Nicolau Maquiavel e A Arte da Guerra

Nicolau Maquiavel e A Arte da Guerra

• Em 29 de agosto de 1512, tropas mercenárias espanholas derrotaram os florentinos em Prato, acabando com a independência republicana.
• Maquiavel, secretário da Chancelaria da República de Florença, foi preso e torturado.
• Durante seu retiro forçado de 1513 a 1520, ele escreveu O Príncipe (1513), Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio (1513-1521) e A Arte da Guerra (1519-1520).
• A intensa vida intelectual de Maquiavel durante esse período foi caracterizada pelo estudo dos clássicos antigos, temas políticos e militares.
• Leo Strauss afirmou que Maquiavel se apresenta como um "outro Colombo", descobrindo um novo continente para o pensamento político.
• O Príncipe é uma obra notável na história do pensamento político ocidental, mas tanto os Comentários quanto A Arte da Guerra são parte integrante do pensamento de Maquiavel.
• A singularidade do pensamento de Maquiavel resulta da combinação de inteligência política e instabilidade institucional na Itália, levando-o a se concentrar no poder político em estado puro.
• A análise de Maquiavel isolou o fenômeno do poder, afastando-se da doutrina do príncipe virtuoso, da construção de cidades ideais e da legitimidade do poder político moderna.
• O realismo de Maquiavel leva a Atenção ao fenômeno militar e à violência como elementos da política.
• Tanto O Príncipe quanto os Comentários abordam a relação entre poder e força, com destaque para a guerra e as forças armadas.
• Em A Arte da Guerra, Maquiavel observa que a vida civil e militar são intrinsecamente ligadas, pois a segurança é fundamental para o bem-estar de uma cidade.
• Maquiavel defendia que um povo e uma cidade livres são um povo e uma cidade armados.

A Arte da Guerra

• A Arte da Guerra é um tratado de estratégia militar apresentado como diálogo em Florença.
• Os personagens incluem o comandante Fabrizio Collona, Cosimo Rucellai e seus amigos.
• A obra defende que a problemática militar dos modernos deve ser pensada à luz dos antigos, com foco nos romanos.
• A obra é dividida em sete livros.
• O primeiro livro defende o recrutamento forçado de cidadãos como a melhor forma de obter um exército confiável.

Livro Um: Recrutamento e Exército Nacional

• O recrutamento forçado (chamado de deletto) é defendido como a melhor forma de obter um exército confiável, em oposição a tropas mercenárias.
• O livro introduz o princípio de um exército nacional comprometido diretamente com a defesa de seu território.
• Outros aspectos da convocação e da escolha dos soldados considerados para a guerra são a convocação e seus critérios.
• A milícia representa um elo importante com o resto da sociedade, necessária a um governo.
• A milícia é apreciada, mas a prática militar não é; muitos são louvados porque se dispõem a servir como membros da milícia, mas poucos são aceitos no trabalho da milícia real.
• É menos desgastante para a cidade e para os sujeitos manter a forma e o potencial.
• Se as partes principais da cidade são protegidas, então pode-se ter uma sensação de segurança geral.
• Como tal, essa parte está no governo de quem ordena.

Livro Dois: Armamento e infantaria

• Trata dos exércitos antigos, sobretudo a infantaria em contraste com a cavalaria.
• Maquiavel argumenta que a infantaria (como faziam os romanos) deve preceder a cavalaria.
• O livro compara a infantaria pesada romana com as infantarias ligeiras (velites) e o padrão suíço de armamento (piques).
• Conclui-se que o armamento da infantaria pesada é mais efetivo.
• Ele discute formações de batalha e a disposição das diferentes armas do exército em combate.

