Epidemiologia - Ciência que Estuda a Distribuição das Doenças
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Este artigo é um resumo introdutório da epidemiologia, definindo-a como ciência que estuda a distribuição de doenças e eventos relacionados à saúde em populações humanas. Aborda conceitos fundamentais, como a identificação dos fatores de risco, a extensão de doenças em comunidades, e a compreensão da história natural das doenças.
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A epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes das doenças e outros eventos de saúde em populações humanas. Envolve a coleta e análise de dados sobre a frequência de doenças, suas causas, os grupos de pessoas mais afetados e os fatores ambientais, sociais e genéticos que po...
A epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes das doenças e outros eventos de saúde em populações humanas. Envolve a coleta e análise de dados sobre a frequência de doenças, suas causas, os grupos de pessoas mais afetados e os fatores ambientais, sociais e genéticos que podem influenciar a saúde. Quais objetivos fundamentais da epidemiologia? \* Identificar a etiologia ou os fatores de risco para uma determinada doença; \*Determinar a "extensão" de uma dada doença na comunidade; \* Estudar a história natural e o prognóstico das doenças; \*Avaliar novas medidas preventivas e terapêuticas; \* Fornecer evidências quantitativas e qualitativas para o desenvolvimento de políticas de saúde e planos públicos de intervenção Os primórdios da epidemiologia remontam a séculos atrás, e seu desenvolvimento foi impulsionado pela necessidade de entender as doenças e suas causas, especialmente durante surtos e epidemias. A seguir, destaco alguns marcos históricos que contribuíram para o nascimento e a evolução dessa ciência: Hipócrates (séc. V a.C.): a quem é reconhecida a paternidade da Medicina é, igualmente, considerado o autor dos fundamentos que estão na origem do denominado pensamento epidemiológico. Primeira interpretação natural do binómio saúde/doença, substituindo a causalidade divina pela causalidade física e biológica. A Teoria Miasmática, também conhecida como Teoria dos Miasmas, foi uma explicação predominante para a origem das doenças infeciosas antes da descoberta dos microrganismos patogênicos e do desenvolvimento da teoria germinal das doenças. O que é a Teoria Miasmática? A teoria miasmática propunha que as doenças, especialmente as epidemias, eram causadas por \"miasmas\", ou seja, vapores ou emanações nocivas provenientes de matéria em decomposição, como lixo, águas estagnadas, esgoto, corpos em putrefação ou outros materiais em decomposição. Esses miasmas eram considerados impuros ou \"venenosos\" e poderiam ser inalados, infetando o indivíduo e levando ao desenvolvimento de doenças. Implementações de medidas de saúde publica Saneamento e Infraestrutura: A teoria incentivou o desenvolvimento de sistemas de esgoto, drenagem e saneamento básico em várias cidades, uma vez que se acreditava que a melhoria dessas condições reduziria os miasmas e, consequentemente, as doenças. Quarentenas e Isolamento: Durante epidemias, a teoria levou à implementação de medidas como quarentenas e isolamento de áreas afetadas, como forma de impedir a propagação dos miasmas. Epidemiologia clássica \* Existiu uma grande influência da Revolução Francesa pela luta contra as desigualdades entre os pobres e as classes mais altas, nomeadamente no que respeita à saúde. \*John Snow, considerado o pai da epidemiologia moderna, descobriu, em meados do século XIX, como e porque aumentavam os casos de cólera em Londres, derrubando a teoria miasmática aceite até então. \*Louis Pasteur, considerado o pai da bacteriologia, identificou e isolou diversas bactérias, possibilitando o estudo de várias doenças. Teoria Microbiológica: Também conhecida como Teoria Germinal das Doenças, é uma explicação fundamental para a origem das doenças infeciosas, que afirma que essas doenças são causadas por microrganismos patogênicos, como bactérias, vírus, fungos e protozoários. Essa teoria transformou completamente o entendimento sobre a transmissão e o controle das doenças, substituindo a Teoria Miasmática (que atribuía as doenças a vapores contaminados e condições ambientais) e marcando o início da epidemiologia moderna. Criação e aplicação das técnicas de assepsia nos cuidados de saúde; o desenvolvimento de vacinas para prevenir doenças específicas; a purificação dos fornecimentos de água; a pasteurização do leite; a utilização sanitária melhorada do ambiente. Epidemiologia moderna A Epidemiologia Moderna é uma evolução da epidemiologia clássica, que surgiu com o avanço do entendimento das causas das doenças, especialmente