Anatomia e Histologia 2 PDF - Sistema Digestivo
Document Details
Uploaded by Deleted User
Tags
Related
- Conferencia 5 Digestivo Glandulas Anexas Revisada 2023 PDF
- Resumen del Sistema Digestivo PDF
- Resumen de Ross PDF - Resumen de Histología
- APG Sistema Digestivo PDF
- Anatomia, Embriologia, Histologia e Fisiologia dos Órgãos do Sistema Digestivo Superior - APG Sistema Digestivo - PDF
- Guía de Estudio de Histología - Sistema Digestivo PDF
Summary
Este documento fornece uma descrição e análise do sistema digestivo. Abordando aspectos de anatomia e histologia do trato gastrointestinal, da cavidade oral e das glândulas salivares, faringe, esófago e estômago. Inclui a estrutura básica dos órgãos digestivos e as suas funções.
Full Transcript
Sistema Digestivo Aula VI – 12.Nov.2008 O sistema digestivo é constituído por. - Trato Gastrointestinal: tubo contínuo onde o alimento é digerido e absorvido; - Cavidade oral; - Faringe, - Esófago; - Estômago;...
Sistema Digestivo Aula VI – 12.Nov.2008 O sistema digestivo é constituído por. - Trato Gastrointestinal: tubo contínuo onde o alimento é digerido e absorvido; - Cavidade oral; - Faringe, - Esófago; - Estômago; - Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo); - Intestino grosso (cego, cólon ascendente, transverso e descendente); - Reto e canal anal; - Ânus; - Órgãos acessórios: ajudam à digestão mecânica e química; - Língua, dentes, glândulas salivares e amígdalas; - Fígado e vesícula biliar; - Pâncreas; - Glândulas mucosas. As principais funções do sistema digestivo são: - Ingestão de alimentos e líquidos; - Secreção de substâncias para o trato gastrointestinal; - Misturação e propulsão dos alimentos através da contração e relaxamento do músculo liso das paredes dos órgãos do trato; - Digestão mecânica (por processos mecânicos, como a mastigação) e digestão química (por ação de enzimas presentes nos sucos); - Absorção das substâncias digeridas; - Defeção de substâncias não digeridas, bactérias e resíduos. Página | 112 Histologia geral Todos os órgãos do trato gastrointestinal têm a mesma estrutura básica dividida em quatro túnicas: - Mucosa: túnica mais interna. Membrana mucosa formada por epitélio estratificado pavimentoso (boca, faringe, esófago e ânus) ou epitélio cilíndrico simples (no restante tubo digestivo) em contacto com o lúmen, lâmina própria de tecido conjuntivo laxo e que pode apresentar nódulos linfáticos, e mucosa muscular, uma fina camada de tecido muscular liso na zona mais externa da túnica mucosa; - Submucosa: camada de tecido conjuntivo muito vascularizada (capilares sanguíneos e linfáticos) que participa ativamente na absorção. Liga as túnicas mucosa e muscular e apresenta redes de neurónios do sistema nervoso entérico, o plexo submucoso (Meissner); - Muscular: camada de tecido muscular esquelético (boca, faringe, esófago superior e esfíncter anal) ou tecido muscular liso (no restante tubo digestivo) com fibras circulares (zona interna) e fibras longitudinais (zona externa regra geral). Apresenta uma rede de neurónios do sistema nervoso, o plexo mientérico (Auerbach); - Serosa ou adventícia: camada mais externa. Formada por tecido conjuntivo e epitélio pavimentoso simples, segrega um fluido, líquido peritoneal, que reduz a fricção entre os diferentes órgãos. Forma o peritoneu visceral. Órgãos intraperitoneais têm serosa, extraperitoneais têm adventícia. Encontra-se serosa no esófago supra-diafragmático. O peritoneu é a maior membrana serosa do nosso corpo e está dividida em peritoneu parietal (cobre as paredes da cavidade abdominal) e peritoneu visceral (cobre os órgãos da cavidade abdominal). O peritoneu parietal apresenta ainda o mesentério e o mesocólon, bainhas de tecido conjuntivo que prendem, respetivamente, o intestino delgado e grosso à parede abdominal. O peritoneu cobre todo o tubo digestivo do abdómen abaixo, começando na ligação do esófago ao estômago. Página | 113 Cavidade oral e glândulas salivares A cavidade oral está dividida em duas regiões: - Vestíbulo: espaço semelhante a uma fenda anterior aos dentes e à gengiva e posterior aos lábios e às bochechas; - Cavidade própria da boca: espaço posterior aos dentes. Limitado lateral e anteriormente pelos arcos alveolares maxilares e mandibulares, limitado superiormente pelo palato. A boca, ou cavidade oral ou bucal, é formada pelas bochechas (paredes laterais da face, constituídas externamente por pele e internamente por mucosa), pelo palato duro (parede superior anterior formada pelos ossos maxilar e palatino), pelo palato mole (parede superior posterior formada por tecido muscular), pela língua (importante para o transporte de alimentos, sentido do gosto – papilas gustativas, e fala) e pela gengiva (mucosa que reveste o osso onde se implantam os dentes). O palato mole apresenta uma projeção, a úvula, que está suspensa na região superior e posterior da cavidade bucal e que, durante a deglutição, se eleva e impede que o alimento passe para a cavidade nasal ao tapar a nasofaringe. Os dentes têm 6 faces: - Vestibular: virada para o vestíbulo, anterior; - Lingual ou palatina: virada para a língua ou palato, posterior; - Oclusiva: virada para arcada oposta, de contacto entre dentes de arcadas opostas; - Medial: mais próxima da linha média da boca; - Distal: mais afastada da linha média da boca; - Cervical: virada para a região gengival. Página | 114 A cavidade da boca é onde o alimento é ingerido e preparado para a digestão no estômago e intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva, proveniente das glândulas salivares, facilita a formação de um bolo alimentar controlável. A deglutição é iniciada voluntariamente na cavidade da boca (fase oral) e o bolo alimentar é empurrado para a faringe onde ocorre a fase automática da deglutição. As glândulas salivares segregam e drenam saliva para a cavidade nasal. A saliva é composta maioritariamente por água (99,5%) e contém amílase salivar, uma enzima digestiva. O seu muco ajuda a lubrificar os alimentos e a matar bactérias, contribuem para o combate de infeções da mucosa bucal. O processo de salivação é controlado pelo sistema nervoso autónomo. Existem 3 tipos de glândulas salivares: - Parótidas: Localizadas inferior e anteriormente às orelhas, entre a pele e o músculo masséter. Tem dois lobos, o superficial e o profundo. É atravessada pelo nervo facial, apesar de não ser inervada por este mas sim pelo nervo glossofaríngeo (nervo IX). É uma glândula serosa (basófilas/ coradas azul e núcleos centrais) com adipócitos. Têm o ducto parotídeo ou de Stensen. - Submandibulares: localizadas na base da boca, na parte medial e inferior da mandíbula. 95% serosa e 5% mucosa (descoradas, núcleos basais). Têm o ducto submandibular ou de Wharton. - Sublinguais: localizadas por baixo da língua e superiormente às glândulas mandibulares. 35% serosa e 65% mucosa. Têm o ducto sublingual ou de Rivinus. As 3 glândulas são lobuladas e envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo. Página | 115 Faringe e esófago Quando é engolido, o bolo alimentar passa para a faringe e, pela contração muscular da orofaringe e da laringofaringe, é encaminhado para o esófago. A faringe é comum a dois sistemas, tem início na base do crânio até à vértebra C6. É dividida em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe/hipofaringe. O esófago é um tubo fibro-músculo-mucoso que se estende entre a faringe e o estômago. Localiza-se posteriormente à traqueia, tem início à altura da 7ª vértebra cervical no esfíncter esofágico superior (formado por músculo esquelético), perfura o diafragma por uma abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior do estômago, no esfíncter esofágico inferior (formado por músculo liso). O esfíncter superior abre para permitir a passagem de alimento quando a epiglote tapa a traqueia. O esfíncter inferior une-se ao estômago no cárdia. É um esfíncter fisiológico (não tem função de abrir e fechar) formado pelo ângulo do estômago no cárdia e por estar rodeado pelo diafragma. O esófago é também delimitado por uma linha que representa a junção esofagogástrica, onde a mucosa do esófago se encontra com a mucosa do estômago chamada Linha Z. Página | 116 É formado por três porções: - Porção Cervical: está em contacto íntimo com a traqueia. - Porção Torácica: porção mais importante, passa por trás do brônquio esquerdo (mediastino superior, entre a traqueia e a coluna vertebral). - Porção Abdominal: repousa sobre o diafragma e pressiona o fígado, formando a impressão esofágica. Quando não há alimento esófago, este encontra-se praticamente colapsado, permitindo apenas a passagem de uma fina camada de ar. Já a presença de alimento no seu interior estimula a atividade peristáltica e faz com que o alimento se mova em direção ao estômago por ação de contrações musculares repetidas. Apesar de o esfíncter esofágico inferior impedir a refluxo de alimentos do estômago para o esófago, por vezes dá-se refluxo gastroesofágico, ou seja, o esfíncter não se fecha adequadamente após a entrada de alimento no estômago e este reflui para a parte inferior do esófago, provocando uma sensação de ardor – azia. Quando o esófago infradiafragmático atravessa para acima do diafragma, forma-se uma hérnia do hiato. Acalásia é quando o esfíncter esofágico inferior não relaxa. Do ponto de vista histológico o esófago apresenta as 4 camadas típicas de todos os órgãos do trato gastrointestinal, com algumas particularidades: - Mucosa: epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; lâmina própria de tecido conjuntivo laxo e rica em células linfoides; muscular da mucosa particularmente desenvolvida (± duas camadas); - Submucosa: tecido conjuntivo denso rico em fibras elásticas, com glândulas mucosas (lubrificação), vasos e nervos; - Muscular própria: camada circular interna e longitudinal externa de músculo liso. Músculo esquelético no terço superior; - Adventícia: tecido conjuntivo laxo, tecido adiposo e principais vasos e nervos; - Serosa: abaixo do diafragma, oferece suporte. Página | 117 Estômago O estômago é um órgão dilatado em forma de J (embora a sua forma e tamanho variem constantemente), situado no abdómen, logo abaixo do diafragma, e que funciona como zona de mistura e armazenamento dos alimentos enquanto estes não passam para o intestino, trata da trituração mecânica e digestão química. Ligase ao esófago pelo esfíncter esofágico inferior e ao duodeno pelo esfíncter pilórico, apresenta uma curvatura maior (margem esquerda, contacta com o baço) e uma curvatura menor (margem direita, contacta com o fígado), e está dividido em 4 regiões: - Cárdia: zona que envolve a abertura superior do estômago, é um esfíncter fisiológico formado pelo ângulo do estômago e o diafragma; - Fundo: zona superior e à esquerda da cárdia; - Corpo: zona inferior ao fundo e central do estômago; - Piloro: zona estreita na região mais inferior do estômago, onde se encontra o esfíncter pilórico, é um esfíncter anatómico pois tem músculo circular que fecha como uma escotilha. O estômago apresenta as quatro camadas típicas do Sistema Digestivo, com algumas particularidades: - Mucosa: quando está vazio apresenta rugas e a sua membrana mucosa apresenta criptas gástricas. Tem células mucosas da superfície – epitélio cilíndrico simples (daqui até ao ânus exclusive