Livro Três: Organização e disciplina

• Descreve como ordenar as diferentes partes da tropa e como articular o movimento delas.
• É preciso garantir a reposição rápida das perdas para preservar a formação de combate.
• Multiplicam-se as comparações com os antigos, e Maquiavel se alonga sobre a importância do treinamento intensivo.
• A obra descreve a orientação e disciplina operacional pela cadeia de comando nos embates.
• É necessário treino intensivo e uma operacionalização freqüente desses exercícios pelos corpos de guerra.
• A importância é dada à artilharia e como enfrentá-la (proteção e ataque direto).

Livro Quatro: Conduta em diferentes situações

• Explora as condutas a serem escolhidas nas diferentes situações de combate.
• Trata de circunstâncias de terreno, condições climáticas e o tamanho e perfil das forças em confronto.
• Inclui a importância da posição em relação ao sol e ao terreno, considerando o tamanho das tropas inimigas.
• A obra lista os ardis possíveis para ludibriar as forças inimigas.
• Aborda as condições subjetivas dos confrontos e os mecanismos para manter o moral dos comandados.
• Em situações de inferioridade e de retirada, a determinação e o moral dos soldados impacta no plano estratégico.

Livro Cinco: Disposição e mais detalhes táticos

• Trata da disposição das forças no terreno, o trabalho dos batedores e os ritmos de marcha.
• A obra descreve a escolha das linhas de ataque (frontais e pelos flancos) e a proteção da intendência.
• Contempla o enfrentamento dos acidentes geográficos e a travessia dos rios.
• Citações a César contra Vercingetorix e Marco Antônio contra os partos.
• Estímulos dados aos soldados e a importância de não perseguir inutilmente inimigos em fuga.

Livro Seis: Urbanismo militar e disciplina

• Aborda o urbanismo militar, incluindo a organização dos acampamentos e o formato do aquartelamento.
• Menciona os espaços entre os corpos armados, a posição do quartel-general, o sistema das guardas e a distribuição de provisões.
• Nota-se a força extraordinária dos exércitos romanos, que dobravam os terrenos à sua conveniência.
• É preciso fortificar os acampamentos e vigiar com rigor, opondo-se às condutas tradicionais dos gregos.
• A disciplina do exército e as maneiras de assegurá-la, assim como o modo de enfrentar sedições, tem destaque.

Livro Sétimo: Fortificações e avaliação

• Este livro trata das fortificações, dos instrumentos de assalto e das artilharias.
• O estudo dos cercos e sítios, seja do ponto de vista ofensivo, seja do defensivo, é apresentado.
• A obra elogia os espanhóis e suíços, criticando os italianos, concluindo que a arte da guerra dos antigos permanecia insuperável.
• A liderança, firmeza e inteligência dos comandantes têm destaque.
• Maquiavel conclui que a melhor orientação é a adoção do exemplo dos antigos para forças militares capazes de responder às necessidades dos conflitos bélicos modernos.
• A capacidade militar dos contemporâneos é avaliada e criticada.

A Arte da Guerra e o pensamento de Maquiavel

• A atenção de Maquiavel à estratégia militar é uma consequência natural de seu interesse em analisar o fenômeno puro do poder.
• A Arte da Guerra deve ser entendida como uma obra engajada, com o objetivo de oferecer ao povo italiano uma lição para recuperar sua identidade e superar sua fragilidade.
• A obra não foi escrita para dar satisfação à necessidade teórica de completar o estudo da política com o estudo da estratégia militar
• Conhecer a arte e preparar-se para a guerra era uma prioridade para Maquiavel
• A ligação de *A Arte da Guerra * está relacionada com o último capítulo de O Príncipe, no sentimento patriótico de Maquiavel e sua esperança.
• A premência da questão militar com enorme dramaticidade seria importante para a redenção italiana
• A Arte da Guerra é entendida como obra engajada, com intenção de apresentar o povo a si mesmo sem tibieza ou tergiversação
• Um instrumento indispensável para a luta emancipadora e da ação decidida e a disposição aos sacrificios maiores era preparar-se para a guerra.
• O belicismo do florentino pode parecer chocante porém para reflexão sobre as indesejadas eventualidades