Raciocínios Clínicos Pediatria - Unifacef PDF
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Esta apresentação descreve o raciocínio clínico em Pediatria, com foco em um caso clínico de asma. Fornece informações sobre o caso, história pregressa e exame físico. Inclui perguntas para raciocínio sobre a situação clínica.
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RACIOCÍNIO CLÍNICO PEDIATRIA Unifacef CASO CLÍNICO Gustavo, 3 anos de idade, procura o pronto atendimento com queixa de tosse, coriza e obstrução nasal há 2 dias. Ontem houve piora da tosse, ficou muito cansado e começou a “chiar”. Apresentou temperat...
RACIOCÍNIO CLÍNICO PEDIATRIA Unifacef CASO CLÍNICO Gustavo, 3 anos de idade, procura o pronto atendimento com queixa de tosse, coriza e obstrução nasal há 2 dias. Ontem houve piora da tosse, ficou muito cansado e começou a “chiar”. Apresentou temperatura de 37,8ºC hoje. A mãe iniciou com salbutamol spray por conta própria, 2 jatos no espaçador, de 6/6h. HISTÓRIA PREGRESSA 1ª crise de sibilância aos 6 meses de idade Internado com 2 anos com diagnóstico de “bronquite e pneumonia” (sic). Nos últimos 12 meses, teve 5 crises de tosse, “chieira” e cansaço, sendo que em 3 delas foi levado ao PS, ficando em observação. Em todas as vezes foi prescrito salbutamol, prednisolona e amoxicilina. A mãe percebe que quando ele corre, muitas vezes fica cansadinho e tosse muito. Ela está preocupada porque ele vive “gripado” e tem medo que isso possa se agravar com o tempo EXAME FÍSICO No momento choroso, corado, hidratado, acianótico, subfebril Peso= 13 kg Altura= 95 cm FR=42 ipm FC= 110 bpm T= 37,5 C Saturação O2= 95% em ar ambiente Otoscopia= hiperemia bilateral discreta. Nariz= Cornetos nasais hiperemiados. Orofaringe= Hiperemiada, sem pontos purulentos, sem gotejamento nasal posterior. AR= Taquipnéia moderada, expiração prolongada, sem tiragens. Presença de sibilos expiratórios em ambos os pulmões, sem creptações. ACV= BRNF, sem sopros. TEC~2s. ABD= Normotenso, indolor, fígado na RCD. SN= Choroso, contactuando bem, respondendo à perguntas. RESPONDA 1- Quais suas hipóteses diagnósticas? Justifique. 2- Quais informações importantes estão faltando na história? 3- O que acha da conduta da mãe sobre o uso do salbutamol? 4- Pediria exames complementares? Justifique. 5- Quais medicamentos prescreveria? Justifique. 6- Quais orientações faria? Justifique. 7- Quais os objetivos do tratamento da asma? 8- Identifique as etapas do controle da asma em crianças ≤ 5 anos O QUE É ASMA? Doença heterogênea, usualmente acompanhada de inflamação crônica, caraterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar.” ETIOPATOGENIA FATORES ENDÓGENOS Predisposição genética FATORES AMBIENTAIS Alérgenos OUTROS? GINA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CRISE AGUDA É UM EPISÓDIO DE EXACERBAÇÃO AGUDA, PROGRESSIVA DE OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA, CAUSADA POR ESPASMO MUSCULAR, INFLAMAÇÃO DA MUCOSA E POR AUMENTO DE SECREÇÃO, MANIFESTANDO-SE CLINICAMENTE POR APARECIMENTO SÚBITO OU SUBAGUDO DE TOSSE, DISPNEIA, SIBILÂNCIA. ASMA NOMENCLATURA Status asmaticus: exacerbação grave asma brônquica refratária ao tratamento= Termo em desuso Asma aguda grave: ataque de asma que não responde a doses repetidas de beta-agonistas e necessita de admissão ao hospital Asma crítica: asma aguda grave que necessita de admissão na unidade de terapia intensiva (UTI) Asma quase fatal: asma crítica com insuficiência respiratória progressiva, fadiga e alteração do nível de consciência com necessidade de intubação endotraqueal e ventilação mecânica DESENCADEANTES DE CRISES Infecções