após as descobertas relacionadas à teoria microbiológica e aos desenvolvimentos no campo da genética, da biologia molecular e da saúde pública. A principal característica da epidemiologia moderna é o foco não apenas nas doenças infeciosas, mas também em doenças crônicas, condições de saúde e os determinantes sociais, ambientais e comportamentais que afetam a saúde das populações. Enfoque em Doenças Crônicas e Comportamentais: Ao contrário da epidemiologia clássica, que focava principalmente em doenças infeciosas, a epidemiologia moderna amplia seu campo de estudo para incluir doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias e doenças mentais. Além disso, ela também analisa a relação entre comportamentos de saúde (como dieta, atividade física, tabagismo, consumo de álcool) e a incidência de doenças. O método epidemiológico é o conjunto de técnicas e procedimentos usados para estudar a distribuição, as causas e os determinantes das doenças e condições de saúde em populações. Esse método é fundamental para a epidemiologia, pois permite a investigação de padrões de saúde e doenças, a identificação de fatores de risco e a formulação de estratégias de prevenção e controle. O objetivo central do método epidemiológico é entender como, quando e por que as doenças afetam as populações e como intervir para melhorar a saúde pública. Métodos epidemiológico \* Observação do fenómeno \* Surge um problema ou questão \* Definir o problema \*"Extrair" do problema inicial os "sub-problemas" \*Definir hipóteses de resposta \* Testar as hipóteses \`\*Contruir a resposta ao problema inicial A Tríade Epidemiológica é um modelo clássico usado para explicar a ocorrência de doenças nas populações. Ela descreve a interação entre três fatores fundamentais para o desenvolvimento de uma doença: o agente causal, o hospedeiro e o meio ambiente. Esses três elementos interagem de maneira dinâmica e são essenciais para entender como uma doença se propaga e como estratégias de prevenção e controle podem ser implementadas. ( Tempo , lugar e pessoas). APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA 1. Estudar a história natural da doença (permitindo descrever casos, especificar o que é comum e o que é extraordinário, \...) 2. Fazer o diagnóstico de saúde de grupos, comunidades e populações (presença, natureza e distribuição da saúde e da doença) 1. Avaliar as intervenções de saúde (concorrendo para uma melhor adequação dos programas e intervenções às comunidades) 2. Estudar a etiologia, as causas de doença e dos fatores de risco relevantes 3. Apoiar a intervenção clínica e comunitária 4. Fornecer evidências para o desenvolvimento de políticas de saúde (decisão política, de saúde pública e clínica CONCEITO DE SAÚDE O conhecimento dos múltiplos fatores que influenciam a saúde do homem trouxe-nos uma nova perspetiva de saúde Os fatores causadores de doenças podem ser divididos em várias categorias, considerando as diferentes causas e condições que podem levar ao desenvolvimento de uma enfermidade. A seguir, são apresentados os principais grupos de fatores que podem causar doenças: - Fatores de natureza fisiológica e anatómica (estudados tradicionalmente) - Outros fatores: Sociais económicos culturais ecológicos A história natural da doença refere-se ao curso natural de uma doença sem a intervenção de tratamentos médicos. Em outras palavras, é o desenvolvimento de uma condição patológica desde o momento em que o agente causador (como um vírus ou bactéria) entra no organismo até o resultado, seja a recuperação, a cronicidade ou a morte, caso não haja intervenção médica. A história natural da doença envolve várias fases, e sua compreensão é essencial para o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Ela pode ser descrita de forma geral pelas seguintes etapas. Divide-se em dois períodos sequenciais: ***Período Epidemiológico ou Pré-Patogênico***: \* compreende as relações entre hospedeiro e ambiente \*Este é o período anterior à manifestação da doença, onde ainda não há sinais clínicos. A doença pode ser influenciada por fatores ambientais, comportamentais, genéticos e sociais. Neste estágio, a pessoa ainda não apresenta os sintomas da doença, mas está exposta a fatores de risco. Medidas preventivas : no pré-patogénese\-\-\-- Medidas preventivas primarias 1. Promoção da saúde -- desenvolvimento de condições que favoreçam níveis de saúde elevados. Ex; habitação e alimentação adequadas , educação áreas de lazer) 2. Proteção específica -medidas de barreiras direcionadas aos fatores passíveis de causar agressão. Ex : imunização , saúde ocupacional , higiene, proteção contra acidentes , aconselhamento genético e controle de vetores. Patogénese Compreende as relações entre hospedeiro e