O Timo: Histologia e Função

Histologia do Sistema Linfático

• O tecido linfoide forma a base estrutural do sistema imunológico do corpo.
• Os órgãos e tecidos linfáticos podem ser primários (medula/timo) ou secundários (baço, linfonodos, MALT).

Timo

• Órgão localizado no mediastino superior, entre o esterno e os grandes vasos da base do coração.
• É formado por dois lobos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso.
• A cápsula emite septos que separam o parênquima em lóbulos.
• Tem origem embriológica dupla: mesodérmica e endodérmica.
• Deriva do 3º arco faríngeo durante o desenvolvimento embrionário.
• Em certos casos, o timo pode não se desenvolver corretamente, causando a Síndrome de DiGeorge.
• A Síndrome de DiGeorge é um distúrbio congênito resultante de defeitos embrionários das células da crista neural.
• Apresenta um defeito predominante das células T.
• A síndrome pode ser completa, com diminuição de células T, ou parcial, com contagem normal e resposta linfoproliferativa variável.
• O timo não possui folículos linfóides.
• Cada lóbulo consiste em uma zona cortical periférica intensamente corada pela hematoxilina, devido à alta concentração de linfócitos.
• A zona cortical envolve a zona medular central, que se cora fracamente pela hematoxilina.
• Na camada medular existem os Corpúsculos de Hassall, camadas concêntricas de material queratinizado, possivelmente relacionados à destruição de linfócitos.
• Os corpúsculos de Hassall são formados por células reticulares epiteliais unidas por desmossomos.
• Algumas dessas células podem se degenerar, deixar restos celulares e calcificar.
• Os linfócitos T são as células mais abundantes no timo, em vários estágios de diferenciação e maturação.
• Além dos linfócitos T, o timo contém células reticulares epiteliais, células dendríticas, macrófagos e fibroblastos.

Células Reticulares Epiteliais

• Possuem núcleo grande, cromatina delicada e pouco corada.
• Emitem prolongamentos de queratina que formam um retículo.
• Formam retículos ocupados por células T, que se proliferam e se diferenciam no interior do retículo.
• Formam uma camada que reveste internamente o tecido conjuntivo da cápsula e dos septos.
• Produzem hormônios importantes na maturação dos linfócitos T, como timulina, timosina, timopoetina e fator tímico humoral.

Linfócitos T

• Originam-se na medula e migram para o timo, onde completam sua maturação.
• Os linfócitos pró-T se multiplicam na região cortical e migram para a zona medular.
• Apenas 2% dos linfócitos T imaturos se tornam células T maduras; o restante sofre apoptose e é eliminado por macrófagos.
• Os linfócitos em diferenciação são chamados de timócitos.
• Os linfócitos T diferenciados, portadores de TCRs, entram na corrente sanguínea.
• Os linfócitos T eliminados são aqueles cujos receptores não se ligam a determinantes antigênicos ou reagem com alta afinidade a antígenos do próprio organismo.

Macrófagos

• Encontram-se na região cortical.
• Destroem os linfócitos.

Linfonodos

• São órgãos encapsulados formados por tecido linfóide, espalhados pelo corpo ao longo dos vasos linfáticos.
• São encontrados na axila, virilha, pescoço, cavidades torácica e abdominal, e no hilo pulmonar.
• Têm formato de rim, com uma face convexa e outra côncava.
• Apresentam um hilo por onde entram artérias e saem veias e vasos linfáticos.
• São envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso que envia trabéculas para o interior, dividindo o parênquima.
• As células desses órgãos são sustentadas por células reticulares e fibras reticulares.
• Possuem uma região cortical, logo abaixo da cápsula, dividida em superficial e profunda.
• A região do hilo é a única que não possui zona cortical.
• O centro do órgão possui uma região medular que também está presente no hilo.

Região Cortical Superficial

• Apresenta uma cápsula com aberturas que permitem a entrada da linfa.
• A linfa penetra nos linfonodos por meio de perfurações na cápsula.
• É formada pelo seio subcapsular e seios peritrabeculares.
• O seio subcapsular está localizado abaixo da cápsula.
• A linfa entra nesse seio após passar pelas perfurações da cápsula.
• É constituído por tecido linfóide frouxo com menor concentração de células.
• Esse seio continua inferiormente, formando os seios peritrabeculares.
• A cápsula emite prolongamentos para o interior do órgão que o dividem em lóbulos.
• Os espaços peritrabeculares estão adjacentes aos septos de tecido conjuntivo da cápsula.
• Existe tecido linfático difuso com muitos linfócitos livres nessa região.
• Também contém folículos linfáticos que não são observados na região medular.
• Os folículos linfáticos são aglomerados de linfócitos B.
• Em cortes histológicos, aparecem como áreas circulares ou ovais azuis.
• Folículos ativados por antígenos podem apresentar centros germinativos claros envolvidos por mantos mais corados.