respiratórias- vírus respiratórios Exposição a alérgenos: Ácaros, animais domésticos, baratas, pólens Exercício e hiperventilação Drogas e corantes Fatores ambientais – não alérgicos/irritantes Mudanças climáticas Exposição à fumaça de cigarro Exposição a poluentes atmosférico Falta de uso de medicações de controle ABORDAGEM INICIAL NO PRONTO SOCORRO História clínica objetiva Exame físico detalhado + saturação O2 basal Classificação da crise Tratamento medicamentoso Orientações de alta – plano de ação Educação – sinais de alerta AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE FATORES DE RISCO PARA MORTE POR ASMA SINAIS DE FALÊNCIA RESPIRATÓRIO IMINENTE Alteração da consciência Incapacidade para falar Ausência de murmúrio vesicular Cianose central Intolerância para o decúbito DIAGNÓSTICO Radiografia de tórax ? Teste terapêutico ? PFE / Espirometria ? Testes para atopia: cutâneos, IgE total e específica? RADIOGRAFIA DE TÓRAX Não está indicada de rotina RADIOGRAFIA DE TÓRAX A radiografia do tórax é importante na asma grave e essencial na asma quase fatal Radiografia na admissão na UTI pode identificar: Pneumotórax Pneumonia Atelectasias Anomalias anatômicas Corpos estranhos. EXAMES LABORATORIAIS Hemograma: leucocitose deve ser interpretada com cautela, já que pode refletir uma resposta de desmarginação a corticosteroides endógenos ou exógenos, e não infecção. Manter Hb > 10g/dL. Eletrólitos: atenção à hipocalemia pela ação dos beta-adrenérgicos. Gasometria Eletrocardiograma (ECG): considerar quando houver possibilidade de arritmias com o uso do beta-adrenérgico contínuo. Glicemia. PFE normal até 80% do esperado TRATAMENTO Oxigênio Cetamina Corticosteróides Ventilação mecânica β-agonistas Sedação-analgesia Brometo de Ipratrópio Bloqueio Neuromuscular Sulfato de Magnésio Anestésicos inalatórios Metilxantinas Broncoscopia Heliox ECMO OXIGÊNIO Oxigênio – para todos os pacientes com SatO2< 95% Em crianças - SatO2 < 92% - chance de hospitalização FORNECIMENTO DE O2 Máscara simples Tenda facial fluxo: 6-10 L/min fluxo: 10-15 FiO2: 30-60% L FiO2 < 40% COM SAT URA NÃO ÇÃO OFE NOR REC MAL Máscara não ER reinalante O2 fluxo: 10-12 L/min FiO2: 95% TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Beta-2 agonistas de curta duração Salbutamol Terbutalina Fenoterol Corticosteroides sistêmicos Prednisona/Prednisolona – Via oral Hidrocortisona EV Metilprednisolona EV Brometo de Ipratrópio Sulfato de Magnésio BETA 2 DE CURTA DURAÇÃO Fornecidos por administração inalatória ou parenteral. ****Principais componentes da obstrução brônquica na asma grave são o muco e o edema da parede das vias aéreas Juntamente com os corticosteroides sistêmicos, são a base da farmacoterapia em pessoas com asma crítica e quase fatal. Provocam broncodilatação por meio da ativação da adenilciclase, que resulta em aumento dos níveis intracelulares de monofosfato cíclico de adenosina (cAMP). Podem aumentar a contratilidade diafragmática, Podem incrementar a depuração mucociliar BETA 2 AGONISTA ß2 agonistas são os broncodilatadores + utilizados Induzem broncodilatação dose-relacionada ß 2 agonistas possuem maior índice terapêutico quando usados por via inalatória do que por via oral ***O fenoterol é um beta-agonista menos seletivo que o salbutamol e sua utilização é relacionada a maior mortalidade e efeitos colaterais NEBULIZADOR X ID-ESPAÇADOR Nebulizador ID - Espaçador Custo elevado Mais econômico Necessidade de fonte de Mais higiênico energia Portátil Deposição pulmonar Administração rápida ineficiente Maior deposição pulmonar da medicação Possibilidade de menores doses de beta-agonista < efeitos