é sempre cilíndrico simples) que têm tanto muco para contrariar e proteger do pH ácido que também têm núcleos basais, uma camada muscular (muscular da mucosa), e glândulas gástricas constituídas por diferentes tipos de células: - Células mucosas, que podem ser caliciformes de núcleo basal descoradas, segregam muco; - Células principais, péptidas ou zigogénicas são basófilas (roxas) e pequenas, segregam pepsinogénio que se ativa em pepsina; Página | 118 - Células parietais, grandes e redondas de núcleo central, com cor eosinófila (vermelho), segregam ácido clorídrico e fator intrínseco (permite a absorção da vitamina B12 no intestino delgado), juntas segregam os componentes do suco gástrico, - Células G ou entero-endócrinas, segregam gastrina que estimula a produção de HCl pelas células parietais, - Células estaminais. - Submucosa: tecido conjuntivo laxo, distensível, com abundantes fibras elásticas e de colagénio. Muito vascularizada, com vasos linfáticos e fibras nervosas; - Camada muscular: tem 3 camadas musculares em vez de 2 – camada oblíqua interna, circular média e longitudinal externa; - Adventícia: tecido conjuntivo laxo revestido por mesotélio. Quando vemos criptas muito profundas e com poucas glândulas e mais basófilo (roxo) é piloro. Istmo - tem células mucosas superficiais, forma uma barreira citoprotetora; Colo - maioritariamente células parietais; Base/corpo - células principais, estaminais e células G; Nódulos linfoides/MALT - montes de núcleos (linfócitos) muito pequenos juntos. Intestino Delgado O intestino delgado é um órgão muito longo e adaptado à absorção. A sua extensão fornece uma grande área de superfície para a digestão e absorção, sendo ainda muito aumentada pelas pregas circulares, vilosidades e microvilosidades. Está dividido em três zonas: - Duodeno: zona curta ligada ao piloro do estômago; - Jejuno: onde ocorre a maior parte da absorção, tem vilosidades mais longas; - Íleo: zona terminal que comunica com intestino grosso pelo esfíncter ileocecal. Dá-se menos absorção e secreção de enzimas, mas maior produção de muco para lubrificação. Página | 119 O duodeno é a primeira porção do intestino e a única que se encontra fixa, a sua porção superior é intraperitoneal enquanto a sua porção distal é retroperitoneal. É o local onde o fígado e o pâncreas lançam as suas secreções e está dividido em quatro porções: - Superior ou Bulbo-duodenal: encontra-se à altura do corpo da vértebra L1; - Descendente: apresenta duas elevações, a grande papila e a pequena papila. Na grande papila abre-se a ampola de Vater (ampola hepatopancreática), que resulta da junção dos canais excretores do fígado (canal colédoco) e do pâncreas (canal de Wirsung). Em redor da ampola de Vater encontra-se o esfíncter de Oddi. Localiza-se aproximadamente da L1 até à L4; - Horizontal: localiza-se entre a L3 e a L4 - Ascendente: ascende até à L2 e termina no ângulo de Treitz. Após o duodeno ascendente existe o ângulo de Treitz e começa aí o jejuno. O duodeno, o jejuno e o íleo são estruturalmente semelhantes, no entanto, à medida que se progride no intestino, verifica-se uma diminuição gradual do seu diâmetro, um espessamento da parede intestinal e um aumento do número de pregas e vilosidades. Existem mais pregas no jejuno, o íleo tem uma aparência mais lisa. A parede do intestino delgado é formada pelas típicas quatro camadas. As camadas mucosa e submucosa estão dispostas em pregas, as válvulas de Kerkring (ou válvulas coniventes). Existem 4 tipos de pregas no intestino delgado, pregas circulares, vilosidades (evaginações da mucosa), glândulas intestinais (invaginações da mucosa também chamadas, criptas de Lieberkühn) e microvilosidades. Na mucosa, a área de absorção é muito amplificada devido à existência de projeções, as vilosidades intestinais, cada uma com uma arteríola, uma vénula, uma rede de capilares e um vaso linfático. Essas vilosidades estendem-se em profundidade e terminam formando criptas na mucosa muscular, as criptas de Lieberkuhn. Esta camada é formada por epitélio simples cilíndrico com microvilosidades e diversos tipos de células: - Células caliciformes: produtoras de muco, cuja função é lubrificar e proteger o epitélio intestinal; - Células de Paneth: células exócrinas cujos grânulos contêm lisozima, uma enzima com atividade antibacteriana e produzem IgA (anticorpos), são muito eosinófilas (vermelhas) com citoplasma granulado; - Células entereoendócrinas: secretam hormonas polipeptídicas; - Enterócitos: epitélio simples cilíndrico, especializadas na absorção; - Células estaminais; - Linfócitos intraepiteliais: (no íleo). Página | 120 Na zona do íleo, a camada mucosa apresenta aglomerados de nódulos linfáticos, as chamadas placas de Peyer (MALT ou GALT como se trata do tubo gastrointestinal). A camada submucosa apresenta algumas diferenças nas várias porções do intestino: - No duodeno encontram-se glândulas de Brunner que segregam um muco alcalino, pelo que têm a características de glândulas mucosas (núcleo basal, pouco coradas), responsável por neutralizar a ação dos ácidos gástricos, a enzima lisozima, fator de crescimento epidérmico e parte da molécula IgA; - No jejuno e íleo, a submucosa é formada por tecido conjuntivo com vasos sanguíneos e linfáticos, plexo nervoso submucoso (Plexo de Meissner) e células ganglionares, mas não apresenta glândulas de Brunner; A camada muscular do intestino delgado é formada por fibras musculares circulares internas e longitudinais externas, entre as quais se encontra o plexo mioentérico (plexo de Auerbach). A camada adventícia de tecido conjuntivo laxo está em ligação com o peritoneu. Dica: No intestino delgado estão todos os nomes estranhos: Auerbach, Brunner, Meissner, Paneth e Peyer. Além disso, para lembrar os plexos, nunca têm os 2 M’s juntos, logo o plexo submucoso é o de Meissner e o plexo mioentérico é o de Auerbach. Página | 121 Intestino grosso O intestino grosso é a última porção do tubo digestivo e estende-se da válvula ileocecal até ao ânus. Termina a absorção de água e alguns iões, produz certas vitaminas e é responsável pela formação e expulsão das fezes. Está dividido em várias regiões: - Cego: tem início na junção com o íleo (esfíncter ileocecal) e contém o apêndice vermiforme; - Cólon: ascendente, transverso, descendente e sigmoide; - Reto: localizado na cavidade pélvica; - Canal anal: tem um esfíncter interno (involuntário) e um esfíncter externo (voluntário) contido no períneo; - Ânus. O apêndice vermiforme tem todo o MALT (ou GALT) do intestino grosso. Podemos dividir o intestino grosso em direito e esquerdo no segundo terço do cólon transverso. Direito: é irrigado pela artéria mesentérica superior e tem inervação simpática pelo nervo vago (nervo X); Esquerdo: é irrigado pela artéria mesentérica inferior e inervado simpaticamente pelos nervos das vértebras sacrais S2-S4, o plexo sagrado. Do ponto de vista histológico, o cólon não apresenta vilosidades, ao contrário do estômago, as glândulas intestinais abrem-se na parede e não nas pregas, e também tem 4 camadas: - Mucosa: epitélio cilíndrico simples com células caliciformes (mais abundantes no cólon esquerdo) e células absortivas com microvilosidades (mais abundantes no cólon direito), glândulas tubulares simples e tecido linfoide abundante; - Submucosa: tecido conjuntivo laxo vascularizado, com infiltrações linfocíticas e sem glândulas, aparenta ter muitos núcleos devido aos linfócitos, também tem o plexo de Meissner; - Muscular: mais espessa e mais evidente que a camada muscular do intestino delgado. Camada muscular circular interna e longitudinal externa descontínua, organizada em três faixas, as ténias do cólon, também se pode encontrar o plexo de Auerbach; - Adventícia: tecido conjuntivo laxo revestido por mesotélio. Página | 122 Os ⅔ distais do reto não são tapados por peritoneu. Nos homens ele relaciona-se com a bexiga, nas mulheres relaciona-se com a vagina e o útero. Pâncreas O pâncreas é um órgão retroperitoneal alongado que se situa transversalmente no abdómen e se estende do duodeno até ao baço. Divide-se em 3 partes - cabeça (parte mais volumosa), corpo e cauda (extremidade mais estreita), e desempenha funções simultaneamente endócrinas (ilhéus de Langerhans – controlo dos níveis de insulina) e exócrinas (sucos digestivos). É lobulado e a sua porção exócrina é formada por epitélio glandular, organizado em ácinos, com células que segregam o suco pancreático, um líquido incolor formado por água, sais, bicarbonato de sódio e enzimas. Os grupos de ácinos estão ligados por pequenos canais intercalares a canais intralobulares que abandonam os lóbulos para formar os canais interlobulares, entre os lóbulos. Os canais interlobulares juntam-se ao canal pancreático principal, ou canal de Wirsung, que termina na 2ª porção do duodeno. Este, por sua vez, junta- se ao canal colédoco na ampola de Vater, ou ampola hepatopancreática. Exócrinas: glândulas serosas (proteínas), em unidades, ácinos ou túbulos, por vezes com lúmen. No pâncreas os ácinos têm células centro-acinais (ducto intercalar). Pouco tecido adiposo e não têm ducto estriado. Endócrinas: produzem hormonas nos ilhéus de Langerhans, que têm aparência clara devido a não terem glândulas serosas, onde há capilares fenestrados, têm quatro tipos de células: - Alfa: produzem glucagon, aumenta a glicemia; - Beta: produzem insulina, diminui a glicemia; - Delta: produzem somatostatina, inibe as anteriores; - PP: produzem o polipéptido pancreático. Página | 123 Fígado e Vesícula Biliar O fígado localiza-se abaixo do diafragma, do lado direito, que desempenha variadíssimas funções, entre elas o metabolismo de proteínas, glícidos e lípidos, destoxificação, biotransformação de fármacos/tóxicos, síntese de fatores de coagulação, inativação de hormonas, remoção de eritrócitos mortos, acumulação de vitaminas e minerais, ativação de vitamina D e produção de bílis. O fígado produz angiotensinogénio esta reage com renina produzida nos rins tornando-se em angiotensina I que, ao reagir com uma enzima conversora de angiotensina passa a angiotensina II, esta última leva à secreção de aldosterona, retenção de sais, água e vasoconstrição. Este chama-se o eixo RAA para a regulação da pressão arterial pela vasoconstrição, retenção de sais e água. Ele também produz trombopoietina que estimula a produção de plaquetas na medula óssea. A vesícula biliar armazena a bílis, visto que esta é produzida a toda a hora, contraindo-se para a expulsar para o duodeno, esta segue pelo canal cístico até ao ducto biliar comum (colédoco). A bilirrubina é o que dá a cor amarela à bílis e a cor castanha às fezes, ela surge do processo de remoção de eritrócitos. O fígado tem um aspeto homogéneo, é envolvido por uma camada de tecido fibroso, a cápsula de Glisson, e é formado por quatro lóbulos (principais – direito e esquerdo, menores – caudado e quadrado). Cada lóbulo hepático é uma unidade estrutural hexagonal e é constituído por hepatócitos dispostos irregularmente em torno de uma veia centro lobular, o ramo inicial da veia hepática. Na sua periferia, no espaço porta, passa um conjunto chamado a tríade portal composta por uma veia porta (transporta sangue rico em produtos finais da digestão), uma artéria hepática (transporta sangue rico em oxigénio), que se ramificam para