Introdução à Embriologia

Introdução à Embriologia

• A Embriologia estuda o desenvolvimento de um organismo desde a fertilização do óvulo até ao nascimento.
• É uma área fundamental para a Medicina Veterinária, pois a compreensão dos processos embrionários é essencial para diagnosticar e tratar doenças e para otimizar a reprodução animal.

Gametogénese

• Processo de formação dos gâmetas (óvulos e espermatozóides) que ocorre nas gônadas: ovários e testículos.
• Através da meiose, células diploides (2n) originam células haploides (n) com metade do número de cromossomas.

Fertilização

• Fusão do óvulo e do espermatozóide, dando origem ao zigoto (célula diploide com o material genético de ambos progenitores).

Clivagem

• Divisões celulares mitóticas do zigoto que originam células cada vez menores (blastómeros).
• A clivagem é caracterizada por um aumento do número de células sem aumento do volume total.

Gastrulação

• Processo de transformação da mórula em blastocisto com a formação das três camadas germinativas: ectoderma, mesoderma e endoderma.
• Cada camada germinativa dará origem a tecidos específicos no corpo.

Sinalização Celular e Funcionamento Genético no Desenvolvimento

• A sinalização celular controla a diferenciação e o desenvolvimento dos tecidos.
• Genes específicos determinam o destino das células e coordenam os processos de desenvolvimento.

Células Estaminais

• Células indiferenciadas que podem diferenciar-se em vários tipos de células.
• Importantes para a regeneração de tecidos e para a terapia celular.

Estabelecimento do Plano Corporal Básico

• Define a estrutura básica do corpo, incluindo os eixos anteroposterior, dorsoventral e lateralidade.
• A formação dos órgãos e sistemas irá ocorrer de acordo com este plano básico.

Cavidades Celómicas

• Espaços preenchidos com fluido que se formam durante o desenvolvimento embrionário.
• Desempenham funções importantes, como a proteção e a circulação de fluidos.

Membranas Fetais

• Estruturas que vão envolver o embrião e servir para a nutrição, proteção e excreção.

Fatores que Afetam Negativamente a Gestação: Causas Não-Infecciosas

Deficiências Nutricionais

• Fase crítica: Meio da gestação, impactando a formação de tecidos fetais e a viabilidade placentária.
• Ex: Miopatia nutricional associada à deficiência de selénio em ruminantes.

Deficiências Endócrinas

• Relevância: Início (fase embrionária inicial) a final da gestação.
• Ex: Hipoluteísmo em cadelas e vacas de leite de elevada produção; Hipotiroidismo em cães leva à morte fetal em fases mais tardias.

Fatores Metabólicos

• Fase crítica: Final da gestação, quando há aumento das demandas energéticas.

Implantação e Placentação

• Processos de inserção do embrião no útero e formação da placenta, estrutura vital para a troca de nutrientes, gases e resíduos entre mãe e feto.

Cronologia da Implantação

• Espécies com implantação diferida ou Diapausa: o embrião entra em um estado de dormência após a fertilização, sendo a implantação adiada.

Padrões de Implantação

• Implantação central ou superficial: o blastocisto flutua livremente na cavidade uterina (Carnívoros, ungulados e primatas inferiores)
• Implantação excêntrica: o blastocisto aloja-se numa prega do endométrio (Castor; certos roedores)
• Implantação Intersticial: o blastocisto infiltra-se numa área do endométrio (Mamíferos insectívoros; Cobaia; Primatas superiores)

Conceito de Janela de Implantação

• O útero (endométrio) é um ambiente hostil para os corpos estranhos.
• Apenas num curto espaço de tempo a cada ciclo ovárico se criam condições para acolher o embrião.

Papel do Trofoblasto na Aceitação do Embrião

• O embrião é uma estrutura semi-alogénica (com antigénios distintos dos da mãe).
• O trofoblasto é "neutro" do ponto de vista dos antigénios de histocompatibilidade de tipo II.
• O trofoblasto regula as sub-populações de linfócitos T residentes no endométrio, convertendo um ambiente de reatividade imunitária em um ambiente de tolerância.

Funções da Placenta

• Nutrição: o metabolismo fetal é muito elevado, a placenta fornece nutrientes como glucose, frutose e glicogénio.
• Metabolismo: a placenta é um órgão metabólico e de depósito. Sintetiza e armazena glicogénio/frutose, proteínas, lipóides, hormonas e imunoglobulinas.
• Respiração: difusão passiva de gases e transporte ativo de O2.
• Excreção: eliminação de resíduos fetais através da circulação materna.
• Imunidade: a placenta protege o feto de agentes patogénicos da mãe.
• Endocrinológica: a placenta secreta hormonas importantes para a manutenção da gestação.

Tipos Morfológicos de Placenta

• Classificação de acordo com a forma e organização das vilosidades coriônicas:
  • Difusa: vilosidades coriônicas dispersas por toda a superfície da placenta (porco, equinos).
  • Cotyledonária: vilosidades coriônicas concentradas em áreas específicas chamadas cotilédones (ruminantes).
  • Discoidal: implantação discoidal com vilosiidades concentradas em um disco (primatas, roedores).
  • Zonária: implantação em banda com vilosidades concentradas em uma faixa circular (cães).

Implantação e Placentação: Conceitos

• Decídua: o endométrio materno participa da formação da placenta (primatas, roedores).
• Parcialmente decídua: parte do endométrio materno é desprendida no parto (carnívoros, ungulados).
• Adecídua: o endométrio materno permanece intacto no parto (equinos).

Importância da Embriologia para a Medicina Veterinaría

• Compreensão do desenvolvimento embrionário para:
  • Diagnóstico de doenças.
  • Tratamento de problemas reprodutivos.
  • Otimização da reprodução animal.