colaterais. NEBULIZADOR ID- ESPAÇADOR BETA AGONISTA SÃO TODOS IGUAIS? MODO DE USAR MEDICAÇÃO DOSE Salbutamol 100 mcg aerosol < 5 anos 2 – 6 jatos para crianças Dosimetrado > 5 anos 4 – 10 jatos - 3x 20/20’ Reavaliar após 1 h Salbutamol para nebulização 0,15 mg/kg (1 gota/ 2-3 kg) máx 20 gotas) Fenoterol para nebulização 0,25 mg (1 gota/3 kg) máx 10 gotas CORTICOSTEROIDES Desempenham papel central no tratamento de pacientes com asma crítica e quase fatal – doença de natureza inflamatória. Aumentam a densidade, a afinidade e a funcionalidade dos receptores beta-adrenérgicos – potencializam a eficácia dos agentes beta-adrenérgicos no relaxamento da musculatura lisa Diminuem a produção de muco nas vias aéreas, reduzem a infiltração e a ativação de células inflamatórias, e atenuam a permeabilidade capilar. Promovem a estabilização membranas lisossomais/celulares Inibição da liberação mediadores inflamatório Aumento da atividade beta-2 adrenérgica Aumento da síntese surfactante EFEITOS COLATERAIS Hipertensão Hiperglicemia Desordens do humor Infecção viral grave Gastrite, perfuração gástrica POSOLOGIA ORAL Prednisona - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 40 mg) Prednisolona sol. oral - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 40 mg) PARENTERAL (IV ou IM) se não aceitar VO Metilprednisolona - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 125 mg) Hidrocortisona - 5 a 10 mg/kg/dose (máx 200 mg) USO PRECOCE NA CRISE ANTICOLINÉRGICO Os agentes anticolinérgicos produzem broncodilatação pela inibição do broncoespasmo mediado por receptores colinérgicos. Diminuem as secreções, o edema da mucosa e o tônus brônquico Brometo de ipratópio Menor potência que β2 adrenérgicos Efeito broncodilatador mais lento 15 min (máx ação em 30-60 min) Uso em associação aos beta 2 – efeito aditivo crise mod/grave DOSE :1 mL = 250 mcg < 10 kg = 125 mcg (10 gotas) > 10 kg = 250 mcg (20 gotas) máx 40 gotas EFEITOS COLATERAIS A absorção pela via inalatória é mínima, com poucos efeitos tóxicos sistêmicos. Secura da boca e gosto amargo. O risco de retenção urinária pode estar aumentado em pacientes com uropatia obstrutiva preexistente. Outros: obstipação, diarreia e vômito, cefaleia. SULFATO DE MAGNÉSIO Diminui a captação de Ca++ pela mm brônquica, levando relaxamento de mm liso de vias aéreas Inibe a degranulação mastócitos Diminui a liberação de Ach em terminais nervosos Reduz a excitabilidade da fibra muscular POSOLOGIA 50 mg/kg ( 25 - 75 mg/kg - dose máx 2 Sulfato de magnésio EV g) (somente em > 2 anos) infundir em 20’ Com monitoração da PA Fora do Brasil já existe Sulfato Mg inalatório - CRISES GRAVES COM SatO2 < 92% Considerar o uso de 3 doses de sulfato de magnésio isotônico por nebulizador (150 mg) na primeira hora para crianças acima de 2 anos com exacerbação grave. TEOFILINA E AMINOFILINA Broncodilatação Vômitos/piora de RGE Irritabilidade Contratilidade diafragma Diurético X Taquicardia/Arritmias Liberação catecolaminas Convulsões endógenas nível terapêutico próximo do tóxico ATENÇÃO! Não subestimar a gravidade de uma crise Tratamento imediato Pacientes de risco História de asma quase fatal (intubação, ventilação mecânica) Em uso (atual ou recente) de corticosteroides orais Uso excessivo de β2-agonistas Doença psiquiátrica ou problemas psicossociais História de não adesão ao tratamento REVISANDO TRATAMENTO DA ASMA AMBULATORIAL TRATAMENTO A asma deve ser rigorosamente controlada de acordo com a gravidade e frequência das crises ou exacerbações. O tratamento é instituído em etapas e a resposta ao tratamento deve ser realizada periodicamente e reajustada conforme a necessidade.