetivos devem refletir, fielmente, os desejos e necessidades da vida da família, e ser possíveis de se atingir. 12 Nesse contexto, é necessário distinguir, claramente, a diferença entre objetivo e meta. Vejamos a seguir a diferença entre ambos: a) Objetivo Algo concreto a ser atingido. Por exemplo, comprar uma casa maior e naquele local tão sonhado. Os objetivos devem ter algumas características... claros; desafiadores; realistas – devem ser de possível realização e éticos – não devem ferir os seus conceitos pessoais. Objetivos devem ser quantificados e datados, podendo ser de curto, médio e longo prazo. Objetivos vagos e sem prazo determinado não são cumpridos. b) Meta É um ponto intermediário a ser atingido no caminho do seu objetivo final. Na busca do seu objetivo, você deve estabelecer várias metas, que exigem esforço para serem alcançadas. O importante é entender que, para atingir o seu porto de chegada, algumas marcas no meio do caminho são importantes. Vejamos um exemplo: quando você se propõe a fazer uma viagem de carro, o seu objetivo é chegar a determinada cidade. Desse modo, nos seus planos, você deve marcar locais que devem ser atingidos dentro de determinado tempo. Quanto mais distante for o seu objetivo, mais importante será você estabelecer metas intermediárias, com prazos a serem observados. O orçamento é a chave para o sucesso do planejamento financeiro da família. A organização correta do orçamento familiar permite que vivamos com nossos próprios meios. Isso poderá ser preparado por meio de uma planilha eletrônica, um caderno ou um software sofisticado. Não importa o meio. O importante é anotar tudo, sem exceções, e controlar todas as receitas e despesas da família. Vejamos: Receitas – nas receitas, considere o salário de todos que contribuem para a renda familiar. Não se esqueça de valores como 13o salário, abonos de férias, participação de lucros, bonificações, entre outros. Despesas – aqui, devem ser considerados todos os gastos. Alguns itens são mais fáceis de controlar do que outros. Comece pelos mais fáceis, que são os que se repetem todos os meses. São pagamentos que ocorrem de maneira fixa, como aluguel, condomínio, escola, seguro-saúde, água, luz, telefone, etc. 13 As despesas que não ocorrem todos os meses podem ser chamadas de variáveis. Comece pelos gastos mais comuns, mas que têm comportamento variável, como supermercado, combustível. Na sequência, faça o levantamento daqueles gastos que não são constantes como restaurantes, lanches, presentes e outros. 14 MÓDULO III – DEVO COMPRAR À VISTA OU NO CRÉDITO? Quando decidimos comprar algo, sempre surge o questionamento: Como pagar? Pode parecer uma questão trivial para algumas pessoas, mas não é algo tão simples assim, uma vez que o vendedor quer facilitar a venda e pode nos dar alternativas para o pagamento. Neste módulo, vamos identificar qual é a melhor forma de pagamento para cada compra. Introdução A resposta para a pergunta “ Devo comprar à vista ou a crédito?” é simples e não deixa dúvidas: se possível, compre à vista. Não há cálculo financeiro que desminta essa afirmação. Você sabe por que devemos realizar os pagamentos à vista? Vejamos: preço – usualmente, podemos obter descontos no pagamento à vista; prazo – o pagamento à vista é imediato e evita juros, e risco – pode haver erros no orçamento ou perda de renda. Caso isso ocorra, como pagar as prestações? À vista, esse risco não existe. Hoje em dia, no momento da compra, deparamo-nos com a seguinte oferta do vendedor: pagar à vista ou em parcelas sem juros. Isso é verdade? Embora, na prática, esse tipo de oferta aconteça muito, não existe operação financeira a prazo sem juros embutidos. Exemplo Uma loja apresenta a oferta de uma Smart TV por R$ 2.100. O estabelecimento oferece a alternativa de pagar o produto em três parcelas de R$ 700 sem juros. Nesse caso, pergunte se não há desconto para pagamento à vista. Caso o vendedor diga que, à vista, a TV sairá por R$ 1.900, o parcelamento não será sem juros. Com uma calculadora