Raças Ovinas e Produção no Brasil

• O texto aborda as raças ovinas, sua distribuição geográfica no Brasil, objetivos de produção e sistemas de criação, além de manejo reprodutivo e biotecnias aplicadas.
• Discute também problemas comuns em neonatos e indicadores de desempenho na criação de ovinos, fornecendo insights valiosos para estudantes e profissionais da área.

Raças Ovinas no Brasil

• A criação de ovinos no Brasil tem presença significativa nas diversas regiões do país, cada uma com suas particularidades de manejo, raças e objetivos de produção.
• Os ovinos foram trazidos ao Brasil pelos europeus durante a colonização, sendo utilizados para a subsistência das primeiras populações.

Distribuição Geográfica e Objetivos de Produção

• No Nordeste a criação de ovinos é tradicional, voltada para subsistência e venda local, sendo a raça Santa Inês comum na região.
• Na região Sul, a criação de ovinos tem caráter mais industrial, focada na produção de lã e carne para o mercado, com raças comuns como Corriedale e Merino.
• Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a ovinocultura é diversificada, incluindo a produção de carne, lã e leite de ovelha.
• A produção de carne de cordeiro é o principal objetivo na maioria das regiões, com demanda crescente tanto no mercado interno quanto para exportação.
• A produção de lã é foco principalmente no Sul.
• A produção de leite de ovelha, embora em menor escala, ocorre para a fabricação de queijos especiais.
• A pele dos animais também é valorizada em algumas regiões.

Principais Raças Ovinas

• Santa Inês: Originária da Itália, desenvolvida no Nordeste do Brasil, destaca-se pela alta capacidade reprodutiva, habilidade materna e adaptação ao clima tropical, com foco na produção de carne de excelente qualidade.
  • Animal deslanado.
  • Excelente qualidade de carne e adaptável a diferentes formas de criação e regiões.
  • Possui cabeça mocha, orelha em forma de lança, olhos redondos e brilhantes, pelos finos e tronco grande, com pelagem vermelha, preta, branca e combinações.
  • Apresenta boa produção de carne, pele de alto valor, adaptabilidade, boa habilidade materna e qualidade de pele para a indústria.
• Morada Nova: Raça deslanada originária da África, desenvolvida no Ceará, adaptada a regiões áridas, com ovelhas prolíferas e de pequeno porte (30 a 40 kg).
  • É uma das principais raças de ovinos deslanados do Brasil, principalmente no Nordeste, bem adaptada ao clima semiárido, mas também encontrada em outras regiões.
  • Animais caracterizados pelo baixo peso adulto, alto número de crias por parto, boa habilidade materna e ótima qualidade de pele.
  • Apresenta ganho de peso reduzido e baixa qualidade de carcaça.
  • Exibe carne de qualidade macia e muito procurada, com adaptabilidade a regiões quentes e com pouca comida.
  • A cabeça é larga e alongada, com orelhas em forma de concha, olhos em formato de amêndoa e pelagem vermelha, branca ou com manchas vermelhas.
• Suffolk: Raça de origem inglesa introduzida no Brasil na década de 50, encontrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
  • Possui boa conformação corporal, com corpo comprido e musculoso.
  • A pelagem é lisa de cor preta nas extremidades, sem lã.
  • É conhecida pela produção de carne de qualidade, sendo favorável para sistemas intensivos.
  • Apresenta grande desenvolvimento corporal, constituição robusta, ausência de lã, cabeça mocha e coloração rosada na pele sem rugas.
  • Tem características como rusticidade, alta prolificidade, ótima conformação de carcaça, libido forte nos carneiros, boa aptidão materna nas ovelhas e foco na produção de carne.
• Bergamácia: Originada no Norte da Itália, pertencente ao grupo alpino, caracterizada por ser mocha e ter orelhas grandes, com peso de 100 a 120 kg para machos e 70 a 80 kg para fêmeas.
  • Animal rústico, mas exigente quanto à alimentação.
• Dorper: Raça resultante do cruzamento entre raças, de origem semi-lanada, com animais de cabeça preta ou branca.
  • Apresenta produção de carne, adaptabilidade, boa habilidade materna, maturidade sexual aos 180 dias, prolificidade, fertilidade e pele de grande aceitação pela indústria.

Raças de Corte, Lã e Mistas

• Raças de Corte: Suffolk, Hampshire Down e Texel destacam-se pelo ganho de peso diário e rendimento de carcaça.
• Raças de Lã: Merino Australiano e Ideal são valorizadas pela qualidade da lã, finura e comprimento da fibra.
• Raças Mistas: Dorper e Santa Inês mostram adaptabilidade, prolificidade e boa produção de carne e lã.

