Introdução à Histologia

Introdução à Histologia

• Histologia deriva do grego, combinando "histos" (tecidos) e "logos" (estudo), significando o estudo dos tecidos.
• O termo "istologia" surgiu em 1819, criado pelo anatomista alemão Carl Meyer, mas suas origens remontam aos estudos microscópicos de Marcello Malpighi no século XVII.
• A histologia é crucial para a medicina, permitindo identificar, caracterizar, analisar e descrever as estruturas dos tecidos em organismos vivos.
• A histologia também pode ser referida como biologia microscópica ou biologia tecidual.

Relação com a Citologia e Níveis de Organização

• A histologia está intrinsecamente ligada à citologia (estudo das células), pois os tecidos são formados por conjuntos de células semelhantes.
• Os tecidos representam o terceiro nível de organização do corpo, seguindo os níveis atômico, molecular e celular.
• Os órgãos são formados por múltiplos tecidos, como a pele, composta por tecido epitelial e conjuntivo (derme e epiderme).

Tipos de Tecido

• Existem quatro tipos principais de tecido: nervoso, conjuntivo, muscular e epitelial.
• Tecido Nervoso: Gera impulsos nervosos.
• Tecido Conjuntivo: Une os tecidos, composto por vários tipos de células.
• Tecido Muscular: Gera força física.
• Tecido Epitelial: Forma glândulas e reveste cavidades corporais.

Tecido Epitelial: Características Gerais

• O tecido epitelial tem origem nos três folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme.
• É caracterizado por células justapostas, ou seja, muito próximas umas das outras, resultando em alta celularidade.
• Possui pouca matriz extracelular devido à proximidade das células.
• É avascularizado (não possui vasos sanguíneos), dependendo da difusão de oxigênio e nutrientes do tecido conjuntivo subjacente.
• O transporte de substâncias ocorre por difusão simples ou facilitada.
  • A difusão facilitada utiliza proteínas transportadoras (permeases).
  • A difusão simples não requer proteínas transportadoras.
• A lâmina basal, composta por macromoléculas (proteínas e açúcares), facilita a ligação e a troca de substâncias com o tecido conjuntivo.

Funções do Tecido Epitelial

• Proteção: Reveste externamente e internamente órgãos e superfícies, protegendo contra danos físicos e químicos.
• Absorção: Células especializadas, como as do epitélio do intestino delgado, possuem microvilosidades para aumentar a área de absorção de nutrientes.
• Secreção: Tecido epitelial glandular forma glândulas exócrinas e endócrinas, secretando diversas substâncias.
• Filtração: Atua como barreira seletiva, controlando a passagem de substâncias entre as cavidades corporais, como nos glomérulos renais.
• Sensação: Células adaptadas atuam como receptores sensoriais para estímulos físicos, químicos ou térmicos, frequentemente associadas a terminações nervosas.
• Transporte: Movimentação de substâncias através das membranas celulares ou pela superfície epitelial, auxiliada por especializações como microvilosidades e cílios.

Junções Celulares

• Microvilosidades: Aumentam a área de superfície para absorção, como no intestino delgado.
• Junção de Oclusão (Zônula de Oclusão): Impede a passagem de moléculas entre as células, favorecendo a absorção apical.
• Junção de Adesão (Zônula de Adesão): Promove a união mecânica entre as células.
• Desmossomos: Especializações que unem fortemente células epiteliais, comparados a botões de pressão.
• Junções Comunicantes (GAP): Canais que permitem a troca de substâncias entre os citoplasmas celulares.
• Hemidesmossomos: Unem as células epiteliais à lâmina basal.

Classificação do Tecido Epitelial de Revestimento

• Baseia-se no número de camadas e na forma das células.
• Quanto ao número de camadas:
  • Simples: Uma única camada de células.
  • Estratificado: Múltiplas camadas de células.
  • Pseudoestratificado: Aparenta ter várias camadas, mas todas as células tocam a lâmina basal, com núcleos em diferentes alturas.
• Quanto à forma das células:
  • Pavimentoso: Células achatadas.
  • Cúbico: Células em formato de cubo.
  • Prismático: Células alongadas, em formato de prisma.
  • De Transição: Formas variadas, presente na bexiga urinária.
• Exemplos de tecidos epiteliais:
  • Pseudoestratificado prismático ciliado: Fossas nasais, traqueia, brônquios.
  • Simples pavimentoso: Pulmões (alvéolos), endotélio dos vasos sanguíneos.
  • Simples cúbico: Túbulos renais, superfície dos ovários.
  • Simples prismático: Estômago.
  • Estratificado pavimentoso: Pele, boca, esôfago.
  • De transição: Bexiga urinária.

Tecido Epitelial Glandular

• Produz secreções (hormônios, suor, saliva) que são eliminadas para dentro ou para fora do corpo.
• As glândulas se formam quando as células epiteliais se invaginam no tecido conjuntivo subjacente.
• Classificação:
  • Número de células:
    • Unicelular: Uma única célula (ex: glândulas do estômago).
    • Multicelular: Mais de uma célula (ex: glândulas salivares, pâncreas).
  • Forma de secreção:
    • Exócrina: Possui ducto para liberar a secreção (ex: glândulas sudoríparas). Podem liberar para a luz intestinal, permanecendo exocrinas
    • Endócrina: Não possui ducto, liberando hormônios na corrente sanguínea.
    • Mista: Possui porções exócrinas e endócrinas (ex: pâncreas).
  • Maneira de secretar:
    • Holócrina: A glândula inteira é eliminada com a secreção (ex: glândulas sebáceas).
    • Merócrina: A glândula libera a secreção e permanece intacta (ex: glândulas salivares, pâncreas).
    • Apócrina: Parte do citoplasma é eliminada com a secreção (ex: glândulas sudoríparas).

Aplicações Clínicas

• O tecido epitelial é o local de origem da maioria dos cânceres humanos (carcinomas).
• A alta taxa de renovação celular e a exposição a agentes carcinogênicos (radiação UV, produtos químicos, vírus) tornam as células mais propensas a mutações.
• Carcinoma de células escamosas surge do tecido epitelial pavimentoso estratificado (pele, mucosas).
• O tratamento pode incluir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.