financeira, podemos verificar que, nessa operação, estão sendo cobrados 5,18% de taxa de juros ao mês. Esses são os juros que você está pagando por essa compra sem juros! Então, cuidado! Nunca tome um crédito sem conhecer todos os detalhes do contrato. Caso você não esteja entendendo bem sobre os termos e condições, pergunte. Caso as dúvidas persistam, leve a cópia do contrato até um órgão de defesa do consumidor. Procure calcular os juros que vai pagar. Não se esqueça de incluir, na conta, o valor do bem à vista e todas as despesas do crediário. Para isso, a calculadora do cidadão 1 do Banco Central pode ajudá-lo. Sempre que for comprar a prazo, pergunte-se: Vou conseguir pagar as prestações mesmo que tenha uma emergência? Os juros não são elevados demais? Será que não estou pagando valor maior em juros do que o próprio valor total do produto comprado? Não é melhor ter uma vida financeira saudável em vez de várias prestações para pagar? Cartão de crédito O cartão de crédito é um instrumento muito útil e bastante versátil, no entanto, devemos tomar cuidado. Se utilizado de maneira inadvertida, pode- se tornar uma arma de descontrole orçamentário. Não devemos entrar nunca no crédito rotativo do cartão! Como todo tipo de produto financeiro, o cartão de crédito tem vantagens e desvantagens. Vejamos: a) Vantagens permite a organização do seu orçamento – você pode planejar os pagamentos com os recebimentos de salários ou outras receitas, já que pode escolher a data de vencimento; traz certa segurança – evita que você carregue dinheiro ou cheques; é obrigatório em diversas situações no Brasil e no exterior – pagamentos de alguns hotéis, aluguel de carros; 1 Você pode acessar a calculadora do cidadão em https://www.bcb.gov.br/calculadora/calculadoracidadao.asp. 16 é aceito em praticamente todas as situações de compra – oferece menor risco para o comerciante – e oferece serviços extras: muitas operadoras de cartões de crédito oferecem serviços como acesso a salas VIP em aeroportos, socorro de automóveis, programas de fidelidade com distribuição de prêmios e milhagens áreas. b) desvantagens Embora os cartões apresentem algumas desvantagens, a maior parte delas pode ser evitada com o seu uso racional. Vejamos: A anuidade é um valor que varia muito entre as administradoras. Pesquise, pois alguns cartões são oferecidos sem taxa de anuidade. Os juros do crédito rotativo são dos mais altos do mercado. Sempre que você não quita o valor total da conta do mês, entra no crédito rotativo. Em outros termos, a administradora está financiando o valor não quitado. A compra por impulso é a maior desvantagem do cartão de crédito. Muitas vezes, você realiza a compra e só depois pensa melhor no que fez, de forma que acaba adquirindo itens que não precisava. As fraudes são um risco: previna-se! Se estiver comprando pela internet, procure os sites mais conhecidos e com procedimentos de segurança. Não entregue o cartão na mão de quem vai se afastar para poder preparar a cobrança. Se a compra for em uma loja com mecanismo de registro manual, redobre a atenção. São cuidados simples que podem evitar muitos problemas. Tipos de cartões Os cartões podem ser de crédito, débito e pré-pago. Vejamos: crédito – é oferecido um financiamento, e o cliente paga somente na data de vencimento mensal; débito – o cliente faz a compra, e o débito é feito de imediato e pré-pago – o cliente deposita determinado valor no cartão, os pagamentos são realizados à vista, e cada valor é deduzido do depósito inicial. 