Aula 2 - Idade Média, Mosteiros e Universidades - 2024 PDF

Summary

Este documento cobre os saberes e o conhecimento nas cidades da Idade Média, analisando os casos da Península Ibérica, comparando cidades islâmicas e cristãs, a organização dos mosteiros como micro-cidades e o aparecimento das universidades. O texto também inclui secções sobre a queda do Império Romano, clima, a cidade medieval, e os efeitos de tapeçaria.

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Aula 2: Os saberes e o conhecimento nas cidades da Idade Média. Caso da Península Ibérica: cidades islâmicas versus cidades cristãs. A organização dos mosteiros enquanto micro- cidades. O aparecimento das universidades. Queda do Império Romano do Ocident...

Aula 2: Os saberes e o conhecimento nas cidades da Idade Média. Caso da Península Ibérica: cidades islâmicas versus cidades cristãs. A organização dos mosteiros enquanto micro- cidades. O aparecimento das universidades. Queda do Império Romano do Ocidente, quando o imperador Rómulo Augusto se rende ao chefe militar germânico Odoacro. ANO 476 CLIMA O domínio de Roma está associado a um prolongado óptimo climático na região, considerada a média. Por outro lado, o fim do Império Ocidental, em 476. AD (início do reinado de Odoacro), corresponde a um período de significativo arrefecimento do clima do norte da Europa, forçando enormes massas de população a rumar a sul, em busca de condições de vida mais favoráveis, numa “invasão” que precipitaria o colapso do Império (Comellas, 2011, pp. 154-162) Norman John Greville Pounds, The Medieval City, 2005 A paz garantida pelo Império – Pax Romana – dispensou a construção de grandes estruturas defensivas, mas a partir do século III, os bárbaros começaram a ameaçar as cidades do oeste e sul da Europa. Muros foram erguidos. Todas as cidades com alguma importância passaram a ter muros. Algumas continuaram a ser importantes centros de atividade social e económica, mas outras ficaram desertas. A riqueza destas cidades dependia da paz que permitia o livre comércio de bens entre cidades e diferentes zonas do império. Essa segurança estava prestes a desaparecer. O declínio do Império Romano foi acompanhado pelo abandono das cidades. Queda do Império Romano e o declínio das cidades Os invasores só podiam maravilhar-se com a civilização Romana e com as estruturas que estes tinham criado, mas estava para além da sua capacidade copiá-las ou mantê-las em ordem. O declínio ou desaparecimento das cidades parecia inevitável. Na ilha britânica, só duas cidades se terão mantido depois da queda do Império – Londinium (Londres) e Eboracum (York). Neste período, resistiu melhor o comércio no mar do Mediterrâneo e as cidades que dominavam esse mercado, como Roma, Bizâncio, Veneza. Nos Balcãs a maioria das cidades romanas foram abandonadas. Crescimento das cidades islâmicas na Europa Ocupação Islâmica Península Ibérica Sicília VIII-XV IX-XI Córdova Palermo Toledo Sevilha Silves Loulé Almería Sintra Granada Córdova, Espanha A grande mesquita A mesquita de Córdoba Toledo, Espanha Ibn Wafid na Huerta del Rey Escola de Traduções – Hebraico, Latim, Árabe Sevilha, Espanha Patio de los Naranjos Reales Álcazares de Sevilha Os efeitos de tapeçaria obtidos com as copas das laranjeiras Quinta da Bacalhoa, Azeitão Portugal, século XVI Palácio Badia, Marraquexe 1578-1594 Silves, Portugal Loulé De Banhos Islâmicos a Casa da Família Barreto Porta e Torre dda Justiça 1348- Sultão Yusuf I Os cinco pilares do Islamismo: fé, oração, caridade, jejum e peregrinação Almería, Espanha Castelo dos Mouros Sintra, Portugal Castelo dos Mouros Alhambra e Generalife, Granada, Espanha Alhambra, Granada, 13th century Palermo, Sicília, Itália Isfahan, Irão La Ziza, Palermo, Sicília Rua romana em Pompeios Rua islâmica em Granada Rua em Granada Rua em Alfama Jardim de casa islâmica em Granada Jardim de peristilo, Domus dos Repuxos Os tanques nos pátios e claustros Reconstituição do Reales Alcazares de Sevilha Claustro do convento de St. impluvium da Casa Séc. XIV Joana em Aveiro Romana Séc. XVII A Bacia Forma do círculo polilobado é das mais privilegiadas na arquitectura muçulmana. Taça ao centro do pátio da Ria no Generalife em Granada. Reales Álcazares de Palácio da Vila, Sintra Sevilha Canais de água a céu aberto Embaixada Italiana no Irão Reales Alcazáres em Sevilha Quinta do Bonjardim, Sintra Paço do Vitorino, norte de Portugal Canal no corrimão de umas escadas, Generalife Os Mestres da Água Qanat, Khettara em Marrocos Os grandes reservatórios de água Bacia de Buhayra, Sevilha La Menara, Marraquexe Séc. XII A questão da captação e armazenamento da água da água Ibn Sahib al-Salât deixa um texto onde relata detalhadamente a aventura da conquista das águas: “Disposições tomadas para a captação da água destinada a regar a Buhayra e a alimentar Sevilha de água potável, de maneira a satisfazer a necessidade tanto da classe privilegiada quanto das classes populares”. Ele procura então nos Fahs, fora de Bâb Qarmûna, pelo caminho que conduz a Carmona, os