o interior do lóbulo em capilares designados sinusoides e que desembocam na veia central, e ductos biliares (transportam a bílis). O espaço entre as sinusoides e os hepatócitos recebe o nome de espaço de Disse e é composto por uma rede de fibras reticulares. Nas paredes das sinusoides encontram-se células Página | 124 de Kupffer, fagócitos que destroem células sanguíneas mortas, bactérias, etc, e que constituem o sistema monócito-macrofágico, e células de ito, que acumulam vitamina A e lípidos. Os hepatócitos são células eosinófilas (vermelhas) com zonas descoradas devido ao armazenamento de glicogénio, de núcleo redondo e grande, formando cordões com microvilosidades. Extraem água e substância dissolvidas provenientes do sangue que circula nas sinusoides e segregam uma substância amarelada, a bílis, composta por água, eletrólitos, colesterol, pigmentos biliares e sais biliares. A bílis é segregada para os canalículos biliares, canais coletores de bílis sem parede própria, que se dirigem do centro para a periferia através de um ducto curto, o canal de Hering, até ao ducto biliar da tríade portal. Os ductos biliares vão-se alargando gradualmente até que se fundem no ducto hepático comum e, posteriormente, se juntam ao ducto cístico e formam o ducto biliar comum. Página | 125 Enquanto os lóbulos são as unidades estruturais do fígado, as suas unidades funcionais são os ácinos hepáticos. Os ácinos dividem-se em: - Estroma: rede de reticulina do espaço de Disse; - Parênquima: hepatócitos - zona I: mais próxima dos ramos portais; - zona II: zona intermediária; - zona III: zona próxima à veia centro-lobular. Embora a bílis não contenha enzimas digestivas, ela desempenha um papel muito importante na digestão, diluindo e neutralizando o ácido gástrico e emulsionando as gorduras. Se estiver a ser necessária para a digestão quando é produzida, a bílis é diretamente canalizada para o duodeno. Caso contrário, é armazenada na vesícula biliar. No fígado dá-se a entrada de sangue rico em produtos da digestão pela veia porta que resulta da junção das veias mesentéricas superior e inferior e da veia esplénica, formando assim o sistema porta hepático, o maior sistema porta do corpo. O fígado é irrigado 75% pela veia porta e 25% pela artéria hepática. Ele é também dividido de várias formas, em 4 lobos e em 8 segmentos. O lobo direito é o maior dos quatro, sendo o lobo esquerdo menor e achatado. O lobo caudado encontra-se entre a veia cava inferior e o lobo esquerdo, enquanto o lobo quadrado está localizado entre a vesícula biliar e a fissura do ligamento redondo do fígado. A parte esquerda do fígado, que é conhecida como fígado funcional, contém todos os lobos, exceto o lobo direito. Página | 126 A divisão em segmentos é feita em função da irrigação do segmento. - Segmento 1: é o lobo caudal, irrigado independentemente, drena para a veia cava inferior ou a supra-hepática direita; - Segmento 4: é a metade esquerda do lobo direito e o lobo quadrado, irrigado e drenado pelo ramo portal esquerdo e veia supra-hepática média e esquerda; - Segmentos 2 e 3: são o lobo esquerdo, irrigados e drenados pelo ramo portal esquerdo e supra-hepática esquerda; - Segmentos 5 a 8: são do lobo direito, irrigados e drenados pelo ramo portal direito e veia supra-hepática direita (o 5 e o 8 também são pela veia supra-hepática média). Peritoneu O peritoneu é a membrana serosa que envolve órgãos muito móveis. É composto por um folheto parietal, aplicado na parede abdominal e um folheto visceral que reveste os órgãos abdomino-pelvicos. Entre os dois folhetos circula líquido peritoneal para proteção, irrigação e lubrificação da cavidade peritoneal, reduzindo o atrito entre os diferentes órgãos envolvidos pelo peritoneu e permitindo a motilidade ideal durante a digestão. O peritoneu é formado por várias pregas cujas funções e nomes variam. Quando envolve um órgão, o une à parede e contém vasos sanguíneos chama-se um meso. Quando une dois órgãos e contém vasos chama-se um Omento ou Epíploo. Quando une um órgão a outro ou à parede sem vasos chama-se um ligamento. Página | 127 Podemos dividir a cavidade abdominal relativamente ao mesocólon transverso em supra- mesocólica e infra-mesocólica. Algumas zonas importantes do peritoneu são: - Ligamento falciforme: une o fígado ao peritoneu parietal da parede torácica; - Omento Menor: une o estômago e o fígado, o lobo esquerdo e caudal com a cárdia e a curvatura menor; - Mesocólon e Mesentério: unem, respetivamente, os cólons ascendente, transverso, descendente e sigmoide e os restantes intestinos à parede abdominal; - Omento Maior: une estômago e cólon transverso, pela grande curvatura e o piloro, dá origem à bolsa omental (saco maior). Órgãos intraperitoneais: artérias mesentéricas, estômago, 1º parte do duodeno, jejuno, íleo, cólon transverso e sigmoide, fígado, baço e 1º terço do reto. Órgãos retroperitoneais: artéria aorta, rins, glândulas suprarrenais, ureteres, pâncreas, duodeno distal, cólon ascendente e descendente. Também se pode dizer que órgãos como a bexiga e o reto são subperitoneais, apesar de quando a bexiga estar cheia dizer-se ser pré-peritoneal. Página | 128 Sistema respiratório Aula VII – 19.Nov.2008 O sistema respiratório é constituído por: - Vias aéreas superiores: - Nariz (Fossas nasais e seios perinasais); - Faringe (comum ao sistema digestivo); - Laringe - Vias aéreas inferiores: - Traqueia; - Brônquios; - Pulmões; - Pleura e músculos da respiração. O sistema respiratório também pode ser dividido com base na função dos seus órgãos: - Zona de condução (cavidades condutoras do ar): nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, brônquios terminais; - Zona respiratória (tecidos onde ocorrem trocas gasosas): bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos pulmonares. As funções do sistema respiratório incluem: - Trocas gasosas: fornecimento de oxigénio e remoção de dióxido de carbono; - Regulação do pH: os níveis de CO2 do sangue estão associados ao seu pH; - Fonação: o som é produzido nas cordas vocais através da passagem de ar; - Olfato/Paladar: quando moléculas em suspensão atravessam a cavidade nasal ou a língua produzem a sensação de cheiro, que também está associada ao paladar; - Proteção: quando o ar passa nas vias respiratórias é filtrado e a passagem de alguns microrganismos é dificultada ou mesmo impedida; - Aquecimento: à medida que passa do aparelho respiratório o ar é aquecido, humedecido e misturado. Página | 129 Nariz O nariz é uma protuberância situada no centro da face. A sua parte exterior denomina-se nariz externo, ou pirâmide nasal, e é formada por osso e cartilagem cobertos por pele. A sua parte interior, a cavidade nasal, é subdividida em dois compartimentos, as fossas nasais, pelo septo nasal. A porção anterior do septo é formada por cartilagem, já a sua porção posterior é constituída pelo vómer e pela lâmina perpendicular do osso etmoide. A cavidade nasal está em ligação com os seios perinasais (frontal, esfenoide, maxilar e etmoide) e com os ductos lacrimais, e é revestida por membranas mucosas. A cavidade nasal apresenta três conchas ou cornetos nasais (superior, médio e inferior) a concha inferior é o seu próprio osso e as restantes são parte do etmoide. Cada fossa nasal tem um orifício anterior, a narina, e um orifício posterior, a choana, que faz a comunicação com a faringe. O palato duro separa a cavidade nasal da cavidade bucal. O osso etmoide tem orifícios por onde passam os filetes axónios dos nervos olfativos. No epitélio olfativo, região da concha nasal superior e parte correspondente do septo nasal, encontram-se recetores olfativos. Os seios perinasais são cavidades ocas nos ossos do crânio, servem de câmara de ressonância para o ar, tornam o crânio mais leve, contribuem para a secreção de mucos e humidificam e aquecem o ar inalado. Estes drenam para os meatos, espaços entre as conchas. O ar entra pelas narinas, flui pelas fossas nasais e espirala em volta das conchas, onde é aquecido, devido à presença de muitos capilares, filtrado e humedecido. Além disso, as fossas também retêm o calor e humidade do ar que saí. A cavidade nasal é revestida por epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado que apresenta células caliciformes produtoras de muco. O muco e o excesso de produção de lágrimas (que são drenadas para a cavidade nasal) humedecem o ar e, juntamente com os pelos que se encontram no nariz, prendem partículas em suspensão no ar. Os cílios vão movendo o muco até à faringe onde este é engolido ou cuspido, removendo-se assim as partículas indesejadas do trato respiratório. Rinite é a inflamação das fossas nasais, sinusite é a inflamação dos seios, a inflamação leva à produção de muco. Página | 130 Faringe A faringe, também conhecida como garganta, é um tubo que começa nas choanas e estende- se para baixo no pescoço, até à laringe. Tem uma localização posterior às cavidades nasal e oral e anterior à coluna cervical. As suas paredes são formadas por músculo esquelético e estão revestidas por membranas mucosas. A faringe é comum aos tratos respiratório e digestivo, servindo de passagem tanto para o ar como para alimentos. Para além dessa função, também serve de câmara de ressonância para a fala. Está dividida em três regiões anatómicas: - Nasofaringe (parte superior): comunica com as canoas e com as trompas de Eustáquio (ouvidos), na sua parede posterior encontra-se a tonsila faríngea. Tem epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado que ajuda a movimentar o muco e realiza trocas de ar com o ouvido de modo a regular a pressão de ar com o ouvido médio; - Orofaringe (parte média): comunica superiormente com a cavidade bucal e com a nasofaringe. Apresenta as tonsilas palatina e lingual; - Laringofaringe (parte inferior): comunica inferiormente com a laringe e com o esófago. Aponevrose faríngea - posterior à cartilagem tiroideia, entre músculo e mucosa da faringe. - Músculos: - Constritores: superior, médio e inferior, facilitam o ato da deglutição ao empurrar o bolo alimentar inferiormente; - Elevadores: Palatofaríngeo (eleva a faringe para fechar a nasofaringe durante a deglutição), Salpingofaríngeo (eleva os aspetos superior e lateral da faringe) e Estilofaríngeo (elevar a faringe e expandi-la lateralmente). Página | 131 Laringe A laringe é um tubo curto formado por cartilagem hialina e revestido por membranas mucosas, que faz a comunicação entre a faringe e a traqueia. Situa-se na linha média entre a 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais e tem como função: - Passagem de ar durante a respiração; - Produção de som (fonação); - Impedimento da passagem de alimentos e objetos estranhos para as vias respiratórias inferiores. A laringe pode ser dividida em três andares: - Supraglótica: acima das cordas vocais - Infraglótica: abaixo das cordas vocais - Glótica: zona das cordas vocais Entre as estruturas de cartilagem hialina da laringe podemos distinguir a maçã de Adão, ou cartilagem tiroide, localizada na sua parede anterior e mais desenvolvida nos homens, a cartilagem cricoide, um anel de cartilagem (onde se fazem as traqueostomias) que forma a parede inferior da laringe e comunica com o primeiro anel cartilaginoso da traqueia, e as cartilagens aritenoides, que estão ligadas às cordas vocais