Sistema de Criação

• O retorno econômico da criação de ovinos depende de quatro elementos essenciais: pessoas envolvidas, animais, recursos naturais disponíveis e recursos tecnológicos empregados.
• A condução desses elementos é chamada de sistema de criação ou de produção.

Tipos de Sistemas de Criação

• Sistema Extensivo: sistema mais simples, rústico e de menor custo, com menor exigência nutricional e manutenção em pastagens naturais.
  • Apresenta instalações mínimas, práticas de manejo sanitário raramente utilizadas, baixa tecnologia, baixos índices reprodutivos, elevada taxa de mortalidade e menor produtividade.
• Sistema Semi-Intensivo: possui certo grau de adoção de tecnologia, com melhoria nos índices produtivos por meio da suplementação dos animais e práticas de manejo sanitário.
• Sistema Intensivo: apresenta maior produtividade por animal ou maior produção por área, utilizando recursos tecnológicos, piquetes, ração balanceada, estação de monta, instalações adequadas e correto manejo sanitário.

Escolha do Sistema de Criação

• A escolha do sistema de criação é complexa e depende da adequação à realidade de cada propriedade ou região.
• Para a escolha do melhor sistema, o produtor deve:
• Definir claramente os objetivos da criação (carne, pele, etc) baseado no conhecimento do mercado consumidor e na realidade da região.
• Calcular os valores iniciais de investimento e tempo de retorno.
• Considerar os componentes dos sistemas de criação: instalação, mão de obra, genética e manejo.

Instalações na Ovinocultura

• As instalações são estruturas tecnicamente planejadas e construídas para proteger os animais e proporcionar bem-estar, facilitando o manejo conforme a espécie e o propósito da criação.
• As instalações necessitam:
• Acomodar adequadamente os animais, fornecendo-lhes segurança e conforto, praticidade, funcionalidade e fácil limpeza.
• Resistência e durabilidade, contendo e mantendo adequadamente os animais, com boa ventilação e proteção contra ventos e umidade.
• Proteção contra variações de clima, divisões espaçosas e racionais, fácil acesso, acesso à água e custo adequado com baixa manutenção.
• Instalações e equipamentos incluem aprisco, chiqueiros, currais de manejo, esterqueira, cochos e cercados.
• Cercas e divisórias têm finalidade de proteger os animais e possibilitar o manejo, utilizando varas, madeira cerrada, arame liso ou farpado.
• Ao planejar, deve-se considerar a escolha, custo, durabilidade/vida útil, manutenção e tradição local.
• Apriscos possuem localização em terreno drenado, correntes de ar adequadas, construção no sentido Leste-Oeste e piso de terra batida, ripado de madeira ou materiais formando cama.
  • Comedouros protegidos evitam contaminação da ração.
• Curral de Manejo: Local para contenção dos animais para vermifugações, vacinações, pesagem e casqueamento, geralmente construído em conjunto com o aprisco. Recomendação de 1 m² de área disponível por animal, com piso de terra batida ou cimento.
• Confinamento: local para confinar cordeiros após a desmama, até o abate, com adaptação de qualquer galpão e uso de cama (feno, palha, serragem).
  • Área de 0,60 metros quadrados por cordeiro de até 30 kg de peso vivo, com comedouros protegidos para evitar contaminação.
• Sala de Ordenha: Local limpo, seco e ventilado para ordenha, projetada para facilitar e acelerar o processo, com fácil limpeza, boa drenagem, entrada e saída confortáveis, sistema de bloqueio e mecanismo anti-entrada de ar.
  • Recomenda-se revestimento de azulejo, acesso à água com pia e rampa para os animais ou fosso para o ordenhador.

Manejo do Rebanho Ovino

• Raças de Corte: Suffolk, Hampshire Down e Texel se destacam pelo ganho de peso diário e rendimento de carcaça.
• Raças de Lã: Merino Australiano e Ideal são valorizadas pela qualidade da lã, finura e comprimento da fibra.
• Raças Mistas: Dorper e Santa Inês mostram adaptabilidade, prolificidade e boa produção de carne e lã.
• Características fenotípicas desejáveis para produção de lã incluem qualidade e volume.
• Animais produtores de carne devem ser grandes, robustos, precoces e prolíficos, com boa habilidade materna, excelente ganho de peso e rendimento de carcaça.
• As ovelhas para produção de leite devem possuir úbere bem implantado e desenvolvido, serem prolíficas e apresentarem bom volume durante a lactação.
• Animais para produção mista (carne e pele) devem ser de porte médio, pouco pesados, rústicos e prolíficos, com habilidade materna.