17 Por sua vez, o cartão pode ser classificado de acordo com o emissor, a amplitude ou a utilização, conforme vemos a seguir: a) de acordo com o emissor instituição bancária – traz a marca da administradora – em geral, ligada a um banco –, tem relação direta com a sua conta corrente e a sua compra pode reduzir algumas tarifas bancárias; co-branded – apresenta duas marcas – a da administradora e a de outra empresa –, e, usualmente, tem descontos na aquisição de produtos, serviços e milhagem gratuita como benefícios; afinidade – tem a marca da administradora e de uma instituição filantrópica; cartão de loja – emitido pela própria loja ou em co-branded. b) de acordo com a amplitude nacional – apenas para compras no Brasil e internacional – para compras no exterior realizadas pessoalmente, pela TV ou pela internet. c) de acordo com a utilização individual – para uso pessoal e corporativo – em nome de uma pessoa jurídica. Destina-se ao pagamento de despesas efetuadas por funcionários em função do seu trabalho. Atenção! O uso indiscriminado do cartão de crédito pode gerar problemas imensos para você e a sua família. Vejamos um exemplo: no início de 2016, um cliente adquiriu uma dívida de R$ 1.000,00 no cartão de crédito. Como não teve dinheiro para quitar a dívida, a pessoa pagou somente a parcela mínima de 15% mensal. 18 A Tabela 1 apresenta uma simulação desse caso com taxa de juros de 12% ao mês. Assim, ao final de dois anos, a pessoa terá pagado, a título de juros, a quantia de R$ 2.165,30... E ainda terá um saldo a pagar de R$ 307,10. Tabela 1 – Simulação de dívida no cartão de crédito dívida amort. saldo saldo reaj. 2016 jan. 1.000,00 150,00 850,00 952,00 fev. 952,00 142,80 809,20 906,30 mar. 906,30 135,95 770,36 862,80 abr. 862,80 129,42 733,38 821,39 maio 821,39 123,21 698,18 781,96 jun. 781,96 117,29 664,67 744,43 jul. 744,43 111,66 632,76 708,69 ago. 708,69 106,30 602,39 674,68 set. 674,68 101,20 573,48 642,29 out. 642,29 96,34 545,95 611,46 nov. 611,46 91,72 519,74 582,11 dez. 582,11 87,32 494,80 554,17 sub-total 1.393,22 19 dívida amort. saldo saldo reaj. 2017 jan. 554,17 83,13 471,04 527,57 fev. 527,57 79,14 448,43 502,25 mar. 502,25 75,34 426,91 478,14 abr. 478,14 71,72 406,42 455,19 maio 455,19 68,28 386,91 433,34 jun. 433,34 65,00 368,34 412,54 jul. 412,54 61,88 350,66 392,74 ago. 392,74 58,91 333,83 373,89 set. 373,89 56,08 317,80 355,94 out. 355,94 53,39 302,55 338,85 nov. 338,85 50,83 288,03 322,59 dez. 322,59 48,39 274,20 307,10 sub-total 772,08 total pago 2.165,30 Você concorda que pagar a parcela mínima de 15% não foi uma boa alternativa, principalmente, se a dívida foi feita para comprar supérfluos? Caso você precise de dinheiro, existem outras formas mais baratas de obter crédito. O crédito consignado e o crédito pessoal são dois exemplos. No caso dos cartões de crédito quando o cliente entra 30 dias no crédito rotativo, os bancos são obrigados a apresentar uma proposta ao cliente financiando aquele saldo com taxas de juros para adequadas. Mesmo assim, você deve pensar muito antes de contratar qualquer tipo de financiamento. Nesse sentido, é essencial que você realize sempre o seu planejamento financeiro para evitar financiamentos. 20 Tipos de crédito Vamos conhecer melhor cada um deles a seguir. No Brasil, os tipos de crédito mais comuns à disposição das pessoas físicas são crédito direto ao consumidor (CDC), cheque especial, cheque pré- datado, crédito pessoal, crédito consignado e crédito imobiliário. A seguir, veremos cada um deles. CDC Tipo de financiamento com fim específico – a compra de um bem de consumo durável. Tal propriedade pode ser usada durante certo período de tempo, como um automóvel ou um eletrodoméstico. O agente que fornece esse tipo de financiamento é um banco ou uma financeira. NO entanto, geralmente, o cliente só tem contato com o estabelecimento em que está adquirindo o bem – crédito das lojas. Todo o processo é feito sem que o cliente saia do estabelecimento em que está realizando a compra. Atenção! No crédito direto ao consumidor, além da taxa de juros, há outros custos, como taxas de abertura de crédito e IOF. Para conhecer as taxas praticadas por esses agentes, consulte o site do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br), selecione o perfil cidadão e verifique a tela de Taxas de juros, cálculos, índices e cotações. Nunca compre pensando somente se a prestação cabe no seu bolso. Cheque especial Instrumento de crédito automático. O cliente recebe uma linha de crédito junto a sua conta corrente, que pode ser usada quando for necessário. Mas cuidado! Esse tipo de crédito deve ser usado somente em emergências, porque suas taxas de juros são muito altas. Atenção! As taxas de cheque especial cobradas pelos bancos variam muito. Escolha corretamente o banco com que você irá operar. Algumas instituições oferecem cheque especial sem a cobrança de juros durante determinado período no mês. Para você comparar as taxas cobradas pelos bancos, visite o site www.bcb.gov.br, acesse o perfil cidadão, clique em Bancos e, em seguida, na opção Tarifas. 