verdadeiras e a músculos que participam na fonação. As cartilagens tiroide, cricoide e a epiglote são ímpares, enquanto as cartilagens aritenoides, corniculada e cuneiforme (ou de Wrisberg) são pares. Os ligamentos intrínsecos da laringe são o cricotiróideo, o ligamento vestibular e o vocal, enquanto os extrínsecos são a membrana tiroide o ligamento cricotraqueal. Uma outra estrutura muito importante da laringe é a epiglote, uma larga estrutura de cartilagem elástica revestida por epitélio. Uma parte da epiglote fixa-se ao osso hioide e à cartilagem tireoide enquanto a outra continua solta. Durante a deglutição a epiglote fecha a laringe, impedindo a passagem de alimento para os pulmões e forçando-o a seguir para o esófago. Durante a inspiração a epiglote eleva-se criando uma abertura que permite a passagem do ar. Página | 132 Movimento do Movimento dos Aritenoides Movimento do Movimento do Cricoaritenoide lateral transverso e oblíquo Cricoaritenoide posterior Tireoaritenoide Músculos da laringe: - Músculos intrínsecos: alteram o comprimento e tensão das cordas vocais. - Constritores da glote: aproximam as pregas vocais - Cricoaritenóideo lateral: faz rotação interna da cartilagem aritenoide, (adução das pregas vocais), une as pregas vocais; - Aritenóideos transverso e oblíquo: deslizam medialmente as cartilagens aritenoides fecham por completo a rima glótica, formando o esfíncter laríngeo. - Dilatadores da glote: - Cricoaritenóideo posterior faz a rotação externa da cartilagem aritenoide, (abdução das pregas vocais), afasta as pregas vocais, abertura da rima glótica; Página | 133 - Tensores da glote: tornam o som produzido mais agudo - Tireoaritenoideu: tensionam os ligamentos vocais; - Cricotiroideu: inervado pelo nervo laríngeo superior, puxa a cartilagem tiroideia para a frente tensionando os ligamentos vocais. - Músculos extrínsecos: ligam-se ao osso hioide e movimentam a cartilagem tiroideia. - Supra-hioideus: são ligados ao aspeto superior do osso hioide, e funcionam para fixá-lo, bem como para elevá-lo, juntamente com a laringe. - Miloioide - Digástrico - Estilo-hioide - Infra-hioideus: parte da laringe inferior, inserem-se nela, bem como no aspeto inferior do osso hioide. Abaixam a laringe e o osso hioide. - Omoioide - Tiro-hioide - Esternotireoideu - Esterno-hioideu O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar. Existem dois tipos de cordas vocais: - Cordas vocais falsas: par de pregas superiores. Não produzem som, apenas mantêm o ar sob pressão dentro da caixa torácica quando de sustem a respiração; - Cordas vocais verdadeiras: par de pregas inferiores. Produzem som. Têm peças rígidas de cartilagem presas a ligamentos elásticos e com músculos inseridos. A contração dos músculos move as cordas vocais e a passagem do ar provoca a sua vibração e a consequente produção de som. Quanto maior for a pressão do ar que passa pelas cordas mais forte será o som. Por outro lado, quanto maior for a tensão das cordas (quanto mais esticadas elas estiverem) mais agudos são os sons produzidos. Relativamente à histologia da laringe, a epiglote pode ser dividida em três regiões: - Superfície oral: anterior, formada por epitélio estratificado pavimentoso e cartilagem elástica. - Cartilagem elástica: separa as duas superfícies; - Superfície respiratória: posterior, formada por epitélio pseudoestratificado ciliado, glândulas mistas e cartilagem elástica; Página | 134 Traqueia A traqueia é um tubo localizado no mediastino, anterior ao esófago, que tem início na laringe e termina ao nível da parte superior da 5ª vértebra torácica, em dois ramos, os brônquios primários. É formada por tecido fibroelástico com anéis de cartilagem hialina incompletos (em forma de C) que proporcionam um suporte rígido que impede a traqueia de colapsar e cuja parte livre está virada para o esófago e permite a sua expansão durante a deglutição. O músculo traqueal, músculo liso com fibras longitudinais, une as porções livres dos anéis na sua região posterior. A árvore traqueobrônquica é formada por dois ramos, o direito que se divide em superior, médio e inferior e o esquerdo que se divide apenas em superior e inferior. Internamente, a traqueia apresenta: - Mucosa: constituída por epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado (epitélio respiratório), alternado com células caliciformes produtoras de muco, células serosas, células neuroendócrinas e células estaminais, e por uma lâmina própria formada por tecido conjuntivo laxo nas porções superficiais e progressivamente mais denso acabando por formar uma banda de tecido fibroelástico; - Submucosa: tecido conjuntivo laxo rico em glândulas mistas seromucosas; - Anel cartilagíneo: anel formado de cartilagem hialina em forma de C; - Músculo: camada de músculo liso ao longo da parte incompleta do anel cartilagíneo, controla o diâmetro da traqueia; - Adventícia: tecido conjuntivo laxo. Conforme se desce a traqueia o epitélio vai transitando de ciliado para cilíndrico simples. Também é possível em certos casos encontrar o nervo vago. No caso de fumadores estes perdem os cílios o que leva a uma falta de movimento do muco e por consequência a sua acumulação. Página | 135 Brônquios A traqueia termina numa bifurcação que dá origem aos brônquios primários esquerdo e direito, ligeiramente diferentes um do outro - o brônquio primário direito é mais curto, tem maior calibre e é mais vertical que o esquerdo. A estrutura destes brônquios é semelhante à da traqueia, na medida em que eles também apresentam anéis cartilagíneos incompletos e epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado. No entanto, existem algumas diferenças: - O epitélio respiratório é menos alto e as células caliciformes são mais escuras e granulares; - A lâmina própria é mais densa e apresenta mais elastina; - Uma camada de músculo descontínua separa a lâmina própria da submucosa; - As glândulas serosas estão em menor quantidade; - Calibre menor que a traqueia; - A cartilagem começa estando disposta em anéis completos e transita para placas descontínuas. Ao entrarem nos pulmões, os brônquios principais dividem-se em brônquios secundários ou lobulares, que são tantos quantos os lobos que existem nos pulmões (2 no esquerdo e 3 no direito). Os brônquios secundários vão sofrer mais divisões, dando origem, consecutivamente, aos brônquios segmentares, ou terciários, aos bronquíolos, aos bronquíolos terminais, aos bronquíolos respiratórios, aos ductos alveolares e, por fim, aos alvéolos pulmonares. O conjunto de todas estas estruturas designa-se árvore respiratória. Página | 136 Brônquios Brônquios Brônquios Traqueia Bronquíolos primários secundários terciários Bronquíolos Bronquíolos Ductos Alvéolos terminais respiratórios alveolares pulmonares À medida que a traqueia se divide até formar os alvéolos pulmonares, as características e função das estruturas apresentadas vão-se modificando. De um modo geral, há uma diminuição da proporção de cartilagem e um aumento de músculo liso. De seguida apresentam-se características de algumas dessas estruturas: Brônquios segmentares (terciários): - Epitélio tendencialmente mais simples (cilíndrico e cúbico) e não pseudoestratificado; - Raras células caliciformes; - Maior quantidade de músculo liso; - Glândulas seromucosas raras; - Cartilagem escassa (habitualmente deixa de existir a este nível). Bronquíolos: - Geralmente não possuem cartilagem nem glândulas submucosas ou seromucosas; - Epitélio simples cúbico com poucas células ciliadas e caliciformes que são substituídas pelas células clara, que apresentam grânulos apicais e cuja função pouco conhecida é a produção de um dos componentes do surfactante que impede o colapso da superfície; - Grande quantidade de músculo liso com feixes em várias direções. Toda a resistência das vias aéreas depende destas estruturas; - Existência de tecido linfoide na camada adventícia (sistema MALT). Página | 137 Bronquíolo terminal Bronquíolo respiratório: abre-se nos alvéolos - Epitélio cúbico simples e simples pavimentoso; - Não existem células caliciformes, apenas células clara; - Músculo liso para controlar a ventilação alveolar. Sacos alveolares: - Ausência de cartilagem; - Grande área de interface; - Estroma rico em elastina; - Epitélio pavimentoso formado por: - Pneumócitos tipo I: achatados, são aqueles que realizam as trocas gasosas, constituem 95% da superfície alveolar mas apenas 40% das células dos alvéolos; - Pneumócitos tipo II: núcleo e célula redonda, têm capacidade estaminal e produzem surfactante, estão nos vértices dos alvéolos, constituem 5% da superfície alveolar e 60% das células dos alvéolos. Página | 138 Pulmões Os pulmões são os principais órgãos da respiração. Localizam-se na cavidade torácica, têm aspeto esponjoso e forma de cones, e estão rodeados por uma membrana serosa protetora e que facilita a sua expansão, a pleura. A pleura tem dois folhetos, o folheto visceral (camada interna em contacto com os pulmões) e o folheto parietal (camada externa ligada à parede da cavidade torácica e ao diafragma). Entre os dois folhetos existe um espaço, a cavidade pleural, por onde circula um líquido que reduz a fricção entre os folhetos durante a respiração. A base do pulmão é a sua parte inferior, tem forma côncava e assenta sobre a face superior do diafragma. Os seus bordos anterior e posterior contactam com as costelas enquanto o inferior com o diafragma. A sua extremidade superior, o ápice, tem forma levemente arredondada. A sua face lateral é convexa e contacta com a parede torácica, a medial é plana e contacta com o mediastino. O hilo é o local, na face interna de cada pulmão, de entrada e saída das estruturas da árvore respiratória. O pedículo pulmonar é o conjunto de vasos sanguíneos que entram no pulmão através do hilo. Cada pulmão está dividido em lobos, separados por cissuras e que recebem um brônquio secundário, que se dividem em lóbulos ou segmentos broncopulmonares. Estes, por sua vez, dividem-se em lóbulos primários e secundários e apresentam, cada um, um vaso linfático, uma arteríola, uma vénula, e um bronquíolo terminal envolto em tecido conjuntivo elástico. O pulmão esquerdo apresenta dois lobos (lobo superior e lobo inferior) divididos por uma fissura oblíqua e uma depressão, cardiac notch, onde assenta o coração. No pulmão direito encontram-se duas fissuras, fissura oblíqua e fissura horizontal, que separam três lobos (lobo superior, lobo médio e lobo inferior). Página | 139 Sistema Endócrino Aula X – 10.Dez.2008 O sistema endócrino é formado por glândulas endócrinas e células que segregam hormonas, em órgãos especializados para essa função ou não. Essas hormonas são lançadas para a corrente sanguínea e levadas a todos as partes do corpo (hormonas circulatórias) ou podem atuar localmente, nas células vizinhas ou mesmo nas próprias células secretoras (hormonas locais). As hormonas só são reconhecidas por células específicas, as células alvo, que apresentam recetores hormonais proteicos a que se ligam a determinadas hormonas. Ao longo do tempo, as hormonas em circulação são desativadas no fígado ou excretadas na urina. Quando entram em circulação, as hormonas locais são rapidamente eliminadas. Hormonas são moléculas que vão atuar à distância noutras células, estas podem ser de várias naturezas: - Lipídica: são exemplos os esteroides gonadais, mineralocorticóides e glicocorticóides; - Peptídica: como a insulina, glucagom, somatostatina, calcitonina, GH, ACTH, TSH, PTH, FSH, LH, ADH e oxitocina; - Aminoácidos: adrenalina, noradrenalina, T3 e T4. As glândulas endócrinas são formadas por tecido epitelial. Na grande maioria das glândulas endócrinas, as células epiteliais dispõem-se em cordões irregulares, que se dividem e anastomosam (junção de dois vasos ou canais) progressivamente. Essas glândulas dizem-se do tipo cordonal. Entre os cordões de células epiteliais passam capilares sanguíneos, para onde são lançadas as hormonas. Existe uma única glândula endócrina do tipo folicular, que é a tiroide. Neste caso, as células epiteliais agrupam-se formando estruturas esféricas, no interior das quais se acumula um produto intermediário da síntese hormonal. Entre as vesículas passam os capilares sanguíneos, para onde são lançadas as hormonas. Página | 165 O sistema hormonal, tal como o sistema nervoso, controla muitas funções do organismo e estes dois sistemas chegam a cooperar entre si, apesar de a resposta hormonal ser muito mais lenta do que os estímulos nervosos. De entre algumas das funções das hormonas podemos destacar: - Regulação do composição química e volume do fluido intersticial, - Regulação do metabolismo e balanço energético; - Regulação da contração do músculo liso e das fibras musculares cardíacas, - Regulação da secreção de algumas glândulas; - Regulação do sistema imunitário; - Regulação do sistema reprodutor; - Regulação do ciclo circadiano – relógio biológico; - Controlo do crescimento e desenvolvimento. Existem variadíssimos órgãos e tecidos que participam na produção de hormonas. Algumas das principais glândulas são o hipotálamo e hipófise, que formam a parte neuroendócrina, tiroide, paratiroide, suprarrenal e pâncreas. Hipotálamo e Hipófise O hipotálamo e a hipófise, ou glândula pituitária, secretam muitas hormonas que controlam numerosos aspetos, tais como o crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostase, e também o comportamento de outras glândulas. Estas duas glândulas localizam-se no cérebro e estão ligadas entre si. A hipófise assenta numa depressão do osso esfenoide, a sela turca, relaciona-se superiormente com o quiasma ótico e apresenta dois lobos, a adeno-hipófise (lobo anterior) e a neuro-hipófise (lobo posterior), separados pela pars intermédia. Hormonas produzidas pelo hipotálamo são GHRH (growth hormone-releasing hormone), PRH (prolactin releasing hormone), TRH (thyroid releasing hormone), GnRH (gonadotropin hormone - releasing hormone), CRH (corticotropin-releasing hormone), ADH (antidiuretic hormone/vasopressin) e oxitocina, esta última é armazenada na neuro-hipófise e por lá libertada. Página | 166 A atividade da adeno-hipófise é controlada por hormonas sintetizadas no hipotálamo (hormonas trópicas) e que são diretamente libertadas pela veia porta hipofisária que recolhe os neurotransmissores junto ao hipotálamo e leva-os para a hipófise. Esta zona sintetiza e liberta hormonas. A neuro-hipófise é formada por axónios e por terminações de axónios provenientes do hipotálamo que aí libertam neurotransmissores que atuam como hormonas. Esta zona não sintetiza hormonas, mas guarda e liberta hormonas produzidas no hipotálamo, nos núcleos supraóptico e paraventricular. Relativamente à histologia da hipófise, a neuro-hipófise é descorada devido a ser composta maioritariamente de axónios, tem capilares fenestrados, pituicitos (a maioria dos núcleos visíveis na neuro-hipófise são de pituicitos), que são células da glia de núcleo redondo que servem de suporte aos axónios, e corpos de Herring, estruturas amorfas eosinófilas (rosa) que resultam da secreção de ADH e oxitocina em axónios do hipotálamo. Entre os dois lobos é visível a pars intermédia formada por folículos contendo um coloide rosa entre partes coradas da adeno e descoradas da neuro. Já a adeno-hipófise é corada com três tipos de células: - Acidófilos: tom rosa/vermelho, PAS negativo, produzem a GH e PRL; - Basófilos: tom roxo/azul, PAS positivo, produzem TSH, FSH, LH, ACTH e MSH; - Cromófobos: descorados pois não têm afinidade a H&E, sem produção ativa. Pars intermédia Adeno-hipófise Neuro-hipófise Página | 167 Adeno-hipófise hGH – Hormona do crescimento (acidófila) Hormona mais abundante da adeno-hipófise. Estimula o fígado, músculo, cartilagem, osso e outros tecidos a sintetizarem insulin-like growth factors (IGFs) que promovem o crescimento celular, a reparação de tecidos, a hidrólise de triglicerídeos e o aumento dos níveis de glicose no sangue. PRL - Prolactina (acidófila) Mulheres: aumenta as glândulas mamárias e prepara para a produção de leite. Homens: aumenta a espermatogénese e produção de testosterona. TSH – Hormona tireoestimulante (basófila) Estimula a secreção das hormonas da tiroide. FSH – Hormona folículo-estimulante (basófila) Mulheres: inicia o desenvolvimento dos oócitos e induz os ovários a produzirem estrogénio. Homens: estimula a produção de espermatozóides. LH – Hormona luteinizante (basófila) Mulheres: estimula a secreção de estrogénios e progesterona , a ovulação, a formação do corpo amarelo e produção de progesterona (gravidez). Homens: estimula a produção de testosterona nas células de Leydig e matura espermatozoides. ACTH – Hormona adrenocorticotrópica ou corticotropina (basófila) Estimula a produção de glicocorticóides (principalmente cortisol) pelo córtex supra-renal. MSH – Hormona melanócito-estimulante Estimula a produção e libertação de melanina por melanócitos na pele e cabelo. Neuro-hipófise Oxitocina Estimula a contração das células musculares lisas do útero durante o parto e a ejeção de leite pelas glândulas mamárias. ADH – hormona antidiurética ou vasopressina Regula os níveis de água no organismo – diminui a quantidade de água libertada pela urina e no suor, e aumenta a pressão arterial provocando a vasoconstrição de arteríolas. Página | 168 Tiroide A tiroide é uma glândula situada na base do pescoço, em frente à traqueia entre a C5 e T1, e que está dividida em dois lobos por uma cápsula de tecido conjuntivo. É constituída por múltiplos folículos tiroideus formados por um epitélio simples cúbico de células foliculares e que delimitam um espaço esférico preenchido com uma substância gelatinosa com aspeto eosinófilo chamada coloide. O coloide é constituído pela tireoglobulina, um produto intermediário na síntese das hormonas tiroideias T3 e T4. Entre os folículos existem células parafoliculares ou células clara, responsáveis pela secreção de calcitonina em resposta a altas concentrações de cálcio. A TSH libertada pela adeno-hipófise estimula a endocitose do coloide, que é iodinizado, e posterior fusão com enzimas que clivam e sintetizam a T3 e T4 a partir da tireoglobulina iodinizada. Este processo forma um feedback negativo, onde a T3 e T4 reduzem a produção de TSH e TRH, reduzindo a sua própria produção. Entre as funções desempenhadas pelas hormonas segregadas na tiroide podemos destacar: - Manutenção da temperatura corporal, controlo do metabolismo celular; - Estimulação da síntese proteica, aumentando o uso de glicose, e a diminuição dos níveis de triglicerídeos e colesterol; - Estimulação do crescimento, principalmente dos sistemas nervoso e esquelético. Vascularização da tiroide: Arterial: Tiroideia superior (ramo da carótida); tiroideia inferior (ramo da subclávia); inuminada/média (é inconstante, ramo da braquiocefálica). Venosa: Tiroideia superior (drena na jugular); tiroideia média (drena na jugular interna); tiroideia inferior (drena no tronco braquiocefálico). Nervos próximos: Laríngeo superior: inerva o músculo cricotiroideu, tensor das cordas vocais. Recorrente laríngeo: inerva os dilatadores e constritores da glote. Danos ao nervo recorrente podem levar à morte, danos ao laríngeo superior podem levar a alterações na voz. Página | 169 Quanto à histologia, a tiroide sendo uma glândula folicular apresenta imensos folículos, nas periferias destes estão as células foliculares, epitélio simples cúbico, com recetores de TSH e no centro o coloide de tireoglobulina, T3 e T4. No tecido também existem células parafoliculares ou células C, fazem parte da lâmina basal dos folículos e produzem calcitonina, são difíceis de identificar pelo que para a sua observação usa-se imunohistoquímica para calcitonina. Tiroide T3 – tri-iodotironina e T4 – tiroxina Regulam o crescimento, a digestão e o metabolismo. T3 tem três átomos de iodo e T4 tem quatro átomos de iodo. À medida que T4 entra em circulação vai-se transformando em T3 por perda de um átomo de iodo. Estas hormonas são armazenadas na tiroide até que haja iodo disponível. Bócio – por falta de iodo estas hormonas não são libertadas e a tiroide dilata-se. Calcitonina Regula a concentração de cálcio juntamente com a paratormona. Inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos e estimula a atividade osteoblástica, diminuindo o cálcio sérico e contribuindo para a deposição óssea. Paratiroide As glândulas paratireoides são quatro pequenas massas esféricas de tecido glandular que se encontram na superfície posterior da tiroide. Apresentam células principais, células pequenas que produzem paratormona (PTH) (3 P’s), núcleo central e pouco corado (rico em glicogénio e lípidos) e PAS positivas. Também apresentam células oxífilicas, grandes, eosinófilas (rosa) e pode haver ocasional presença de tecido adiposo. Página | 170 Paratiróide PTH - Paratormona Regula os níveis de iões cálcio, magnésio e fosfato no sangue. Aumenta a atividade dos osteoclastos o que leva à destruição de matriz óssea e à libertação de cálcio e fosfato; diminui a perda de cálcio e magnésio pela urina, e aumenta a perda de fosfato. Promove a formação de calcitriol, a forma ativa da vitamina D. Pâncreas O pâncreas é um órgão que faz parte do sistema digestivo e que também desempenha uma função endócrina e exócrina. A parte endócrina é desempenhada pelas ilhéus de Langerhans, ou ilhéus pancreáticas, que ilhotas estão rodeadas por capilares e por células exócrinas. A porção endócrina do pâncreas apresenta: - Células alfa produtoras de glucagon; - Células beta produtoras de insulina; - Células delta produtoras de somatostatina; - Células PP produtoras de polipéptido pancreático. Ilheu de Página | 171 Pâncreas Glucagon (catabólica) Aumenta os níveis de glicose no sangue quando estes estão abaixo do normal. Insulina (anabólica) Diminui os níveis de glicose no sangue promovendo a sua utilização, principalmente, pelas células musculares. Faz um feedback negativo, onde a glicose aumenta a produção de insulina e esta reduz a glicose. Somatostatina Inibe o pâncreas endócrino, regulando a insulina e o glucagon. Polipéptido pancreático Inibe o pâncreas exócrino. Glândulas Suprarrenais As duas glândulas suprarrenais, tal como o nome indica, localizam-se acima de cada um dos rins, com forma de vírgula invertida, e estão divididas em dois compartimentos funcionais: - Córtex: zona periférica, produz três tipos de hormonas (mineralocorticóides, glicocorticóides e hormonas sexuais) em resposta à ACTH e aldosterona e apresenta três camadas: - Zona glomerulosa: camada exterior. Os cordões formam pequenas estruturas esféricas rodeados por vasos sanguíneos. Contém células