Summary

This document is a lecture or study guide on anthropology, exploring topics such as the definition of anthropology, concepts of culture, ethnicity and nationalism and exploring the relationship between these various concepts. It introduces the role of fieldwork, and how anthropologists study societies.

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Definição de Antropologia. Ciência Social comparativa, pretende analisar aquilo que nos unifica e nos separa. Pensar na relação entre a unidade e a diversidade. Estudar através de uma perspetiva etnográfica as várias sociedades do mundo, comparação transcultural. Como é que essas sociedades (p...

Definição de Antropologia. Ciência Social comparativa, pretende analisar aquilo que nos unifica e nos separa. Pensar na relação entre a unidade e a diversidade. Estudar através de uma perspetiva etnográfica as várias sociedades do mundo, comparação transcultural. Como é que essas sociedades (particulares) se gerem, quais são as suas regras, e como tais regras influenciam o comportamento dos integrantes da sociedade. Fazer uma análise interconectiva global das sociedades. Fazer uma relação entre o local e o global. Trabalho de campo usado para estudar essa sociedade, sempre de forma objetiva. Um antropólogo não tem o objetivo de compreender a sociedade como se fosse um membro dela. Tem de poder traduzir o mundo que está a estudar através de conceitos adequados, e poder conseguir comunicá-los e fazer serem entendidos por quem não está inserido na sociedade. Devido a tal, tem de se distanciar, primeiramente do seu background cultural e seguidamente da sociedade em que se está a inserir. Pretende-se conseguir obter um ponto de vista universal, em que seja possível reconhecer a diferença. Um sítio de obversão, não precisa necessariamente de deslocamento físico. Uma distância relacional não necessita ser geográfica, pode ser social ou cognitiva. A alteridade, o contacto com outras pessoas, é uma noção relativa. Põe em evidência o carácter relativo da nossa existência, incluindo aquelas que pensamos estarem inscritas na ordem natural das coisas. Um facto social total é um fenómeno que sintetiza o conjunto da vida social de um determinado grupo, que tem implicações em toda a sociedade. Há fenómenos sociais que não dependem só de um nível da sociedade, mas que estão interligados, económicos, políticos, religiosos… A abordagem etnográfica é localizada mas não local, pois é comparativa com o resto do mundo. Melting Pot. O melting pot foi um conceito que explicaria um fenómeno que cientistas norte-americanos acreditavam que iria acontecer. O desaparecimento das diversas identificações étnicas devido à mistura cultural. Pensavam que se iriam fundir. Pelo contrário, os fenómenos étnicos persistiram. Segundo esta perspetiva, a identificação étnica estaria interligada com as raízes culturais da sociedade em que cresceste, de maneira irreversível. Se perdesses esses hábitos culturais distintivos, perderias a tua identidade étnica. A base de etnicidade residiria então na morfologia cultural de uma sociedade, e seriam as diferenças culturais entre os grupos que delinearam as diferentes etnias. A etnia era assim entendida como uma propriedade adquirida à nascença. Definição de etnia. Porémmm, etnia não é uma identidade unitária fixa que esteja sempre presente. Trata-se de uma identidade contextual e não exclui a adesão a outros setores da vida social. Pode mudar ao longo do tempo. Um grupo étnico não possui características culturais fixas. A identificação a um grupo étnico é maleável, pode chegar a depender apenas de identificação voluntária ou subjetiva. A etnicidade é um processo. Identidade étnica não depende de diferenças culturais objetivas, pois povos com a mesma língua e religião podem ver-se como distintos. A diferença cultural entre dois grupos, não é, portanto, um aspeto crucial para a identidade étnica. Um grupo étnico não é um grupo cultural, nem a base da etnicidade reside em uma cultura comum. Fredrick Barth - estuda-se a etnia através da análise das barreiras que delimitam uma etnia e da relação entre grupos que mantém essa fronteira. É a fronteira que define um grupo. Dando seguimento à teoria de Barth, a etnicidade é uma categoria de atribuição que classifica os indivíduos. O critério principal é que estes identificam-se como membros do grupo. A fronteira em causa é social e não cultural. A etnicidade produz-se quando as diferenças culturais tornam-se socialmente relevantes por via da interação social. As diferenças sociais estão apenas relacionadas com a cultura se esta lhe der importância. O próprio sentimento de que há uma diferença cultural depende de fatores sociais e não de uma culturalidade objetiva. Os marcadores de separação não são tanto o que é objetivamente diferente, mas aquilo que é visto como diferente. Nacionalismo. O nacionalismo provém de uma ideologia que separa a humanidade em entidades distintas. O nacionalismo é uma ideologia étnica. O nacionalismo cria a nação e não a nação que cria o nacionalismo. Tanto na criação de uma nação, como de uma etnia, são criadas tradições que justifiquem a existência e glória do grupo. São privilegiados elementos que possam servir como símbolos únicos de identidade étnica. Trata-se da noção de uma cultura comum e de um passado partilhado. A ideia de uma solidariedade entre o urbano e o campo é uma invenção do nacionalismo. Nações são comunidades imaginadas, no sentido que os indivíduos desse grupo são levados a acreditar numa comunhão com indivíduos que não conhecem e que nunca irão conhecer, a ponto de sentirem necessidade de se sacrificarem por eles. Aparência física. A aparência física, como característica para classificar uma raça, acaba por não ser neutra. O branco não foi racializado. A atribuição de significado social a certas características físicas foi ditada por definições sociais e não imperativos biológicos. P. Wade - a raça é uma construção social - naturalizamos