agente etiológico Esta é a fase em que já há resposta biológica do hospedeiro , o conhecimento da etiologia é importante para a definição de critérios diagnosticados e tratamento , visando a deteção e interrupção da evolução e regressão da doença instalada. No meio externo interatuam os determinantes e os agentes causais das doenças , e no meio interno ocorrem as modificações bioquímicas , fisiológicas e histológicas. Inicio da patogénese ; medidas preventivas -- medidas de prevenção secundária 1. diagnostico precoce -- inquéritos para descoberta de casos na comunidade , exames periódicos , individuais , para a deteção precoce dos casos 2. tratamento rápido e adequado / limitação Mesmo que o processo seja detetado tardio , um tratamento adequado poderá ainda impedir as sequelas e limitar os danos. Medidas de prevenção : medidas de prevenção terciaria 1. reabilitação 2. reinserção social ( ex)- fisioterapia , terapia ocupacional. Emprego para reabilitado ) ![](media/image4.png) Determinantes da doença Factores 1. endógenos : fatores determinantes que , no quadro geral da ecologia da doença , são inerentes aos organismos e estabelecem a recetividade do indivíduo. \*heranças genéticas -determina a maior ou menor suscetibilidade de contrair doenças , há doenças intrinsecamente hereditárias. \*anatomia e fisiologia do organismo humano -- fatores constitucionais , individuais \*estilo de vida -- alimentação , tabaco, álcool , atividade física , gestão laboral 2-exógenos : fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente \*Ambientes biológicos: determinantes biológicos-infeções (o resultado do relacionamento da população humana com uma ou mais espécie , com consequentes danos á saúde. \*ambientes físicos : determinantes físico-químicos \*ambiente social: determinantes sociais , culturais , demográficos , políticos , económicos DETERMINANTES DE DOENÇA: Ecológicos: NATURAIS Previsíveis Aqueles cuja ação, na maior parte das vezes, pode ser prevista, permitindo estimar as possíveis consequências e, desta forma, adotar medidas que possibilitem reduzir seus efeitos (a depender dos conhecimentos atingidos sobre o assunto).EX; Atmosfera: Clima Imprevisíveis Acidentes naturais Catástrofes ou calamidades naturais (Mortalidade; Morbilidade - epidemias ou doenças infeciosas; Consequências psicológicas A RTIFICIAIS Acidentais Acidentes ou desastres antrópicos. Ambiente natural: "Efeito estufa", "buraco na camada de ozono". Ambiente antrópico: Impacto de tecnologias sofisticadas que, fora de controle, atingem o próprio ambiente (energia nuclear, acidentes com produtos químicos perigosos). **Produzidos** De uso programado e continuado Poluição constante (desenvolvimento industrial): Gases e partículas na atmosfera, substâncias químicas e águas residuais sem tratamento no meio hídrico e resíduos sólidos sem tratamento no meio terrestre, resíduos hospitalares sem tratamento específico. Poluição prevista (consequência de certa atividade): Atividades agrícolas, medicamentos, agentes tóxicos e nocivos usados em conflitos armados DETERMINANTES DE DOENÇA **Sociais:** Determinados valores grupais, a marginalidade, a desigualdade social, estão associados à toxicodependência, prostituição e mendicidade, com danos para a saúde. A liberdade e promiscuidade sexual dos últimos anos, estão associados ao aumento do número de doenças sexualmente transmitidas. Hábitos e estilos de vida: Alimentação, álcool, tabaco, atividade física, stress Níveis de Escolarização: Acesso à informação, baixo nível de literacia Psicossociais: Os estímulos patogénicos podem ter influência sobre a mente. Influenciam as relações interpessoais. A falta de cuidados maternos na infância, a carência afetiva, a agressividade dos grandes centros urbanos, o tipo de trabalho, o desemprego os isolamentos sociais interferem no processo saúde/doença. Culturais: Preconceitos, hábitos alimentares, crenças e comportamentos que propagam determinadas doenças ou impedem os processos de cura Costumes, valores e tradições Problemas de saneamento Conhecimentos médicos e de nutrição Demográficos : Idade populacional Política governamental perante o planeamento familiar, apoio às famílias nos diferentes estádios do ciclo de vida Concentração urbana e dispersão rural Migrações Políticos: Planeamento económico e social, nacional e internacional Legislação sanitária e ambiental Ajudas internacionais Fontes de informação : ▪ A epidemiologia é uma ciência predominantemente quantitativa que se preocupa com a distribuição dos problemas de saúde. ▪ Concentra-se nos aspetos de saúde e de doença que variam entre populações, lugares e tempos e que podem ser medidos. ▪ Os epidemiologistas analisam os dados para quantificar os fenómenos de saúde/doença, o