secretoras dispostas em grupos ovais. É responsável pela produção de aldosterona; - Zona fasciculata: camada média, formada por cordões paralelos entre si e perpendiculares à cápsula. Tem células ricas em vesículas lipídicas e produz corticoesteróides; - Zona reticular: camada mais interior. Rede irregular responsável pela secreção de hormonas sexuais e glicocorticóides. - Medula: zona mais interna. Apresenta uma veia central e várias células secretoras muito basófilas e granulares. Secreta catecolaminas - adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina), sob o controlo do sistema nervoso autónomo simpático. Vascularização das suprarrenais: Arterial: Suprarrenal superior (ramo da frénica inferior); suprarrenal média (inconstante ramo da aorta) ; suprarrenal inferior (ramo das artérias renais). Venosa: Suprarrenal média direita (drena na veia cava inferior) ; suprarrenal média esquerda (drena na veia renal esquerda). Página | 172 Quanto à histologia, a suprarrenal é dividida em córtex e medula. O córtex tem 3 camadas: - Zona glomerulosa: células em cordões tipo ferraduras, é a zona mais afastada da medula; - Zona fasciculata: onde atua a ACTH, formada por feixes de células longitudinais e células maiores, descoradas porque têm lípidos (cortisol); - Zona reticulada (em rede): formada por cordões irregulares e anastomosantes (onde dois vasos se podem ligar) de células pequenas e ligeiramente mais coradas que a zona fasciculata. Já a medula é formada por células cromafins, com núcleos grandes e decorados, nucléolo evidente (ao redor do núcleo), são neurónios modificados que libertam catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina). Página | 173 Glândulas supra-renais - Córtex Mineralocorticóides – ex. aldosterona Fazem a regulação hidroelétrica. Controlam os níveis de iões de sódio e potássio. Ajudam a regular a pressão arterial e o volume de sangue. Promovem a excreção de iões H+ pela urina. Produzidos na zona glomerulosa. No caso da aldosterona promove reabsorção de sódio e, por consequência, de água, o que aumenta a pressão sanguínea. Glicocorticóides – ex. cortisol Regulam o metabolismo proteico, lipídico e glicídico. Aumentam a velocidade de degradação de proteínas, principalmente nas fibras musculares, libertando aminoácidos. Estimulam a produção de glicose pelas células do fígado. Degradam triglicerídeos. Têm efeitos anti-inflamatórios. Em níveis muito elevados suprimem o sistema imunitário. Produzidos na zona fasciculata. Hormonas sexuais Complementam a ação das hormonas sexuais das gónadas. Produzidas na zona reticulada. No caso dos androgénios são precursores de estrogénios e participam no desenvolvimento de características sexuais secundárias nos homens. Glândulas supra-renais - Medula Adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina) Aumento as respostas rápidas, reflexos. Aumenta o ritmo cardíaco, a contração muscular, a pressão arterial, o abastecimento de sangue ao fígado, coração, músculos esqueléticos e tecido adiposo, dilatam as vias respiratórias, aumentam os níveis de glicose e ácidos gordos no sangue. Ajudam o corpo a resistir ao stress. São simpaticomiméticas. Dopamina Precursora da adrenalina e noradrenalina. Azul - Basófilas; Vermelho - Acidófilas Créditos de imagem: Tiago Maurício Página | 174 Sistema Urinário Aula X – 10.Dez.2008 O sistema urinário é formado por: Órgãos: - Rins (2); Vias urinárias: - Ureteres (2); - Bexiga; - Uretra. Entre as funções deste sistema podemos destacar: - Filtração do sangue e regulação da composição de sais do sangue, como sódio, potássio, cálcio, cloro e fosfato; - Regulação do volume sanguíneo e da pressão arterial; - Regulação do pH do sangue; - Produção de hormonas (calcitriol, eritropoietina e renina); - Excreção de resíduos. Hormonas: Calcitriol - forma ativa da vitamina D, participa no metabolismo do osso (cálcio + fósforo) funciona como a paratormona ao aumentar o cálcio sérico pela absorção no intestino. Eritropoietina - produção de eritrócitos Renina - leva à produção de angiotensinogénio no eixo RAA que aumenta a tensão dos vasos e promove aldosterona que leva à retenção de sódio nos rins. Página | 175 Rins Os rins são dois órgãos retroperitoneais, avermelhado e em forma de feijões, que se localizam a cada lado da coluna vertebral, entre a 12ª vértebra torácica e a 3ª vértebra lombar. O rim direito localiza-se ligeiramente mais abaixo do que o esquerdo devido à presença do fígado nesse lado. Os rins são os órgãos mais importantes do sistema urinário na medida em que são eles que executam a maioria das funções deste sistema, produzindo um líquido, a urina, que é drenado pelos ureteres até à bexiga, onde fica armazenada, e depois expelido através da uretra. A fixação dos rins é garantida pela fáscia perirrenal de Gerota e pelos restantes órgãos. Além das relações mostradas na figura o rim esquerdo relaciona-se medialmente com a aorta, o direito com a veia cava inferior, e ambos póstero-superiormente com o diafragma, as 11ª e 12ª costelas e a pleura, e póstero-inferiormente (de medial para lateral) com o psoas maior, quadro lombar, tendão do transverso abdominal, vasos intercostais, nervos intercostais, iliohioergastricos e ilioinguinais. Direito Esquerdo Segmentação renal Página | 176 Aproximadamente no centro de cada rim encontra-se uma entrada, o hilo renal, por onde passam os ureteres, a veia renal, a artéria renal, vasos linfáticos e nervos. O rim compreende ainda 4 zonas: - Cápsula renal: camada transparente de tecido conjuntivo que molda e protege os rins, envolta em tecido adiposo que ajuda à fixação dos órgãos à parede abdominal posterior; - Córtex: região periférica escura, de aspeto estriado e formada por tecido compacto. É onde se encontram os glomérulos de Malpighi e os tubos coletores. Tem projeções para a zona da medula, as colunas renais, que delimitam as pirâmides de Malpighi. - Medula: zona abaixo do córtex, mais clara, formado pelas pirâmides de Malpighi e onde estão situadas as ansas de Helen, os ductos coletores e vasos. A base de cada pirâmide determina a divisão entre o córtex e a medula e os seus vértices, ou papilas renais, estão rodeadas pelos pequenos cálices; - Bacinete ou pelve renal: zona central, em forma de túnel, para onde convergem os ductos coletores e de onde partem os ureteres em direção à bexiga. Origina-se pela união de estruturas em forma de cálice, os pequenos cálices e grandes cálices, por onde a urina é escoada e drenada até aos ureteres. A artéria renal entra no rim pelo hilo e ramifica-se em arteríolas aferentes. Cada arteríola divide-se depois numa rede de capilares, o glomérulo, que acaba por se juntar de novo, formando arteríloas eferentes que abandonam o glomérulo e dão origem a uma rede de capilares peritubulares em torno dos tubos de um nefrónio. Esses capilares vão-se depois unindo e dando origem a veias de calibre crescente até que acabam por drenar todas para a veia renal, que abandona o rim pelo hilo. Este é o sistema porta-renal. As unidades funcionais do rim são os nefrónios. Página | 177 Corpúsculo renal Localiza-se no córtex e é responsável pela filtração glomerular. Glomérulo Aglomerado de capilares fenestrados onde ocorre a filtração. Os capilares são sustentados pelo mesângio (função se suporte, defesa e regulação do fluxo sanguíneo) que tem podócitos (células com prolongamentos que formam a barreira de filtração ao impedir a saída de proteínas). Cápsula de Bowman Membrana que envolve o glomérulo, possui folheto visceral (interno, mesângio) e folheto parietal (externo) formado por epitélio simples pavimentoso, entre os quais está o Espaço de Bowman. Túbulos renais Localizam-se maioritariamente na zona medular. Conduzem a urina e são responsáveis pela reabsorção e secreção tubulares. Tem polo urinário onde saem os ductos que formam o TCP e polo vascular onde entram e saem os vasos. Tubo contornado proximal (TCP) Primeira parte do sistema tubular, próximo do corpúsculo de Malpighi. Tem lúmen pequeno em forma de estrela com poucos núcleos e é formado por epitélio simples cúbico alto com microvilosidades – em escova, e muitas mitocôndrias (produção de energia para a reabsorção por transporte ativo). Ansa de Henle Continuação do tubo contornado proximal, toma a forma de U e tem dois ramos delgados – ramo descendente (penetra na medula renal e é formado por epitélio simples pavimentoso) e ramo ascendente (regressa ao córtex e é formado por epitélio simples pavimentoso que espessa e se torna cúbico simples). É envolvida por uma rede de capilares – vasa reta. Tubo contornado distal (TCD) Último segmento do nefrónio, estende-se pelo córtex renal e termina no tubo coletor. Lúmen bem definido com muitos núcleos, formado por epitélio simples cúbico alto e não apresenta bordadura em escova, mas contém células clara. Túbulos e ductos coletores Local onde desembocam os tubos contornados distais. Os vários tubos coletores convergem e acabam por drenar toda a urina para os ureteres. Têm paredes espessas formadas por epitélio simples cúbico, cuja altura aumenta gradualmente, com muitas mitocôndrias. São visíveis as separações entre as células do epitélio cúbico. Os ductos são ainda mais espessos, têm um grande diâmetro e o seu epitélio é simples cilíndrico. Página | 178 A histologia do rim pode ser dividida em duas áreas principais, o córtex e a medula, e uma outra região que é a mácula densa. No córtex encontramos o túbulo contornado proximal e distal e a mácula densa, na medula encontra-se o túbulo reto proximal e distal, a Ansa de Henle e o tubo coletor. A mácula densa é TCD que surge junto ao glomérulo, tem núcleos muito próximos e escuros, deteta falta de sódio e estimula células produtoras de renina. Raios medulares são estruturas paralelas longitudinais entre corpúsculos, são a entrada na medula do túbulo reto proximal distal e tubos coletores. A produção de urina passa por três fases (filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular) antes de ser encaminhada para a bexiga. Ao nível da cápsula de Bowman ocorre a filtração glomerular, ou seja, dá-se a passagem de plasma através da parede dos capilares do glomérulo e da parede interna da cápsula para o tubo urinífero. Este processo é seletivo pois é condicionado pelas dimensões das partículas. A filtração é promovida pela diferença de pressão entre as arteríolas aferente e eferente, que não têm o mesmo diâmetro. A arteríola eferente apresenta um diâmetro menor que a aferente, Página | 179 aumentando assim a pressão no interior do glomérulo e forçando uma filtração abundante. O resultado da filtração é o chamado filtrado glomerular e contém água, sais minerais, excreções azotadas (ureia e ácido úrico), glicose, aminoácidos, vitaminas, etc, nas concentrações semelhantes às que se encontram no plasma. Como nem todas essas substâncias podem abandonar o organismo na quantidade em que se encontram no filtrado, torna-se necessário proceder á sua reabsorção. A reabsorção tubular é mais intensa no tubo contornado proximal, mas também ocorre no tubo contornado distal e na ansa de Henle. A reabsorção consiste na passagem para o sangue dos capilares peritubulares de cerca de 99% da água do filtrada, 98% de sais minerais por difusão e transporte ativo, a totalidade da glicose e até 60% da ureia por