a raça e damos consistência a esta conceção ao persistirmos que se trata da aparência física. Os europeus criaram o conceito de raça durante o período colonial, de forma a marcar diferenças entre os colonizados e os colonizadores. Interpretamos o conceito de raça através dessa lente. No mundo clássico não existia esta consciência racial, discriminações e separações eram feitas através de outros fatores. MacDonaldização do mundo. A globalização tem estado centrada em duas suposições: A vivência conjunta de grupos com práticas culturais diferentes; e a ocidentalização dos modos de vida e visões do mundo. A transformação cultural é inerente às sociedades, nenhuma permaneceu estática, fechada ou imune a influências externas. Não foi a expansão europeia que inaugurou fluxos de trocas culturais. Mas “culturas” não são vasos comunicacionais que dão e recebem, simplesmente. Tradição. Ulf Hannerz, existe agora uma cultura mundial - diversidade cultural organizada. A diversidade cultural acontece através da relação entre os grupos e não do isolamento dos mesmos. A diferença assentaria na disposição dos grupos de delinear aquilo que os contrasta, uma diferenciação mútua. Cultura é usada de forma consciente, algo a defender enquanto identidade do grupo. Alguns traços indígenas foram inventados, pelos próprios, para consumo turístico, porém, alguns desses ganharam valor identitário. A invenção de tradições são estruturais e não hipócritas. Trata-se de se afirmar culturalmente num sistema mundial. Há uma tendência contemporânea para a procura consciente de raízes culturais organizadas. Tal é um fenómeno urbano com lógicas urbanas, para meios comerciais. Mercadorização da cultura. G. Baumann - aqueles que sentem que têm raízes não sentem necessidade em procurá-las, e muitos dos que têm querem se afastar delas. O reencontro com a “cultura tradicional” implica que houve um distanciamento dela, podendo assim ser vista como um objeto, como uma coisa fixa. Política de Identidade. O conceito de cultura tornou-se um termo chave nos Estados multiétnicos. Passou a ser utilizado como instrumento de mobilização política e de identidade. Investe-se conscientemente na “cultura” enquanto fator de identidade. É também utilizada como emblema em lutas políticas. Pode tornar-se uma base para, por exemplo, a reivindicação de direitos coletivos à autodeterminação. Multiculturalismo. Multiculturalismo - sentido político - Reconhecimento oficial da pluralidade cultural e um tratamento público equitativo de todos os grupos culturais por parte do Estado. Tal pode levar à correção e compensação das discriminações e ações violentas cometidas no passado. Isto não acontece na França, o Estado não reconhece comunidades étnicas, apenas cidadãos individuais. Diferenças são reconhecidas como assunto de foro privado. Multiculturalismo, como modo de gestão da diversidade, é acusado de promover um fechamento das culturas e uma essencialização. O multiculturalismo estaria assim a contribuir para a federação da sociedade em comunidades étnicas. RISCOS: - Encorajar as pessoas a definirem-se como membros da sua comunidade e não como indivíduos próprios. - Favorecer a conformidade e unidade. - Policiamento de qualquer tipo de desvio por parte de puristas. - Induzir separatismo e fragmentação étnica na sociedade. O multiculturalismo não implica forçosamente a negação da individualidade. Não seria a melhor opção criar uma política cultural a partir do Estado, pois tal estaria a contribuir para o fechamento desses indivíduos nos seus grupos. Contudo, o Estado não pode ignorar que existem diferenças e identificações particulares. Perspetiva da Antropologia em relação à cultura. Cultura não é uma bagagem fixa que carregas. São ideias, valores e práticas que te são dadas para melhor entenderes o mundo. São coordenadas de navegação na vida coletiva. Não é uma entidade com existência própria, independente dos indivíduos. Não é algo separável das relações sociais. Não um conteúdo em concreto, não é uma coisa capaz de fazer coisas. São as pessoas que, ao se relacionarem, vão criando e transformando - é um produto intersubjetivo. Uma improvisação guiada sem pauta nem maestro, com base nalgum conhecimento partilhado. É um processo sem finitude. A cultura não é um pacote que se pode trazer na mala. Cultura não é herdada como um património que se passa de geração em geração. Cultura é flexível. Não se pode reduzir “as culturas” como unidades separadas. A visão de subcultura partilha uma visão essencialista. Etnocentrismo e relativismo. O relativismo cultural profere que cada sociedade ou cultura é única, sendo, por conseguinte, absurdo ordená-las umas às outras numa escala valorativa universal. PROBLEMAS APONTADOS: - Exagerar a coerência interna de cada “cultura” - vendo-a como um todo fechado. - Absolutizar as diferenças e subestimar a possibilidade de as transcender. - Implica uma opinião moral minimalista e com armadilhas, pois pode-se legitimar tudo em nome da “cultura”. TIPOS DE RELATIVISMO: - Relativismo Metodológico: Suspender os juízos de valor em relação às várias práticas e comportamentos humanos, apenas observando, de maneira a poder compreendê-las. Essencial para a Antropologia. - Relativismo cognitivo ou Epistemológico: As sociedades poderiam apresentar conceitos e formas de pensamento tão radicalmente diferentes que o entendimento mútuo seria impossível. Nega a possibilidade de encontrar equivalências nas diferenças. - Relativismo ético ou moral: Qualquer prática é defensável se a comunidade a considerar tradição. Etnocentrismo é a crença de que o mundo (valores, práticas e visões) em que fomos socializados é superior a todos os outros. J. Pouillon - Nos extremos, relativismo cultural e etnocentrismo tocam-se no sentido em que fecham o indivíduo na respetiva cultura. O que os distingue é que um reconhece a pluralidade das prisões, enquanto noutro não se dá pela existência de uma.

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