Terapia Cognitiva: Princípios e Práticas

Terapia Cognitiva: Princípios Teóricos e Práticos

• A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) abrange mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental.
• Criada por Aaron Beck em 1967.

Princípios Unificadores da TCC

• A atividade cognitiva do indivíduo influencia seu comportamento.
• A atividade cognitiva pode ser monitorada e modificada.
• O comportamento pode ser influenciado através da mudança cognitiva.

Foco da TCC

• O foco é identificar e corrigir pensamentos.

Interrelação entre Cognição, Emoção e Comportamento

• Avalia o funcionamento normal e patológico.
• Existe uma interação recíproca entre emoções, comportamentos, cognições, fisiologia e ambiente.
• Sentimentos são influenciados pelos pensamentos.
• Reações emocionais tornam-se compreensíveis quando se preenche o espaço entre um evento ativador e as consequências emocionais e comportamentais.

Modelo Cognitivo de Psicopatologia

• Apresenta uma estrutura hierárquica que vai da crença central à reação emocional, comportamental e fisiológica, passando pela crença intermediária e pelos pensamentos automáticos.
• Situações disparam pensamentos automáticos que levam a reações.

Distorções Cognitivas

• São vieses sistemáticos na interpretação da experiência, comuns em diferentes transtornos.
• O pensamento pode ser distorcido, rígido, absoluto ou generalizado.
• Crenças inflexíveis fazem parte do processamento inflexível.

Cognição

• Envolve a aquisição de conhecimento por meio de processos cognitivos como percepção, atenção, memória, raciocínio, pensamento e linguagem.

Níveis de Cognição

• A cognição parte dos estímulos, passa pelos órgãos dos sentidos, chega a cognição propriamente dita e culmina no significado.
• Os níveis de cognição são organizados em camadas, com os Pensamentos Automáticos na periferia, seguidos pelas Crenças Intermediárias, Crenças Nucleares e, no centro, os Esquemas.

Crenças Nucleares

• São ideias e conceitos mais enraizados, absolutistas, generalizadas, cristalizadas e incondicionais.

Crenças Nucleares e Transtornos

• Funcionam como um filtro na interpretação da realidade.
• Podem ser sobre si mesmo, sobre os outros ou sobre o mundo.
• Podem levar a ativar transtornos de personalidade.
• O objetivo final da terapia cognitiva é mudar as crenças nucleares.

Esquemas Mentais

• São estruturas cognitivas com conteúdo, padrões ordenadores da experiência que ajudam o indivíduo a se orientar no mundo.
• Estímulos e ideias genéricas transformam-se em memórias com sentido e significado, dando origem a novas informações.
• Os esquemas mentais adaptativos promovem o processamento veloz de informações para a tomada de decisões.
• Em contrapartida, esquemas negativos podem levar a psicopatologias.

Esquemas Mentais Negativos

• A ativação de esquemas mentais negativos pode levar ao estresse.

Pressupostos Subjacentes

• Guiam a conduta sendo subjacentes aos pensamentos automáticos.
• São crenças regra/intermediárias que podem ser padrões, normas, premissas ou atitudes.
• Se manifestam na forma "Se... então...", sendo regras que precisam ser cumpridas para que não existam problemas
• São importantes na ativação de crenças centrais.

Estratégias de Enfrentamento

• Pressupostos condicionais modelam a relação entre estratégias comportamentais e as crenças nucleares.
• Exemplo de Fobia Social: ""Não ser amado"" (crença central) leva a ""Interagir é perigoso"" (pressuposto), resultando em ""Não devo interagir"" (regra) e ""Evita exposição"" (estratégia).

Pensamentos Automáticos

• São rápidos, involuntários, exagerados, distorcidos, equivocados, irrealistas e disfuncionais.
• Moldam emoções e comportamentos.
• A modificação do pensamento automático melhora o humor, e a modificação da crença melhora o transtorno.
• São mais fáceis de acessar e modificar, e podem ocorrer através de imagens.

Validade dos Pensamentos Automáticos

• Podem ser distorcidos, acurados com conclusão distorcida (disfuncionais), ou acurados e disfuncionais.

Princípios Práticos da Terapia Cognitiva

• O objetivo inicial é quebrar o ciclo que perpetua e amplifica os problemas do indivíduo, aliviando os sintomas imediatos.
• Habilidade clínica mais importante: Conceitualização cognitiva, especialmente a formulação do caso.
• O processo envolve mapear a situação, o pensamento automático, o significado do pensamento, a emoção e o comportamento.
• Aliança terapêutica exige transferência e vínculo, além de cordialidade, empatia, atenção, respeito e competência.
• Fatores precipitantes e eventos-chave afetam a aliança terapêutica.

Outros Princípios Práticos da TC

• Ênfase na resolução de problemas através de experimentos.
• Concentração no presente, embora se reconheça a relevância da origem das ideias disfuncionais.
• Caráter pedagógico, visando que o paciente conheça seu transtorno e aprenda a ser seu próprio terapeuta, prevenindo recaídas.
• A terapia tem tempo limitado.

Descoberta Guiada/Questionamento Socrático

• Envolve questionamento sistemático e é orientada para a descoberta.
• Estimula exame, ponderação, avaliação e síntese de diversas fontes de informação.
• Há avaliação independente racional dos problemas e soluções.
• Fornece insight sem corrigir respostas, requerendo tempo e paciência.
• Aplica o ""aprender como aprender"", convertendo o sofrimento psíquico em autoexploração e levando do insight para a mudança.

Distorções Cognitivas Comuns

• Catastrofização: ""Perder o emprego será o fim da minha carreira.""
• Raciocínio emocional: ""Eu sinto que minha amiga não gosta de mim.""
• Pensamento dicotômico: ""Deu tudo errado na festa.""
• Abstração seletiva: ""Veja todas as pessoas que não gostam de mim.""
• Adivinhação: ""Não irei gostar da viagem.""
• Leitura mental: ""Ele não está gostando da minha conversa.""
• Rotulação: ""Ela é louca. Eu sou uma pessoa ruim.""
• Desqualificação: ""Tive sucesso porque a tarefa foi fácil.""
• Min-Max: ""Tenho um bom emprego, mas todo mundo tem.""
• Personalização: ""O casamento acabou por minha causa.""
• Hipergeneralização: ""Eu sempre estrago tudo.""
• Imperativos: ""Eu devo ser perfeito em tudo que faço.""
• Vitimização: ""Ninguém me entende.""
• E se...?: ""E se o novo emprego não der certo?""

Estrutura da Sessão de Terapia Cognitiva

• Inicia com a revisão do humor e da semana.
• Há uma ponte com a última sessão.
• Inclui a revisão das tarefas.
• É definida a agenda (qual problema será trabalhado).
• Trabalha-se os itens da agenda, com resumos periódicos e resumo final.
• Termina com o feedback da sessão.

Mitos sobre a Terapia Cognitiva

• A TC não é baseada no poder do pensamento positivo.
• A teoria cognitiva não propõe que os pensamentos distorcidos causam a psicopatologia.
• A TC não é simples e não utiliza o senso comum.
• A TC não convence as pessoas a sair dos seus problemas.
• A TC não ignora as emoções, nem sua meta é eliminar as emoções.
• A TC não é apenas a aplicação de técnicas, nem ignora o passado.
• A TC não é superficial.
• A relação terapêutica é importante na TC.
• A TC não tem um limite fixo de 15 a 25 sessões.
• Fazer TC não significa não usar medicação.
• A TC não é apropriada apenas para pessoas articuladas.
• A TC é eficaz em pacientes com transtornos mentais graves.