difusão. Ao longo do tubo coletor também se dá a reabsorção da água. Por fim dá-se a secreção tubular. Ao longo dos túbulos renais as células das suas paredes removem substâncias (lixos metabólicos, drogas, iões em excesso, etc) que não foram filtradas e que, por isso, ainda circulam no sangue. Transportam-nas para a urina e a partir das substâncias recolhidos podem sintetizar outros produtos, como é o caso da ureia. Potássio: 65% reabsorvido no TCP, 25% na Ansa de Henle, depois 0-110% excretado no TCD conforme necessário. Sódio: saí todo no glomérulo e é reabsorvido no TCP, na Ansa, no TCD e no tubo coletor. O metabolismo de ácidos também ocorre nos rins, onde ácidos não voláteis e CO2 são transformados em HCO3 + H+ e excretados pelos pulmões e pelos rins. A hormona antidiurética (ADH), produzida no hipotálamo, regula a permeabilidade dos tubos coletores segundo um mecanismo de feedback negativo. A concentração de água no sangue é constantemente avaliada por osmoreceptores no hipotálamo que estimulam ou inibem a produção de ADH. Uma maior pressão osmótica no sangue, ou seja, menor quantidade de água, dita a necessidade de aumentar a sua reabsorção. Consequentemente há uma maior libertação de ADH que atua ao nível dos nefrónios e aumenta a sua permeabilidade à água. Dá- se mais reabsorção e urina produzida é mais concentrada. Aldosterona leva a maior absorção de sódio no TCD. Aumento da pressão osmótica Diminuição da pressão osmótica Maior libertação de ADH Menor libertação de ADH Maior permeabilidade à água Menor permeabilidade à água Aumento da reabsorção Diminuição da reabsorção Urina concentrada / hipertónica Urina diluída / hipotónica Página | 180 Ureteres Os ureteres são canais que transportam a urina desde o vértice do bacinete até à bexiga. São totalmente impermeáveis e constituídos por 3 camadas: - Mucosa: formada por urotélio (epitélio de transição), são também chamadas células guarda-chuva pela sua forma quando relaxadas, quando distendidas são pavimentosas. É altamente pregueado e com uma lâmina própria de tecido conjuntivo laxo. É distensível e apresenta células caliciformes produtoras de muco que impede o contacto direto entre a urina e o epitélio; - Camada muscular: camada de tecido muscular liso que contribui, através de movimentos peristálticos e juntamente com a força da gravidade, para a descida da urina até à bexiga. Nos ⅔ superiores tem uma camada exterior com orientação longitudinal e uma camada interior com orientação circular, no ⅓ inferior tem uma longitudinal interna à circular; - Camada adventícia: camada de tecido conjuntivo laxo inervado e vascularizado (vasos sanguíneos e linfáticos). Os ureteres podem ser divididos em segmentos: Lombar - Ilíaco - Pélvico - Intravesical São posteriores ao peritoneu parietal (retroperitoneais), com relações com o Psoas menor e maior, as apófises transversais das L3 - L5, as artérias e veias renais, o colón, vasos ilíacos e a bexiga. Os ureteres entram 2/3 cm na bexiga, o que forma uma válvula fisiológica que impede o refluxo da urina. Página | 181 Bexiga A bexiga é um órgão subperitoneal, muscular oco e elástico que funciona como um reservatório temporário de urina. Nos homens, situa-se diretamente acima da próstata e anterior ao reto e, nas mulheres, localiza-se à frente da vagina e abaixo do útero. Localiza-se na cavidade pélvica quando vazia e tem projeção no hipogastro quando cheia. Apesar de apresentar pregas na sua superfície interna, quando está cheia, a bexiga fica lisa. Distingue-se uma área triangular na sua superfície posterior que nunca exibe rugas, o trígono, e que é limitada por três vértices: os pontos de entrada dos dois ureteres e o ponto de saída da uretra. A sua fixação é assegurada pelo reto, o útero (♀), a próstata (♂), as pregas do peritoneu, os ossos púbicos e órgãos vizinhos. Relaciona-se superiormente com o peritoneu, o jejuno-íleo, o cólon sigmoide e o útero (♀), ântero-inferiormente com o púbis e a sínfise púbica, e póstero-inferiormente com a uretra, o reto, ureteres, canais deferentes, vesícula seminal e próstata (♂), útero e vagina (♀). À semelhança dos ureteres, a bexiga também apresenta três camadas tecidulares: - Mucosa: também é formada por urotélio (epitélio de transição) e pregueada; - Camada muscular: formada pelo músculo detrusor que apresenta três camadas de tecido muscular liso – longitudinal interna, circular média e longitudinal externa; - Camada adventícia: camada de tecido conjuntivo laxo inervado e vascularizado (vasos sanguíneos e linfáticos). Na face superior da bexiga é revestida por mesotélio e liga-se ao peritoneu, mantendo a posição do órgão. A grande diferença entre os ureteres e a bexiga é que os ureteres são de menor calibre, têm muito menos músculo e são mais estreitos. À saída da bexiga, na abertura para a uretra – óstio interno da uretra, encontra-se o esfíncter uretral interno (contração involuntária, impede o esvaziamento da bexiga) e na parte superior da uretra está o esfíncter uretral externo (voluntário, permite resistir à micção). A parte final da uretra, que abre para o exterior, designa-se orificio externo. A inervação simpática faz a retenção da urina pelo relaxamento do detrusor e contração do esfíncter interno, enquanto a parassimpática faz o oposto pela contração do detrusor e relaxamento do esfíncter. O córtex consegue sobrepor-se ao reflexo da micção (que é dado pelo aumento da pressão na bexiga). Página | 182 Trígono Colo Corpo Fundo Uretra A uretra é um pequeno tubo que sai da zona inferior da bexiga e se dirige para o exterior do organismo permitindo a expulsão da urina. É revestido por uma mucosa com glândulas secretoras de muco abundantes. As uretras feminina e masculina são diferentes: - Uretra masculina: estende-se do orifício uretral interno na bexiga até o orifício uretral externo na extremidade do pénis. Apresenta dupla curvatura no estado comum de relaxamento do pénis e está dividida em três porções: a prostática (que passa pela próstata), a membranosa (na zona do esfíncter externo) e a esponjosa (na zona do pénis), cujas estruturas e relações são essencialmente diferentes. Na uretra masculina existe uma abertura diminuta em forma de fenda, um ducto ejaculatório. Faz parte do sistema reprodutor; - Uretra feminina: canal membranoso localizado dorsalmente à sínfise púbica, incluído na parede anterior da vagina e de direção oblíqua para baixo e para frente. É levemente curva, com a concavidade dirigida para frente. O seu orifício externo fica imediatamente na frente da abertura vaginal e dorsalmente à glande do clitóris. Pode ser dividida em pélvica, acima do esfíncter externo, e perineal, abaixo dele. Do ponto de vista histológico, a uretra também apresenta 3 camadas: - Mucosa: epitélio cilíndrico e epitélio escamoso não queratinizado (zona do orifício externo), homem, e urotélio na mulher. Apresenta glândulas secretoras de muco; - Camada muscular: tecido muscular liso organizado em três camadas com orientações diferentes – circular interna, longitudinal média e oblíqua externa; - Camada adventícia: tecido conjuntivo. Página | 183 Página | 184 Sistema Reprodutor Aula X – 10.Dez.2008 Sistema Reprodutor Masculino O aparelho reprodutor masculino tem a função de: - Produzir, nutrir e transportar espermatozoides; - Produzir hormonas; - Participar na reprodução sexuada. Os órgãos que fazem parte aparelho são: - Testículos; - Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, canal ejaculador, uretra; - Glândulas sexuais anexas: vesícula seminal, próstata, glândulas bulbouretrais; - Estruturas de suporte: bolsa escrotal e pénis. O escroto, bolsa escrotal ou bolsa testicular, é uma bolsa onde estão contidos os testículos, o epidídimo e a primeira porção dos ductos deferentes. É formada por pele e músculo liso e apresenta um septo que o divide em dois compartimentos, cada um contendo um testículo. A bolsa escrotal localiza-se no exterior do corpo uma vez que a temperatura ótima para a sobrevivência do esperma é mais baixa do que a temperatura corporal normal. Quando a temperatura exterior baixa são acionados mecanismos que fazem com que o escroto se aproxime da cavidade pélvica e fique, assim, mais próximo de uma fonte de calor. Desses mecanismos podemos destacar a existência de uma camada muscular que torna a pele mais firme e rugosa e de músculos que elevam os testículos. Dentro do escroto os testículos são ainda recobertos por uma serosa chamada vaginal, anterior, lateral e medialmente. Isto devido Página | 185 ao facto de descerem da zona abdominal pelo canal ilíaco levando e embrulhando-se em peritoneu durante a migração. Esse peritoneu torna-se fibroso e passa a chamar-se ligamento de Cloquet. Quando órgãos da cavidade pélvica entram no canal inguinal dá-se uma hérnia. Os testículos são duas glândulas de forma oval, envolvidas pelo escroto, onde se dá a produção de espermatozoides e a secreção de testosterona. São revestidos pela túnica albugínea, uma cápsula fibrosa branca, que se estende para o interior em septos que dividem os testículos em lóbulos. Cada lóbulo é constituído por túbulos seminíferos onde se dá o desenvolvimento dos espermatozoides e entre os quais se situam células de Leydig produtoras de hormonas sexuais, cuja principal é a testosterona e tem como função manter a espermatogénese, líbido e a função da próstata e vesícula seminal. Os túbulos seminíferos continuam por curtos canais que abrem para a rede testicular que, por sua vez, continua dos canais eferentes até ao epidídimo. As paredes dos tubos seminíferos contêm células germinativas (estaminais), ou espermatoblastos, responsáveis pela espermatogénese (produção de espermatozoides. Dá-se a partir da puberdade). Á medidas que se aproximam do lúmen, estas células vão-se diferenciando sucessivamente em espermatogónias, espermatócitos (I e II), espermátide e, por fim, em espermatozoides. Entre as células em desenvolvimento existem vasos sanguíneos e células de Sertoli que nutrem, protegem, fagocitam corpos residuais de espermatozoides, suportam e regulam a atividade das células germinativas, para além de formarem a barreira hemato-testicular que impede o contacto das células germinativas com o sangue e o consequente desenvolvimento de anticorpos contra o epitélio germinativo. A manutenção da barreira hemato-testicular funciona através de com a passagem dos espermatócitos I do compartimento basal para o ad-luminal há uma abertura das junções oclusivas inter-sertolianas com manutenção da barreira hemato-testicular, como uma antecâmara/airlock. Página | 186 Espermatogénese: basal, é a produção de espermatozoides e manutenção da população estaminal; Espermatocitogénese: ad-luminal, é a fase de expansão mitótica; Espermiação: saída do espermatozoide para o lúmen com acrossoma, mitocôndrias e cauda. A partir dos espermatócitos I não ocorre citocinese, pelo que até à libertação dos espermatozoides para o lúmen, os espermatozoides partilham citoplasma. Compartimento intertubular Compartimento tubular No compartimento intertubular encontramos uma matriz de tecido conjuntivo, vasos, fibroblastos, células de Leydig e células mioides, células que se situam ao redor dos túbulos e fazem a contração dos mesmos. As células de Leydig são de núcleo proeminente, citoplasma granulado e é possível ver pontos escuros