21 Cheque pré-datado Invenção tipicamente brasileira que se iniciou informalmente, mas é reconhecida, hoje, pelo Banco Central do Brasil como forma de concessão de crédito. É fácil, sem burocracia ou tributos, mas exige alguns cuidados. O Código de Defesa do Consumidor considera o cheque pré-datado um contrato entre as partes, desde que seja fruto de uma relação de consumo. Dessa forma, quem receber o cheque de uma compra e apresentá-lo antes da data combinada poderá pagar indenização ao emissor do cheque por danos causados. No entanto, se o cheque pré-datado for originário de outra relação, por exemplo, de um empréstimo, poderá ser apresentado e descontado antes da data, e o emissor não poderá fazer nenhuma reclamação. O cheque pré-datado deve ser sempre nominativo e preenchido com a data em que deverá ser apresentado – nunca com a data da compra. Como garantia, devemos anotar no verso dos cheques o número da nota fiscal e fazer constar nela o número dos cheques pré-datados com a respectiva data de apresentação. Crédito pessoal O crédito pessoal oferecido pelos bancos. Trata-se de um empréstimo, sem destinação específica, em que você usa o dinheiro como quiser. Nesse tipo de financiamento, você paga IOF e outras taxas administrativas. Tudo isso deve ser somado para que você calcule exatamente o quanto de juros irá pagar. Por outro lado, atenção às ofertas dos bancos de créditos pré-aprovados em sua conta! Atenção! Não as contrate antes de conhecer bem as condições e taxas cobradas. Para comparar as taxas de crédito oferecidas pelos bancos, acesse o site www.bcb.gov.br, acesse o perfil Cidadão, clique em Bancos e, em seguida, na opção Taxas de Operações de Crédito. Usualmente, as taxas praticadas nesse tipo de financiamento são bem menores que as do cheque especial, porém maiores que as taxas de CDC. Crédito consignado Tipo especial de empréstimo com as taxas de juros mais baixas do mercado e as prestações debitadas diretamente na sua folha de pagamento, sem necessidade de avalista. O crédito consignado pode ser obtido por: funcionários que tenham algum tipo de vínculo empregatício em empresas públicas ou privadas; aposentados ou pensionistas, e detentores de mandato legislativo ou executivo. 22 Muitas pessoas com dívidas em cartão de crédito, cheque especial ou outros tipos de empréstimos, buscando uma solução, optam pelo crédito consignado. A princípio, essa atitude está correta, mas é essencial que o dinheiro seja usado realmente para a quitação das dívidas e a regularização de seu orçamento familiar. Embora a taxa cobrada no crédito consignado seja mais baixa, as parcelas mensais são debitadas diretamente de seu salário ou pensão. Crédito imobiliário Modalidade de crédito dedicada ao atendimento daqueles que desejam comprar imóveis novos ou usados, para fins comerciais ou residenciais. Esse tipo de crédito atende também àqueles que desejam adquirir material de construção para reformas ou construção do imóvel. Como sair do endividamento São quatro os passos para sair do endividamento. Esses passos são simples, mas requerem muito cuidado. Vejamos: Prepare o orçamento familiar com detalhes, anotando tudo o que ganha e gasta em termos reais – exatamente o valor que entra no seu bolso e o que sai dele. Considere todos os seus gastos em termos líquidos e sem esquecer valor algum. Organize o seu orçamento na estrutura A, B, C e D. Elabore uma estratégia para sair da dívida. Coloque as parcelas no seu orçamento A, B, C e D, no item