que permite conhecer melhor o processo saúde/doença, perceber a efetividade de determinadas intervenções e projetar medidas preventivas. **Dados - Informação- Conhecimento** **Dados** -- \*são observações documentadas ou resultados da medição \*Representam um ou mais significados que isoladamente não transmitem uma mensagem. \*Não têm sentido por si só, mas apenas quando usados na tomada de decisões ou na realização de cálculos a partir de um processamento adequado e tendo em linha de conta o respetivo contexto. O dado é uma representação simbólica, um código ou um atributo de uma entidade. **Informação** :\* o conjunto dos dados processados e relacionados entre si constitui uma informação \*a informação tem significado , permitem a tomada de decisão ou ainda afirmações \*se o dado for trabalhado passa a ser uma informação Conhecimento : - É a informação trabalhada = conhecimento - O conhecimento constitui um saber. produz ideias e experiências que as informações por si só não são capazes de mostrar. ![](media/image6.png) Indicadores rácios Indicadores de saúde O indicador de saúde é a fórmula que se descreve o estado de saúde de uma determinada população. Medida objetiva , quantificando o estado de saúde dessa população permite a avaliação dos programas de saúde em desenvolvimento são distribuídos por 5 grandes grupos -- Demográficos; ▪ Pirâmide etária ▪ Relações de dependência (jovens, idosos) ▪ Taxa de natalidade ▪ Taxa de mortalidade ▪ Taxa global de fecundidade \[média do número de filhos por mulher até ao fim do período reprodutivo\] **Socio-Económicos** ▪ Rendimento do agregado familiar ▪ Rendimento per capita ▪ Taxa de Pobreza ▪ Taxa de homicídios ▪ Nível de escolaridade Sanitários ▪ Índices (ex: esperança de vida ajustada segundo a qualidade de vida) ▪ Taxa de natalidade ▪ Taxa de Incidência ▪ Taxa de mortalidade ▪ Taxa de mortalidade Infantil ▪ Taxa de mortalidade específica por uma causa da mortalidade numa população (sempre que possível desagregar por grupos etários os valores) De utilização dos serviços de saúde : ▪ Taxa de consultas de enfermagem ▪ Taxa de consultas de higiene oral ▪ Taxa de intervenções cirúrgicas ▪ Taxa de Consultas médicas ▪ Taxa de Exames Complementares de Diagnóstico ▪ Taxa de hospitalização ▪ Duração Média do internamento De recursos: ▪ Nº de enfermeiros \[sempre em relação a 1000 habitantes\] ▪ Nº de Médicos \[sempre em relação a 1000 habitantes\] ▪ Nº dos técnicos da área X \[sempre em relação a 1000 habitantes\] ▪ Percentagem de despesas públicas de Saúde pelos principais grupos de doenças São de considerar dois tipos de indicadores : ***Indicadores de impacto ou resultado*** ( medem as alterações verificadas num problema ) ( pretende-se com estes indicadores quantificar problemas , relativamente á consecução de objetivos ) ***Indicadores de atividade ou execução*** ( medem as atividades desenvolvidas pelos serviços ) ex: ![](media/image8.png) Pretende-se com estes indicadores quantificar atividades , relativamente á consecução de metas. ** **Causalidade em Epidemiologia** - Em epidemiologia, considera-se que uma causa é: um evento, condição, característica ou combinação dos fatores que desempenham um papel importante no desenvolvimento de doença. - Historicamente, os critérios de causalidade tiveram um forte desenvolvimento no séc. XIX fruto do panorama epidemiológico da altura que era dominado pelas doenças infeciosas como principais causas de morbilidade e de mortalidade. **Tipos de Causas** - No séc. XX, houve alteração do panorama epidemiológico, o qual passou a ser dominado pelas doenças multicausais, não infeciosas ** O conceito de causa em epidemiologia e o conceito de causa do senso comum muitas vezes colidem. Porque: - Do ponto de vista da lógica, estamos perante uma relação causal quando A leva a B, sendo que, para isso, é necessário que A anteceda B e que B resulte de A. causa (A) - efeito (B) - Em epidemiologia, tal nem sempre se verifica e isso resulta da natureza multifatorial da maior parte dos problemas de saúde. A relação de causa efeito nem sempre assume um formato linear. Portanto podemos ter 4 situações: 1\. A causa (A) está presente e o efeito (B) está presente; 2\. A causa (A) está presente, mas o efeito (B) não está presente, podendo vir a manifestar-se mais tarde ou a nunca se manifestar; ***3. A causa (A) não está presente, mas o efeito (B) está presente;*** 4\. A causa (A) não está presente e o efeito (B) também não está presente, podendo ou não vir a manifestar-se mais tarde. **Fatores que Interferem na Causalidade** - Conceito de interação ou modificação do efeito: consiste na "acumulação" de causas que um tempo mais tarde produz um determinado efeito. Ex: Traumatismo craniano - distúrbio no