Região Cortical Profunda

• Pode ser chamada de região paracortical.
• Não apresenta folículos linfáticos.
• Possui linfócitos T, células reticulares, plasmócitos e macrófagos.

Região Medular

• Apresenta cordões medulares, que são aglomerados de linfócitos B, plasmócitos, fibras reticulares, células reticulares e macrófagos.
• Apresenta seios medulares, que estão entre os cordões medulares.
• Os seios medulares têm um lúmen mais amplo que os outros seios dos linfonodos.
• A linfa e as células migram da região cortical nesses seios.
• Na região do hilo, os seios formam os vasos linfáticos eferentes, pelos quais a linfa sai do linfonodo.
• A linfa entra nos linfonodos no seio subcapsular.
• Os linfonodos funcionam como filtros da linfa, removendo partículas estranhas antes de a linfa retornar à circulação sanguínea.

Baço

• Localiza-se entre o estômago e o diafragma.
• É o órgão isolado com maior acúmulo de tecido linfóide.
• Está interposto na circulação sanguínea.
• Origina linfócitos que passam para o sangue durante a vida fetal.
• É local de proliferação de linfócitos durante uma resposta imunitária.
• Funciona como filtro fagocitário e imunológico.
• Constitui-se como um grande produtor de anticorpos.
• Externamente, é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, da qual partem trabéculas que dividem a polpa esplênica em compartimentos incompletos.
• Em sua superfície medial existe o hilo, onde a cápsula emite o maior número de trabéculas.
• A artéria esplênica penetra no hilo do baço e se divide nas artérias trabeculares.
• As artérias trabeculares emitem ramos que penetram no parênquima (artérias centrais).
• As artérias centrais são revestidas por uma bainha de linfócitos (bainha linfática periarterial - PALS).
• Ao longo do seu trajeto, essa bainha forma os folículos linfáticos, que constituem a polpa branca.
• No interior desses folículos existe a artéria central do folículo (arteríola).
• Durante o траjeto pela polpa branca, essa arteríola dá origem a vários ramos que irrigam o tecido linfático envolvente.
• Ao sair da polpa branca, essa arteríola origina as arteríolas peniciladas, que levam o sangue para os seios esplênicos (capilares sinusóides).
• Esses capilares localizam-se entre os cordões esplênicos.
• O conjunto de seios e cordões esplênicos forma a polpa vermelha.
• Dos capilares sinusóides, o sangue passa para as veias da polpa vermelha.
• Essas veias se unem e formam as veias trabeculares, que se juntam e dão origem à veia esplênica, que sai pelo hilo do baço.
• A polpa esplênica corresponde ao parênquima do baço e possui células e fibras reticulares, linfócitos em grande quantidade e macrófagos.
• A polpa branca é formada por duas estruturas: folículos linfáticos e bainhas periarteriais.
• As bainhas se espessam e formam folículos linfáticos.
• Nas bainhas periarteriais, há o predomínio de linfócitos T; nos folículos, há o predomínio de linfócitos B.
• No limite entre as polpas vermelha e branca, existem os seios marginais, formados por linfócitos, macrófagos e células dendríticas.
• Na zona marginal é crucial para a defesa imunitária.
• A polpa vermelha localiza-se entre os folículos linfáticos e apresenta uma coloração vermelho-escura devido à riqueza em sangue.
• Essa polpa é formada por cordões esplênicos (células reticulares e fibras reticulares) que contêm linfócitos B e T, macrófagos, plasmócitos, monócitos, leucócitos, granulócitos, plaquetas e eritrócitos.
• Os cordões são separados pelos seios esplênicos (capilares sinusóides de lúmen dilatado e trajeto irregular).

Tecido Linfático Associado às Mucosas (MALT)

• Alguns tecidos do corpo humano estão em contato com o meio externo e sujeitos a invasões, como o trato digestório, trato respiratório, sistema geniturinário e pele.
• Nesses locais existe tecido linfático, conhecido como MALT.
• Em alguns locais, esse tecido linfático forma órgãos permanentes, como as tonsilas e as placas de peyer do íleo.
• Esse tecido pode receber outras denominações, dependendo do local: GALT (tubo digestório), BALT (brônquios), SALT (pele).

Tonsilas

• São órgãos pertencentes ao sistema linfático, localizados nas porções iniciais dos tratos digestório e respiratório.
• Existem duas tonsilas palatinas, duas tonsilas linguais e uma tonsila faríngea, que formam o anel de Waldeyer.
• Essas estruturas não são locais de passagem da linfa ou de sangue.
• A tonsila palatina está localizada na orofaringe e possui invaginações epiteliais conhecidas como criptas da tonsila.