no citoplasma (cromossomas). Têm gotas lipídicas, mitocôndria tubular e retículo endoplasmático liso grande. Produzem androgénios (testosterona) e são estimulados pela LH (Hormona luteinizante). As células de Sertoli produzem androgen binding protein para acumular testosterona e haver correta espermatogénese e inibina para parar a hipófise. Modificações principais ao longo da formação do espermatozoide: perda de citoplasma, desenvolvimento de cauda, acrossoma (estrutura lisossómica), remodelação e condensação nuclear, enrolamento do DNA com protaminas (proteínas) permite maior condensação. Os espermatozoides são células haploides (n cromossomas) formados por três zonas: - Cabeça: com o núcleo com informação genética e, na parte frontal, o acrossoma, que contém enzimas que ajudam à sua penetração no óvulo; - Corpo: repleto de mitocôndrias; - Cauda: dividida em pescoço, peça intermédia, peça principal e peça final. É formada por um flagelo que permite movimentos ondulatórios que facilitam a deslocação do espermatozoide. Página | 187 Os ductos deferentes podem ser divididos em 5 segmentos: epidídimo-testicular (junto ao epidídimo), funicular (antes do canal inguinal), inguinal (no canal até ao abdómen), ilíaco (quando passa acima do osso púbico), pélvico (acima da bexiga até às vesículas). Na histologia o epidídimo é formado por epitélio pseudoestratificado com células basais e células estereociliadas. Os canais deferentes são formados por epitélio semelhante, mas com lâmina própria e 3 camadas musculares (longitudinal externa, circular média e longitudinal interna). Página | 188 Epidídimo Embora os espermatozoides sejam formados nos túbulos seminíferos, eles ganham motilidade no epidídimo. O epidídimo é um órgão alongado, situado na parte superior do testículo, formado por ductos eferentes enrolados e que apresenta cabeça, corpo e cauda. Na sua zona terminal, o diâmetro dos ductos epidídimos aumenta e vai dar origem ao canal deferente, que segue até à cavidade abdominal, atravessa a o canal inguinal, cruza-se acima da bexiga e finalmente une-se ao canal da vesícula seminal para formar o canal ejaculatório, canal este que penetra na próstata e se dirige à uretra. O sistema reprodutor masculino apresenta diversas glândulas anexas que segregam o líquido que constitui o sémen: - As vesículas seminais são duas bolsas membranosas lobuladas, localizadas entre o fundo da bexiga e o reto, que secretam um líquido que contém frutose, ácido cítrico, prostaglandinas e proteínas de coagulação. A sua função é a nutrição e armazenamento do esperma. A natureza alcalina deste líquido ajuda a neutralizar o ambiente ácido da uretra masculina e trato genital feminino, que, de outra maneira, tornaria inativos e mataria os espermatozoides. Libertam a secreção na face posterior da uretra na zona do colículo seminal de cada lado do utrículo prostático. O líquido secretado pelas vesículas seminais normalmente constitui 60% do volume de sémen; - A próstata localiza-se abaixo da bexiga e segrega um líquido ligeiramente ácido que contém fosfatase ácida e enzimas proteolíticas. Esse líquido perfaz cerca de 25% do volume do sémen, aumenta a motilidade dos espermatozoides e neutraliza o ambiente ácido da vagina. Relaciona-se anteriormente com a sínfise púbica, posteriormente com o reto, superiormente com a bexiga, vesículas seminais e canal deferente e inferiormente com o diafragma pélvico (períneo). Tem a forma de uma pirâmide invertida e contém a uretra prostática, canais ejaculadores e utrículo prostático. Durante a ejaculação o músculo liso da próstata contrai-se e empurra as secreções para o interior da uretra; - As glândulas bulbouretrais (de Cowper) são muito pequenas e situam-se atrás da uretra membranosa abaixo da próstata. Produzem um muco que é lançado na uretra esponjosa e que funciona como lubrificante durante o ato sexual; - As glândulas de Littré (uretrais) encontradas no pénis, produzem secreção de glicosaminoglicanos que protege o epitélio contra a urina. Página | 189 O pénis é o órgão genital externo masculino. Tem forma cilíndrica e é atravessado pela uretra, o que permite a expulsão da urina e a ejaculação de sémen. Está dividido em 3 partes: - Raiz: zona mais proximal; - Corpo: formada por três massas tecidulares cilíndricas – os corpos cavernosos (laterais) e o corpo esponjoso (mediano, por onde passa a uretra), envolvidas por tecido conjuntivo fibroso eréctil e pele. Os corpos cavernosos estão fixos nos ramos isquiopúbicos e o ligamento suspenso do pénis fixa-se na sínfise púbica; - Glande: zona distal ligeiramente alargada. Apresenta o orifício uretral e o prepúcio. Também existe um frio (como na língua) entre o prepúcio e a glande. Sistema Reprodutor Feminino O sistema reprodutor feminino tem a função de: - Produzir óvulos; - Secretar hormonas; - Nutrir e proteger o desenvolvimento do feto. Os órgãos que fazem parte deste sistema são: Órgãos genitais internos: - Ovários; - Trompas de Falópio; - Útero; - Vagina; - Órgãos genitais externos: - Vulva; - Mamas. Página | 190 Os ovários são dois órgãos de cor rosada localizados no interior da cavidade pélvica, lateralmente ao útero, e que são sustentados por ligamentos (mesovário, suspensor e ovárico). A sua função é a produção de óvulos e de hormonas sexuais femininas (nomeadamente estrogénio e progesterona). Têm duas margens, a meso-ovárica (do lado do ligamento meso- ovárico) que recebe a vascularização e face livre (lado oposto) que não é vascularizada, também tem as extremidades tubária (ligada às trompas) e uterina (com o ligamento próprio). São revestidos pela túnica albugínea (cápsula) e são os únicos órgãos intra-abdominais não revestidos por peritoneu. Relativamente aos ligamentos que suportam os ovários estes são: o mesovário (vascularizado) e o ligamento próprio que fixam ao útero, o ligamento suspensor que fixa parietalmente e o ligamento infundíbulo-ovárico que fixa às trompas. Do ponto de vista histológico, o ovário é formado por epitélio germinal (simples cúbico ou pavimentoso) que reveste o córtex ovárico, uma região de tecido conjuntivo denso que contém folículos ováricos. Os folículos ováricos são constituídos por oócitos em vários estádios de desenvolvimento e por células envolventes que suportam o desenvolvimento dos oócitos e secretam estrogénios. Página | 191 No interior do córtex há uma região de tecido conjuntivo laxo vascularizado e inervado, a medula ovárica. Vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos entram nos ovários através do hilo. A oogénese é o processo através do qual se dá a produção de óvulos e tem início ainda antes do nascimento. Existem duas fases, a fase de crescimento durante a qual há um aumento do volume oocitário, transcrição e síntese proteica e construção de novas estruturas, seguida da fase de maturação onde se reinicia a meiose e se interrompe na metáfase II e se cria polaridade e dá-se a divisão celular assimétrica. Durante o desenvolvimento embrionário milhões de células nos ovários diferenciam-se em oogónias. Apesar de a maioria degenerar, algumas iniciam meiose (não a completam até à puberdade) e transformam-se em oócitos primários (ou de 1ª ordem). Aqui, por cada meiose temos 1 oócito ao contrário do que acontece no sistema reprodutor masculino, isto porque necessita de mais recursos para o inicial desenvolvimento embrionário. Quando a mulher atinge a puberdade, alguns oócitos primários amadurecem completamente e originam folículos primordiais, onde um oócito primário se encontra revestido por uma única camada de células pavimentosas, as células granulosas. A partir dessa altura até à menopausa, todos os meses, estimulados por hormonas tiroideias, os folículos primordiais aumentam de volume e as células granulosas depositam-se em várias camadas em redor do oócito, formando a chamada zona pelúcida, e dando origem aos folículos secundários. Apesar de vários folículos entrarem em desenvolvimento, geralmente apenas 1 atinge a maturidade suficiente para dar origem a um óvulo. O oócito produz fatores parácrinos e determina o desenvolvimento folicular. O folículo secundário continua o seu desenvolvimento e origina folículos de Graaf (folículos maduros. Produzem estrogénio). Os folículos de Graaf contêm oócitos secundários (ou de 2ª ordem) e são envolvidos por uma cápsula formada por células de Teca (externas - fazem tecido conjuntivo, internas - produzem hormonas). Entre as células granulosas encontram-se vesículas que contêm líquido folicular. Este líquido vai preenchendo os espaços intersticiais do folículo que se fundem e acabam por dar origem a um antro único cheio de líquido. Quando este surge o desenvolvimento depende de gonadotropinas. Progressivamente, o antro cresce e, quando atinge o seu tamanho máximo, o folículo forma uma saliência à superfície do ovário e o oócito secundário é empurrado para a sua periferia. O folículo maduro acaba por rebentar e lançar o oócito, coberto por células granulosas, para a trompa uterina, processo a que se dá o nome de Página | 192 ovulação. As células granulares que permanecem no ovário desenvolvem uma estrutura glandular a que chama corpo amarelo ou lúteo. Formado por células da teca, granulares e vasos após a ovulação, produz hormonas para vasos fenestrados em células granulares em cordões. Se o oócito não for penetrado por um espermatozoide ele irá degenerar e ser eliminado pela menstruação. Após 10 dias, o corpo amarelo perde a vascularização e também degenera, transformando-se em corpo branco ou albicans, gradualmente atrofia e desaparece sem desempenha função secretora. Caso ocorra fecundação, o óvulo fixa-se no útero e dá origem ao ovo ou zigoto. O corpo amarelo mantém-se ativo e segrega hormonas (estrogénio e progesterona), função que desempenha até esta ser substituída pela placenta. As trompas de Falópio, ou trompas uterinas, estendem-se de ambos os lados do útero até cada um dos ovários. Transportam os oócitos secundários até ao útero, através de contrações musculares peristálticas, e são o local onde se processa a fecundação. Esta ocorre em suspensão, o que permite a captura do óvulo e a sua manipulação. São formadas por 3 regiões: - Pavilhão: local onde o óvulo é captado. Adjacente ao ovário, mas abre para a cavidade pélvica – orifício abdominal ou óstio, termina prolongamentos longos e fino – franjas; - Ampola: zona através do qual o óvulo é “empurrado” até ao útero. Tem uma camada muscular lisa, responsável pelos movimentos peristálticos, e epitélio glandular ciliado, que produz muco e ajuda à movimentação dos oócitos; - Istmo ou porção intramural: porção mais fina, junto do útero. Página | 193 As trompas de Falópio também apresentam três camadas tecidulares: - Mucosa: também é formada por epitélio simples ciliado e glandular mucoso. Na zona do infundíbulo e da ampola é labiríntica enquanto na zona junto ao útero a mucosa tem menos células ciliadas; - Camada muscular: formada por músculo liso que apresenta duas camadas – circular interna e longitudinal externa. No infundíbulo não apresenta muscular, na ampola já existe uma camada e na zona junto ao útero já é mais desenvolvida; - Camada adventícia serosa: camada de epitélio cúbico simples (mesotélio) suportada por uma camada fina de tecido conjuntivo. O útero tem a forma de uma pera invertida