básico, após a renegociação da sua dívida, já conhecendo as formas de parcelamento e valores. Orçamento A, B, C e D O orçamento A, B, C e D é uma maneira de organizar o orçamento familiar é agrupar seus gastos de acordo com estrutura A, B, C e D. Cada letra corresponde a um grupo de despesas, conforme vemos a seguir: A (alimentar) – gastos com alimentos, sempre pensando em economizar o possível. B (básico) – gastos de água, luz, IPTU, entre outros. C (contornável) – aquilo que faz a vida melhor, mas que pode ser cortado em uma situação de emergência. Por exemplo, o uso do carro é um dos itens que devem ser avaliados para verificar se não é um gasto que poderá ser cortado eventualmente. D desnecessário = itens que você pode cortar imediatamente. 23 Esse tipo de organização orçamentária permite que as pessoas e as suas famílias observem oportunidades de economias e planejem os gastos dos meses seguintes. Lembre-se! Você pode ter outras informações sobre como preparar seu orçamento no curso Como organizar o orçamento familiar. Estratégia para sair da dívida Procure pelo credor para saber exatamente qual o valor da sua dívida. Consulte também um especialista quando conseguir o valor consolidado de sua dívida – procure pelo Procon ou órgãos similares na sua cidade. Depois disso, proponha ao credor um acordo com diminuição da dívida. Nesse ponto há duas alternativas: parcelar a dívida com o próprio credor e obter um empréstimo mais barato que os juros cobrados na dívida atual. Por exemplo, conseguir um empréstimo consignado ou mesmo um crédito pessoal. Cumpridos os quatro passos para sair do endividamento, mantenha a tranquilidade. Quanto mais sereno você e familiares estiverem, mais facilmente acharão novas soluções para os problemas. Figura 1 – Dicas para ter uma vida financeira melhor 24 MÓDULO IV – O CONSUMO ME FAZ MAIS FELIZ? Muitas pessoas consomem de maneira desenfreada, sem pensar nos efeitos gerados e, na maioria das vezes, buscando uma resposta para os seus próprios problemas. Ocorre também que alguns pensam que o ato de consumir aumenta o prazer e pode trazer felicidade. Vejamos a seguir se isso é possível. Consumo e felicidade Maior renda e consumo trazem felicidade? A resposta para essa questão depende de cada pessoa, mas alguns estudos nos levam a pontos comuns. Vejamos a seguir: Pesquisa A pesquisa publicada pela revista Consumer Reports, em 2011, perguntou a mais de 24 mil pessoas acima de 55 anos qual era o grau de satisfação com suas finanças e suas vidas. O ponto comum encontrado foi que a paz mental tinha muito pouco a ver com altos salários e padrão de vida. As respostas, na verdade, referiam-se a aproveitar o bom estado de saúde, ter hobbies, poupar, ter amigos e estar em um emprego que trouxesse algum tipo de plano de benefícios para a aposentadoria. Artigo No artigo “Sobre o consumo e a felicidade” 2, Luigino Bruni cita: Tanto o consumismo quanto os movimentos anticonsumistas estão presentes hoje nos processos globalizados. Uma incursão pela história econômica visa mostrar que, inicialmente, o assunto recebia da economia clássica a atenção relativa aos fatores sociais e psicológicos que influenciaram suas dinâmicas. Atualmente, o filão que pode determinar uma abordagem mais real do problema do consumismo é a relação consumo-felicidade. Tal abordagem mostra que a equação riqueza = felicidade não é correta, não se verifica na mesma proporção, e que, muito frequentemente, possuir mais riquezas torna as pessoas mais infelizes. (BRUNI, 2004, p. 45-63). O artigo também indica que o aumento de renda pode ser acompanhado de uma diminuição da felicidade e isso está ligado à redução do consumo de bens relacionais: “Muitos, talvez a maioria, dos prazeres da vida não têm preço, não estão à venda, e assim não fazem parte do mercado” (idem). Os dois estudos apresentados revelam que a renda não está sensivelmente ligada à felicidade. E agora? De que depende nossa felicidade? No artigo de Bruni, a principal resposta encontrada é que ela depende da companhia – companionship. Além disso, a redução da capacidade de dar, de ser altruísta, leva à diminuição da felicidade. Bruni (2004) conclui: Estou entre os muitos que se mostram insatisfeitos com um dos dogmas que ecoam diariamente nos meios de comunicação: é preciso consumir mais, do contrário as economias nacionais não crescem e entram em depressão. Além disso, “consumir mais” não significa necessariamente consumir mais “mercadorias”. Devemos alargar a categoria de “bem econômico” para incluir aí relações, encontros pessoais. Podemos “consumir mais” consumindo “melhor” (...), dedicando mais tempo aos outros, não para vender e comprar também a amizade ou um sorriso, mas pelo menos para reconhecê-los como bens e não destruí-los (...). Transformar o consumo posicional em consumo relacional, ou seja, 2 BRUNI, Luigino. “Sobre o consumo e a felicidade”. Revista Abba, V. VII, n. 1. São Paulo: Cidade Nova, 2004, p. 45-63. 26 orientar para a felicidade privada e pública essa necessidade de aprovação do outro, realidade essa tão profundamente arraigada na pessoa humana, que existe para se viver em comunhão. Os bens são símbolos. Nós, uma vez satisfeitas as necessidades básicas, não consumimos porque nos interessam os bens em si, mas porque eles nos remetem a alguma outra coisa. Sob a sua embalagem normalmente se escondem pessoas, relações humanas. (p. 45-63.). Para encerrar este curso, temos algumas dicas: Analise os custos – troque dívidas mais caras por mais baratas. Economize juros! Troque o cheque especial e o cartão de crédito por crédito pessoal. Pague as dívidas – faça um plano realista para pagá-las! Não prometa o que não consegue cumprir, mas siga o plano. Faça uma reserva – é importante ter uma reserva para emergências – doença, desemprego, outros planos – e para o seu futuro – aposentadoria. Considere a sua economia mensal como um pagamento – aplique a economia no começo do mês. Você não vai conseguir fazer uma reserva com as sobras do mês. Habitue-se a economizar entre 10% e 20% do que ganha por ano –economizando 10%, em cinco anos você terá quase quatro meses de salário. Com 20%, você terá sete meses de salário. Estude um pouco sobre investimentos básicos – invista em recursos – poupança, fundos de renda fixa, certificado de depósito bancário – CDB –, entre outros. Gostou deste curso? Quer saber mais sobre como organizar o seu orçamento familiar, fazer investimentos e se preparar para a aposentadoria? Acesse os demais cursos de finanças pessoais. 27 BIBLIOGRAFIA GARCIA, Fabio Gallo; EID JUNIOR, William. Como Planejar o Orçamento Familiar. São Paulo: Publifolha, 2002. BRUNI, Luigino. “Sobre o consumo e a felicidade”. Revista Abba, v. VII, n. 1, São Paulo: Cidade Nova, 2004, p. 45-63. 28 PROFESSOR-AUTOR Fabio Gallo Garcia é doutor em Finanças pela FGV-EAESP/University of Texas at Austin, doutorando em Filosofia pela PUC/SP, mestre em Administração Contábil e Financeira pela FGV-EAESP, bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Octávio Bastos e graduado em Engenharia de Agrimensura pela Faculdade de Agrimensura de Pirassununga. Dedica-se ao estudo das finanças internacionais e finanças comportamentais. Trabalha com pesquisa na área da Teoria de Sinalização, em que explora a assimetria de informações no mercado de capitais, além de desenvolver temas em Banking, Contabilidade Gerencias e Finanças Pessoais. Tem realizado trabalhos de valuation, consultoria e treinamento para empresas, como Telebras, Saeg, Comusa, Semasa, Vale, Petrobras, Itaú BBA, Itaú Unibanco, Bradesco, CEF, Sincredi, Emae, Banco Santander, Citibank, entre outras. É ex-diretor administrativo-financeiro da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (PRODESP), tendo exercido o cargo de chief financial officer da Eutectic, do Brasil, e de outras empresas de grande porte. É sócio da Sinalização e Arte, Comunicação Visual, All Signs, Giolaser Itaim e Axia Valorem Consultoria. Também é membro do Conselho de Administração da Rossi Residencial e Conselho Fiscal da Azevedo & Travassos. 29