equilíbrio - queda - fratura do cólo do fémur **Fatores predisponentes**: criam um estado de suscetibilidade a uma doença (ex: idade, sexo, \...) **Fatores facilitadores**: pioram o estado de doença(ex: baixo rendimento, má nutrição, dificuldade em aceder aos cuidados de saúde) **Fatores precipitantes**: estão associados com o início da doença ou estado (ex: exposição a um agente de doença específico ou a um agente nocivo) **Fatores de reforço**: agravam a doença ou o estado (ex: exposição repetida) Orientações de Causalidade de Bradford Hill - No caso da associação estatística verificada ser, de facto, real, é necessário analisar a potencial relação de causa-efeito de acordo com as orientações de Bradford Hill: Força de associação: é a orientação que deve ser analisada em primeiro lugar Consistência: a não existência de consistência não significa necessariamente a ausência de relação entre causa e efeito Especificidade: refere-se à associação do fator causal a apenas algumas causas e a não a uma variedade delas, ou seja, uma associação tem maior probabilidade de ser causal se a causa estiver associada a apenas um efeito do que de estiver associada a diferentes efeitos. Relação temporal / temporalidade: a causa tem de anteceder sempre o efeito. Epidemiologicamente, nenhum efeito (doença) resulta de uma causa se essa causa não ocorrer antes do efeito. Gradiente biológico: uma potencial relação causal tem maior probabilidade de o ser se mudanças na causa estiverem associadas a alterações na prevalência ou incidência. Plausibilidade biológica e coerência: Plausibilidade biológica: uma associação é plausível, e assim com maior probabilidade de ser causal, se houver uma explicação fisiológica para a relação entre a causa e o efeito. A coerência: remete para uma maior probabilidade da existência de uma relação causal se existir coerência entre o conhecimento atual sobre a relação causa-efeito e aquele que emerge do estudo dessa relação. Experiência: qualquer relação de causa-efeito demonstrada desta forma terá mais valor científico. Analogia: algumas associações causais podem ser estudadas por analogia, esperando-se que para causas semelhantes ocorram efeitos também semelhantes. Situações que podem influenciar a determinação da causalidade: Acaso; desempenha um papel importante no estudo da epidemiologia , por erro aleatório, que resulta dos desígnios do acaso , esta inerente a todas as observações.ex: quanto menor for o nr de indivíduos em estudo maior é a probabilidade de os resultados serem maior é a probabilidade de os resultados serem influenciados pelo caso. **Confundimento** : ▪ O confundimento (latim confundere, misturar) é uma consequência da comparação de grupos de indivíduos que diferem em termos dos determinantes de doença ou condição de interesse que está a ser estudada. ▪ Ocorre quando a totalidade ou parte de uma associação aparente entre uma exposição e um resultado se deve a outras variáveis que influenciam o desfecho mas que não são afetadas pela exposição. Estamos perante um confundimento quando, num estudo sobre a associação entre a exposição A e a doença B, o fator X (confundimento) é um conhecido fator de risco da doença B e está associado ao fator A, mas não resulta do fator A. ▪ Controlo dos fatores de confundimento: desenho e execução do estudo; análise dos dados. ** Interação**▪ Quando a força de associação varia entre subgrupos de uma população dizemos que ocorre a interção ou modificação de efeito. ▪ A interação ocorre quando o efeito de duas variáveis, na presença uma da outra, difere significativamente daquele que seria de esperar individualmente de cada uma \[muitas vezes é difícil determinar o efeito de cada uma das variáveis\] ▪ Para investigar a presença de interação, deve-se analisar a força de associação entre os diferentes estratos de uma população (subgrupos):- se a força de associação for igualmente forte não existe interação- se a força de associação variar entre os estratos está presente a interação.; ** Validade.** **▪** Refere-se à capacidade que o desenho de um estudo epidemiológico e a forma como foi implementado e conduzido têm para prevenir vieses. ▪ Validade interna: capacidade de medir corretamente o fenómeno em estudo e "garantir" que a relação/associação encontrada ocorre na realidade e não é devida a erros sistemáticos ou a confundimentos. ▪ Validade externa: capacidade de generalização dos resultados de um estudo epidemiológico para a população que não participou no estudo. ▪ O estudo ideal é aquele em que a validade interna e externa são ambas elevadas. No entanto, muitas vezes, para que a validade interna de um estudo seja elevada, há que fazer algumas cedências em termos da capacidade de generalização desse mesmo estudo