traços de um antigo canal que estava coberto de terra, tornando-se assim difícil de recuperar. O engenheiro hidráulico Al-Hâj Ya’îsh, depois de ter inspeccionado o vestígio em questão, descobriu que se tratava do traçado de um canal antigo, obra dos reis romanos do passado. Este canal servia de alimentação de água a Sevilha. Ibn Sahib al-Salât deixa um texto onde relata detalhadamente a aventura da conquista das águas: “Disposições tomadas para a captação da água destinada a regar a Buhayra e a alimentar Sevilha de água potável, de maneira a satisfazer a necessidade tanto da classe privilegiada quanto das classes populares”. Depois, uma outra ordem foi dada para a construção de uma bacia de retenção em Hârat Mâyûr (quarteirão Mayor), em Sevilha. A chegada da água a esta bacia teve lugar no Sábado 22 de Fevereiro de 1172. Neste dia, o comandante dos Crentes presidia às festividades de inauguração acompanhada de dignatários almóadas, dos magistrados e do corpo de elite da armada. António de Holanda, Calendário (mês de Abril), em que aparece representado uma fonte e uma roda, Livro de Horas de D. Manuel I, 1517-1534, que fora afinal o Livro de Horas de D. João III, BNP Cristianismo e Feudalismo Cristianismo tornou-se uma fé Apesar das cidades estarem aceite no Império Romano c. fora da órbita do sistema 313. Onde esta estava feudal, na maioria dos casos as estabelecida, o seu novas cidades foram representante – o bispo- promovidas por senhores passou a superentender a área feudais. As cidades eram-lhes de influência da anterior financeiramente benéficas. cidade romana. Quando o Contudo, tornaram-se a comércio começa a ressurgir possibilidade de escapatória nos séculos IX e X, estes ao próprio feudalismo. núcleos urbanos passam a atrair de novo populações. O Papa, bispo de Roma, Neste contexto surgem as passou a ocupar a posição de cartas de Foral, que deriva de liderança dos antigos Césares. ‘Foro’, que por sua vez deriva de ‘fórum’ Os mosteiros como micro-cidades e os vários espaços dedicados à construção de conhecimento. As bibliotecas, o ensino, os scriptoria, o hortus medicus, a botica. Abadia de Cluny, 910, Borgonha Scriptorium, Biblioteca do Escorial, séc. XIV. As bibliotecas dos conventos: guardiãs do conhecimento Antiga botica de um convento de franciscanos exposta no Museu de Dubrovnik, Croácia Botica do Convento de Jesus de Aveiro Claustro do Silêncio ou de D. Dinis, Mosteiro de Alcobaça. Claustro do Silêncio, Mosteiro de Lorvão Espaços de Reflexão Claustro do Silêncio (construído por Marcos Pires entre 1517-1522), Monasteiro de Santa Cruz, Coimbra. Lugares para procissões Cochin, Procissão no claustro da Abadia de Port Royale, c. 1710 Santiago de Compostela. Local para enterros, cemitérios Cochin, O enterro de uma freira, c. 1700 O claustro do cemitério, Convento de Cristo em Tomar Túmulos no Claustro do Cemitério do Convento de Cristo em Tomar. Claustro do Cemitério, Mosteiro de Tibães Lista com todos os nomes daqueles que morreram em auto-de-fé no claustro do Convento de São Domingos em Lisboa Convento de São Domingos, Baixa Procissão até ao auto-da-fé, com início no Palácio da Inquisição chamado Palácio dos Estaus, gravura de A. J. Colmenar, 1707. Bernardo de Claraval Abadia de Claraval Abadia de Claraval Ordem de Cister Catedral de St. Denis, dos reis de França em Paris. Construída pelo Abade Suger, séc. XII. Catedral de St. Denis A luz é utilizada como material de construção. O interior da cathedral de St. Denis. As paredes são rasgadas com janelas. Arco quebrado Arcobotante Londres. 8000 habitantes, c. séc. IX Torre de Londres, fundada 1066 Rothenburg, Alemanha Notre Dame, Paris A conquista de Lisboa aos Mouros, 1147. Reconstitution of Lisbon’s cathedral in the 14th century Civitates orbis terrarum. O aparecimento das universidades nas cidades 1088 – Universidade de Bolonha 1096 – colégio de Oxford. A partir de 1167 o rei Henrique II proibiu os estudantes ingleses de frequentar a Universidade de Paris que entretanto se tinha formado. C. 1170 – Universidade de Paris, reconhecida pelo rei Filipe II em 1200 e pelo papa Inocente III 1175 – Universidade de Modena 1209 – Universidade de Cambridge. Desentendimentos entre alunos e os habitantes de Oxford, leva a que alguns se mudem e fundem outra universidade, sendo rivais desde então. 1218 – Universidade de Salamanca 1220 – Universidade de Montpellier 1222 – Universidade de Pádua 1257 – Robert de Sorbon funda o Collège de Sorbonne 1290 – Universidade de Lisboa (Estudos Gerais)/Coimbra 1365 – Universidade de Viena 1386 – Universidade de Heidelberg 1499 – Universidade de Valencia 1559 – Universidade de Évora (até 1759, reabre em 1973) 1636 – Universidade de Harvard In https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_universidades_mais_antigas_do_mundo Universidade de Pádua, 1222 Um grupo de alunos da Universidade de Bolonha reclamava mais liberdade e saiu de Bolonha e veio formar a universidade de Pádua, a 2ª mais antiga no norte da Itália

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