Manejo Reprodutivo

• Taxa de Natalidade: buscar uma taxa acima de 150% com boas práticas de manejo reprodutivo.
• Estações de Monta: planejar para otimizar a produção de cordeiros em diferentes épocas do ano.
• Sincronização de Cio: utilizar técnicas para concentrar os nascimentos e facilitar o manejo dos animais.
• Nutrição: Alimentação adequada para cada fase de vida, com nutrição específica para crescimento dos cordeiros, alimentação balanceada para gestação e suporte para produção de leite na lactação.

Sanidade

• Verminoses: controle de parasitas como o Haemonchus contortus.
• Vacinação: calendário contra clostridioses e ectima contagioso.
• Casqueamento: prevenção de problemas de aprumos.

Seleção de Reprodutores

• Características como peso e qualidade da lã.
• Avaliação Genética com uso de DEP para identificar os melhores.
• Testes para avaliar o desempenho dos filhos.

Bem-Estar Animal

• Instalações com áreas de sombra e ventilação.
• Manejo que evita medo e ansiedade.
• Cuidado durante o transporte.

Manejo de Cordeiros

• Envolve oferecer colostro, desmama, identificação e castração.
• Cuidado especial para evitar distúrbios metabólicos e seguir esquemas de vacinação e vermifugação.
  • Controle de verminoses em fêmeas adultas e pré-púberes.
• Atenção à idade das ovelhas, histórico do reprodutor e avaliação do aborto.

Controle Reprodutivo e Biotecnias

• O manejo reprodutivo está inserido em aspectos como alimentação, sistema de acasalamento, controle de doenças reprodutivas, biotecnias e critérios para a seleção de reprodutores e matrizes.
• A eficiência reprodutiva é a capacidade de ter mais ovelhas prenhes, nascimentos e cordeiros desmamados, avaliada por percentual de ovelhas prenhes, número de cordeiros nascidos e desmamados, e peso final dos cordeiros no desmame.
• Para melhorar a eficiência reprodutiva, deve-se aumentar o percentual de ovelhas gestantes, prolongar a vida útil das matrizes, explorar o potencial dos animais, reduzir a taxa de reposição, estabelecer critérios de descarte e proporcionar boa alimentação às fêmeas.
• O ciclo estral da ovelha dura em média 16-18 dias, influenciado por raça, nutrição e fotoperíodo.
  • O estro dura 32 horas, com ovulação no terço final e óvulo viável por 12-24 horas.
  • Sinais de identificação do estro incluem animal inquieto, permitir a monta, corrimento e micção frequente.
• Hormônios FSH, LH, estrógeno e progesterona desempenham papéis cruciais no ciclo estral.
• Puberdade ocorre entre 4 e 8 meses, com maturidade sexual atingida com 70-75% do peso adulto (+ ou – 12 meses).
• Técnicas de sincronização de estros envolvem esponjas vaginais e implantes de progesterona.

Técnicas e Sinais de Gestação

• Sincronização: Melhora a eficiência reprodutiva e otimiza a produção, com variação nas taxas de prenhez conforme o protocolo.
• Sinais de Gestação: Barriga bem elevada, úbere aumentado e vulva dilatada.
• Cuidados com Ovelha Grávida: Evitar vermífugos no início, vacinar contra clostridioses, revisar cascos, tosquiar ao redor do úbere e remover sujeira.
• Seleção de animais aptos à reprodução: Essencial para melhorar os índices e minimizar defeitos.

Matrizes e Reprodutores

• Reprodutor: Escolha por raça, saúde (testículos simétricos e ausência de alterações), comportamento sexual e origem.
• Matrizes: Escolha por raça, idade compatível, fertilidade, produção de leite e habilidade materna.

Biotécnicas Aplicadas

• Inseminação Artificial: Cervical, transcervical ou laparoscópica, com taxas de concepção variando conforme o sêmen e a técnica.
• Clonagem em Ovinos: Transferência nuclear para preservar Genótipos Superiores.
• Diagnóstico de Gestação: Métodos de Ultrassonografia e Dosagem de Progesterona.
• Transferência de Embriões: Superovulação, Coleta de Embriões e Transferência para receptoras.